Narrador
Quando Luciana e Alessandra chegaram ao hospital, elas estavam ofegantes. Correram bastante depois de receberem a notícia, abandonando todos os seus afazeres para entenderem o que estava acontecendo.
Christofer e Renan estavam de pé, próximos a Lucas, num dos muitos corredores de espera do pronto-socorro. Cada um estava de um lado do amigo, e não conversavam, mas precisavam estar ali para dar suporte.
Lucas permanecia sentado com o rosto coberto pelas mãos, chorando como uma criança. Não tinha uma parte seca entre seus dedos, ele só sabia choramingar e se culpar. Seus pais estavam em outro lugar naquele hospital, ele tinha brigado com a família quando explicou o motivo do surto de Luana. A tensão era palpável e o clima não era convidativo.
A ruiva se aproximou de Lucas, hesitante, sentindo tanto ou mais culpa que ele. Ela não
Luciana— Só até ela parar com essas ideias. — Insisti.— Não. — Ele continuou declarando categoricamente. E se levantou para tomar banho, indisposto a ouvir qualquer outra palavra.Christofer costumava ser mais compreensivo antes de ficarmos juntos.Mordi o lábio, pensando no que fazer.Eu tinha algumas coisas a dizer a ele, sem dúvidas.Christofer estava com um pouco de medo de me deixar sozinha, e me levou consigo para
97. A vida e a morteNarradorChristofer cambaleou com o empurrão.Deu dois passos e recuperou o equilíbrio.Ele sentiu o vento gélido atrás de si e ouviu um estampido.O barulho foi ensurdecedor.A partir daí, não conseguiu ouvir mais nada.Ele só conseguiu ver um corpo caído no chão, enquanto o carro passava como um vulto depois de causar uma desgraça.Desumano.Christofer se ajoelhou diante do corpo de Luciana, vendo as bolas de sangue que ela regurgitava enquanto agonizava. Ele não conseguia ouvir nem mesmo a sua própria voz.Os lindos cabelos lisos e castanhos dela se espalharam pelo chão frio e rígido da rua. Estava tão escuro que parecia que o sangue era preto.Ele estava em choque. Queria poder segurar o rostinho dela e lhe dar um beijo, confortá-la, mas n&
Narrador— E-ela estava grávida? — Christofer sentiu uma dor alucinante percorrendo seu corpo, e um nó preso na garganta.— Sim. — Disse o médico, um pouco compadecido pela angústia dele.— Ela vai ficar bem? — Christofer indagou, ainda petrificado.— Aparentemente, sim. A colisão foi lateral, o que atenuou um pouco a gravidade do acidente. O traumatismo foi leve e, apesar de ter perdido bastante sangue, controlamos a hemorragia. Ela é forte e jovem.Christo
NarradorChristofer não conseguia abraçá-la ou beijá-la como queria. Ela estava bem debilitada ainda, com aquele amontoado de fios furando não somente seus braços, como outras partes do corpo. O rosto dela estava cansado e pálido, mas portava um sorriso encorajador.Não era a primeira vez que Luciana ficava internada, mas era a primeira vez que um cara tão bonito ia abraça-la ao acordar.Ele somente segurou a mão dela firmemente e apoiou a cabeça no ventre dela, deixando algumas lágrimas escorrerem pelo seu rosto.— Ei… — Luciana murmurou, sorrindo largamente. — Nada de choro aqui.— Desculpe. — Ele disse, secando as lágrimas. — É que eu estava morrendo de saudade.— Então pode parar de sentir. — Ela sorriu de novo, apertando os olhinhos min&uacut
NarradorChristofer ligava para Luciana, enquanto andava de volta ao seu carro, bastante atordoado. Aquela falta de vontade de viver desapareceu, pois ele agora tinha um sentimento mais forte aparecendo. Estava com medo.Ele se preparou para ligar insistentemente para Luciana, pois aquele aperto no coração lhe dizia que ela tinha deixado a pressão vencer o amor deles. Contudo, ela atendeu rapidamente.— Oi, meu amor. — Ela disse, com aquela voz carinhosa. A angústia de Christofer passou instantaneamente.— Não faça isso comigo, Luciana. Onde você está? — Ele perguntou, estava trêmulo.— Eu vim caminhar na praia. Estava sentindo falta de pegar sol. — Ela disse e ele ouviu as ondas do mar.— Caminhar? Você não devia caminhar, precisa de repouso. Mande sua localização agora mesmo.<
NarradorNaquela manhã, Luana finalmente abriu os olhos. Ela não sabia onde estava, nem como havia chegado ali. Só sabia que seu irmão estava no sofá ali perto, dormindo. Sua mãe também dormia, mas segurando a mão da filha firmemente. A Dona Luísa não deixaria nem mesmo uma mosca pousar no rosto de sua caçulinha.— Mãe. — Luana chamou, com a voz um pouco falha. — Onde estou? O que aconteceu? Por que esses fios?Dona Luísa acordou e viu a filha reagindo. Começou a chorar imediatamente e beijar o crucifixo do terço pendendo em seu pescoço. Falou palavras de conforto e afeto a Luana e Lucas despertou com aquelas vozes. Ele instintivamente abraçou sua mãe e sua irmã antes mesmo de recuperar plenamente a consciência.Estava tudo bem.Ele sabia que tudo ia ficar bem.
LucianaHavia um monte de gritos e xingamentos das meninas na calçada do condomínio enquanto eu chamava um Uber para ir para minha casa. As fãs de Christofer puxaram meu cabelo e rasgaram a manga da minha blusa.Foi horrível.Elas sabiam que eu estava no carro dele, provavelmente virei a persona non grata das fãs.Christofer adquiriu bastante fama após algumas aparições na TV, e eu queria que ele tivesse o melhor dos mundos. Todo o reconhecimento pelo seu talento, e paz para continuar sua vida.O caminho até minha casa foi muito pior do que imaginei.Deixei Christofer triste.Eu estava triste.Meu apartamento parecia um mausoléu. Era um local que me dava dor e angústia. Eu olhava para o espelho e me lembrava da forma como fui cruelmente agredida com uma escova de cabelo. Os hematomas físicos perduraram por um bom t
LucianaO grito que Lucrécia deu me fez cair a ficha.Irmãs.Irmãs de verdade.Eu senti o peito doer um pouco, e segurei meu rosário.Meu pai tinha tido, mesmo, uma filha fora do casamento? Minha mãe tentou afastá-la da nossa vida?Eu tinha uma família?Milhares de pensamentos cruzaram minha mente, e todos envolviam diversas situações da minha vida que poderiam ser diferentes caso eu soubesse disso antes.Subitamente, todos os outros problemas pareceram pequenos.Eu tinha uma irmã. Sangue do meu sangue. Como seria minha vida agora? Íamos dormir juntas, comer juntas, ir ao shopping? Eu não sei.Não sei o quanto ela quer ficar perto de mim.Talvez ela me odeie.Lucrécia ocultava sua expressão entre os dedos, mas, com certeza estava chorando bastante. Ela deve ter passa