Bruna fechou a porta de vidro da sacada. Estava ventando muito. Ela ficou um tempo olhando o mar pelo vidro. Como poderia amar tanto aquela paisagem? O mar estava tão calmo e tranquilo. Em nada parecia o que ela havia visto na noite anterior, durante a tempestade, com ondas enormes e violentas. O sol forte refletia na areia branca, dando um tom dourado próximo das ondas que corriam mansas engolindo a areia. Tudo ali era lindo e perfeito. Ela sabia que não ficaria ali para sempre... Um dia teria que partir. No entanto, não importava onde estivesse e quanto tempo se passasse, levaria para sempre na memória aquele lugar e os momentos tranquilos que tivera ali, encontrando a si mesma. Ela moraria ali para sempre facilmente... Não se importava com a solidão. Começava a se acostumar com tudo... E inesperadamente estava gostando muito. Mas não podia se empolgar, pois aquele não era seu lugar, muito menos seu mundo. Dani
Conforme ia andando, Bruna se surpreendia com a paisagem que ia mudando. O mar realmente começava a ficar mais calmo e as ondas mais fracas. A água continuava cristalina e convidativa. Mas formações rochosas começaram a aparecer dentro da água e também próximo da mata. E iam ficando maiores conforme ela caminhava. Árvores frondosas proporcionavam sombras enormes, tornando a areia fresca. Ela parou por alguns momentos para observar a paisagem de cima das pedras. A ilha era linda, mas naquele lugar parecia ser mais fabulosa ainda. Ela já não tinha mais o hábito de usar celular ali, mas naquele momento fez falta, pois daria belas fotos. Cassiane e Angela não acreditariam na beleza que ela via naquele momento... Ver somente a imensidão do mar à sua frente lhe trazia tranquilidade e paz de espírito. Era como se fosse somente ela e o mar para sempre. Ralf latiu, tirando-a de seu
Uma semana se passou e Bruna não o viu novamente. Tivera algumas vezes próxima da casa dele para ver se o encontrava no caminho e algumas poucas na frente da residência dele. Mas não o viu. E a casa permanecia fechada, sem nenhum sinal de pessoas lá dentro. Até mesmo Ralf não saiu das imediações naqueles últimos dias. Só a acompanhava em suas caminhadas. Ela também sabia que ele não queria muito conversar com ela, pois havia sido bem restritivo em sua fala na vez que se encontraram. Incrivelmente os pesadelos das noites que a atormentavam pararam misteriosamente desde o dia que o conhecera. Quanto mais ela pensava, mais confusa ficava. Nas duas últimas noites, tomara remédios para dormir, pois não queria ficar pensando em todas as suas dúvidas com relação àquele estranho. Só queria dormir tranquilamente e que sua mente a deixasse em paz.
- Acho que eu preciso voltar. – disse Bruna levantando-se. – Tia Dani pode ficar preocupada.Ele a acompanhou pela praia. No caminho conversaram sobre diversos assuntos sem importância. A companhia dele era agradável e Bruna se perguntava o real motivo de ele estar ali. Alguma coisa ele escondia dela e não adiantaria perguntar. Ele só contaria quando quisesse e se quisesse. Então não lhe restava nada mais a não ser esperar... Pelo próximo encontro, pela próxima conversa, torcendo para que fosse logo.Quando Bruna chegou viu que Dani já preparada o jantar.- Precisa de ajuda, tia?- Se quiser ajudar, eu aceito, querida.- Vou tomar um banho rápido e já desço.Bruna tirou a roupa cheia de areia e tomou um banho rápido. Depois colocou uma roupa confortável e desceu para ajudar a tia.Dani estava calada, somente dava a
Enquanto tomava café da manhã, Bruna acabou falando com a tia sobre seu sonho da noite anterior.- Está encantada por ele... É normal sonhar com ele. – falou Dani tentando não dar importância.- Mas tia, não acha estranho ter um sonho se repetindo por vários dias com um homem sem rosto e daí de repente aparece um rosto e é de um homem que conheceu há pouco? – perguntou Bruna.- São sonhos, Bruna. Não perca seu precioso tempo do dia tentando desvendá-los. Deixe para se preocupar com isso durante a noite. Também pense sobre isso à noite.Bruna preferiu não falar sobre já ter sonhado com Alex antes mesmo de conhecê-lo. Imaginava que Dani não acreditaria.- Bruna, vou reforçar o que eu já lhe disse: evite ver este homem novamente.- Posso tentar, tia. Mas vai ser um pouco difíc
- Venha, sente-se aqui. – falou ele.Ela foi, sentando-se no outro sofá, bebendo o chá, tentando ficar calma e pensar no que falaria.- Ralf está aqui desde que iniciou a chuva. Ele está bem. Não havia como avisar. – disse ele.- Eu imaginei isso... Mas precisava me certificar. Minha tia estava certa de que ele estava bem... Mas eu não.- Então você decidiu voltar para casa? – perguntou ele.- Sim. – disse ele.- Problema resolvido?- Sim... – disse ela sem entender muito bem o que ele estava querendo dizer.O chá estava bom e em temperatura agradável, com açúcar do jeito que ela gostava.- Cachorro ingrato... Nem se importou comigo. – disse ela acariciando ele.- Quando vai partir? – perguntou ele.- Eu... Ainda não sei. Vou falar com minha tia. Não sei como ela reagir&
Ela saiu em direção à porta e colocou a mão na maçaneta para abri-la quando foi impedida por ele.- Me desculpe... Eu só disse a verdade.- Eu quero ir embora. – disse ela. – Não quero mais ficar aqui com você.- Não quer saber por que você vai sofrer se envolver-se comigo?- Não... Eu não quero saber.- E não tem interesse em saber por que eu não quero me envolver com você?- E você não quer? – perguntou ela. – Não se preocupe, deixou isso bem claro.- Sua tia tinha razão o tempo todo.- Alex, eu quero ir embora.- Você não tem perguntas? Por que não as faz, Bruna? Tem medo das respostas.Ela olhou nos olhos dele e disse:- Tenho muitas perguntas... Mas já não me importa as respostas.- Vai embora sem saber nada? Co
O doutor Adam entrou pela porta, retirando a capa de chuva e pendurando em um cabide próximo è entrada.- Acreditam que ainda chove? – observou ele.Bruna e Alex o observavam calados. Bruna estava preocupada com o que Dani pensaria sobre ela passar a noite ali, na casa de dois homens. Ela também temeria se não conhecesse o doutor Adam há tanto tempo.- Falou com minha tia? – perguntou ela ansiosa.O doutor Adam trouxe-lhe uma pequena sacola com algumas roupas dela e um tênis.- Tudo certo. Sua tia é muito gentil e simpática.- Isso eu concordo... Quando ela quer realmente ela consegue ser muito gentil e simpática. Só não esperava que ela fosse assim... Com o senhor. – confessou Bruna.- Bruna, acho que podemos dispensar as formalidades, não é mesmo? Afinal, você está na minha casa de praia, usando as roupas do meu f
Bruna entrou em casa preocupada com o que Dani falaria. Estava certa de que ouviria um sermão e não estava nada bem para conversar com a tia sobre aquele assunto tão delicado. Mas sabia que não poderia fugir.Dani correu até ela e lhe deu um beijo, abraçando-a carinhosamente:- Você está bem? – perguntou ela.- Sim... Está tudo bem. – tranquilizou ela.Bruna ficou surpresa com a manifestação de carinho de Dani, que não costumava muito demonstrar seus sentimentos.- Eu peguei muita chuva até chegar lá... Então o doutor Adam, digo, o Arthur insistiu que eu não poderia voltar, que ficaria doente... Então insistiu que eu ficasse. Eu não queria, mas ele não me deixou voltar. Eu o conhecia... Foi meu psiquiatra desde o início da depressão. Fiquei muito surpresa quando o vi lá... Ele é