Luciana
Eu fiquei horrorizada com a truculência, e levei as mãos à boca. Diego deu alguns passos para trás, esbarrando em outras pessoas. Estava irritado, mas não parecia surpreso.
— Por que fez isso, Christofer? — Perguntei.
— Vamos embora daqui agora! — Christofer pegou no meu antebraço e me puxou com pouca delicadeza.
— Quer fazer o favor de soltar a minha prima? — Diego falou, separando nossos braços. Os amigos de Christofer souberam que ia dar merda e chegaram soltando frases para apaziguar os ânimos. Claro que os argumentos deles entraram por um ouvido e saíram pelo outro.
— Não encosta nela! — Christofer andou em direção a Diego e foi freado pela mão de Lucas em seu ombro. Ele prosseguiu com asco na voz. — Eu já quero amassar a sua cara há muito tempo!
NarradorA madrugada durou uma eternidade para Christofer. Não passava. Os rapazes desmaiaram na cama de Christofer, cansados pela noite turbulenta, enquanto ele ficou na sala.Só uma imagem na mente.O desgosto era muito duradouro.Ele ficou sentado no chão até amanhecer, viu o sol nascer e o céu se tornar azulado. Sua cabeça latejava.Os olhos dele se fecharam automaticamente enquanto pensava na vida, deitado no sofá.Meramente cochilos.O que ele esperava. Será que estava depositando em Luciana uma aceitação que não veio da sua família?Será que ele precisava aceitar que algumas coisas não podiam ser suas?Será que ela seria mais feliz com Otávio?Christofer estava dando murro em ponta de faça o tempo todo? Lutando contra o destino, contra os gostos pessoais dela?
LucianaChristofer cruzou os braços, me analisando. Tinha cara de poucos amigos.— N-Não vai me convidar para entrar? — Perguntei, ansiosa. Christofer me indicou o caminho até o interior do seu apartamento e, quando entrei, fechou a porta atrás de mim.Ele uniu nossos narizes e disse:— Não tem nada a dizer?O olhar dele era de cobrança e amargura.— Tenho. — Revelei, um pouco abalada pela seriedade dele.
Luciana— Sim. — Respondi, fixa no olhar dele. Christofer ficou emocionado, ainda que com o rosto paralisado. Só o rubor ficou evidente em sua face.— Isso me deixa tão feliz que vou tirar o Santo Antônio do congelador. — Ele beijou minha testa. Eu tive que rir.— Você zomba, mas acredito nisso. — Comentei. Eu não ousaria apalpar meu rosário estando nua e toda lambuzada.Christofer deve ter admitido que errou. Se tivesse transado comigo antes, teria me conquistado mais depressa.— Não estou zombando, quase fiz isso para que me amasse. — Ele beijou meu rosto, e ligou a TV em seu quarto.Eu já admiti que o amava algumas vezes, mas não tirei a prova real. Eu precisava rever Otávio, não tinha como escapar disso. Eu precisava saber o que ainda sentia por ele. Minha mente me dizia que se tratava
LucianaO meu silêncio o fez esfregar discretamente o pulso em um dos seus olhos. Christofer estava à flor da pele. Eu somente falar com Otávio era o fim do mundo para ele, era algo que o deixava com vontade de morrer. Ou matar alguém.Ao perceber a seriedade da situação, senti que deveria dizer algo importante.— Christofer, eu estou com você. — Falei, cortando qualquer rodeio na conversa. — Eu sou sua namorada.— Mas, queria estar com ele. — Ele disse. Sei que seu peito sangrava ao dizer isso.
LucianaChristofer entrou no apartamento e eu me levantei para ir tomar uma água e tentar disfarçar minha voz embargada pela conversa de 1 minuto atrás.Christofer provavelmente já sabia que algo assim aconteceria por não ter comparecido ao aniversário de sua avó, por isso me deu aquele aviso. Dona Akiko se levantou e foi até o neto mais novo, que polidamente a abraçou, dando a ela algumas felicitações em palavras que eu desconhecia.Voltei com o copo de água na mão e, quando ia me sentar, Christofer me puxou pela cintura e me manteve bem perto.— Está tudo bem por aqui? — Ele me perguntou, com um olhar cauteloso.Assenti, evitando falar. Em seguida, Christofer apertou minha cintura com muita força, quase ao ponto de deixar uma marca. Ele olhou para o irmão e disse:— Vá embor
LucianaChristofer ouviu com toda atenção do mundo cada palavra. Era como se assimilasse tudo o que falei várias vezes até não restar sombra de dúvida. Cada sílaba, cada suspiro e cada piscada minhas eram importantes para ele. Com certeza se lembrava desses momentos depois, então eu tinha que ser o mais dedicada e carinhosa que conseguisse. Eu tinha que me esforçar para demonstrar o quanto gosto dele. Preciso fazê-lo feliz.Vi o momento que ele se aproximou de mim e fechou os olhos. Ele me beijou. Ele me tocou com sua língua e não quis mais ouvir uma palavra sequer. Não precisava. Se é que eu tinha algo mais a dizer. Ele aprofundou o beijo, me puxando com muita vontade, inclinando a cabeça e me invadindo com a língua.Senti que ele estava desesperado, angustiado, e levantou minha perna esquerda, encostando-me à pare
LucianaMinha suposta irmã estava ali, na frente do meu prédio.Minha mãe mandou eu fugir dela, mas... a curiosidade era maior. Apenas um fio de cabelo resolveria minhas indagações.Parei perto dela e lhe disse com toda a sinceridade, me aproximando da loira:— Por que está me seguindo?Lucrécia tinha alguns traços europeus, de fato, algo em seu rosto lembrava o meu pai.— Tem razão, me desculpe. — Lucrécia aparentava ter menos de 20 anos... minha idade, talvez. — Eu queria muito conhecer... meu único parente vivo por parte de pai.— Por que acha que somos irmãs? — Indaguei friamente, direto ao assunto. Na verdade, ela se parecia muito mais com meu pai do que eu. O queixo forte, os olhos claros. O cabelo ralo.— Porque eu me lembro do nosso pai. Mas, diferente de você
LucianaEu ia esperar ele me responder para poder explicar tudo. Mas, enquanto ele não o fazia, foi dolorosa a espera.Eu dormi tão mal. Para começo de conversa, fui dormir tarde, esperando que minha mensagem chegasse até ele. Acho que ele estava tendo mais sucesso em me esquecer do que vice-versa.Sem ele comigo, eu acordava tarde. Eu não tinha energia suficiente para fazer o café e começar o dia, eu precisava dele. Sonhei com ele. A companhia dos meus móveis, definitivamente, não era algo que me bastava.Não sei se ia aguentar esperar uma resposta de Christofer, meu corpo começava a chamar por ele sem meu consentimento.Enquanto eu tomava o café solúvel com gosto de terra de cemitério, me lembrei do dia anterior. Lembrei-me de Christofer, dos seus toques, dos seus beijos, dele dentro de mim.Não, eu n&atil