LEONARDO — Fale — digo assim que fecho a porta atrás de mim. — Vamos conversar em um lugar mais confortável, eu não dialogo bem de pé — ela responde com puro sarcasmo. Uma coisa é certa, se a Jules tinha admiração pela minha pessoa, essa diminuiu catastroficamente, ela me olha com um rancor bem evidente.— Vamos — aponto a porta no final do corredor — Eu reservei esse quarto caso tivesse alguma reunião fora de hora como a de hoje foi. — expliquei ao notar sua desconfiança. — Não temos suco por aqui, quer uma água? Ou você bebe álcool mesmo com a gravidez? — ofereço, servindo-me de uma dose de uísque. — Não quero nada. Obrigada.— Fale. Agora você pode se acomodar confortavelmente — tento me controlar, mas mesmo assim meu tom ainda é irônico. — Léo, qual é a sua, hein?— Qual é a minha em qual sentido? — bebo um gole generoso da bebida. — Pode parar com esse sarcasmo, por favor! — bufa irritada.— Que história é essa de você e a Marina estarem morando juntos? E pior, você insistiu
JULES MONTEZ — Idiota! — Entro no quarto batendo a porta com força, estou quase explodindo de tanto ódio daquele infeliz. Como ele pode ser tão frio, tão insensível? — Posso saber quem deixou a minha esposa assim, nessa explosão de raiva? — O Samuel perguntou, parando na minha frente. — Aquele idiota! Vontade de matar aquele filho da puta! — sinto até minhas mãos tremendo de tanto nervoso. — Quem? É só me dizer e eu vou lá matá-lo pra você, não precisa sujar essas lindas mãos com essa escória — ele diz em tom divertido, mas a firmeza nas suas palavras mostra que ele é muito capaz de fazer exatamente isso. — Infelizmente não pode fazer isso, não quero que o filho da Marina nasça órfão — o desamparo em minha voz o faz rir. — Então o culpado é o Leonardo. Não posso matar, mas posso dar uma surra nele se você quiser, um bom corretivo vai te deixar menos nervosa? — Agora sou eu quem rir com a seriedade que ele diz as palavras. — Acredite em mim, aquele desgraçado merece, mas se algo
— Jules! — Minha mãe, em seu lindo vestido vinho, aparece acompanhada do Estevão. — Como vocês demoraram, achei que estava até se sentindo mal.— Não exagera, mãe, não demoramos. Tanto que os noivos ainda nem chegaram. — Já estão chegando. Pelo menos foi isso que os seguranças informaram ao Estevão. — Você está trabalhando hoje, Estevão? — pergunto e ele confirma com a cabeça — seu chefe não é o Samuel? — Na verdade, não exatamente. Eu sou o chefe da equipe de segurança que cuida da proteção de todos do grupo, então eu trabalho para todos ao mesmo tempo e estou em serviço sempre que precisam de mim.— Nossa, deve ser bem cansativo essa vida — comentei, fazendo os três rirem. — Nem é tanto assim. Eu também vim preparado para trabalhar, no entanto estou curtindo a festa até meus serviços serem necessários. O único que está de boa hoje é o Samuel — o Daniel diz, fazendo uma careta. — Mas eu também vou ser padrinho igual a você, isso conta como trabalho? — o Samuel respondeu ainda so
SAMUEL ADAMS — Então, hoje o casamento finalmente acontece — falei, assim entrei na sala. — Acontece com certeza. Eu me certifiquei que desta vez a noiva queira o seu felizes para sempre — Jason diz com sua ironia rotineira. — Está prevenido até com o advogado a tiracolo — Daniel comentou rindo. — Exatamente! Um prevenido vale por dois, não é assim o ditado. Mas agora, antes de dar início ao circo, vamos aos negócios. Estevão, você havia dito que verificou todas as cargas que chegaram no aeroporto, tem certeza absoluta que não faltou nenhuma? — ele perguntou, parecendo irritado. — Sim, eu verifiquei e estavam todas corretas, eu conferi todas as notas que estavam na minha mesa. Por quê? Está faltando alguma? — O Estevão garante. Ele é muito detalhista, então é quase impossível ele deixar algo passar. — Não, só queria confirmar que podemos confiar nos parceiros da Itália e então nós podemos dar andamento no processo de expansão da indústria em terras italianas — sorri satisfe
— Não muito, acabei de me formar, tenho só vinte anos. Eu preciso ir ao toilette, vamos comigo? — ela dirige-se a Jules, mas é o Jason quem responde:— Eu levo você com o maior prazer, querida — diz, já arrastando a mulher em direção ao corredor. — Esse homem é muito bruto! Não precisa tratar a mulher assim? — Jules comenta com uma cara indignada. — Eles vão acabar se entendendo, nós conseguimos, não é. — Digo, beijando seus lábios e arrancando o sorriso que eu tanto amo, dela. Dois meses depois…O tempo passou muito rápido. Pelo menos essa foi a sensação que tive nesses dois meses. Nós voltamos para São Paulo e eu estou trabalhando como nunca, o Grupo Miller está em um excelente momento, estamos trabalhando dobrado por causa da indústria automobilística que inaugurei na Itália, estamos com uma demanda muito grande. Eu também estou ajudando na administração da Construtora Montez, a Jules entrou para o sexto mês de gestação e eu não quero que ela se canse tanto. A propósito, nós fi
— Como está tudo por aqui? Já chegaram muitos convidados? — pergunto à minha mãe, que está na portaria ajudando a receber os convidados. — Estão indo muito bem, já está bem cheio lá dentro. Até a família da Verônica veio de Nova Iorque, e alguns outros amigos da sua irmã, também, ela está super feliz. — Que bom que deu tudo certo — falo com certo alívio. Eu sei que a Sarah sempre foi muito resistente quanto às frustrações, mas eu realmente tive receio que algo desse errado aqui e isso repercutisse na sua cirurgia. Esses últimos meses foram um divisor de águas na vida da minha irmã, ela finalmente se entendeu com o seu amor de adolescência, sim, o Edu conseguiu quebrar a barreira que ela ergueu entre eles; tenho que admitir que fiquei impressionado com a perspicácia dele em saber se aproximar e não dar a ela a chance de fugir outra vez. Desde que eles se entenderam é visível a alegria dela, está mais ativa e empenhada na sua chance de recuperação, e isso também se deve a Jules. Olh
JULES MONTEZ “A vida é uma caixinha de surpresas. Ela pode nos oferecer presentes inimagináveis, se tivermos coragem de arriscar.”Essa é uma boa descrição para esse momento que estou vivendo. Quem diria que a tão esperada exposição da Sarah, nos traria surpresas tão chocantes.Assim que sou apresentada aos pais da Verônica, que parecem ser simpáticos, definitivamente aquela ali não saiu aos seus, eu dou uma desculpa para me afastar, decidi dar espaço ao Samuel para conversar à vontade. — Isso aqui está mesmo divino, Edu, você arrasou — digo, aproximando-me dele. — É, valeu a pena, olha só o rostinho feliz da Sara — fala, olhando para a mulher que está conversando alegremente com um grupo de pessoas, o amor é muito visível nos seus olhos. — Fico feliz por vocês, Edu, feliz de verdade. É incrível como a nossa vida mudou tanto, pelo menos a minha. Hoje eu sou alguém que eu nunca imaginei ser um dia.— Você está muito feliz, né?! — Sim, eu estou feliz demais. O Samuel está sendo inc
SAMUEL ADAMS “Mais perigoso não é o lobo raivoso que te ataca de frente, mas o lobo que se disfarça com pele de cordeiro e te cativa fingindo-se de amigo.” Nunca uma frase fez tanto sentido quanto essa está fazendo agora. Ódio. Arrependimento. Decepção. E mais ódio. É isso que eu sinto agora. Vontade de voltar naquela sala e arrancar a cabeça daquela maldita fora. Como ela pôde fazer algo tão baixo? Isso foi nojento, cruel. É muita crueldade se aproveitar de um momento de fragilidade de uma garota, fingir uma amizade e no final revelar que foi por causa do irmão, só porque ela queria pau! Eu quero matá-la! Saí da sala desnorteado, sem rumo. Estou com raiva e me sentindo culpado também, afinal tudo isso que ela fez foi por minha causa. No final, eu, mesmo que indiretamente, também acabei machucando a minha irmã. Assim que chego ao estacionamento, dou vários socos na lateral do carro, tenho que extravasar minha raiva de alguma forma ou vou acabar tendo um colapso. Eu deveria te