Bruna fechou a porta de vidro da sacada. Estava ventando muito. Ela ficou um tempo olhando o mar pelo vidro. Como poderia amar tanto aquela paisagem? O mar estava tão calmo e tranquilo. Em nada parecia o que ela havia visto na noite anterior, durante a tempestade, com ondas enormes e violentas. O sol forte refletia na areia branca, dando um tom dourado próximo das ondas que corriam mansas engolindo a areia. Tudo ali era lindo e perfeito. Ela sabia que não ficaria ali para sempre... Um dia teria que partir. No entanto, não importava onde estivesse e quanto tempo se passasse, levaria para sempre na memória aquele lugar e os momentos tranquilos que tivera ali, encontrando a si mesma. Ela moraria ali para sempre facilmente... Não se importava com a solidão. Começava a se acostumar com tudo... E inesperadamente estava gostando muito. Mas não podia se empolgar, pois aquele não era seu lugar, muito menos seu mundo. Dani
Conforme ia andando, Bruna se surpreendia com a paisagem que ia mudando. O mar realmente começava a ficar mais calmo e as ondas mais fracas. A água continuava cristalina e convidativa. Mas formações rochosas começaram a aparecer dentro da água e também próximo da mata. E iam ficando maiores conforme ela caminhava. Árvores frondosas proporcionavam sombras enormes, tornando a areia fresca. Ela parou por alguns momentos para observar a paisagem de cima das pedras. A ilha era linda, mas naquele lugar parecia ser mais fabulosa ainda. Ela já não tinha mais o hábito de usar celular ali, mas naquele momento fez falta, pois daria belas fotos. Cassiane e Angela não acreditariam na beleza que ela via naquele momento... Ver somente a imensidão do mar à sua frente lhe trazia tranquilidade e paz de espírito. Era como se fosse somente ela e o mar para sempre. Ralf latiu, tirando-a de seu
- Acho que eu preciso voltar. – disse Bruna levantando-se. – Tia Dani pode ficar preocupada.Ele a acompanhou pela praia. No caminho conversaram sobre diversos assuntos sem importância. A companhia dele era agradável e Bruna se perguntava o real motivo de ele estar ali. Alguma coisa ele escondia dela e não adiantaria perguntar. Ele só contaria quando quisesse e se quisesse. Então não lhe restava nada mais a não ser esperar... Pelo próximo encontro, pela próxima conversa, torcendo para que fosse logo.Quando Bruna chegou viu que Dani já preparada o jantar.- Precisa de ajuda, tia?- Se quiser ajudar, eu aceito, querida.- Vou tomar um banho rápido e já desço.Bruna tirou a roupa cheia de areia e tomou um banho rápido. Depois colocou uma roupa confortável e desceu para ajudar a tia.Dani estava calada, somente dava a
Enquanto tomava café da manhã, Bruna acabou falando com a tia sobre seu sonho da noite anterior.- Está encantada por ele... É normal sonhar com ele. – falou Dani tentando não dar importância.- Mas tia, não acha estranho ter um sonho se repetindo por vários dias com um homem sem rosto e daí de repente aparece um rosto e é de um homem que conheceu há pouco? – perguntou Bruna.- São sonhos, Bruna. Não perca seu precioso tempo do dia tentando desvendá-los. Deixe para se preocupar com isso durante a noite. Também pense sobre isso à noite.Bruna preferiu não falar sobre já ter sonhado com Alex antes mesmo de conhecê-lo. Imaginava que Dani não acreditaria.- Bruna, vou reforçar o que eu já lhe disse: evite ver este homem novamente.- Posso tentar, tia. Mas vai ser um pouco difíc
- Venha, sente-se aqui. – falou ele.Ela foi, sentando-se no outro sofá, bebendo o chá, tentando ficar calma e pensar no que falaria.- Ralf está aqui desde que iniciou a chuva. Ele está bem. Não havia como avisar. – disse ele.- Eu imaginei isso... Mas precisava me certificar. Minha tia estava certa de que ele estava bem... Mas eu não.- Então você decidiu voltar para casa? – perguntou ele.- Sim. – disse ele.- Problema resolvido?- Sim... – disse ela sem entender muito bem o que ele estava querendo dizer.O chá estava bom e em temperatura agradável, com açúcar do jeito que ela gostava.- Cachorro ingrato... Nem se importou comigo. – disse ela acariciando ele.- Quando vai partir? – perguntou ele.- Eu... Ainda não sei. Vou falar com minha tia. Não sei como ela reagir&
Ela saiu em direção à porta e colocou a mão na maçaneta para abri-la quando foi impedida por ele.- Me desculpe... Eu só disse a verdade.- Eu quero ir embora. – disse ela. – Não quero mais ficar aqui com você.- Não quer saber por que você vai sofrer se envolver-se comigo?- Não... Eu não quero saber.- E não tem interesse em saber por que eu não quero me envolver com você?- E você não quer? – perguntou ela. – Não se preocupe, deixou isso bem claro.- Sua tia tinha razão o tempo todo.- Alex, eu quero ir embora.- Você não tem perguntas? Por que não as faz, Bruna? Tem medo das respostas.Ela olhou nos olhos dele e disse:- Tenho muitas perguntas... Mas já não me importa as respostas.- Vai embora sem saber nada? Co
O doutor Adam entrou pela porta, retirando a capa de chuva e pendurando em um cabide próximo è entrada.- Acreditam que ainda chove? – observou ele.Bruna e Alex o observavam calados. Bruna estava preocupada com o que Dani pensaria sobre ela passar a noite ali, na casa de dois homens. Ela também temeria se não conhecesse o doutor Adam há tanto tempo.- Falou com minha tia? – perguntou ela ansiosa.O doutor Adam trouxe-lhe uma pequena sacola com algumas roupas dela e um tênis.- Tudo certo. Sua tia é muito gentil e simpática.- Isso eu concordo... Quando ela quer realmente ela consegue ser muito gentil e simpática. Só não esperava que ela fosse assim... Com o senhor. – confessou Bruna.- Bruna, acho que podemos dispensar as formalidades, não é mesmo? Afinal, você está na minha casa de praia, usando as roupas do meu f
Bruna entrou em casa preocupada com o que Dani falaria. Estava certa de que ouviria um sermão e não estava nada bem para conversar com a tia sobre aquele assunto tão delicado. Mas sabia que não poderia fugir.Dani correu até ela e lhe deu um beijo, abraçando-a carinhosamente:- Você está bem? – perguntou ela.- Sim... Está tudo bem. – tranquilizou ela.Bruna ficou surpresa com a manifestação de carinho de Dani, que não costumava muito demonstrar seus sentimentos.- Eu peguei muita chuva até chegar lá... Então o doutor Adam, digo, o Arthur insistiu que eu não poderia voltar, que ficaria doente... Então insistiu que eu ficasse. Eu não queria, mas ele não me deixou voltar. Eu o conhecia... Foi meu psiquiatra desde o início da depressão. Fiquei muito surpresa quando o vi lá... Ele é