Bruna achava que entendia sobre o amor. Mas naquele momento, ouvindo a tia e a forma que ela lidava com a morte do marido, fazia com que ela questionasse o que conhecia deste sentimento. Era o amor da renúncia, da dor, da doação, do sacrifício... Ela não entendia sobre este amor. O amor que Dani e Angela haviam perdido... Eram felizes em seus casamentos, mas ambas perderam os companheiros muito cedo e de forma muito triste. Desde então viviam sozinhas, agarradas nas lembranças do passado. Talvez ser deixada na porta da igreja, por pior que fosse, não era tão horrível quanto perder o amor da sua vida. Sim, ela havia perdido Adrian... Mas ele estava vivo. Certamente não ficariam juntos de novo, mas ela o veria ou pelo menos tinha a certeza de que ele estava bem. Lidar com a perda deveria ser algo doloroso demais... E Bruna achava que a perda do pai era algo horrível em sua vida. Principalmente o fato d
E foi muito bom estar na Praia do Porto. Pelo menos na primeira semana. Dani era uma pessoa muito simpática e fazia Bruna se sentir muito bem sempre. Na segunda semana Dani pareceu ficar um pouco cansada de fazer coisas com a sobrinha e se fechou um pouco em seu mundo. Preferia ficar em casa, mas incentivava Bruna a sair. Mas Bruna não conhecia nada e sair sozinha pela praia para desbravar não lhe interessava muito.Sem ter o que fazer, com a saudade da família muito forte ela começou a lembrar de novo do passado, do que havia acontecido e de Adrian. Perguntava-se como ele estaria. E se culpava por se preocupar com ele. Durante as noites ela começou a ter pesadelos constantes e repetitivos. Sonhava com casamento que não se realizava e no altar havia um noivo que ela não conseguia ver o rosto. Nas primeiras vezes ela achou normal devido ao que havia acontecido com ela. Mas depois passou a ter um pouco de medo dos sonhos e
Bruna fechou a porta de vidro da sacada. Estava ventando muito. Ela ficou um tempo olhando o mar pelo vidro. Como poderia amar tanto aquela paisagem? O mar estava tão calmo e tranquilo. Em nada parecia o que ela havia visto na noite anterior, durante a tempestade, com ondas enormes e violentas. O sol forte refletia na areia branca, dando um tom dourado próximo das ondas que corriam mansas engolindo a areia. Tudo ali era lindo e perfeito. Ela sabia que não ficaria ali para sempre... Um dia teria que partir. No entanto, não importava onde estivesse e quanto tempo se passasse, levaria para sempre na memória aquele lugar e os momentos tranquilos que tivera ali, encontrando a si mesma. Ela moraria ali para sempre facilmente... Não se importava com a solidão. Começava a se acostumar com tudo... E inesperadamente estava gostando muito. Mas não podia se empolgar, pois aquele não era seu lugar, muito menos seu mundo. Dani
Conforme ia andando, Bruna se surpreendia com a paisagem que ia mudando. O mar realmente começava a ficar mais calmo e as ondas mais fracas. A água continuava cristalina e convidativa. Mas formações rochosas começaram a aparecer dentro da água e também próximo da mata. E iam ficando maiores conforme ela caminhava. Árvores frondosas proporcionavam sombras enormes, tornando a areia fresca. Ela parou por alguns momentos para observar a paisagem de cima das pedras. A ilha era linda, mas naquele lugar parecia ser mais fabulosa ainda. Ela já não tinha mais o hábito de usar celular ali, mas naquele momento fez falta, pois daria belas fotos. Cassiane e Angela não acreditariam na beleza que ela via naquele momento... Ver somente a imensidão do mar à sua frente lhe trazia tranquilidade e paz de espírito. Era como se fosse somente ela e o mar para sempre. Ralf latiu, tirando-a de seu
- Acho que eu preciso voltar. – disse Bruna levantando-se. – Tia Dani pode ficar preocupada.Ele a acompanhou pela praia. No caminho conversaram sobre diversos assuntos sem importância. A companhia dele era agradável e Bruna se perguntava o real motivo de ele estar ali. Alguma coisa ele escondia dela e não adiantaria perguntar. Ele só contaria quando quisesse e se quisesse. Então não lhe restava nada mais a não ser esperar... Pelo próximo encontro, pela próxima conversa, torcendo para que fosse logo.Quando Bruna chegou viu que Dani já preparada o jantar.- Precisa de ajuda, tia?- Se quiser ajudar, eu aceito, querida.- Vou tomar um banho rápido e já desço.Bruna tirou a roupa cheia de areia e tomou um banho rápido. Depois colocou uma roupa confortável e desceu para ajudar a tia.Dani estava calada, somente dava a
Enquanto tomava café da manhã, Bruna acabou falando com a tia sobre seu sonho da noite anterior.- Está encantada por ele... É normal sonhar com ele. – falou Dani tentando não dar importância.- Mas tia, não acha estranho ter um sonho se repetindo por vários dias com um homem sem rosto e daí de repente aparece um rosto e é de um homem que conheceu há pouco? – perguntou Bruna.- São sonhos, Bruna. Não perca seu precioso tempo do dia tentando desvendá-los. Deixe para se preocupar com isso durante a noite. Também pense sobre isso à noite.Bruna preferiu não falar sobre já ter sonhado com Alex antes mesmo de conhecê-lo. Imaginava que Dani não acreditaria.- Bruna, vou reforçar o que eu já lhe disse: evite ver este homem novamente.- Posso tentar, tia. Mas vai ser um pouco difíc
- Venha, sente-se aqui. – falou ele.Ela foi, sentando-se no outro sofá, bebendo o chá, tentando ficar calma e pensar no que falaria.- Ralf está aqui desde que iniciou a chuva. Ele está bem. Não havia como avisar. – disse ele.- Eu imaginei isso... Mas precisava me certificar. Minha tia estava certa de que ele estava bem... Mas eu não.- Então você decidiu voltar para casa? – perguntou ele.- Sim. – disse ele.- Problema resolvido?- Sim... – disse ela sem entender muito bem o que ele estava querendo dizer.O chá estava bom e em temperatura agradável, com açúcar do jeito que ela gostava.- Cachorro ingrato... Nem se importou comigo. – disse ela acariciando ele.- Quando vai partir? – perguntou ele.- Eu... Ainda não sei. Vou falar com minha tia. Não sei como ela reagir&