Narrador
Alessandra estava obstinada a largar a faculdade por um tempo. Ultimamente, tinha se ocupado em distribuir currículos por toda a parte. Queria criar seu filho sozinha. Ela não ia nunca permitir que o maldito do pai se aproximasse da criança, ou sequer pensasse ter algum direito sobre ela algum dia.
Ela precisava manter seus planos em segredo. Se Luciana soubesse dos intuitos dela, iria insistir em ajudar, e Alessandra não queria isso. Seu desejo era não depender de ninguém, precisava lidar com as consequências de seus atos, ainda que não fosse a única culpada. Não deixaria ninguém carregar sua cruz.
Arrumada para ir à rua com uma roupa discreta, ela ia saindo do prédio. Quando olhou para a calçada, notou alguém sentada ali. Luana estava esperando-a há algum tempo, sem toda aquela aura rebelde ao redor.
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NarradorLucas ficou completamente destroçado ao perceber que havia sido um brinquedinho para a vingança de Alessandra e se afastou dela com lágrimas nos olhos. Ele colocou o que tinha nas mãos sobre uma mesinha e limpou o beijo. Seus olhos estavam avermelhados, ele queria chorar.— Sai daqui! — Gritava Luana, apontando para a rua. — Sai da minha casa, sua vagabunda biscate!Ela desceu mais alguns degraus, mas Alessandra já estava indo embora, e disse:— Eu ainda não terminei de me vingar de você, sua tosca! — Respondeu Alessandra, queimando de ódio.Sair daquela casa foi um prazer. Ela fez uma verdadeira bagunça e, com certeza, Luana estava irritada até com o próprio irmão.Foi só colocar o pé na rua que a consciência da ruiva começou a pesar. A sensação se i
Luciana— Você... — Otávio começou a falar olhando para mim, assim que chegou à sala de estar, mas eu o cortei.— Sou a filha da Amélia. — Exclamei abruptamente, antes que ele terminasse de me reconhecer. — Você deve ser o médico que minha mãe chamou. Siga-me, por favor. Vou levá-lo aos aposentos dela.Se Otávio mostrasse que me conhecia, iriam desconfiar que ele poderia me ajudar a fugir. Por sorte, ele entendeu rapidamente o significado da minha atitude.— Imediatamente, senhorita. — Ele fez uma mesura a Maurício e me seguiu.Uma coisa que não posso negar é o profissionalismo de Otávio.No passado, eu confundi essa característica com afeto.Otávio deve ter visto que aquela chácara era bem isolada, provavelmente teve trab
Luciana— O quê? — Christofer indagou, e eu pude sentir a dor imensa em sua voz. Ele não ficou surpreso, ficou amargurado. — Diga que é mentira, Luciana.— Não é o que está pensando! — Tratei de garantir. Era muito simbólico estar na casa do homem por quem já fui apaixonada, o mesmo homem que disse que agora tinha interesse em mim. Ainda mais àquela hora da manhã.— E o que eu estou pensando, Luciana?! — A voz dele estava cheia de rancor. Eu tenho certeza que ele estava esmagando o celular com as mãos.— Chris, eu fui sequestrada. — Soltei de uma vez, para que ele soubesse antes de desligar o telefone na minha cara e tirasse suas próprias conclusões de frases soltas.Ele emudeceu de novo. Eu não sei se a ligação caiu, ou se ele tinha jogado o celular contr
NarradorLuciana acordou um pouco indisposta. Dormir à tarde não era particularmente do agrado dela.Ela se lembrou que estava no apartamento de Christofer, que, por sinal, estava vazio. O relógio da parede marcava 17:32. Não foram muitas horas de sono, mas ajudaram para que a dor dela se aliviasse. Ela encontrou alguns remédios sobre a mesa, gentilmente separados, acompanhados por um copo cheio de água. Eles iriam aliviar sua dor de cabeça. Ela sorriu ao se lembrar de como Christofer era cuidadoso.Ela ingeriu os remédios e sentiu um dissabor pelo gosto amargo. Achou melhor tomar um banho para aliviar o mal-estar. Quando a água caiu em seus cabelos, ela viu um fio levemente avermelhado escorrer por seu corpo novamente. Ainda restava sangue em suas feridas, e ela os limpou pacientemente, sentindo arder um pouco.Após o banho, ela limpou as gotículas
Luciana— Como assim? — Indaguei.— Eu não quero que ninguém mais se aproxime de você por causa dela. — Christofer esclareceu. Acho que estava com um pouco de vergonha pelo pedido.— Tem medo que as pessoas o chamem de interesseiro, não é? — Perguntei, um pouco decepcionada. — Todos que se aproximam de mim recebem essa alcunha.— Eu tenho medo que pense o mesmo. — Ele disse, completamente desolado.Ele ainda tinha medo dos meus pensamentos? Eu não queria voltar ao tempo em que ele era completamente refém das minhas palavras ao ponto de ficar pensando nelas por dias.A vida é assim: pensamos que vamos suportar tudo e todos, mas Christofer estava experimentando fracassos e desconfiança em si mesmo desde que me conheceu.— Sabe que nunca vou pensar isso. — Falei, apesar de Suzana j
Luciana— O quê?! — Dei um pulo do sofá e fiquei reflexiva. Christofer ficou me olhando, parado com a língua de fora. — Me manda sua localização que eu vou aí.— Obrigada, amiga. Depois te conto tudo com detalhes.Desliguei.— Já vi que é grave. — Ele comentou, inconsolável. Eu podia ver a marca da excitação na roupa dele.— Mais ou menos.Pegamos um trânsito e tanto. Claro que o Christofer quis me levar, principalmente por causa da questão da Amélia.Eu também não sabia tanto assim da relação entre Alessandra e Luana, mas se ela me ligou é porque realmente precisava de mim. Alessandra nunca pedia ajud
LucianaEu estava sem chão. Lacrimejei, pressionando meus olhos com angústia e uma raiva insana. Como ela ousava sugerir que matou meu pai só para me meter medo?— Do que está falando? — Meu tom foi odioso. Ela não podia estar falando sério.— O seu pai, com toda a importância dele, até hoje não foi vingado, querida. Por que será? — Amélia disse com uma amarga frieza, mas ela queria ser convincente na ameaça. Era um jogo.— Não pode ser verdade. — Assimilei, apertando meus olhos com os dedos. — Está blefando para me amedrontar! Você é baixa!Eu senti culpa por falar assim com a mulher que me pariu, mas existem limites para a loucura, e um deles é o crime.— Ama mesmo esse rapaz? — Ela indagou, num tom agressivo. Ela também
LucianaEle começou a tirar a camisa apressadamente.— P-Pare. — Pedi, mas ele era muito rápido e se debruçou sobre mim. Quando senti o corpo dele me apertando contra o sofá e aquela língua provocante deslizando pela minha garganta, não resisti e gemi.Subitamente, o que era uma punição mostrou-se uma tentativa frustrada, pois ele ficou bem inebriado de paixão. Christofer ficou me olhando, tentando entender como ele mudou de perspectiva tão facilmente.— Droga, você me deixa louco. — Ele reclamou.<