- Eu não posso. – disse ela soltando Adrian.
- Mas... Você correspondeu. – disse ele. – Isso me deu esperanças. Você me beijou. – disse ele sorrindo.
Bruna pegou ele novamente pelo rosto e olhou nos olhos dele:
- Sim, eu correspondi... Eu tentei saber o que eu poderia sentir. Mas eu não sinto nada, Adrian. Absolutamente nada. Quando Alex me tocava, meu corpo inteiro ardia em chamas. Eu poderia fazer amor com ele em qualquer lugar que estivéssemos. Eu não sinto isso com você... Eu nunca senti... Desculpe-me.
- Está tudo bem. – disse ele passando a mão pelos cabelos, deixando-os completamente desalinhados.
- O que houve entre nós acabou, Adrian. Acho que nos gostamos... Eu pelo menos gostei muito de você. Mas eu não sentia amor... Infelizmente. Seria bem mais fácil ter amado você, ter gostado de você e ficarmos junto
Bruna tocou na barriga já bastante crescida. Como podia amar intensamente aqueles bebês que ela nem conhecia ainda? Se preocupava com eles mais do que com qualquer coisa na vida e tudo que fazia era pensando no bem estar deles. Era um menino e uma menina. Ela ainda não havia escolhido o nome, embora já tivesse feito uma lista. Arthur a visitava constantemente e sempre a acompanhava nas consultas na clínica. Também ligava quase todos os dias para saber como ela e os netos estavam. Ângela, embora um pouco relutante, acabou deixando o trabalho para auxiliar a cuidar da filha. Tinha receio, pois trabalhara sempre e desta forma conseguiu sustentar as filhas e cria-las. Sabia que não precisaria trabalhar pelo resto da vida, pois Bruna tinha dinheiro suficiente para prover a família por muitos anos, no entanto depender dela financeiramente não lhe agradava muito.Bruna queria que a mãe se sentisse segura e tr
O grande dia chegara. Thomas e Tessa viriam ao mundo naquela tarde de outono. O dia estava ensolarado e a temperatura agradável: nem calor, nem frio. Bruna sentia dores, mas estava tão ansiosa que nem dava tempo de saber a intensidade delas. Assim que Arthur chegou elas entraram no carro, todas falando ao mesmo tempo. Arthur ficou olhando confuso, mas deu a partida, também ansioso.- Continua respirando fundo. – dizia Angela.- Está tudo bem. – falou Bruna num fio de voz, levando as mãos às costas novamente.- Eu acho que não estou bem. – admitiu Cassiane. – Acho que meu coração vai sair pra fora do meu peito.- Acho que vou providenciar calmantes para todas. – brincou Arthur.- Doutor Adam, será que ela vai sentir muita dor ainda? – perguntou Cassiane.- Doutor Adam? Você me deixa sem jeito assim Cassiane. – observou ele.
Quando Bruna olhou para a prancha de Alex ficou parada, somente observando por um longo tempo. Ela provavelmente não havia ficado tanto tempo parada. Vagarosamente ela foi até ela e tocou carinhosamente, como se tivesse tocando nele. Não pretendia aprender a surfar, pois por mais que ele tentasse ensinar, ela nunca conseguiu aprender. Pegou-a e saiu pela praia. Ela não conseguia acreditar que sentia novamente o cheiro da Praia do Portal. O sol estava quente e sua pele ardia um pouco. Ela sabia exatamente aonde ir.Enquanto andava pela praia, com a prancha na mão, ela sentia Alex com ela. Sabia que ele estava ao seu lado, sentia o cheiro dele. Seus pés afundavam na areia fofa e morna e ela deixou cair uma lágrima que foi descendo pelo seu pescoço até se perder no seu corpo. A lágrima era de felicidade por estar ali e também de muita saudade.Ela sentou-se contemplando a paisagem que estava ao s
Bruna foi para o pergolado na beira da praia. Thomas e Tessa correram na frente, entrando na água sem se importarem se ela estava gelada ou não. Ela sentiu a brisa fresca e pensou em pegar os roupões das crianças. Mas antes que saísse, percebeu Angela e Arthur vindo com as peças.Arthur lhe entregou um copo de suco:- Feito agora. – disse ele.- Arthur, você existe? – perguntou ela sorrindo.Ele riu e Angela lhe entregou os roupões:- Quando eles saírem da água sentirão frio.- Eu ia mesmo buscar, mas vocês me antecedem em tudo.Eles riram.- O que seria de mim sem vocês dois?- Sei que somos os melhores avós do mundo. – observou Angela rindo. – Mas como não ser com estes lindos netos?- Nós combinamos com Dani de ir até lá para conversarmos um pouco. – disse Arth
Bruna olhava para o teto branco como se aquilo fosse a coisa mais importante de sua vida. Novamente aquele vazio se apossava dela de tal forma que nada fazia sentido. Parecia que sua alma saía de seu corpo e vagava no meio do nada, tentando encontrar algum lugar para ficar. Precisava fazer algo para mudar o que estava prestes a acontecer novamente. Não... Ela não queria entrar em depressão profunda, usar mais medicamentos do que já usava e só de pensar na possibilidade uma nova internação já sentia seu coração bater descompassadamente e uma gota de suor escorrer do nada pela sua testa. Ela pensou em Adrian... Sim, ele era a chave para a mudança. Estavam juntos há quase seis anos, haviam noivado e esperavam pelo casamento que ocorreria algum dia. Ela nunca tivera outro namorado, nunca amara alguém. Somente Adrian existia em sua vida. E ela sentia-se orgulhosa de tê-lo ao seu lado,
Bruna ainda ouvia a voz de Adrian ecoando em sua mente. Ficou um pouco arrependida de ter iniciado aquela conversa por telefone. Era algo que deveria ter feito pessoalmente, ver a reação dele. Foi até o toalete e escovou os dentes. Olhou-se no espelho. Estava magra, como sempre e detestava os ossos aparentes em sua pele. Comia super bem, mas nunca engordava. Os olhos azuis pareciam mais brilhantes conforme o tempo passava. Os cabelos louros e lisos estavam no meio das costas. Ela não cortara mais desde que saíra de um dos tratamentos. Havia prometido pra si mesma que trataria de arranjar mais tempo para se dedicar aos fios dourados que nunca dera importância. E estava realmente tentando hidratar, cortar as pontas e manter eles sedosos, em nada lembrando o que foram no passado. Ela abriu o armário e retirou os vários frascos de comprimidos e juntos todos na mão direita, engolindo de uma vez. O hábito de tomar um gol
O restante da manhã demorou a passar. Bruna sabia que era assim sempre que iria ver Adrian. Ela estava com saudade, mas temia o encontro entre os dois devido ao assunto que queria tratar com ele. A saudade estava misturada ao nervosismo. Era mais fácil falar pelo telefone do que pessoalmente, mas enfrentaria aquilo. Riu de si mesma e de seus pensamentos loucos. Não iria lhe propor nada ruim... Era só um pedido de casamento. Sabia que tinham planos para isso então era só adiantar o que já estava combinado.Quando estava perto do portão principal ela viu Catita e começou a andar um pouco mais rápido para passar por ela. Fazia questão de ser vista com Adrian pela moça. Ele estava lá, encostado no portão, com sua calça Jeans clara e uma camisa amarela que ela amava. O coração dela derretia quanto o via daquele jeito, tentando um ar mais casual. Quando a viu ele n
Quando Bruna entrou em casa, Angela já estava a sua espera sentada no sofá da sala. Ela chegou já passava das 19 h, pois depois da consulta ainda tinha ido dar mais um passeio pelas ruas da cidade. Ela adorava o final da primavera e o início do verão. Tudo parecia ficar mais alegre. - Não me diga que estava na faculdade até este horário. – falou Angela olhando no relógio. - Claro que não, mamãe... Eu tinha consulta no hospital as 16 horas e depois acabei me demorando por aí. Bruna não queria incomodar Angela com sua briga com o namorado. - Adrian ligou inúmeras vezes... - Diga que não estou. - Então é isso... Eu sabia que tinha alguma coisa errada. Você nunca chega em casa tão tarde. Vocês brigaram novamente? - Sim. – confessou ela. Angela riu: - Não se preocupe em me contar, Bruna. Eu já nem me importo com as brigas de vocês... Isso é tão comum. - Desta vez é um pouco mais sério. – disse ela senta