Ela saiu em direção à porta e colocou a mão na maçaneta para abri-la quando foi impedida por ele.
- Me desculpe... Eu só disse a verdade.
- Eu quero ir embora. – disse ela. – Não quero mais ficar aqui com você.
- Não quer saber por que você vai sofrer se envolver-se comigo?
- Não... Eu não quero saber.
- E não tem interesse em saber por que eu não quero me envolver com você?
- E você não quer? – perguntou ela. – Não se preocupe, deixou isso bem claro.
- Sua tia tinha razão o tempo todo.
- Alex, eu quero ir embora.
- Você não tem perguntas? Por que não as faz, Bruna? Tem medo das respostas.
Ela olhou nos olhos dele e disse:
- Tenho muitas perguntas... Mas já não me importa as respostas.
- Vai embora sem saber nada? Co
O doutor Adam entrou pela porta, retirando a capa de chuva e pendurando em um cabide próximo è entrada.- Acreditam que ainda chove? – observou ele.Bruna e Alex o observavam calados. Bruna estava preocupada com o que Dani pensaria sobre ela passar a noite ali, na casa de dois homens. Ela também temeria se não conhecesse o doutor Adam há tanto tempo.- Falou com minha tia? – perguntou ela ansiosa.O doutor Adam trouxe-lhe uma pequena sacola com algumas roupas dela e um tênis.- Tudo certo. Sua tia é muito gentil e simpática.- Isso eu concordo... Quando ela quer realmente ela consegue ser muito gentil e simpática. Só não esperava que ela fosse assim... Com o senhor. – confessou Bruna.- Bruna, acho que podemos dispensar as formalidades, não é mesmo? Afinal, você está na minha casa de praia, usando as roupas do meu f
Bruna entrou em casa preocupada com o que Dani falaria. Estava certa de que ouviria um sermão e não estava nada bem para conversar com a tia sobre aquele assunto tão delicado. Mas sabia que não poderia fugir.Dani correu até ela e lhe deu um beijo, abraçando-a carinhosamente:- Você está bem? – perguntou ela.- Sim... Está tudo bem. – tranquilizou ela.Bruna ficou surpresa com a manifestação de carinho de Dani, que não costumava muito demonstrar seus sentimentos.- Eu peguei muita chuva até chegar lá... Então o doutor Adam, digo, o Arthur insistiu que eu não poderia voltar, que ficaria doente... Então insistiu que eu ficasse. Eu não queria, mas ele não me deixou voltar. Eu o conhecia... Foi meu psiquiatra desde o início da depressão. Fiquei muito surpresa quando o vi lá... Ele é
O dia estava lindo, em nada lembrando a chuva dos últimos dias. Bruna colocou o biquíni e uma camiseta larga por cima, pois seu objetivo do dia era caminhar um pouco e se banhar no mar morno e límpido. Sua pele estava ávida pelo sol forte e o sal marinho.- Não vai tomar café da manhã? – perguntou Dani.Ela pegou uma maçã e disse:- Acreditaria se eu dissesse que preciso tomar um sol e sentir o mar?Dani riu:- Você estando há certo tempo na Praia do Portal eu diria que sim. Sol e mar e a vista exuberante que temos aqui é viciante.- Vai ser difícil quando eu tiver que retonar para casa. Sentirei falta de tudo isso. – admitiu Bruna.- E quem disse que você precisa ir? Tempo minha querida... Você tem todo tempo do mundo. – disse Dani.Tempo... Esta palavra parecia ser muito importante de uma hora para outra em
Bruna descobriu que por mais que ele tentasse afastá-la, no fundo ele queria alguém. Era impossível ele se sentir completo e feliz estando sozinho sem ninguém para conversar naquela ilha enorme e solitária. Talvez ele temesse a aproximação porque sabia o que o futuro lhe reservava. Mas ela sabia o que aconteceria e sinceramente não se importava... Sabia que iria sofrer quando ele partisse, mas estava disposta a pagar o preço. Embora ela não entendia o porquê e não aceitasse direito, não perderia tempo sofrendo antes de acontecer... O melhor a fazer era aproveitar cada minuto ao lado dele enquanto ele estava ali, vivo.Seu corpo a traía quando pensava em Alex. Sua pele ficava sensível à simples presença daquele homem. E ela não entendia como aquilo era possível, sendo que havia passado seis anos com Adrian e jamais tivera aquelas sensaç&oti
Três dias se passaram e Bruna não viu mais Alex. Saia diariamente, mas não o encontrava na praia. Ralf também não estava com ele, pois havia passado o tempo todo na residência de Dani. Ela sentia uma sensação estranha e um medo de ele não querer mais vê-la. Não estava arrependida de ter feito amor com ele, pelo contrário, havia sido perfeito, mas também não queria que ele não a procurasse mais por causa daquilo. De forma alguma queria que aquilo os afastasse, mas infelizmente parecia que era o que estava acontecendo. Ele a estava evitando e isso era bem claro. E ela poderia procurá-lo na casa dele, mas não faria isso. Estava cansada de ir atrás dele e o tempo todo e ele nunca se preocupar com ela.No final da tarde um vento mais forte começou a soprar, anunciando a chuva da noite. Bruna estava deitada no sofá, olhando a rua e tentando ler um
Alex tentou abraçá-la, as ela afastou-o. Ele insistiu e ela acabou aceitando o abraço quente e molhado dele. A chuva continuava forte, mas ela não se importava.- Você ainda ama o homem que a abandonou? – perguntou ele.- Você ainda acha que eu procuro você por pena? – revidou ela.- Você não respondeu minha pergunta...- Nem você a minha...- Eu não acho que você tenha pena de mim... Mas o que mais me preocupa é você. Não quero que sofra.- Ninguém quer que eu sofra... Mas esquecem de me perguntar o que eu acho disso. E eu não me importo... Eu só quero... Você. – confessou ela.Ele a beijou. Ela não se importava com mais nada, nem com o que havia acontecido anteriormente. Só tinha uma certeza: queria Alex. Queria seu corpo junto ao seu, sua boca junto da sua e o coraç&atil
Quando ela desceu para o café com Alex, Arthur já estava à mesa. Ela ficou um pouco sem jeito, mas respirou fundo e tentou fingir que nada estava acontecendo.- Bom dia. – cumprimentou ele tranquilamente.Ela respondeu ao cumprimento e permaneceu em silêncio. Logo que Alex serviu-se de café ele levantou e trouxe alguns comprimidos, colocando ao lado dele sobre a mesa.- E não adianta dizer que não vai tomar. – disse Arthur seriamente. – Bem sabemos como você passou estes últimos dias.Alex não falou nada. Tomou os medicamentos que o pai lhe dava sem questionar.Assim que tomaram o café da manhã Alex ofereceu-se para acompanhá-la até a casa de Dani. Ela aceitou. Ele subiu para trocar de roupa. E ficou somente ela e o doutor Adam.- Enfim, sós. – disse Arthur.Ela olhou preocupada para ele.- Está
Bruna acordou com a luz do sol quente dentro do quarto. Sentiu o braço pesado de Alex sobre seu corpo. Sempre que acordava ao lado dele parecia um sonho. O tempo passava e ela ainda achava que ele era o homem mais perfeito do mundo quando olhava para ele. Ainda tinha o jeito irônico e às vezes ríspido, mas ela compreendia cada vez mais aquelas atitudes dele pois conseguia ter empatia naquela situação. Não ter apego à vida e tentar acabar com ela é horrível, principalmente quando não se tem reais motivos para isso. No entanto querer viver, amar a vida e não ter como continuar com ela devia ser a pior coisa que poderia acontecer um ser humano. Assim era a relação entre ela e Alex: naquele momento o tinha em seus braços, mas não sabia como seria no dia seguinte. A única certeza é a dor que ele deixaria na sua partida. E ela torcia para que conseguisse superar, po