Quando cheguei em casa já passava das uma hora da madrugada, e para minha surpresa, ou não, a Jules estava sentada lá na sala esperando. Se eu fiquei com pena? Não, nem mesmo um pouco. O meu encontro com a Verônica me fez voltar o filme das minhas memórias e todo o sofrimento da minha irmã está mais vivo do que nunca. Ver ela visivelmente chateada, ela nem mesmo tentou esconder, se tentou não teve sucesso porque o desgosto é muito explícito no seu rosto. Ela está com uma camisa minha, ela não ficou ruim, mas eu já me servi muito bem com uma loira muito gostosa horas atrás. Depois de trocar algumas palavras eu subo para o quarto, que em breve ela descobrirá que é apenas meu e não nosso, não vou dividir a cama com ela, a casa já é suficiente. Depois do banho eu me deitei e fingi que estava dormindo, foi divertido ouvir o suspiro desanimado dela, com certeza ela está excitada, mas vai ter que dormir com sua boceta queimando de vontade, ou se resolve sozinha, eu não me importo. — Ent
JULES MONTEZ — Não, problema nenhum. Por que? — Ele responde e eu não sei porque mas eu sinto-o frio. — É porque você está meio distante desde que nos casamos.Ele me aperta em um abraço e sorri, mas isso só serviu para aumentar ainda mais a minha sensação. — Você está vendo coisa onde não tem, é melhor ir se deitar e esfriar essa cabecinha — diz acariciando minha cabeça. E mais uma vez a frieza está lá presente nos seus gestos. Eu não estou vendo coisas demais, o Samuel mudou, ele está agindo com frieza, distância, ele está distante o bastante para parecer que nem mesmo está interessado em ficar comigo. Tudo bem que parece carinhoso, mas eu sou mulher e consigo perceber nos detalhes que teve uma mudança ali, eu ainda não sei o que foi, estou meio perdida com essas atitudes. Será que foi por causa daquela mulher? — Tudo bem então, eu vou dormir. Boa noite. — Digo depois de ver que ele voltou sua atenção para o notebook e os papéis. — Boa noite. Durma bem — respondeu sem nem mesm
Falando no Samuel, eu estou tentando assimilar ainda tudo que vem acontecendo com a gente, ou melhor com as mudanças dele. Nesses dois meses ele me tocou raríssimas vezes e quando aconteceu parece que foi por pura obrigação, porque tinha que comparecer, sei lá. Ele foi viajar de novo, dessa vez foi para Nova Iorque, já faz uma semana que está lá e apenas responde as mensagens que eu envio, não tem nenhuma ação começando por ele. Até nas vezes que ficamos juntos a procura partiu de mim, e sabe como eu me sinto? Ridícula. A sensação que eu tenho é que ele perdeu o interesse em mim e tem pena de me dar um pé na bunda. A Verônica continua lá, aquela mulher não me desce e está sempre grudada no Samuel, parece que sempre com a intenção de me provocar, e o pior é que consegue, é nítido o carinho que o Samuel tem por ela e eu sinto que com ela, ele não tem aquela frieza que tem comigo, é, eu não estava vendo coisas demais, ele realmente mudou e muito. Pelo menos comigo. A reunião aconteceu
— Você chegou, Jules — a mulher que eu não suporto, diz com sua voz irritante. — Que bom ver você novamente — sorri debochada. Sabe aquele momento que sentimos como se tivesse uma granada na nossa cabeça e acabou de soltar a chavinha? Sou eu agora. Estou irritada com os problemas na empresa; não dormi à noite esperando um marido que não chegou; acabei de descobrir que o atraso dele foi porque estava curtindo uma festa com a família e, com a amiguinha também… resumindo: estou com raiva por causa de tudo que aconteceu e o deboche bem explícito no rosto dessa mulher e o sorriso frio do meu marido só me faz querer explodir de vez. Dessa vez não vou fingir que tá tudo bem. Coloco meu melhor sorriso no rosto, caminho até o casal e olho na direção do Samuel. — Então, não vai responder, marido querido — minha voz sai carregada de ironia — como foi sua viagem? Foi divertida? — Arqueio a sobrancelha esperando sua resposta, mas ele apenas me olha e, estreitando os olhos como se tivesse com r
SAMUEL ADAMS — Anda, responde! — Grita, nervosa — O que significa tudo isso, Samuel? Por que essa palhaçada? — segura meu braço com tanta força que sinto suas unhas entrando na minha carne. Ela está mesmo nervosa, sua respiração acelerada e seu rosto vermelho são provas disso. É, esses dois meses foram difíceis para ela. — Palhaçada? — Arqueio a sobrancelha — Jules, você ainda nem viu o que é uma palhaçada. O circo acabou de ser armado e você já quer questionar o espetáculo? — Aproximo meu rosto do seu — você ainda não viu nada. — Ela me encara confusa, e até um certo receio eu vejo no seu rosto. — O que você quer dizer com isso? Samuel, eu não vou ficar aqui brincando de jogo de adivinhação. Fala logo o que você está fazendo. Por que de repente você ficou assim, agindo desse jeito estranho? — Eu não estou agindo estranho, Jules, eu só estou fazendo o que devo fazer. — Digo e a minha vontade é de rir quando ela franze a testa tentando entender as minhas palavras. — O que você de
A mulher sentada ao meu lado na cama tenta tirar minha mão do seu pescoço, enquanto se esforça para pronunciar algumas palavras; sem sucesso. A minha raiva dela é tanta que aperto seu pescoço com força. É ela quem machucou a Sarah, é ela a pessoa ruim que destruiu as nossas vidas, não só a da Sarah, é ela quem fez todas aquelas barbaridades, é ela quem me atormenta nos meus pesadelos com esse inferno, é sempre ela. — Você não merece viver! Você é um monstro! — Esbravejo com ódio. — Samuel… eu não consigo… res… respirar — ouço as palavras sussurradas e sinto tapas no meu braço e peito… Espera aí! Olho o quarto, a mulher na minha frente com o rosto vermelho, implorando para soltá-la, eu estou deitado na minha cama, exatamente como fiz depois de voltar de viagem. Isso não é um sonho! Abro minha mão soltando a mulher que desmonta deitando o corpo ao meu lado. Ela toca o seu pescoço enquanto tenta respirar. Que merda eu fiz! Passo as mãos no rosto, esfregando com força, enquanto minha
JULES MONTEZ — Ai! — Reclamo quando ele segura meu pescoço machucado. Eu gosto desse jeito dele me segurar, dá um tesão danado quando ele me segura assim, mas dessa vez me incomodou. — Foi mal. Desculpa — fala na minha boca. Ele passa a mão para trás da minha cabeça segurando meus cabelos da nuca com força moderada. Sua outra mão aperta minha cintura tão firme que tenho certeza que vai ficar marcado, e eu adoro isso, adoro esse jeito dele me pegar. Ele me faz erguer os braços e tira minha camisola jogando ela do lado, depois me olha por longos segundos enquanto eu continuo meus movimentos de sobe e desce no seu colo. Eu estava sentindo tanta falta disso, estava com tanta saudade desse contato, desse corpo gostoso, forte… desse homem. O Samuel conhece cada parte sensível do meu corpo e consegue me levar ao limite em cada toque, parece que ele foi feito especialmente pra mim. Ele beija minha boca com intensidade e depois desce deixando beijos no meu pescoço, ombros, seios… sua boca
Quando ele me deixou sozinha na sala mais cedo, eu fiquei muito mal. Ser ignorada e rejeitada fez um estrago na minha autoestima, tanto que deitei minha cabeça no encosto do sofá, fechei meus olhos e deixei as lágrimas esperem lentamente por entre as linhas dos olhos fechados. Naquele momento eu só queria que ele se desculpasse, que dissesse que ficou mal por ter me feito esperar, mas no final o que eu ouvi da boca dele foi um monte de coisas que não entendi, mas nenhuma desculpa. E essa festa da irmã dele, como será que foi? A minha vontade de chorar começa a surgir novamente quando eu penso no fato daquela mulher estar lá junto dele, enquanto eu fiquei aqui sozinha e enfrentando tantos problemas — Pare de pensar nessas coisas, Jules, ou você vai estragar o momento — digo mentalmente enquanto bagunço levemente a cabeça. — Algum problema? — Pergunta, encarando meu rosto no reflexo do espelho. — Não, nenhum — respondi, com um sorriso. Eu não quero e nem posso estragar esse momento