Albert Fernandes
Quando Rogério me passou a palavra, olhei para todos os presentes na reunião e percebi que muitos deles guardavam segredos que precisavam ser revelados. Olhei para cada um deles e iniciei a conversa.
"Boa noite a todos, meu nome é Albert Fernandes e, como Rogério mencionou, estou aqui para ajudá-los a encontrar Sammya, mas tenho algumas condições para oferecer minha ajuda", disse aos presentes, que me olhavam intrigados.
"Com licença, senhor Albert, que tipo de condições seriam essas?", perguntou uma mulher. “Qual o seu nome?” Pergunto a ela.
"Sou Verônica Maciel, irmã de Sammya. O que o senhor precisa que façamos para nos ajudar a encontrar minha irmã?", questionou Verônica.
"Estou nesse ramo há muitos anos. Rogério me conhece desde o começo e sabe que trabalho com a verdade. Vocês formam um grupo bastante numeroso, e geralmente em grupos assim, sempre há segredos, e alguns desses segredos podem ter contribuído para o sequestro dela", expliquei.
"Eu não tenho nada a esconder, então estou tranquila em relação a isso", disse Verônica, mas os outros não pareciam tão confiantes.
"Tudo bem, então posso colocar um 'ok' ao lado do seu nome. Mas pelos olhares dos demais presentes aqui, presumo que tenham algo a dizer", afirmei.
"Uma pergunta, senhor investigador: o que dissermos aqui ficará apenas entre nós, correto?", perguntou Rafaela, uma jovem que claramente tinha algo a esconder.
"Bom, da minha parte, sim. Mas não posso falar pelos demais", respondi a ela, que ficou pensativa. "Você tem algo a dizer?", questionei, enquanto ela me encarava por alguns momentos e, por fim, soltou um longo suspiro.
"Entendo, vou falar na presença de todos, porque eu quero minha amiga de volta. Mas espero que nenhum de vocês conte o que for exposto aqui", afirmou ela, e todos concordaram.
"Eu tenho alguns segredos que podem ter colocado Sammy em perigo", revelou.
"Então, pode começar", digo, sentando-me e dando a palavra a ela."
Rafaela Nunes
Estou preocupada com o que irei revelar, mas só farei isso porque é para salvar minha amiga.
"Muitos sabem que sou considerada uma pessoa 'porra loca' desde que nossa amiga Jéssica faleceu. Sinto-me culpada por seu suicídio, em parte, mas isso não vem ao caso agora. Andei fazendo coisas não muito legais, e Sammya sempre me livrou de enrascadas, como uma vez em que ela precisou me tirar de um muquifo em uma favela." Todos olharam para mim, mas percebi que havia pessoas piores do que eu.
"Foi apenas isso?" perguntou o investigador, e eu neguei.
"Ela também me ajudou quando comecei a ser 'mula' de um traficante. Sammya deu um soco na cara de um dos comparsas do traficante, e ele jurou vingança." Verônica olhou para mim com um olhar mortal, e eu fiquei amedrontada.
Contei mais alguns segredos e respondi às perguntas do investigador, mas percebi que havia chegado o momento de revelar algo ainda mais aterrorizante. Respirei fundo e reuni coragem para compartilhar o segredo que me atormentava há algum tempo, um segredo que jamais pensei que teria que expor.
"Também tem outra coisa...", comecei, minha voz trêmula. "Há alguns meses, descobri que Sammya estava sendo vigiada por alguém desconhecido. Vi-a conversando com um homem misterioso, e ela parecia assustada. Quando tentei perguntar o que estava acontecendo, ela apenas me pediu para ficar fora disso e prometeu que resolveria tudo sozinha."
Um silêncio pesado tomou conta da sala. Olhares de incredulidade e preocupação se espalharam entre todos. Verônica, com os olhos arregalados, não conseguia pronunciar uma palavra sequer. Eu sabia que minha revelação havia chocado a todos.
As implicações do que eu havia dito pairavam no ar. Quem estava vigiando Sammya? Por que ela não pediu ajuda? O que estava em jogo? A sala estava repleta de perguntas não formuladas, mas o medo palpável estava presente.
O investigador tomou a palavra, quebrando o silêncio. "Isso é muito sério. Obrigado pelas suas informações, Rafaela. Cada detalhe conta, por menor que seja. Quem será o próximo?" Ele perguntou, e Sophia levantou a mão, dizendo que seria a vez dela.
Sophia Lucatto
"Depois de ver Rafa contar seus segredos mais íntimos, percebi que era a minha vez de revelar tudo o que escondi por anos. Olhei para meus pais e sorri fracamente, sabendo que eles ficaram chocados com minhas revelações.
"Sammya me ajudou muito desde que nos conhecemos, e agora é minha vez de ajudar, mesmo que isso me faça relembrar situações dolorosas." Meus pais me observavam atentamente, e um flashback passou pela minha cabeça. Antes de começar a falar, precisei respirar fundo algumas vezes.
"Tudo começou quando fui a uma festa e fui violentada no local. Fiquei aterrorizada e não sabia como contar a ninguém, então preferi guardar isso só para mim, e isso acabou comigo. Para tentar esquecer a dor, comecei a usar entorpecentes. A princípio, usava pequenas doses, mas depois aumentei, e quem me ajudava com isso era a Marina, que conseguia os comprimidos para mim." Minha mãe olhou para mim em choque.
"Sophia, você está me dizendo que foi violentada, se envolveu com entorpecentes e não nos contou nada?" Meu pai olhava para mim de maneira severa, e senti medo.
"Sim, pai, eu estava muito envergonhada e guardei tudo para mim."
"Agora está explicado o motivo de você querer tanto ir embora." Minha mãe disse por fim, e eu assenti.
"Tive medo dos jornais descobrirem o que eu fazia e arrastarem o nome da família na lama. Então, como eu gostava de moda, resolvi estudar na França. Lá, me livrei do vício e conheci Edoardo, que me ajudou a permanecer limpa." Olhei para o meu namorado com carinho.
"Como minha irmã se encaixa nisso?" Verônica perguntou, e eu pedi para ela esperar.
"Quando voltei, alguns caras do meu passado vieram atrás de mim, cobrando por algo que não devia. Quando confrontei a Marina, descobri que ela estava envolvida, e algum tempo depois, esses canalhas invadiram meu apartamento e levaram Edoardo como refém. Foi quando Sammya soube disso que ela me ajudou a encontrar Ed e me hospedou em sua casa. Me pergunto se não foram aqueles desgraçados que a levaram para se vingar deles."
"Sophia Lucatto, quero os nomes desses filhos da puta agora mesmo." Meu pai gritou, enquanto os olhos da minha mãe se enchiam de lágrimas.
"Rogério, por favor, agora não é o momento." O investigador disse ao meu pai, que se acalmou. "Há mais alguma coisa para acrescentar, Sophia?" Ele perguntou, e eu neguei. "Vamos fazer uma pequena pausa, daqui a pouco retornamos."
Após revelar os segredos que mantive guardados por tanto tempo, o silêncio pesava no ar. Os olhares atônitos de meus pais me confrontavam, misturados com choque, incredulidade e dor. Eu sabia que minhas palavras haviam causado um impacto profundo neles.
Enquanto o investigador pedia uma pausa e todos começavam a se dispersar, senti a necessidade urgente de ir atrás da minha mãe, que havia subido as escadas correndo. Percebi que era o momento de confrontar nossos medos e enfrentar as consequências de minhas revelações.
Subi as escadas o mais rápido que pude, encontrando minha mãe em seu quarto, soluçando e segurando uma foto antiga da família. Meu coração se apertou ao vê-la tão vulnerável, e me aproximei lentamente, sabendo que minhas palavras haviam causado uma dor profunda nela.
"Mãe..." minha voz falhou por um momento. "Eu sinto muito, sinto muito por não ter compartilhado tudo isso com você antes. Eu não queria que vocês sofressem, achei que poderia lidar com tudo sozinha."
Minha mãe ergueu o olhar, seus olhos cheios de lágrimas encontraram os meus. "Sophia, meu amor... você não precisa passar por isso sozinha. Nós somos sua família, estamos aqui para você, não importa o quê."
As palavras dela atingiram meu coração com uma mistura de alívio e tristeza. Deixei escapar um soluço e me aproximei, abraçando-a com força. Enquanto as lágrimas rolavam por nossos rostos, senti uma sensação de cura começando a se espalhar dentro de mim. Finalmente, eu não estava mais sozinha nessa jornada dolorosa.
"Eu sinto muito, mãe, por ter escondido tudo isso de você e do papai. Eu estava com medo, com vergonha... mas agora eu vejo que não posso carregar esse fardo sozinha."
Minha mãe apertou-me ainda mais em seus braços, deixando escapar um suspiro trêmulo. "Sim, minha querida, estamos juntos nisso."
Enquanto permanecíamos abraçadas, senti uma sensação renovada de força e determinação. Agora, mais do que nunca, entendia a importância de enfrentar a verdade, não importa quão dolorosa fosse. Enxugamos as lágrimas, olhamos uma para a outra com determinação e, juntas, descemos as escadas, prontas para enfrentar o que estivesse por vir.
Albert FernandesApós uma longa pausa, todos retornam para a sala e olho para cada um dos rostos ali presentes e percebo que todos escondem segredos que eram conhecidos pela vítima, exceto a irmã. Reli minhas anotações da noite e decidi que era hora de encerrar por hora."Bom! Acho que hoje foi uma noite de muitas revelações e devido a isso, por hora, vamos encerrar. Se todos estiverem disponíveis amanhã, poderemos nos encontrar no mesmo horário." Todos se entreolharam e assentiram.A irmã de Sammya foi a primeira a ir embora. Ela estava visivelmente chateada com tudo que havia ouvido hoje, mas algo me diz que ela deveria se preparar para as revelações do dia seguinte. Quando ficou apenas Saulo, Rogério e eu na sala, iniciei meu parecer."Acho que devido a tudo que ouvimos hoje, será bem difícil conseguirmos encontrá-la com...""Pelo amor de Zeus! Não diga uma coisa dessas. Sammya é uma mulher forte e valente, e tenho certeza de que ela sairá dessa com vida."Olhei para Saulo e respei
Veronica MacielNão consigo trabalhar direito, só fico pensando onde está a minha irmã, se ela está bem, se ela comeu... Isso está me matando. Ajudei as crianças com as tarefas e, depois de colocá-las na escola, fui para casa de Sammy e fiz a limpeza, deixando tudo em seu devido lugar para quando ela retornar. Voltei para casa, e Rogério estava chegando; quando me viu, me abraçou."Amor, precisamos nos arrumar para poder encontrarmos o pessoal na casa de Saulo.""Eu sei, mas confesso que não estou muito afim de ir." Na verdade, tenho medo do que irei descobrir mais pra frente."Te entendo perfeitamente." Ele diz apenas.Rogério está muito pensativo, o que achei estranho, mas ao mesmo tempo normal, já que ele a trata como filha. Fomos para a casa dos pais de Saulo, e assim que chegamos, fomos recepcionados por uma empregada e encaminhados para a sala de visitas. Quando chegamos, todos já estavam lá à nossa espera. Rafa olhou para mim, mas depois de tudo o que ela revelou, vai demorar u
Rogério FirminoA noite estava silenciosa, e a única companhia que eu tinha era o brilho fraco da lâmpada no canto do quarto, lançando sombras dançantes nas paredes. Eu estava sentado sozinho à mesa, com um copo de uísque na mão, tentando afogar a confusão e o desespero que se acumulavam dentro de mim. O que havia acontecido nas últimas noites tinha me atingido com força, e eu me sentia impotente diante da situação.Enquanto a bebida queimava minha garganta, minha mente divagava para um tempo anterior, quando eu enfrentava um problema que quase destruiu minha vida. Era um flashback de anos atrás, uma lembrança que, naquele momento, parecia mais clara do que nunca.Eu era ambicioso na época,recém casado e com uma filha a caminho e trabalhando para uma empresa de grande renome. No entanto, como em muitas empresas, havia uma cultura de corrupção e jogos sujos nos bastidores. Meus chefes estavam envolvidos em esquemas ilegais, e um dia, fui usado como bode expiatório para cobrir suas tri
Sammya MacielEu estava ali, no escuro, cercada por desconhecidos que me mantinham em cativeiro. Minha mente estava alerta, e meu espírito permanecia inquebrável, apesar das circunstâncias. Eles podiam me prender fisicamente, mas nunca controlariam meu espírito indomável.Um homem alto e robusto entrou na sala onde eu estava, com um olhar maligno e sorriso sádico no rosto. Seu hálito cheirava a álcool barato, e eu podia sentir o cheiro impregnado em sua pele. Ele se aproximou de mim, seus olhos cheios de desprezo."Você acha isso engraçado, sua vadia?" Ele cuspiu as palavras em meu rosto.Eu zombei dele, deixando um sorriso provocador escapar. "Bater em uma mulher amarrada? Isso é realmente corajoso da sua parte."Ele não gostou da minha provocação e, com uma rapidez surpreendente, sua mão atingiu meu rosto, enviando ondas de dor pelos meus sentidos. Minha bochecha ardia, mas eu não lhe dei o prazer de ver meu sofrimento.Um segundo homem entrou na sala, interrompendo o que estava aco
Saulo LucattoA manhã irrompeu com uma claridade indesejada, como se o sol estivesse zombando da escuridão que envolvia minha vida. Eu estava exausto, abatido pela falta de sono e pelos tormentos que assombravam minha mente dia após dia. Meu rosto, refletido no espelho do banheiro, mostrava os sinais evidentes de uma noite mal dormida, com olheiras profundas que só se aprofundavam à medida que a busca por Sammya se tornava mais desesperada.O dia de trabalho se desenrolava diante de mim, uma série de tarefas e responsabilidades que, naquele momento, pareciam irrelevantes e sem sentido. Eu tentava me concentrar, mas minha mente estava irremediavelmente presa na busca pela minha irmã.Foi então que Veronica apareceu no meu escritório, uma visão que eu não estava preparado para enfrentar naquele momento. Ela se aproximou de mim com uma expressão indecifrável, e o olhar dela parecia queimar em mim. Eu conhecia aquele olhar, aquele tipo de desejo que nunca tive a intenção de retribuir."Sa
Wesley Cavalcante Encontrei Saulo no bar, como combinado. Ele já estava lá, sentado em um canto escuro, olhando para o fundo de um copo de uísque. Seu rosto estava sério, os olhos cansados refletindo a dor que ele estava carregando. Era como se o peso do mundo estivesse sobre seus ombros, e eu sabia que ele precisava de alguma distração, pelo menos por algumas horas.Sentei-me ao seu lado e acenei para o barman, pedindo uma rodada de cervejas. Saulo olhou para mim e forçou um sorriso, mas eu podia ver que estava longe de estar em seu estado normal. Ele se virou para mim e perguntou, com voz preocupada:"Então, Wesley, o que está acontecendo? Você disse que tinha algo para contar a Rafaela, certo?"Suspirei, sabendo que essa conversa era inevitável. Eu não tinha ideia de como contar a Rafaela o que estava acontecendo, mas precisava da orientação de Saulo, um amigo em quem eu confiava profundamente."Sim, Saulo, é isso mesmo. Tenho algo importante para contar a Rafa, algo que... bem, n
No dia seguinte fui para a empresa e ao chegar encontrei a menina e a mãe do caso de Sammya e as levei para minha sala. “Bom dia, senhor Wesley. Sinto muito pela doutora Sammya, ela estava nos ajudando e essa fatalidade aconteceu.” “Tudo bem, senhora Maria, sei que em breve ela estará de volta, mas enquanto isso não acontece assumirei o seu caso.” Dou uma breve lida no dossiê que Sammya preparou e devo admitir que ela é muito organizada. conversei brevemente com Ana e sua mãe para salientarmos a defesa, expliquei o que acontecerá e elas me ouviram atentamente, um tempo depois as duas partem e voltei a trabalhar, estava finalizando um relatório quando meu celular tocou e atendi ao constatar que era Rafa. “Oi minha linda, tudo bem?” “Estou sim amor, estou aqui para convidá-lo para almoçar comigo, tenho uma reunião aí perto e preciso me distrair.” Imagino como deve ser para ela ter que lidar com o sumiço de sua própria amiga. “Estou um pouco ocupado, mas podemos almoçar.” “Hum! Qu
Rafaela Nunes Deixei Wesley em seu escritório de advocacia e dirigi sozinha até minha empresa. O trânsito era caótico como sempre, mas hoje minha mente estava em outro lugar. Enquanto eu dirigia, meus pensamentos estavam fixos em uma pergunta que não parava de martelar em minha mente: Por que Wesley não me contou a verdade?Olhei para a estrada à minha frente, mas meus olhos estavam vazios, minha concentração dividida entre o tráfego e as perguntas que pairavam no ar. Nós compartilhávamos tudo, éramos um time inseparável. Então, por que ele escondeu isso de mim?As palavras de Wesley ecoavam em minha mente, uma lembrança perturbadora da conversa tensa no restaurante. Ele tinha um segredo, algo do seu passado que ele não compartilhou comigo. Aquela falta de comunicação estava corroendo nosso relacionamento.Meus dedos apertaram o volante com força, uma tentativa de dissipar a frustração que crescia dentro de mim. Eu sabia que precisávamos conversar, mas como iniciar essa conversa? Com