Luciana
Christofer cruzou os braços, me analisando. Tinha cara de poucos amigos.
— N-Não vai me convidar para entrar? — Perguntei, ansiosa. Christofer me indicou o caminho até o interior do seu apartamento e, quando entrei, fechou a porta atrás de mim.
Ele uniu nossos narizes e disse:
— Não tem nada a dizer?
O olhar dele era de cobrança e amargura.
— Tenho. — Revelei, um pouco abalada pela seriedade dele.
Luciana— Sim. — Respondi, fixa no olhar dele. Christofer ficou emocionado, ainda que com o rosto paralisado. Só o rubor ficou evidente em sua face.— Isso me deixa tão feliz que vou tirar o Santo Antônio do congelador. — Ele beijou minha testa. Eu tive que rir.— Você zomba, mas acredito nisso. — Comentei. Eu não ousaria apalpar meu rosário estando nua e toda lambuzada.Christofer deve ter admitido que errou. Se tivesse transado comigo antes, teria me conquistado mais depressa.— Não estou zombando, quase fiz isso para que me amasse. — Ele beijou meu rosto, e ligou a TV em seu quarto.Eu já admiti que o amava algumas vezes, mas não tirei a prova real. Eu precisava rever Otávio, não tinha como escapar disso. Eu precisava saber o que ainda sentia por ele. Minha mente me dizia que se tratava
LucianaO meu silêncio o fez esfregar discretamente o pulso em um dos seus olhos. Christofer estava à flor da pele. Eu somente falar com Otávio era o fim do mundo para ele, era algo que o deixava com vontade de morrer. Ou matar alguém.Ao perceber a seriedade da situação, senti que deveria dizer algo importante.— Christofer, eu estou com você. — Falei, cortando qualquer rodeio na conversa. — Eu sou sua namorada.— Mas, queria estar com ele. — Ele disse. Sei que seu peito sangrava ao dizer isso.
LucianaChristofer entrou no apartamento e eu me levantei para ir tomar uma água e tentar disfarçar minha voz embargada pela conversa de 1 minuto atrás.Christofer provavelmente já sabia que algo assim aconteceria por não ter comparecido ao aniversário de sua avó, por isso me deu aquele aviso. Dona Akiko se levantou e foi até o neto mais novo, que polidamente a abraçou, dando a ela algumas felicitações em palavras que eu desconhecia.Voltei com o copo de água na mão e, quando ia me sentar, Christofer me puxou pela cintura e me manteve bem perto.— Está tudo bem por aqui? — Ele me perguntou, com um olhar cauteloso.Assenti, evitando falar. Em seguida, Christofer apertou minha cintura com muita força, quase ao ponto de deixar uma marca. Ele olhou para o irmão e disse:— Vá embor
LucianaChristofer ouviu com toda atenção do mundo cada palavra. Era como se assimilasse tudo o que falei várias vezes até não restar sombra de dúvida. Cada sílaba, cada suspiro e cada piscada minhas eram importantes para ele. Com certeza se lembrava desses momentos depois, então eu tinha que ser o mais dedicada e carinhosa que conseguisse. Eu tinha que me esforçar para demonstrar o quanto gosto dele. Preciso fazê-lo feliz.Vi o momento que ele se aproximou de mim e fechou os olhos. Ele me beijou. Ele me tocou com sua língua e não quis mais ouvir uma palavra sequer. Não precisava. Se é que eu tinha algo mais a dizer. Ele aprofundou o beijo, me puxando com muita vontade, inclinando a cabeça e me invadindo com a língua.Senti que ele estava desesperado, angustiado, e levantou minha perna esquerda, encostando-me à pare
LucianaMinha suposta irmã estava ali, na frente do meu prédio.Minha mãe mandou eu fugir dela, mas... a curiosidade era maior. Apenas um fio de cabelo resolveria minhas indagações.Parei perto dela e lhe disse com toda a sinceridade, me aproximando da loira:— Por que está me seguindo?Lucrécia tinha alguns traços europeus, de fato, algo em seu rosto lembrava o meu pai.— Tem razão, me desculpe. — Lucrécia aparentava ter menos de 20 anos... minha idade, talvez. — Eu queria muito conhecer... meu único parente vivo por parte de pai.— Por que acha que somos irmãs? — Indaguei friamente, direto ao assunto. Na verdade, ela se parecia muito mais com meu pai do que eu. O queixo forte, os olhos claros. O cabelo ralo.— Porque eu me lembro do nosso pai. Mas, diferente de você
LucianaEu ia esperar ele me responder para poder explicar tudo. Mas, enquanto ele não o fazia, foi dolorosa a espera.Eu dormi tão mal. Para começo de conversa, fui dormir tarde, esperando que minha mensagem chegasse até ele. Acho que ele estava tendo mais sucesso em me esquecer do que vice-versa.Sem ele comigo, eu acordava tarde. Eu não tinha energia suficiente para fazer o café e começar o dia, eu precisava dele. Sonhei com ele. A companhia dos meus móveis, definitivamente, não era algo que me bastava.Não sei se ia aguentar esperar uma resposta de Christofer, meu corpo começava a chamar por ele sem meu consentimento.Enquanto eu tomava o café solúvel com gosto de terra de cemitério, me lembrei do dia anterior. Lembrei-me de Christofer, dos seus toques, dos seus beijos, dele dentro de mim.Não, eu n&atil
NarradorAlessandra e Luana vestiram suas roupas apressadamente, mortas de vergonha pelo flagra, mas os meninos já tinham fechado a porta que tinham acabado de arrombar.Eles tinham medo que algo tivesse acontecido com as meninas, agora estavam se sentindo dois trouxas por se preocuparem em vão.— Luana, eu fiquei preocupado! — Gritou Lucas, do lado de fora, justificando a invasão. — Você sumiu sem falar nada.— Saia daqui, idiota! — Luana reclamou, praticamente cuspindo tais palavras enquanto vestia suas roupas. O ódio se misturou à vergonha e ela queria matar seu irmão por lhe proporcionar isso.Renan deu um tapa na própria testa.— Era por isso que a Luciana estava fugindo de nos contar a verdade. A Alessandra é lésbica!Lucas não conseguia esconder o desagrado por ainda ter que lidar com um
NarradorRenan se assustou com a truculência de Luciana, mas entendeu rapidamente do que se tratava.— Calma lá! Eu vi a situação, mas eu não espalhei nada! — Ele levantou as mãos como se tivesse sido enquadrado pela polícia.— Ah, não? Então quem foi? — Luciana segurou as cadeiras, debochada.— Eu não sei, está bem?— Você não vai ferrar a vida da Alessandra, seu otário! — Luciana meteu o dedo no peito dele com tanta força que ele deu um passo para trás. As pessoas ao redor começaram a parar para olhar.— Eu não fiz nada! — Renan insistiu.— Está querendo me dizer que foi o Lucas quem espalhou? Sobre a própria irmã? Ele nem estuda aqui!— Eu não sei quem foi, está bem?! Mas,