— Você se cortou — segura minha mão com carinho. — Não foi nada. Nosso carro chegou, vamos lá.— Vamos, e também vamos cuidar disso aí. — Tudo bem, é você quem manda, esposa. — respondi, abraçando-a e ela abriu um lindo sorriso. Vendo ela assim, toda cuidadosa e preocupada, me tratando tão bem mesmo depois de eu perder o controle e falar umas merdas, eu decidi adiantar a surpresa que preparei para ela. No plano original não seria assim desse jeito, mas eu quero fazer agora. — Onde estamos indo? — pergunta, quando seguimos por uma avenida diferente da nossa. — Aguarde e verá.Ela segue perguntando e tentando saber para onde estamos indo, é muito curiosa.— Que casa é essa? — questiona desconfiada, olha a casa, que aparece na nossa frente assim que aperto o botão no controle do portão. Estaciono o carro na porta — Não vai responder, Samuel! Que casa é essa? E… o que estamos fazendo aqui a essa hora? — confere o relógio, fazendo uma pequena careta. Já é quase uma hora da manhã. — V
JULES MONTEZ As coisas por aqui estão cada dia melhores. A declaração, o pedido de perdão e principalmente o pedido de casamento do Samuel me deixaram nas nuvens, eu nunca pensei que pudesse ficar tão feliz, que pudesse ser tão feliz como estou nesse exato momento. Estamos de mudança para uma casa nova, linda, o Samuel que escolheu e planejou cada cantinho e eu amei tudo. Ele teve o trabalho de estudar cada gosto meu para projetar os espaços da nossa casa e eu achei isso muito romântico da parte dele, foi mais uma prova de amor. Ah, e ele também disse que me ama, várias vezes durante a nossa noite juntos na casa nova, foi perfeito. Eu decidi fazer a cerimônia do nosso casamento ano que vem, quero esperar a recuperação da Sara e também o nascimento da minha filha, assim podemos ter tudo como eu sonhei, ou melhor, é muito mais do que eu sonhei. Falando na Sarah, ela fez a cirurgia e está se recuperando perfeitamente bem, foi um sucesso e o tratamento está sendo igual. — Sete meses j
— Estamos recebendo visitas, essas são. …— Eu sei quem são, o que quero saber é o que elas estão fazendo aqui. O que você quer aqui? — pergunta de forma ríspida, encarando a mulher. — Eu… eu só vim para trazer a minha filha, ela queria conhecer a irmã — gagueja em resposta. — Mas elas não são irmãs, você sabe bem disso! O que realmente você quer aqui? Maria Fernanda, Iris, ou seja lá como você se apresentou. — Ei, não fala assim com a minha mãe, fui eu quem pedi para vir aqui! — A menina diz, mostrando bastante coragem. — É mesmo!? — o Samuel respondeu com puro sarcasmo. — Samuel, não precisa falar assim, elas não fizeram nada demais! — Jules, eu não preciso te lembrar tudo que você passou, e não faz muito tempo. Preciso? — Não, não é necessário, a minha memória é boa, mas como eu disse: elas não fizeram nada demais. — ele ri irônico — Eu estou falando sério, Samuel, a Iris, é o nome dela agora, só veio aqui trazer a Isabela para me conhecer. — E você acreditou nisso? — Não
SAMUEL ADAMS Olho a mulher com um enorme sorriso me olhando e não consigo resistir, beijo-a com paixão, claro que é depois de deixá-la tomar fôlego, jogar nós dois na piscina assim não foi nada prudente da minha parte, ela é uma grávida. E está linda e gostosa com essa barriga que já está bem avantajada. Faz alguns dias que estamos morando em nossa nova casa e cada novo minuto aqui é mais feliz que o anterior. — Eu não acredito que você me jogou na piscina! — ela reclama depois que eu libero sua boca. — Eu te convidei, mas você não aceitou, então tive que usar outros meios para tê-la aqui. Acredite em mim, Jules, ficar aqui curtindo essa água deliciosa comigo, é mais divertido que assistir — digo, prendendo-a contra a borda da piscina. — Eu ainda não estou tão convencida, o meu livro estava bastante interessante — provoca com um sorrisinho, que deixou bem evidente todas as suas expectativas sacanas. — Então você quer que eu te convença que é mais divertido ficar junto do seu mar
Foram muitas lutas desde o dia que ligaram da escola informando sobre o ocorrido, nós atravessamos o pior momento das nossas vidas, teve dias que eu achei que ia enlouquecer, mas eu segui… Uma parte do que me moveu foi a sede de vingança. Eu desisti de entrar para a Marinha. Mudamos para os Estados Unidos. Eu montei a primeira empresa para investir o dinheiro da indenização e fazê-lo render para pagar o tratamento e a Sara ter o maior conforto possível dentro das circunstâncias. Eu trabalhei feito um louco dia e noite para ter mais dinheiro e poder. Conheci o Jason e o Daniel. Tentamos tratamentos em três países diferentes, até que a Sara desistiu de tentar voltar a andar… Eu passei dez anos da minha vida preso junto com a Sara, minhas escolhas, minha motivação, o casamento… tudo em vida girou em torno disso, hoje eu vejo que de alguma forma estranha, talvez isso fosse o destino me mostrando que a cura estava onde a ferida se abriu. Conversamos por mais de quarenta minutos, tive o pr
JULES MONTEZ Nesses últimos três meses, muitas coisas aconteceram e só coisas boas. A Sara já está com o tratamento bem avançado, já anda na barra de sustentação e em breve não precisará mais do suporte que fica preso em sua cintura. Ela é realmente uma guerreira e está se saindo muito bem. A Marina já ganhou bebê, sim, o Rafael já nasceu. Ele é muito lindo, esperto e fica nervoso quando está com fome. É, eu acho que para o desespero da Marina, o Rafael puxou o pai em tudo, principalmente no gênio, mas isso não é tão ruim, pois tem salvação, o Léo está se saindo muito bem agora, realmente me surpreendeu. A Marina está radiante, só sabe rir o tempo todo e nem está reclamando dele, pelo contrário, ela elogiou bastante todo o cuidado e a preocupação que ele tem com ela e o bebê. Eu fiquei tão feliz por ver minha amiga bem e curtindo a família dela, eu tenho certeza que o Léo vai cuidar para que o Rafael tenha um lar cheio de amor, eu vi isso em cada atitude dele, na maternidade e em ca
— Jules, que surpresa boa! — sou trazida de volta, pela voz animada da Viviane, a coordenadora do lugar. — Oi, Vivi, como está? — Eu estou ótima! Então, veio ver como anda o projeto? — Sim, me deu vontade de visitar as crianças.Ela me abraça e seguimos para dentro. Meu coração se enche de alegria a cada abraço espontâneo que recebo pelo caminho. Dizem que as crianças são o brilho e a esperança do mundo, e isso é a mais pura verdade, pois onde tem esses seres cheios de energia, não sobra espaço para tristeza. Esse lugar foi um refúgio para a minha dor, eu usei esses sorrisos, essa energia contagiante para me ajudar a suportar o peso da culpa que eu carregava. Hoje, sem nenhum peso, eu fico só feliz estando aqui.— Jules, onde você está? — O Samuel pergunta, assim que atendo o telefone. Que já estava chamando há alguns minutos. — Estou no abrigo, visitando as crianças. Por… — antes que eu pergunte, a ligação é encerrada. Olho o telefone sem entender o que aconteceu. Até pensei em
— Está doendo muito? — O Samuel perguntou, enquanto dirigia a toda velocidade pela cidade. Felizmente é de madrugada e não tem trânsito. — Está aumentando aos poucos, mas ainda está suportável. — Estamos chegando. Eu já liguei para a sua mãe, e a Marina, vou avisar quando o dia amanhecer. Sua mãe vai te esperar lá na maternidade. — Tudo bem, obrigada! — Vai dar tudo certo, Jules, e eu vou ficar o tempo todo com você — diz, olhando-me rapidamente. Ele está tentando me acalmar, mas pelo jeito que está apertando o volante, ele está mais nervoso do que eu. — Eu sei que vai ficar tudo bem, você está comigo. — falei, forçando um sorriso, mas uma nova contração me faz soltar um gemido. — Está piorando? — eu só confirmo com a cabeça. Ele acelera o carro, com certeza, levará algumas multas por excesso de velocidade. Depois de mais vinte minutos na estrada, finalmente chegamos à maternidade. — Ela está em trabalho de parto, já avisei o obstetra dela e ele está esperando. — ele avisa os