Nina Kandon
— Você sabe que já faz 3 meses que não estamos recebendo seu aluguel, e preciso de dinheiro, Nina.
Esbravejando, seu rosto virou uma carranca e ela murmurou se aproximando o suficiente para tentar me intimidar e prosseguiu.
— Eu não faço caridades.A senhora Marta é uma senhora beirando aos 55 anos com cabelos ralos e grisalhos, me bombardeou com as informações assim que cheguei do meu trabalho às 23:49 da noite de ontem, e essas palavras estão martelando na minha cabeça freneticamente até agora, pois não sei como vou pagar os meses de aluguel atrasado.
— Dona Marta, eu darei um jeito, eu sinto muito.Murmurei em resposta, já sabendo que no dia seguinte eu teria que resolver o problema ou iria acabar perdendo o único teto que conheci durante a minha nova vida na fase adulta.
Assim que ela fez um gesto estranho com a mão e saiu andando diretamente para seu apartamento, eu girei em meus calcanhares, não querendo dar sorte ao azar pois ela poderia retornar e então me direcionei para meu próprio “apertamento” que é o apelido carinhoso que batizei o meu pequeno lar.
Por conta do seu espaço minúsculo onde estou vivendo há dois anos, não foi muito fácil me adaptar mas consegui comprar os móveis que faltavam e com isso consegui desconto no aluguel na época então de certo modo fiquei muito aliviada quando o aluguel estava mais baixo mas tudo mudou a menos de um ano, quando os descontos acabaram e precisei pagar um valor maior. Agora olhando em volta, tenho uma visão ampla do lugar, uma sala em conjunto com a cozinha, um quarto e um banheiro que entope quase todo dia, e não posso esquecer que a água quente sempre acaba, o que acontece sempre na minha vez de usar, já que chego do trabalho muito tarde.
Isso tudo está incluso no pacote onde vem paredes mofadas e ar condicionado quebrado a cada 3 meses ( palavras da dona Marta), e não podemos esquecer dos insetos e roedores que disputam territorio, e não tem um pesticida no mundo que acabe com esses monstros que encontro andando pelos corredores e a verdade, é que acredito que eles estejam querendo fechar o prédio residencial, e por isso, estão deixando a desejar com os inquilinos mais antigos, mas longe de mim reclamar sobre as situações precárias do prédio pois não tenho dinheiro nem para comprar um conjunto de potes de plástico daqueles de R$4.99, imagine pagar o aluguel que já está atrasado há 3 meses sem os descontos.
Eu sou garçonete em um bar bem conceituado aqui em Santa Catarina, meu emprego não é o melhor, o salário é péssimo, e não podemos pedir aumento, mesmo sabendo que o retorno financeiro do local é altíssimo, pois eles demitiram o último garçom que pediu aumento após 2 anos de trabalho, então prefiro ficar ganhando pouco ao invés de arriscar meu emprego e por isso, fiquei sem conseguir pagar os últimos 3 aluguéis, pois mensalmente preciso escolher entre ter um teto ou me alimentar, essas escolhas difíceis acontecem todo mês, sem falar, sobre a falta de dinheiro para comprar ao menos uma garrafa d'água na rua.
Pois é, parece besteira mas eu realmente não tenho.
Meu primeiro pensamento logo que acordo todos os dias é “ o que posso fazer para mudar minha vida ? ” pois sempre fiz alguns “bicos” como freelancer em todos os tipos de trabalhos que apareciam, mas com essa pandemia, acabei sendo dispensada de todos, e agora que os pubs e barzinhos foram liberados para funcionar em horários reduzidos, finalmente retornei a trabalhar, e por causa da pandemia e falta de trabalhos, fiquei 3 meses com teto e quase 2 meses inteiro poupando comida que não iria durar nem 1 mês, mas fazer o que?
Descobri que quando queremos, é possível fazer milagre e realmente foi o que aconteceu com a minha comida.
Todos devem estar se perguntando, onde está a família dela? Pois bem, sou órfã.
Na verdade, não cheguei a ter a chance de conhecer meus pais, tudo o que conheci próximo de uma família, foi um lar onde acolhem crianças para adoção até serem escolhidas por uma família, mas no meu caso, tudo foi diferente.
Eu não fui adotada, então, sem família quando criança e sem família hoje na fase adulta e para minha sorte, logo que atingi a maior idade, me dispensaram sem dó nem piedade para correr atrás de um emprego e uma casa para morar.
Já faz 2 anos que estou morando nesse prédio que até então é tudo o que eu tenho e se eu não resolver a questão dos aluguéis atrasados vou acabar sem o lar que me abrigou por todo esse tempo.
Oh vida injusta.Como é difícil ser linda e não rica... Mas fazer o quê? Deus preferiu assim, então assim será.
Comecei a rir dos meus próprios pensamentos cheios de humor, distraída e atrasada para começar meu turno no pub quando comecei a atravessar a faixa de pedestres sem prestar atenção ao trânsito, algo na minha mente me alertou para olhar antes de atravessar mas não obedeci e só consegui ver de relance um carro preto sedan freando a minha frente bruscamente, e quando fui atingida em cheio, fui jogada no chão com força.
— Aí. De onde veio isso?
Murmurei baixinho segundos depois que me dei conta de que realmente estava no chão, ao sentir o asfalto quente através da minha calça jeans desgastada, senti meu corpo todo doer e sem abrir completamente meus olhos toquei a minha cabeça levemente com a mão que não sustentava o peso do meu corpo.
— Meus Deus, você está bem? Consegue me ouvir?
Alguém havia se aproximado de mim, até então não consegui distinguir a voz, talvez eu tenha batido a cabeça com força demais, e apertando meus olhos, respirei fundo quando ouvi mais uma vez.
— Não se mexa, por favor.
Dessa vez, ouço uma voz masculina com um toque de rouquidão me chamar, seu tom de voz denunciava o quão preocupado estava e havia um pouco de irritação também.
Abri meus olhos à procura do dono daquela voz e tentei me concentrar na pessoa que estava ali a minha frente, ajoelhado a poucos centímetros de mim.
Fixei minha atenção em seu rosto por alguns segundos, e foi impossível não soltar um suspiro em admiração, pois a visão que eu tinha à minha frente era realmente de tirar o fôlego.
Um homem com incríveis olhos verdes, lábios cheios e rosados, seu nariz retilíneo, uma barba bem cheia emoldurados por cabelos pretos e bem cortados. Seus olhos brilharam quando se fixaram aos meus, nesse momento meu coração vacilou algumas batidas e então tive a certeza que esse homem nem humano é, caso contrário, não seria tão lindo.
— Eu morri?
Perguntei sem nem sentir as palavras saírem dos meus lábios e levantei a mão tocando na minha cabeça que estava girando e acredito que seja o efeito da pancada mas então vejo um sorriso brotar em seu rosto lindo, e totalmente tocada pela beleza masculina a minha frente senti quando minha visão se tornou embaçada e apaguei sem conseguir controlar a sensação ruim que atravessava em meu corpo.
Dias depois
Acordei num sobressalto ao ver que estava em um quarto todo branco e extremamente silencioso. À minha volta era possível sentir um cheiro de produtos assépticos, o que me fez ter a certeza que estava em um hospital.
Lembro-me de ser acordada por um insistente bip e acabei encontrando o dito cujo informando meus batimentos cardíacos interligados pela intravenosa.
— Droga, o que estou fazendo aqui?Resmunguei mal-humorada, sem entender ou lembrar do motivo de eu estar deitada em uma cama hospitalar tomando um soro na veia e sendo monitorada.
— Você atravessou a faixa de pedestres sem olhar para os lados, Srta. Kandon.
Nina Kandon E sem ter percebido a presença de outra pessoa no quarto, soltei um grito pelo susto. — Ai meu Deus, que susto — Pousei a mão em meu peito tentando controlar os batimentos cardíacos frenéticos que começaram a bipar no aparelho insistente que me despertou do sono a segundos atrás, o mesmo que estava me irritando. — Perdão, não foi minha intenção assustá-la. — O homem lindo que lembro de ter visto antes de desmaiar está bem à minha frente, me encarando com suas mãos dentro do bolso da calça e uma expressão extremamente sexy e imponente, se desculpando enquanto se aproximava da minha cama, ele abriu um sorriso gentil e eu engoli em seco com a sua aproximação... Droga, muito seco. Minha garganta doeu agora. Preciso de água. Essa tensão toda que estou sentindo na presença desse homem é ridícula, e está me deixando desconfortável, como é possível existir isso de verdade? Nunca vi nada igual em toda a minha vida e de repente o bip insuportável surgiu denunciand
Chease Willians Assim que ouço uma pancada no carro, logo desviei minha atenção da tela do celular para a rua e vejo a expressão amedrontada do meu motorista através do retrovisor e pulei para fora do carro, para entender o que houve e me deparo com uma mulher de cabelos escuros, sentada no chão murmurando algumas palavras desconexas e preocupado me aproximei dela, me ajoelhando ao seu lado pois ela não respondeu às minhas perguntas, na verdade, não parecia ter notado a minha presença até então mas assim que meus olhos passaram em seu rosto lindo e delicado por rápidos segundos algo dentro de mim despertou, o que me fez imediatamente adotar uma postura que eu não tinha a muito tempo. Um instinto protetor me tomou naquele instante e ali preso ao olhar daquela linda mulher, engoli em seco quando ela apenas perguntou em um tom muito baixo e que parecia de encantamento, sem desviar seus olhos de mim, com uma inocência evidente em seus olhos. — Eu morri ? Sem reação no momento, eu
Chease Willians Para ser sincero, faz um bom tempo que não tenho relacionamentos casuais. Eu conheci o relacionamento Sugar a uns 5 anos e desde então passei a me dedicar nesse tipo de troca de relação. Obviamente não é sobre sexo, tem a parte de companhia e descontração, como qualquer outra forma de relacionamento, precisa de uma troca mutua, ambos precisam fazer as suas partes para funcionar. Eu tenho atualmente 2 babys, nos encontramos sempre que preciso de atenção com meu estresse por conta do trabalho, e por um bom tempo, me relacionar com elas me ajudou muito, e em contrapartida, retribuo com carinho, mesadas e "mimos" como elas gostam de chamar, mas já faz um tempo que não estou mais conseguindo me tranquilizar ou até mesmo me saciar com nenhuma das duas. Já fiz até Ménage à trois com minhas duas babys para ver se ajudava a diminuir a sensação esmagadora de vazio que sinto, mas nada adiantou por isso estou prestes a cancelar nossos contratos, pois além de não me trazer mais b
Nina Kandon Não consigo acreditar que eu estava tão doente a ponto de ter anemia, e pior, fiquei 3 dias em observação, com toda a certeza perdi meu emprego, e dona Marta já deve ter encontrado um novo inquilino, e eu fiquei sem meu"apertamento". Levantei as mãos e apertei meu rosto em desespero, perdida em meus pensamentos, senti uma lágrima descer pelos meus olhos e outras logo desceram em sequência e chorei me sentindo angustiada e literalmente sozinha. Não sei o que vou fazer se perder tudo de uma só vez, como vou me recuperar? Como vou recomeçar sem um teto e um emprego? Meu coração acelerou diante dos meus medos, e puxando o ar para meus pulmões, fechei os olhos e tentei me acalmar. Preciso pensar positivo para acreditar que amanhã será melhor, e já me sentindo mais calma, começo a me preparar para sair quando de repente algumas batidas surgem e atenta, ouço a porta se abrir e rapidamente sequei os vestígios de lágrimas e me virei para ver a figura alta e elegante daquele ho
Chease Willians Assim que entramos no restaurante, logo me senti melhor. Estava morrendo de fome e ficar os 20 minutos ao lado da Nina em silêncio, me deixou até com tesão. Fechando meus olhos, neguei com a cabeça em um gesto brusco, pois não estou me reconhecendo. Eu estou parecendo um tarado,que não consegue controlar a libido, mas deixe-me explicar a verdadeira situação. Ela é uma mulher lindíssima, tem curvas invejáveis para seus 20 anos de idade, e é extremamente educada e tímida, como resistir? Como segurar o lado possessivo e protetor que existe em mim? Eu não era o tipo de homem possessivo, que ficava cuidando das minhas mulheres com exagero, mas a Nina, não é qualquer mulher. Ela é especial e despertou algo diferente em mim desde o momento que pus meus olhos nela e por isso, ter ela do meu lado em silêncio e com sua cabeça girando entre as dúvidas que plantei, pois tenho absoluta certeza que as engrenagens do seu cérebro estão trabalhando a todo vapor para tentar entend
Nina Kandon — Tenho uma proposta para você, e acredito que será irrecusável — Ele falou sem pausa e me olhando diretamente nos olhos, eu engoli em seco e questionei com um certo receio. — E qual seria essa proposta, Chease? Ele ergue uma sobrancelha e continua com uma expressão séria em seu rosto e responde. — É um assunto um pouco delicado e por isso preciso que você esteja com a mente aberta para que entenda as minhas reais intenções. Eu confirmo com a cabeça e ele se acomoda na cadeira, pegando a sua taça de água, bebe um pouco, fazendo crescer uma ansiedade em meu interior e volta a dizer. — Eu sou um homem muito influente no mundo dos negócios, e tenho uma agenda estritamente lotada com compromissos e obrigações diariamente, além das viagens que sou obrigado a fazer por conta de todos os meus negócios. Entretanto, sou um homem solitário, na verdade gosto de viver livre, mas ultimamente sentia que estava faltando algo. Em meu coração, algo dizia que a propo
Chease Willians Assim que deixei Nina em sua casa, liguei para Bruno que me atendeu de imediato. Não perdi tempo em cumprimenta-lo, fui logo direto ao assunto. — Bruno, preciso que você fique de olho na Nina a partir de hoje, qualquer coisa que ela faça, eu quero saber. Pode me mandar tudo por mensagem no W******p pois acredito que amanhã ela irá andar muito atrás de um teto. Ele coçou a garganta demonstrando estar desconfortável e pergunta. — Você tem certeza de que a quer em sua vida? Cara, ela parece ser bombardeada de problemas… E esboçando um sorriso frio, sacudi a cabeça em negativo e respondi. — Ela despertou algo em mim, não consigo mais sossegar sem pensar nela então sim, quero ela em minha vida. Ouço um rangido de uma cadeira através da ligação e então Bruno responde com seu habitual tom de voz profissional. — Nesse caso, considere feito — E encerrou a chamada. Mesmo sabendo da situação que ela irá se encontrar hoje, eu optei por não deixar meu contat
Nina Kandon Já faz horas que sai definitivamente do meu apartamento sem nenhuma comida no estômago. Consigo ouvir o coitadinho roncando de fome daqui. Tenho medo de passar mal na rua enquanto me direciono ao local em que trabalho e sinto uma ansiedade dominar meu corpo só em imaginar que não irei conseguir o meu emprego novamente. Suspirando alto, fechei meus olhos e mentalizei o quanto preciso desse trabalho, pois não me importo em me humilhar e implorar por algo que perdi sem ser culpada. Engolindo o bolo que se formou em minha garganta, vejo o quanto preciso desse trabalho como se fosse meu ar para respirar. Agora não tenho nada e ninguém que possa me ajudar e não tenho nem o Chease para aceitar a sua proposta. Fui tão estúpida, deveria ter aceitado logo o que ele me propôs, mas deixei o orgulho falar mais alto e recusei sem nem pensar em pegar o seu contato e agora estou aqui, na pracinha próximo ao pub aguardando ansiosamente 18h para que eu possa ir até o Jeremy e pedir