Numa noite, no quarto, Cassiane estava com a cabeça de Bruna em seu colo, fazendo cafuné, como faziam na adolescência.
- Cristiano deve estar esperando você no quarto. – observou Bruna.
- Ele que espere.
- Cassi, eu não quero que vocês briguem por minha causa. Não gosto quando Cristiano força a relação entre mim e Adrian, mas também não quero que isso cause qualquer constrangimento na relação de vocês dois.
- E eu não gosto do que ele faz, das insistências com relação a Adrian. Você sabe que eu estimo muito Adrian, sempre deixei isso claro. Mas você é minha irmã e eu sempre vou apoiá-la. Hoje Adrian é simplesmente o bom amigo do meu marido nesta casa. Ele não faz parte desta família.
- Obrigada por me proteger. Ainda assim não compre esta briga por minha ca
- Bruna, acorde!Bruna abriu os olhos lentamente e em seguida os fechou novamente quando sentiu a luz do sol. Reconheceu a voz da mãe.- O que foi, mamãe? – perguntou ela ainda com os olhos fechados. Sentia muita sonolência e um pouco de dor de cabeça.- Bruna, você dormiu quase o dia todo! – observou Angela.- Deve ser o remédio. – observou ela. – Ainda estou me adaptando.Ela abriu os olhos e tentou mantê-los assim.- Já deu tempo de se adaptar aos medicamentos. Precisa levantar.- Eu não quero. – contestou ela.- Deve ter dormido umas 20 horas. Precisa sair desta cama. Vou falar com seu médico, estes medicamentos precisam ser trocados.Ângela começou a organizar o quarto enquanto Bruna colocava um travesseiro sobre a cabeça, tentando ficar um pouco mais no escuro.- Bruna, estou falando sé
Ângela, Bruna, Cassiane e Cristiano estavam jantando. A campainha tocou. Ângela mencionou levantar, mas Bruna disse:- Eu vou. Você já trabalhou muito neste jantar maravilhoso.- Eu vou. Grávidas na mesa. – disse Cassiane saindo rapidamente. Todos riram.Sem cerimônia Adrian entrou na sala de jantar, dando boa noite a todos.- Adrian, nos acompanha no jantar? – convidou Angela.- Eu poderia dizer que já jantei, Angela, mas vendo sua comida parece tão saborosa que confesso que não vou recusar.Ele foi até o armário e pegou um prato, servindo-se. Escolheu sentar ao lado de Bruna. Realmente a companhia não a agradava e ela já havia comido o suficiente, então disse:- Se não se importam, eu vou para meu quarto tentar dormir um pouco.- Nem pensar. – disse Angela. – Você não vai dormir novamente.<
- Eu não posso. – disse ela soltando Adrian.- Mas... Você correspondeu. – disse ele. – Isso me deu esperanças. Você me beijou. – disse ele sorrindo.Bruna pegou ele novamente pelo rosto e olhou nos olhos dele:- Sim, eu correspondi... Eu tentei saber o que eu poderia sentir. Mas eu não sinto nada, Adrian. Absolutamente nada. Quando Alex me tocava, meu corpo inteiro ardia em chamas. Eu poderia fazer amor com ele em qualquer lugar que estivéssemos. Eu não sinto isso com você... Eu nunca senti... Desculpe-me.- Está tudo bem. – disse ele passando a mão pelos cabelos, deixando-os completamente desalinhados.- O que houve entre nós acabou, Adrian. Acho que nos gostamos... Eu pelo menos gostei muito de você. Mas eu não sentia amor... Infelizmente. Seria bem mais fácil ter amado você, ter gostado de você e ficarmos junto
Bruna tocou na barriga já bastante crescida. Como podia amar intensamente aqueles bebês que ela nem conhecia ainda? Se preocupava com eles mais do que com qualquer coisa na vida e tudo que fazia era pensando no bem estar deles. Era um menino e uma menina. Ela ainda não havia escolhido o nome, embora já tivesse feito uma lista. Arthur a visitava constantemente e sempre a acompanhava nas consultas na clínica. Também ligava quase todos os dias para saber como ela e os netos estavam. Ângela, embora um pouco relutante, acabou deixando o trabalho para auxiliar a cuidar da filha. Tinha receio, pois trabalhara sempre e desta forma conseguiu sustentar as filhas e cria-las. Sabia que não precisaria trabalhar pelo resto da vida, pois Bruna tinha dinheiro suficiente para prover a família por muitos anos, no entanto depender dela financeiramente não lhe agradava muito.Bruna queria que a mãe se sentisse segura e tr
O grande dia chegara. Thomas e Tessa viriam ao mundo naquela tarde de outono. O dia estava ensolarado e a temperatura agradável: nem calor, nem frio. Bruna sentia dores, mas estava tão ansiosa que nem dava tempo de saber a intensidade delas. Assim que Arthur chegou elas entraram no carro, todas falando ao mesmo tempo. Arthur ficou olhando confuso, mas deu a partida, também ansioso.- Continua respirando fundo. – dizia Angela.- Está tudo bem. – falou Bruna num fio de voz, levando as mãos às costas novamente.- Eu acho que não estou bem. – admitiu Cassiane. – Acho que meu coração vai sair pra fora do meu peito.- Acho que vou providenciar calmantes para todas. – brincou Arthur.- Doutor Adam, será que ela vai sentir muita dor ainda? – perguntou Cassiane.- Doutor Adam? Você me deixa sem jeito assim Cassiane. – observou ele.
Quando Bruna olhou para a prancha de Alex ficou parada, somente observando por um longo tempo. Ela provavelmente não havia ficado tanto tempo parada. Vagarosamente ela foi até ela e tocou carinhosamente, como se tivesse tocando nele. Não pretendia aprender a surfar, pois por mais que ele tentasse ensinar, ela nunca conseguiu aprender. Pegou-a e saiu pela praia. Ela não conseguia acreditar que sentia novamente o cheiro da Praia do Portal. O sol estava quente e sua pele ardia um pouco. Ela sabia exatamente aonde ir.Enquanto andava pela praia, com a prancha na mão, ela sentia Alex com ela. Sabia que ele estava ao seu lado, sentia o cheiro dele. Seus pés afundavam na areia fofa e morna e ela deixou cair uma lágrima que foi descendo pelo seu pescoço até se perder no seu corpo. A lágrima era de felicidade por estar ali e também de muita saudade.Ela sentou-se contemplando a paisagem que estava ao s
Bruna foi para o pergolado na beira da praia. Thomas e Tessa correram na frente, entrando na água sem se importarem se ela estava gelada ou não. Ela sentiu a brisa fresca e pensou em pegar os roupões das crianças. Mas antes que saísse, percebeu Angela e Arthur vindo com as peças.Arthur lhe entregou um copo de suco:- Feito agora. – disse ele.- Arthur, você existe? – perguntou ela sorrindo.Ele riu e Angela lhe entregou os roupões:- Quando eles saírem da água sentirão frio.- Eu ia mesmo buscar, mas vocês me antecedem em tudo.Eles riram.- O que seria de mim sem vocês dois?- Sei que somos os melhores avós do mundo. – observou Angela rindo. – Mas como não ser com estes lindos netos?- Nós combinamos com Dani de ir até lá para conversarmos um pouco. – disse Arth
Bruna olhava para o teto branco como se aquilo fosse a coisa mais importante de sua vida. Novamente aquele vazio se apossava dela de tal forma que nada fazia sentido. Parecia que sua alma saía de seu corpo e vagava no meio do nada, tentando encontrar algum lugar para ficar. Precisava fazer algo para mudar o que estava prestes a acontecer novamente. Não... Ela não queria entrar em depressão profunda, usar mais medicamentos do que já usava e só de pensar na possibilidade uma nova internação já sentia seu coração bater descompassadamente e uma gota de suor escorrer do nada pela sua testa. Ela pensou em Adrian... Sim, ele era a chave para a mudança. Estavam juntos há quase seis anos, haviam noivado e esperavam pelo casamento que ocorreria algum dia. Ela nunca tivera outro namorado, nunca amara alguém. Somente Adrian existia em sua vida. E ela sentia-se orgulhosa de tê-lo ao seu lado,