Rogério Lucatto
Desde que Sammya foi levada, tenho observado meu filho definhar. Ele perambula pelos corredores do escritório como um zumbi, e a preocupação só aumentava. Saulo havia perdido seu brilho, e percebi que a vida retornava aos seus olhos apenas quando ele conheceu Sammya. Além de ser uma excelente funcionária, ela conquistou mais casos em menos de um ano do que os funcionários mais antigos.
Meu filho e Wesley pediram para que eu deixasse as coisas em suas mãos, mas já se passou quase um mês e não vejo resultados. Decidi assumir pessoalmente o controle da situação e trazer Sammya de volta.
Liguei para um amigo de longa data, que prontamente concordou em me ajudar. Após acertar os detalhes com ele, chamei meu filho e pedi para ele ligar e agendar uma reunião com todos os envolvidos. Durante o dia, continuamos trabalhando na empresa, pois tínhamos muitos casos que requeriam nossa atenção, incluindo aqueles em que Sammya estava trabalhando. Decidi assumir a liderança, especialmente no caso da cliente de quinze anos que assassinou o pai. Sammya estava no meio de uma investigação, então liguei para a mãe da menina e informei sobre o ocorrido. Ela ficou preocupada com o caso de sua filha, mas a tranquilizei, dizendo que eu mesmo cuidaria do assunto. Ela agradeceu e disse que rezaria pela segurança de Sammya. Desliguei o telefone e retornei ao trabalho.
Logo em seguida, ouvi batidas na porta e pedi para a pessoa entrar. Veronica apareceu, e sua expressão me pareceu estranha.
"Bom dia, senhor Rogério. Não sabia que o senhor viria trabalhar", disse ela de uma forma que achei um pouco estranha.
"Claro que vim trabalhar. Uma das minhas melhores funcionárias está desaparecida, e temos trabalhos acumulados", respondi, notando a careta que ela fez.
"Então, quer dizer que o senhor só está aqui por causa de Sammya?", perguntou Veronica diretamente.
Olhei nos olhos dela e respirei fundo para não dizer algo impulsivo. "Qual é o nome que está na fachada?", perguntei.
"O seu, senhor."
"Então pronto! Isso significa que, se acontecer alguma coisa, eu preciso estar na linha de frente. Agora, uma pergunta: você não tem o que fazer? Nenhum caso para analisar?"
Veronica rapidamente pediu licença e fechou a porta. Acho que Saulo estava certo; eu dei muita liberdade a Veronica, e agora ela age como se fosse parte da família.
Voltei ao trabalho e, na hora do almoço, pedi a Alice que providenciasse minha refeição. Antes que ela saísse, meu filho apareceu e disse que gostaria de almoçar comigo.
"Então, pode deixar, Alice. Muito obrigado", agradeci a ela, enquanto ela meneava a cabeça e fechava a porta. "Você pagando uma refeição para mim? O que você quer?"
"Apenas conversar com meu pai longe daqui", respondeu ele.
"Me dê cinco minutos."
Chegamos a um restaurante próximo ao escritório. Enquanto nos sentávamos em uma mesa reservada, pude ver a preocupação estampada no rosto do meu filho. Ele estava tenso, e eu sabia que havia algo importante que ele queria compartilhar comigo.
"Então, Saulo, o que está te incomodando? Parece que tem algo que você precisa me dizer", perguntei, tentando transmitir tranquilidade.
Saulo suspirou profundamente antes de responder. Seus olhos estavam cheios de apreensão e determinação. "Pai, estou com medo", confessou.
A seriedade de suas palavras fez meu coração apertar, pois nunca vi meu filho assim. "Medo? Medo do quê, meu filho?", perguntei, preocupado.
Ele olhou fixamente para a mesa, escolhendo cuidadosamente suas palavras. "Estou com medo de não conseguir ajudar a trazer Sammya de volta em segurança. Sinto que estamos perdendo tempo, e não sei se tenho as habilidades necessárias para lidar com algo tão grande assim. Se algo ruim acontecer, Vero vai me matar, com certeza, já que ela não trata Sam como irmã mais nova, mas como uma filha mais velha."
Meu instinto paterno queria abraçá-lo e assegurá-lo de que tudo ficaria bem, mas também sabia que ele precisava de mais do que palavras reconfortantes. Era preciso mostrar a ele que tínhamos um plano e que estávamos unidos nessa busca.
Olhei nos olhos de Saulo e segurei suas mãos com firmeza. "Saulo, eu entendo o seu medo, mas precisamos confiar um no outro. Juntos, somos capazes de superar qualquer obstáculo que surgir em nosso caminho. Eu também estou com medo, mas isso não vai nos impedir de lutar por Sammya. Você é forte e corajoso, e eu tenho orgulho do homem que você se tornou."
Saulo sorriu timidamente, uma mistura de gratidão e determinação em seu olhar. "Obrigado, pai. Sei que podemos contar com a ajuda de Albert, mas às vezes sinto que o tempo está se esgotando."
Eu assenti, compartilhando sua preocupação. "Eu entendo, filho. E é por isso que decidi assumir pessoalmente o controle dessa situação. Vamos trazer Sammya de volta, não importa o que aconteça. Estamos juntos nessa jornada, e eu estarei ao seu lado em cada passo do caminho."
Saulo pareceu encontrar conforto em minhas palavras. Ele sabia que não estava sozinho nessa luta e que sua família o apoiava incondicionalmente.
Enquanto terminávamos nosso almoço, discutimos os próximos passos a serem tomados. Eu compartilhei com ele os detalhes da conversa com Albert e a reunião que havíamos agendado. Juntos, traçamos estratégias e decidimos que não pouparíamos esforços para encontrar Sammya.
À medida que nos levantamos da mesa e nos preparamos para retornar ao trabalho, senti uma nova determinação tomar conta de nós. A incerteza ainda estava presente, mas agora estávamos mais fortes e focados em nosso objetivo comum.
"Saulo, meu filho, nunca duvide do seu potencial. Eu acredito em você e sei que somos capazes de trazer Sammya de volta. Vamos fazer isso juntos, como uma família", disse eu, segurando seu ombro com afeto.
Ele assentiu, um brilho de confiança em seus olhos. "Sim, pai. Vamos encontrar Sammya e trazê-la de volta para casa, onde ela pertence."
Saímos do restaurante prontos para enfrentar qualquer desafio que cruzasse nosso caminho. Sammya era parte de nós, e faríamos o impossível para tê-la de volta em segurança.
Naquela noite, quando o pessoal chegou, pedi a palavra e expliquei o objetivo da reunião. Quando terminei de falar, apresentei Albert a todos e lhe dei a palavra para que explicasse o que precisava de todos.
Albert FernandesQuando Rogério me passou a palavra, olhei para todos os presentes na reunião e percebi que muitos deles guardavam segredos que precisavam ser revelados. Olhei para cada um deles e iniciei a conversa."Boa noite a todos, meu nome é Albert Fernandes e, como Rogério mencionou, estou aqui para ajudá-los a encontrar Sammya, mas tenho algumas condições para oferecer minha ajuda", disse aos presentes, que me olhavam intrigados."Com licença, senhor Albert, que tipo de condições seriam essas?", perguntou uma mulher. “Qual o seu nome?” Pergunto a ela."Sou Verônica Maciel, irmã de Sammya. O que o senhor precisa que façamos para nos ajudar a encontrar minha irmã?", questionou Verônica."Estou nesse ramo há muitos anos. Rogério me conhece desde o começo e sabe que trabalho com a verdade. Vocês formam um grupo bastante numeroso, e geralmente em grupos assim, sempre há segredos, e alguns desses segredos podem ter contribuído para o sequestro dela", expliquei."Eu não tenho nada a
Albert FernandesApós uma longa pausa, todos retornam para a sala e olho para cada um dos rostos ali presentes e percebo que todos escondem segredos que eram conhecidos pela vítima, exceto a irmã. Reli minhas anotações da noite e decidi que era hora de encerrar por hora."Bom! Acho que hoje foi uma noite de muitas revelações e devido a isso, por hora, vamos encerrar. Se todos estiverem disponíveis amanhã, poderemos nos encontrar no mesmo horário." Todos se entreolharam e assentiram.A irmã de Sammya foi a primeira a ir embora. Ela estava visivelmente chateada com tudo que havia ouvido hoje, mas algo me diz que ela deveria se preparar para as revelações do dia seguinte. Quando ficou apenas Saulo, Rogério e eu na sala, iniciei meu parecer."Acho que devido a tudo que ouvimos hoje, será bem difícil conseguirmos encontrá-la com...""Pelo amor de Zeus! Não diga uma coisa dessas. Sammya é uma mulher forte e valente, e tenho certeza de que ela sairá dessa com vida."Olhei para Saulo e respei
Veronica MacielNão consigo trabalhar direito, só fico pensando onde está a minha irmã, se ela está bem, se ela comeu... Isso está me matando. Ajudei as crianças com as tarefas e, depois de colocá-las na escola, fui para casa de Sammy e fiz a limpeza, deixando tudo em seu devido lugar para quando ela retornar. Voltei para casa, e Rogério estava chegando; quando me viu, me abraçou."Amor, precisamos nos arrumar para poder encontrarmos o pessoal na casa de Saulo.""Eu sei, mas confesso que não estou muito afim de ir." Na verdade, tenho medo do que irei descobrir mais pra frente."Te entendo perfeitamente." Ele diz apenas.Rogério está muito pensativo, o que achei estranho, mas ao mesmo tempo normal, já que ele a trata como filha. Fomos para a casa dos pais de Saulo, e assim que chegamos, fomos recepcionados por uma empregada e encaminhados para a sala de visitas. Quando chegamos, todos já estavam lá à nossa espera. Rafa olhou para mim, mas depois de tudo o que ela revelou, vai demorar u
Rogério FirminoA noite estava silenciosa, e a única companhia que eu tinha era o brilho fraco da lâmpada no canto do quarto, lançando sombras dançantes nas paredes. Eu estava sentado sozinho à mesa, com um copo de uísque na mão, tentando afogar a confusão e o desespero que se acumulavam dentro de mim. O que havia acontecido nas últimas noites tinha me atingido com força, e eu me sentia impotente diante da situação.Enquanto a bebida queimava minha garganta, minha mente divagava para um tempo anterior, quando eu enfrentava um problema que quase destruiu minha vida. Era um flashback de anos atrás, uma lembrança que, naquele momento, parecia mais clara do que nunca.Eu era ambicioso na época,recém casado e com uma filha a caminho e trabalhando para uma empresa de grande renome. No entanto, como em muitas empresas, havia uma cultura de corrupção e jogos sujos nos bastidores. Meus chefes estavam envolvidos em esquemas ilegais, e um dia, fui usado como bode expiatório para cobrir suas tri
Sammya MacielEu estava ali, no escuro, cercada por desconhecidos que me mantinham em cativeiro. Minha mente estava alerta, e meu espírito permanecia inquebrável, apesar das circunstâncias. Eles podiam me prender fisicamente, mas nunca controlariam meu espírito indomável.Um homem alto e robusto entrou na sala onde eu estava, com um olhar maligno e sorriso sádico no rosto. Seu hálito cheirava a álcool barato, e eu podia sentir o cheiro impregnado em sua pele. Ele se aproximou de mim, seus olhos cheios de desprezo."Você acha isso engraçado, sua vadia?" Ele cuspiu as palavras em meu rosto.Eu zombei dele, deixando um sorriso provocador escapar. "Bater em uma mulher amarrada? Isso é realmente corajoso da sua parte."Ele não gostou da minha provocação e, com uma rapidez surpreendente, sua mão atingiu meu rosto, enviando ondas de dor pelos meus sentidos. Minha bochecha ardia, mas eu não lhe dei o prazer de ver meu sofrimento.Um segundo homem entrou na sala, interrompendo o que estava aco
Saulo LucattoA manhã irrompeu com uma claridade indesejada, como se o sol estivesse zombando da escuridão que envolvia minha vida. Eu estava exausto, abatido pela falta de sono e pelos tormentos que assombravam minha mente dia após dia. Meu rosto, refletido no espelho do banheiro, mostrava os sinais evidentes de uma noite mal dormida, com olheiras profundas que só se aprofundavam à medida que a busca por Sammya se tornava mais desesperada.O dia de trabalho se desenrolava diante de mim, uma série de tarefas e responsabilidades que, naquele momento, pareciam irrelevantes e sem sentido. Eu tentava me concentrar, mas minha mente estava irremediavelmente presa na busca pela minha irmã.Foi então que Veronica apareceu no meu escritório, uma visão que eu não estava preparado para enfrentar naquele momento. Ela se aproximou de mim com uma expressão indecifrável, e o olhar dela parecia queimar em mim. Eu conhecia aquele olhar, aquele tipo de desejo que nunca tive a intenção de retribuir."Sa
Wesley Cavalcante Encontrei Saulo no bar, como combinado. Ele já estava lá, sentado em um canto escuro, olhando para o fundo de um copo de uísque. Seu rosto estava sério, os olhos cansados refletindo a dor que ele estava carregando. Era como se o peso do mundo estivesse sobre seus ombros, e eu sabia que ele precisava de alguma distração, pelo menos por algumas horas.Sentei-me ao seu lado e acenei para o barman, pedindo uma rodada de cervejas. Saulo olhou para mim e forçou um sorriso, mas eu podia ver que estava longe de estar em seu estado normal. Ele se virou para mim e perguntou, com voz preocupada:"Então, Wesley, o que está acontecendo? Você disse que tinha algo para contar a Rafaela, certo?"Suspirei, sabendo que essa conversa era inevitável. Eu não tinha ideia de como contar a Rafaela o que estava acontecendo, mas precisava da orientação de Saulo, um amigo em quem eu confiava profundamente."Sim, Saulo, é isso mesmo. Tenho algo importante para contar a Rafa, algo que... bem, n
No dia seguinte fui para a empresa e ao chegar encontrei a menina e a mãe do caso de Sammya e as levei para minha sala. “Bom dia, senhor Wesley. Sinto muito pela doutora Sammya, ela estava nos ajudando e essa fatalidade aconteceu.” “Tudo bem, senhora Maria, sei que em breve ela estará de volta, mas enquanto isso não acontece assumirei o seu caso.” Dou uma breve lida no dossiê que Sammya preparou e devo admitir que ela é muito organizada. conversei brevemente com Ana e sua mãe para salientarmos a defesa, expliquei o que acontecerá e elas me ouviram atentamente, um tempo depois as duas partem e voltei a trabalhar, estava finalizando um relatório quando meu celular tocou e atendi ao constatar que era Rafa. “Oi minha linda, tudo bem?” “Estou sim amor, estou aqui para convidá-lo para almoçar comigo, tenho uma reunião aí perto e preciso me distrair.” Imagino como deve ser para ela ter que lidar com o sumiço de sua própria amiga. “Estou um pouco ocupado, mas podemos almoçar.” “Hum! Qu