Veronica Maciel
A angústia tomava conta de mim enquanto eu me encontrava no meu quarto, cercada pelas lembranças dolorosas de Sammya. Lágrimas escorriam pelo meu rosto enquanto eu segurava uma fotografia antiga de nós duas juntas, relembrando os momentos felizes que compartilhamos. A ausência dela pesava em meu coração, deixando um vazio insuportável.
Meu marido entrou no quarto e me encontrou em prantos. Seu rosto expressava preocupação e compaixão ao me ver naquela situação. Ele se aproximou e me abraçou, tentando confortar minha dor.
"Verônica, meu amor, o que aconteceu? Por que você está tão abalada?", perguntou ele suavemente.
Entre soluços, eu consegui balbuciar: "É a Sammya... Eu sinto tanto a falta dela. Ela é minha irmã, a garotinha que criei como se fosse minha filha. Eu só quero tê-la de volta, Rogério."
Seus olhos demonstravam compreensão e empatia. Ele segurou minhas mãos e disse com gentileza: "Eu sei o quanto você ama a Sammya, Verônica. E tenho certeza de que ela também sente sua falta. Vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para encontrá-la e trazê-la de volta para casa."
Ouvir as palavras reconfortantes de Rogério me trouxe um pouco de alívio. Ele sempre foi um parceiro fiel e determinado, e agora, com sua ajuda, tínhamos uma chance maior de encontrar minha querida irmã.
Secando as lágrimas, eu olhei nos olhos de Rogério. "Eu não vou desistir, Rogério. Vamos encontrá-la, não importa o que aconteça. Ela é parte de nossa família, a única família que me restou, e a traremos de volta para casa."
Ele olhou para mim e sorriu. "Como se isso fosse possível, Sammy sempre foi um espírito livre e você sabe disso."
"Pois é, desde pequena ela é determinada, e eu sempre soube que ela faria grandes feitos", disse, secando mais uma lágrima que caiu de seus olhos.
"E fez, a melhor aluna de sua classe, ganhou um estágio requisitado pelos melhores, saiu de Minas e voltou para o Rio de Janeiro requisitada. Sammy fez feitos e fará ainda mais, você vai ver."
"Se algo acontecer com ela, eu não vou suportar", confessei.
"Hei! Nada irá acontecer, você verá. Ela retornará sã e salva, e ainda irá reclamar que nos preocupamos à toa."
"Que os céus te ouçam", murmurei.
Ele apertou minhas mãos com força. "E não importa quanto tempo leve, vamos encontrá-la."
Rogério me avisou que as crianças estavam preocupadas comigo, e eu percebi que não saía da cama há três dias. Tenho certeza de que Sammya odiaria saber disso. Levantei-me e tomei um banho relaxante. Depois, desci e fiquei com meus
filhos, que me abraçaram apertado e me perguntaram se eu estava bem. Sorri para eles e agradeci por se preocuparem.
"Mamãe, a tia Sam vai voltar para casa?" perguntou minha filha, e eu acariciei sua cabeça e afirmei: "Vai sim, ela irá voltar, e vocês irão rolar na grama para ficarem sujos e me verem reclamando."
Ela sorriu, e eu disse a ela para brincar um pouquinho antes de irem para a cama. Depois de colocar as crianças na cama, tomei um calmante e fui dormir, pois sabia que o dia seguinte seria longo e angustiante.
No dia seguinte, enquanto me preparava para enfrentar o dia, uma lembrança vívida da minha irmã invadiu minha mente. Fechei os olhos por um momento, permitindo que as memórias preenchessem cada parte de mim.
Era um dia ensolarado de verão, e Sammya estava correndo pelo jardim com um sorriso radiante no rosto. Suas risadas ecoavam pelo ar enquanto ela perseguia borboletas coloridas entre as flores. Eu a observava, maravilhada com sua doçura e alegria contagiante.
Desde que éramos crianças, nossa conexão era especial, mesmo com uma pequena diferença de idade. Compartilhávamos segredos, brincávamos juntas e enfrentávamos os desafios da vida lado a lado.
Naquela lembrança, eu a via correr em minha direção, seus cachos negros balançando ao vento. Ela me abraçava com ternura, como se soubesse que sempre estaríamos unidas. Naquele momento, eu prometi a mim mesma que faria tudo o que estivesse ao meu alcance para protegê-la.
As lágrimas voltaram a inundar meus olhos, mas agora eram lágrimas de saudade e determinação. Eu sentia um vazio imenso em meu coração desde que Sammya desapareceu, mas também sentia uma força interior crescendo, impulsionando-me a encontrá-la.
Ainda com a lembrança fresca em minha mente, abri os olhos e encontrei o olhar preocupado de Rogério. Ele perguntou se eu estava bem, e eu apenas assenti, dizendo que sim.
Antes de sair do quarto, olhei para a fotografia de nós duas quando éramos pequenas e sorri. Assim que me sentei, Rogério me entregou uma xícara de café e me avisou que Saulo ligou para ele e pediu para irmos à casa dos pais dele para uma reunião. Eu disse que tudo bem.
"O que será que eles querem?" perguntou Rogério.
"Espero que sejam estratégias para trazer a minha irmã de volta." Ele sorriu e me deu um beijo. As crianças desceram apressadas, e eu pedi para eles não correrem, o que não adiantou muito. Ralhei com os dois, que me pediram desculpas.
O dia passou na velocidade da luz, e a noite chegou trazendo consigo uma sensação de apreensão. Enquanto Rogério dirigia, olhei para trás e vi meus filhos brincando animadamente no banco de trás do carro. Um sorriso escapou dos meus lábios, apesar da preocupação que pesava sobre mim. Ver aqueles rostinhos inocentes me lembrava por que eu estava lutando tão arduamente para trazer Sammya de volta para casa.
"Rogério", comecei, quebrando o silêncio tenso que pairava no carro, "estou preocupada com essa reunião na casa dos pais do Saulo. Não faço ideia do que eles querem discutir."
Ele apertou minha mão suavemente enquanto mantinha o olhar fixo na estrada. "Eu entendo sua apreensão, Verônica. Mas acredito que eles possam ter informações úteis sobre o desaparecimento da Sammya. Vamos manter a calma e enfrentar essa reunião juntos."
Respirei fundo, tentando acalmar os pensamentos tumultuados em minha mente. Essa preocupação está me consumindo.
Enquanto nos aproximávamos da casa, a tensão se intensificava. Eu sabia que cada passo dado em direção àquela porta significaria enfrentar uma realidade que estava além do meu controle. Eu precisava enfrentar meus medos e encontrar forças.
Rogério estacionou o carro em frente à casa dos pais de Saulo, e eu respirei fundo mais uma vez, preparando-me para o que estava por vir. Olhei para Rogério, encontrando em seus olhos o apoio e a confiança de que eu precisava.
"Estamos juntos nisso, amor", ele disse, sorrindo de forma reconfortante.
Eu sorri de volta, grata por ter um parceiro tão solidário ao meu lado. Agarrei sua mão com firmeza e abri a porta do carro, pronta para enfrentar o desconhecido e lutar pela minha irmã.
Rogério LucattoDesde que Sammya foi levada, tenho observado meu filho definhar. Ele perambula pelos corredores do escritório como um zumbi, e a preocupação só aumentava. Saulo havia perdido seu brilho, e percebi que a vida retornava aos seus olhos apenas quando ele conheceu Sammya. Além de ser uma excelente funcionária, ela conquistou mais casos em menos de um ano do que os funcionários mais antigos.Meu filho e Wesley pediram para que eu deixasse as coisas em suas mãos, mas já se passou quase um mês e não vejo resultados. Decidi assumir pessoalmente o controle da situação e trazer Sammya de volta.Liguei para um amigo de longa data, que prontamente concordou em me ajudar. Após acertar os detalhes com ele, chamei meu filho e pedi para ele ligar e agendar uma reunião com todos os envolvidos. Durante o dia, continuamos trabalhando na empresa, pois tínhamos muitos casos que requeriam nossa atenção, incluindo aqueles em que Sammya estava trabalhando. Decidi assumir a liderança, especialm
Albert FernandesQuando Rogério me passou a palavra, olhei para todos os presentes na reunião e percebi que muitos deles guardavam segredos que precisavam ser revelados. Olhei para cada um deles e iniciei a conversa."Boa noite a todos, meu nome é Albert Fernandes e, como Rogério mencionou, estou aqui para ajudá-los a encontrar Sammya, mas tenho algumas condições para oferecer minha ajuda", disse aos presentes, que me olhavam intrigados."Com licença, senhor Albert, que tipo de condições seriam essas?", perguntou uma mulher. “Qual o seu nome?” Pergunto a ela."Sou Verônica Maciel, irmã de Sammya. O que o senhor precisa que façamos para nos ajudar a encontrar minha irmã?", questionou Verônica."Estou nesse ramo há muitos anos. Rogério me conhece desde o começo e sabe que trabalho com a verdade. Vocês formam um grupo bastante numeroso, e geralmente em grupos assim, sempre há segredos, e alguns desses segredos podem ter contribuído para o sequestro dela", expliquei."Eu não tenho nada a
Albert FernandesApós uma longa pausa, todos retornam para a sala e olho para cada um dos rostos ali presentes e percebo que todos escondem segredos que eram conhecidos pela vítima, exceto a irmã. Reli minhas anotações da noite e decidi que era hora de encerrar por hora."Bom! Acho que hoje foi uma noite de muitas revelações e devido a isso, por hora, vamos encerrar. Se todos estiverem disponíveis amanhã, poderemos nos encontrar no mesmo horário." Todos se entreolharam e assentiram.A irmã de Sammya foi a primeira a ir embora. Ela estava visivelmente chateada com tudo que havia ouvido hoje, mas algo me diz que ela deveria se preparar para as revelações do dia seguinte. Quando ficou apenas Saulo, Rogério e eu na sala, iniciei meu parecer."Acho que devido a tudo que ouvimos hoje, será bem difícil conseguirmos encontrá-la com...""Pelo amor de Zeus! Não diga uma coisa dessas. Sammya é uma mulher forte e valente, e tenho certeza de que ela sairá dessa com vida."Olhei para Saulo e respei
Veronica MacielNão consigo trabalhar direito, só fico pensando onde está a minha irmã, se ela está bem, se ela comeu... Isso está me matando. Ajudei as crianças com as tarefas e, depois de colocá-las na escola, fui para casa de Sammy e fiz a limpeza, deixando tudo em seu devido lugar para quando ela retornar. Voltei para casa, e Rogério estava chegando; quando me viu, me abraçou."Amor, precisamos nos arrumar para poder encontrarmos o pessoal na casa de Saulo.""Eu sei, mas confesso que não estou muito afim de ir." Na verdade, tenho medo do que irei descobrir mais pra frente."Te entendo perfeitamente." Ele diz apenas.Rogério está muito pensativo, o que achei estranho, mas ao mesmo tempo normal, já que ele a trata como filha. Fomos para a casa dos pais de Saulo, e assim que chegamos, fomos recepcionados por uma empregada e encaminhados para a sala de visitas. Quando chegamos, todos já estavam lá à nossa espera. Rafa olhou para mim, mas depois de tudo o que ela revelou, vai demorar u
Rogério FirminoA noite estava silenciosa, e a única companhia que eu tinha era o brilho fraco da lâmpada no canto do quarto, lançando sombras dançantes nas paredes. Eu estava sentado sozinho à mesa, com um copo de uísque na mão, tentando afogar a confusão e o desespero que se acumulavam dentro de mim. O que havia acontecido nas últimas noites tinha me atingido com força, e eu me sentia impotente diante da situação.Enquanto a bebida queimava minha garganta, minha mente divagava para um tempo anterior, quando eu enfrentava um problema que quase destruiu minha vida. Era um flashback de anos atrás, uma lembrança que, naquele momento, parecia mais clara do que nunca.Eu era ambicioso na época,recém casado e com uma filha a caminho e trabalhando para uma empresa de grande renome. No entanto, como em muitas empresas, havia uma cultura de corrupção e jogos sujos nos bastidores. Meus chefes estavam envolvidos em esquemas ilegais, e um dia, fui usado como bode expiatório para cobrir suas tri
Sammya MacielEu estava ali, no escuro, cercada por desconhecidos que me mantinham em cativeiro. Minha mente estava alerta, e meu espírito permanecia inquebrável, apesar das circunstâncias. Eles podiam me prender fisicamente, mas nunca controlariam meu espírito indomável.Um homem alto e robusto entrou na sala onde eu estava, com um olhar maligno e sorriso sádico no rosto. Seu hálito cheirava a álcool barato, e eu podia sentir o cheiro impregnado em sua pele. Ele se aproximou de mim, seus olhos cheios de desprezo."Você acha isso engraçado, sua vadia?" Ele cuspiu as palavras em meu rosto.Eu zombei dele, deixando um sorriso provocador escapar. "Bater em uma mulher amarrada? Isso é realmente corajoso da sua parte."Ele não gostou da minha provocação e, com uma rapidez surpreendente, sua mão atingiu meu rosto, enviando ondas de dor pelos meus sentidos. Minha bochecha ardia, mas eu não lhe dei o prazer de ver meu sofrimento.Um segundo homem entrou na sala, interrompendo o que estava aco
Saulo LucattoA manhã irrompeu com uma claridade indesejada, como se o sol estivesse zombando da escuridão que envolvia minha vida. Eu estava exausto, abatido pela falta de sono e pelos tormentos que assombravam minha mente dia após dia. Meu rosto, refletido no espelho do banheiro, mostrava os sinais evidentes de uma noite mal dormida, com olheiras profundas que só se aprofundavam à medida que a busca por Sammya se tornava mais desesperada.O dia de trabalho se desenrolava diante de mim, uma série de tarefas e responsabilidades que, naquele momento, pareciam irrelevantes e sem sentido. Eu tentava me concentrar, mas minha mente estava irremediavelmente presa na busca pela minha irmã.Foi então que Veronica apareceu no meu escritório, uma visão que eu não estava preparado para enfrentar naquele momento. Ela se aproximou de mim com uma expressão indecifrável, e o olhar dela parecia queimar em mim. Eu conhecia aquele olhar, aquele tipo de desejo que nunca tive a intenção de retribuir."Sa
Wesley Cavalcante Encontrei Saulo no bar, como combinado. Ele já estava lá, sentado em um canto escuro, olhando para o fundo de um copo de uísque. Seu rosto estava sério, os olhos cansados refletindo a dor que ele estava carregando. Era como se o peso do mundo estivesse sobre seus ombros, e eu sabia que ele precisava de alguma distração, pelo menos por algumas horas.Sentei-me ao seu lado e acenei para o barman, pedindo uma rodada de cervejas. Saulo olhou para mim e forçou um sorriso, mas eu podia ver que estava longe de estar em seu estado normal. Ele se virou para mim e perguntou, com voz preocupada:"Então, Wesley, o que está acontecendo? Você disse que tinha algo para contar a Rafaela, certo?"Suspirei, sabendo que essa conversa era inevitável. Eu não tinha ideia de como contar a Rafaela o que estava acontecendo, mas precisava da orientação de Saulo, um amigo em quem eu confiava profundamente."Sim, Saulo, é isso mesmo. Tenho algo importante para contar a Rafa, algo que... bem, n