Luciana
Eu estava sem chão. Lacrimejei, pressionando meus olhos com angústia e uma raiva insana. Como ela ousava sugerir que matou meu pai só para me meter medo?
— Do que está falando? — Meu tom foi odioso. Ela não podia estar falando sério.
— O seu pai, com toda a importância dele, até hoje não foi vingado, querida. Por que será? — Amélia disse com uma amarga frieza, mas ela queria ser convincente na ameaça. Era um jogo.
— Não pode ser verdade. — Assimilei, apertando meus olhos com os dedos. — Está blefando para me amedrontar! Você é baixa!
Eu senti culpa por falar assim com a mulher que me pariu, mas existem limites para a loucura, e um deles é o crime.
— Ama mesmo esse rapaz? — Ela indagou, num tom agressivo. Ela também
LucianaEle começou a tirar a camisa apressadamente.— P-Pare. — Pedi, mas ele era muito rápido e se debruçou sobre mim. Quando senti o corpo dele me apertando contra o sofá e aquela língua provocante deslizando pela minha garganta, não resisti e gemi.Subitamente, o que era uma punição mostrou-se uma tentativa frustrada, pois ele ficou bem inebriado de paixão. Christofer ficou me olhando, tentando entender como ele mudou de perspectiva tão facilmente.— Droga, você me deixa louco. — Ele reclamou.<
NarradorLuana quebrou o videogame de Lucas. A TV. Os jogos. Rasgou as revistas, a cortina. Furou o colchão. Não faltava muito para tirar as calças por cima, ela estava num misto de cólera, agonia e loucura.— Já acabou? — Disse Lucas, apoiando-se no batente da porta de seu quarto enquanto observava o surto da irmã. O olhar dele transmitia a imensa enxaqueca que surrava sua cabeça. — Pode quebrar o que quiser, mas não pode mudar o que aconteceu.— É para não quebrar a sua cara! — Ela apontou o dedo para ele. Estava agressiva, injuriosa e ameaçadora. A raiva lhe deu muita energia. — E para que se lembre do que me fez! Ela USOU você, idiota! Ela gosta de buceta!— Ela gozou. — Lucas disse em tom baixo, mas logo se arrependeu.Luana arremessou uma mala vazia sobre o irmão, incapaz de e
NarradorQuando Luciana e Alessandra chegaram ao hospital, elas estavam ofegantes. Correram bastante depois de receberem a notícia, abandonando todos os seus afazeres para entenderem o que estava acontecendo.Christofer e Renan estavam de pé, próximos a Lucas, num dos muitos corredores de espera do pronto-socorro. Cada um estava de um lado do amigo, e não conversavam, mas precisavam estar ali para dar suporte.Lucas permanecia sentado com o rosto coberto pelas mãos, chorando como uma criança. Não tinha uma parte seca entre seus dedos, ele só sabia choramingar e se culpar. Seus pais estavam em outro lugar naquele hospital, ele tinha brigado com a família quando explicou o motivo do surto de Luana. A tensão era palpável e o clima não era convidativo.A ruiva se aproximou de Lucas, hesitante, sentindo tanto ou mais culpa que ele. Ela não
Luciana— Só até ela parar com essas ideias. — Insisti.— Não. — Ele continuou declarando categoricamente. E se levantou para tomar banho, indisposto a ouvir qualquer outra palavra.Christofer costumava ser mais compreensivo antes de ficarmos juntos.Mordi o lábio, pensando no que fazer.Eu tinha algumas coisas a dizer a ele, sem dúvidas.Christofer estava com um pouco de medo de me deixar sozinha, e me levou consigo para
97. A vida e a morteNarradorChristofer cambaleou com o empurrão.Deu dois passos e recuperou o equilíbrio.Ele sentiu o vento gélido atrás de si e ouviu um estampido.O barulho foi ensurdecedor.A partir daí, não conseguiu ouvir mais nada.Ele só conseguiu ver um corpo caído no chão, enquanto o carro passava como um vulto depois de causar uma desgraça.Desumano.Christofer se ajoelhou diante do corpo de Luciana, vendo as bolas de sangue que ela regurgitava enquanto agonizava. Ele não conseguia ouvir nem mesmo a sua própria voz.Os lindos cabelos lisos e castanhos dela se espalharam pelo chão frio e rígido da rua. Estava tão escuro que parecia que o sangue era preto.Ele estava em choque. Queria poder segurar o rostinho dela e lhe dar um beijo, confortá-la, mas n&
Narrador— E-ela estava grávida? — Christofer sentiu uma dor alucinante percorrendo seu corpo, e um nó preso na garganta.— Sim. — Disse o médico, um pouco compadecido pela angústia dele.— Ela vai ficar bem? — Christofer indagou, ainda petrificado.— Aparentemente, sim. A colisão foi lateral, o que atenuou um pouco a gravidade do acidente. O traumatismo foi leve e, apesar de ter perdido bastante sangue, controlamos a hemorragia. Ela é forte e jovem.Christo
NarradorChristofer não conseguia abraçá-la ou beijá-la como queria. Ela estava bem debilitada ainda, com aquele amontoado de fios furando não somente seus braços, como outras partes do corpo. O rosto dela estava cansado e pálido, mas portava um sorriso encorajador.Não era a primeira vez que Luciana ficava internada, mas era a primeira vez que um cara tão bonito ia abraça-la ao acordar.Ele somente segurou a mão dela firmemente e apoiou a cabeça no ventre dela, deixando algumas lágrimas escorrerem pelo seu rosto.— Ei… — Luciana murmurou, sorrindo largamente. — Nada de choro aqui.— Desculpe. — Ele disse, secando as lágrimas. — É que eu estava morrendo de saudade.— Então pode parar de sentir. — Ela sorriu de novo, apertando os olhinhos min&uacut
NarradorChristofer ligava para Luciana, enquanto andava de volta ao seu carro, bastante atordoado. Aquela falta de vontade de viver desapareceu, pois ele agora tinha um sentimento mais forte aparecendo. Estava com medo.Ele se preparou para ligar insistentemente para Luciana, pois aquele aperto no coração lhe dizia que ela tinha deixado a pressão vencer o amor deles. Contudo, ela atendeu rapidamente.— Oi, meu amor. — Ela disse, com aquela voz carinhosa. A angústia de Christofer passou instantaneamente.— Não faça isso comigo, Luciana. Onde você está? — Ele perguntou, estava trêmulo.— Eu vim caminhar na praia. Estava sentindo falta de pegar sol. — Ela disse e ele ouviu as ondas do mar.— Caminhar? Você não devia caminhar, precisa de repouso. Mande sua localização agora mesmo.<