Luciana
— Como assim? — Indaguei.
— Eu não quero que ninguém mais se aproxime de você por causa dela. — Christofer esclareceu. Acho que estava com um pouco de vergonha pelo pedido.
— Tem medo que as pessoas o chamem de interesseiro, não é? — Perguntei, um pouco decepcionada. — Todos que se aproximam de mim recebem essa alcunha.
— Eu tenho medo que pense o mesmo. — Ele disse, completamente desolado.
Ele ainda tinha medo dos meus pensamentos? Eu não queria voltar ao tempo em que ele era completamente refém das minhas palavras ao ponto de ficar pensando nelas por dias.
A vida é assim: pensamos que vamos suportar tudo e todos, mas Christofer estava experimentando fracassos e desconfiança em si mesmo desde que me conheceu.
— Sabe que nunca vou pensar isso. — Falei, apesar de Suzana j
Luciana— O quê?! — Dei um pulo do sofá e fiquei reflexiva. Christofer ficou me olhando, parado com a língua de fora. — Me manda sua localização que eu vou aí.— Obrigada, amiga. Depois te conto tudo com detalhes.Desliguei.— Já vi que é grave. — Ele comentou, inconsolável. Eu podia ver a marca da excitação na roupa dele.— Mais ou menos.Pegamos um trânsito e tanto. Claro que o Christofer quis me levar, principalmente por causa da questão da Amélia.Eu também não sabia tanto assim da relação entre Alessandra e Luana, mas se ela me ligou é porque realmente precisava de mim. Alessandra nunca pedia ajud
LucianaEu estava sem chão. Lacrimejei, pressionando meus olhos com angústia e uma raiva insana. Como ela ousava sugerir que matou meu pai só para me meter medo?— Do que está falando? — Meu tom foi odioso. Ela não podia estar falando sério.— O seu pai, com toda a importância dele, até hoje não foi vingado, querida. Por que será? — Amélia disse com uma amarga frieza, mas ela queria ser convincente na ameaça. Era um jogo.— Não pode ser verdade. — Assimilei, apertando meus olhos com os dedos. — Está blefando para me amedrontar! Você é baixa!Eu senti culpa por falar assim com a mulher que me pariu, mas existem limites para a loucura, e um deles é o crime.— Ama mesmo esse rapaz? — Ela indagou, num tom agressivo. Ela também
LucianaEle começou a tirar a camisa apressadamente.— P-Pare. — Pedi, mas ele era muito rápido e se debruçou sobre mim. Quando senti o corpo dele me apertando contra o sofá e aquela língua provocante deslizando pela minha garganta, não resisti e gemi.Subitamente, o que era uma punição mostrou-se uma tentativa frustrada, pois ele ficou bem inebriado de paixão. Christofer ficou me olhando, tentando entender como ele mudou de perspectiva tão facilmente.— Droga, você me deixa louco. — Ele reclamou.<
NarradorLuana quebrou o videogame de Lucas. A TV. Os jogos. Rasgou as revistas, a cortina. Furou o colchão. Não faltava muito para tirar as calças por cima, ela estava num misto de cólera, agonia e loucura.— Já acabou? — Disse Lucas, apoiando-se no batente da porta de seu quarto enquanto observava o surto da irmã. O olhar dele transmitia a imensa enxaqueca que surrava sua cabeça. — Pode quebrar o que quiser, mas não pode mudar o que aconteceu.— É para não quebrar a sua cara! — Ela apontou o dedo para ele. Estava agressiva, injuriosa e ameaçadora. A raiva lhe deu muita energia. — E para que se lembre do que me fez! Ela USOU você, idiota! Ela gosta de buceta!— Ela gozou. — Lucas disse em tom baixo, mas logo se arrependeu.Luana arremessou uma mala vazia sobre o irmão, incapaz de e
NarradorQuando Luciana e Alessandra chegaram ao hospital, elas estavam ofegantes. Correram bastante depois de receberem a notícia, abandonando todos os seus afazeres para entenderem o que estava acontecendo.Christofer e Renan estavam de pé, próximos a Lucas, num dos muitos corredores de espera do pronto-socorro. Cada um estava de um lado do amigo, e não conversavam, mas precisavam estar ali para dar suporte.Lucas permanecia sentado com o rosto coberto pelas mãos, chorando como uma criança. Não tinha uma parte seca entre seus dedos, ele só sabia choramingar e se culpar. Seus pais estavam em outro lugar naquele hospital, ele tinha brigado com a família quando explicou o motivo do surto de Luana. A tensão era palpável e o clima não era convidativo.A ruiva se aproximou de Lucas, hesitante, sentindo tanto ou mais culpa que ele. Ela não
Luciana— Só até ela parar com essas ideias. — Insisti.— Não. — Ele continuou declarando categoricamente. E se levantou para tomar banho, indisposto a ouvir qualquer outra palavra.Christofer costumava ser mais compreensivo antes de ficarmos juntos.Mordi o lábio, pensando no que fazer.Eu tinha algumas coisas a dizer a ele, sem dúvidas.Christofer estava com um pouco de medo de me deixar sozinha, e me levou consigo para
97. A vida e a morteNarradorChristofer cambaleou com o empurrão.Deu dois passos e recuperou o equilíbrio.Ele sentiu o vento gélido atrás de si e ouviu um estampido.O barulho foi ensurdecedor.A partir daí, não conseguiu ouvir mais nada.Ele só conseguiu ver um corpo caído no chão, enquanto o carro passava como um vulto depois de causar uma desgraça.Desumano.Christofer se ajoelhou diante do corpo de Luciana, vendo as bolas de sangue que ela regurgitava enquanto agonizava. Ele não conseguia ouvir nem mesmo a sua própria voz.Os lindos cabelos lisos e castanhos dela se espalharam pelo chão frio e rígido da rua. Estava tão escuro que parecia que o sangue era preto.Ele estava em choque. Queria poder segurar o rostinho dela e lhe dar um beijo, confortá-la, mas n&
Narrador— E-ela estava grávida? — Christofer sentiu uma dor alucinante percorrendo seu corpo, e um nó preso na garganta.— Sim. — Disse o médico, um pouco compadecido pela angústia dele.— Ela vai ficar bem? — Christofer indagou, ainda petrificado.— Aparentemente, sim. A colisão foi lateral, o que atenuou um pouco a gravidade do acidente. O traumatismo foi leve e, apesar de ter perdido bastante sangue, controlamos a hemorragia. Ela é forte e jovem.Christo