..... ALGUNS DIAS DEPOIS .....
FLASHBACK ON— Está confortável? — pergunto ao Pietro, quando ele se deita na cama.Na casa dos meus pais, iremos ficar no quarto de hóspedes — por tempo indeterminado.— Sim. — ele responde.O seu olhar vai de canto em canto pelo cômodo, observo a sua atitude até que pergunto:— Quer perguntar algo?— Iremos ficar muito tempo aqui? — a sua atenção é voltada para mim.Mordo o lábio inferior.— Não tenho certeza. — respondo.Enquanto eu arrumava os nossos pertences nas malas, apenas disse ao Pietro que iríamos ficar por aqui enquanto o Raul e eu não resolvemos alguns problemas, mas sem muitos detalhes.— Eu gosto de dormir no meu quarto e na minha cama. — ele murmura.— Eu sei. — continuo — Mas poderá dormir comigo. Você não gosta? — sorrio.— Gosto. — ele sorri.— Então, eu volto daqui a pouco para me deitar, está bem? — aviso...... MAIS TARDE .....LAURA ONAo anoitecer, uma garoa começou a cair e trouxe um ar refrescante após um dia de temperatura alta. Eu gosto de escutar o som que a chuva faz do lado de fora, isso me relaxa, e nestas ocasiões tenho o hábito de preparar um chá — nos primeiros anos de casados, o Raul e eu tínhamos o hábito de nos sentarmos na varanda de casa para apreciar a chuva. Bom, desta vez não é diferente — apenas pelo Raul não estar aqui. Vou para a cozinha e coloca a chaleira no fogo. A casa está tão silenciosa, com os meus pais já em seu quarto e o Pietro adormecido.Quando o chá está pronto, puxo uma cadeira da mesa de jantar e me sento acompanhada da xícara cheia da bebida. O tempo de solitude é satisfatório após um dia de trabalho, mas também traz pensamentos que me deixam ociosa...Raul.Como ele está? Será que sente falta da minha presença na casa? Nos últimos dias não houve nenhum contato entre nós, admito que isso me deixou triste. A sensação que tenho é que este "tempo
RAUL ON— Para onde nós vamos, pai? — Pietro pergunta, no banco de trás do carro.— Vamos passar em casa para deixar a sua mala e iremos ao pesqueiro, o que acha? — continuo — Podemos almoçar e depois vamos pescar, como você gosta.— Faz tempo que não vamos ao pesqueiro. — Pietro afirma.— É mesmo. — concordo.A minha atenção é na direção do volante, as ruas estão bem movimentadas hoje.— E você não vai trabalhar? — o garoto pergunta.Paro o carro no semáforo que acaba de ficar vermelho e me inclino no banco, para poder ver o Pietro:— Tenho alguns afazeres sim, mas decidi deixar para depois. — pausa rápida — Quero passar um tempo com o meu filho, eu estava morrendo de saudades.Posso ver um sorriso se formar no rosto do Pietro.— Podemos pescar no tanque que ficam os peixes maiores? — o meu filho pergunta, agora animado — Quero que a minha foto esteja daquele mural que fica na entrada do pesqueiro.— É claro, vamos alugar um molinete para pegar estes peixões. — afirmo.Volto a me end
ALGUNS DIAS DEPOIS — (SEXTA-FEIRA)LAURA ON— Eu disse que você estava precisando disso. — Joyce dá um cutucão em mim, sentada ao meu lado na mesa do bar.— Quem não gosta de cerveja numa sexta-feira, após uma longa e exaustiva semana, Joyce? — dou de ombros.— Mas o seu caso é diferente. — Luana entra na conversa, ela é uma amiga da Joyce a qual planejou este rolê de mulheres.O local escolhido foi num bar na saída da cidade, bem movimentado e com muita bebida e música. Não faz muito tempo que chegamos, passei pegar a Joyce em sua casa e aqui, fui apresenta a Luana, a Francine e a Paula.— Você contou para elas? — o meu olhar vai para a Joyce.— Ué! O que tem? — a mulher ao meu lado, indaga.— Não precisa sair por aí, expondo a minha vida. — reclamo.Talvez a vinda ao bar apenas me deixe mais estressada.— Não interprete mal, Laura. — a Francine, a qual aparenta ser a mais velha do grupo, diz — Nós que perguntamos a seu respeito para a Joyce.— Gostaríamos de saber com quem estamos l
RAUL ON— Então como combinamos, amanhã irei vir ao anoitecer para te buscar, ok filhão? — lembro ao Pietro.Apertei a campainha da casa dos pais da Laura, a qual tem sido o seu lar nas últimas semanas, enquanto isso esperamos alguém atender.— Tá bom, pai. — Pietro responde, segurando as alças de sua mochila ansiosamente, por conta da saudade da mãe.Eu até havia cogitado a ideia do Pietro vir após as aulas ver a Laura, durante a semana, mas pela longa distância de nossas casas, não pude fazer isso.Logo, o portão é aberto e o meu sogro, Ronaldo, aparece.— Olha só quem temos aqui! — Ronaldo sorri ao ver o neto.— Vovô! — Pietro o abraça.— E aí, garotão? Pronto para me enfrentar novamente num jogo de bola? — Ronaldo pergunta, animado com a presença do neto.Desde que conheci o Ronaldo — da época em que vim pedir a autorização dele para namorar a Laura — não pensei que veria este homem ir de um pai super protetor e mal-humorado para um vô liberal e amoroso. Os netos têm este poder so
...... DIA SEGUINTE ......LAURA ONPassei o resto da tarde, a noite e a madrugada chorando, pensando sobre o ponto em que o meu casamento com o Raul chegou.Durante um momento em que consegui me contar e as lágrimas cessaram, peguei no sono. Infelizmente, não tive o luxo de dormir mais, pois é segunda-feira e a semana se inicia outra vez.Levanto-me preguiçosamente, pego os meus pertences e vou para o banheiro. Ao me olhar no espelho, não tem como ignorar os meus olhos inchados e as olheiras fundas.— Uma noite fez todo este estrago. — murmuro.Faço as minhas necessidades matinais, tomo um banho para acordar de vez. Quando termino, volto para o quarto e começo a me arrumar para o trabalho — hoje irei pular a academia e ir direto para a empresa. Passo corretivo e base para disfarçar o meu olhar deprimido e um batom para dar uma cor nos meus lábios.Ao concluir o meu procedimento de beleza, pego os meus pertences, como bolsa, um casaco e a chave do carro e saio do quarto, indo em direçã
LAURA ON (NO TRABALHO)— Meu Deus, Laura! Quanto suspense! — a Joyce exclama, quando chegamos no restaurante onde iremos almoçar. — O local de trabalho não era o melhor lugar para conversar. — explico.Escolhemos uma mesa e nos sentamos.— Mas você se manteve em silêncio a manhã toda, nem para adiantar o assunto. — Joyce reclama.— Eu não queria falar sobre isso logo cedo. — continuo — Na verdade, acho que nem agora estou pronta. — Chega de enrolação, Laura. Me conta logo, o que houve? — Joyce me pressiona.Respiro fundo para revelar a tomada de decisão que tive ontem:— Eu pedi o divórcio.A boca da Joyce forma um perfeito O.— C-como? — quando ela enfim consegue dizer — Tão de repente assim? Sem mais e nem menos?— Tinham motivos para o casamento chegar a este ponto, Joyce. — lembro.— Eu sei, é que foi inesperado. — ela admite — Você sempre tão certinha, é a última pessoa que eu imaginaria se divorciar. — Está me rotulando, Joyce? — pergunto, provocando — Se um homem se divorcia
RAUL ON— O Pietro já adormeceu. — a minha mãe diz, voltando para a cozinha.— Obrigada, mãe. — agradeço.Termino de organizar a louça usada no jantar, enquanto a dona Maria pega duas taças e um vinho. Quando tudo está feito, vamos para a área externa para apreciar a brisa da noite e o vinho.— Não posso mentir que não fiquei ansiosa em falar sobre isso, filho. — a minha mãe começa. Nos sentamos num banco e eu fito o céu estrelado.— Eu não sabia como te dizer isso. — admito.Começo a contar todo o ocorrido para a minha mãe, desde o desentendimento com os irmãos da Laura na casa dos meus sogros ao pedido de divórcio. A mulher faz algumas perguntas para conseguir entender melhor a situação, como saber quando foi que os meus conflitos com a Laura iniciaram.— Você ainda sente algo pela Laura, Raul? — a minha mãe pergunta por fim.— É claro, mãe. — apresso-me em dizer — Eu a amo.— Isso me deixa mais aliviada. — ela solta um suspiro e continua — É que as suas atitudes demonstram indifere
..... DIA SEGUINTE .....LAURA ON— De onde vieram estas flores? — Joyce pergunta ao me ver com um buquê de rosas-vermelhas nos braços.Sento-me na minha cadeira e coloco as belíssimas flores sobre a mesa, pego o bilhete que tem ali e leio:— "Com amor, de seu esposo Raul." — continuo — Estavam na recepção.— Parece que alguém está flertando para te conquistar... — Joyce diz com um sorrisinho.— As rosas são lindas, mas vieram tarde demais. — digo com indiferença na voz.— Você irá jogá-las fora? — Joyce pergunta.— Não sou tão má assim. — continuo — Irei dar para a minha mãe, ela irá adorar.— Pelo jeito, temos uma mulher fria e um homem desesperado por aqui. — Joyce comenta.— Pois é! — concordo — Talvez tenham mais algumas surpresas do decorrer da semana. — Por quê? — Ontem levei os papéis para dar entrada no pedido de divórcio pessoalmente para o Raul. — conto — Ele disse que não iria assinar, então irá começar a fazer investidas para fazer com que eu mude ideia.— Sinceramente,