Luciana
Christofer ouviu com toda atenção do mundo cada palavra. Era como se assimilasse tudo o que falei várias vezes até não restar sombra de dúvida. Cada sílaba, cada suspiro e cada piscada minhas eram importantes para ele. Com certeza se lembrava desses momentos depois, então eu tinha que ser o mais dedicada e carinhosa que conseguisse. Eu tinha que me esforçar para demonstrar o quanto gosto dele. Preciso fazê-lo feliz.
Vi o momento que ele se aproximou de mim e fechou os olhos. Ele me beijou. Ele me tocou com sua língua e não quis mais ouvir uma palavra sequer. Não precisava. Se é que eu tinha algo mais a dizer. Ele aprofundou o beijo, me puxando com muita vontade, inclinando a cabeça e me invadindo com a língua.
Senti que ele estava desesperado, angustiado, e levantou minha perna esquerda, encostando-me à pare
LucianaMinha suposta irmã estava ali, na frente do meu prédio.Minha mãe mandou eu fugir dela, mas... a curiosidade era maior. Apenas um fio de cabelo resolveria minhas indagações.Parei perto dela e lhe disse com toda a sinceridade, me aproximando da loira:— Por que está me seguindo?Lucrécia tinha alguns traços europeus, de fato, algo em seu rosto lembrava o meu pai.— Tem razão, me desculpe. — Lucrécia aparentava ter menos de 20 anos... minha idade, talvez. — Eu queria muito conhecer... meu único parente vivo por parte de pai.— Por que acha que somos irmãs? — Indaguei friamente, direto ao assunto. Na verdade, ela se parecia muito mais com meu pai do que eu. O queixo forte, os olhos claros. O cabelo ralo.— Porque eu me lembro do nosso pai. Mas, diferente de você
LucianaEu ia esperar ele me responder para poder explicar tudo. Mas, enquanto ele não o fazia, foi dolorosa a espera.Eu dormi tão mal. Para começo de conversa, fui dormir tarde, esperando que minha mensagem chegasse até ele. Acho que ele estava tendo mais sucesso em me esquecer do que vice-versa.Sem ele comigo, eu acordava tarde. Eu não tinha energia suficiente para fazer o café e começar o dia, eu precisava dele. Sonhei com ele. A companhia dos meus móveis, definitivamente, não era algo que me bastava.Não sei se ia aguentar esperar uma resposta de Christofer, meu corpo começava a chamar por ele sem meu consentimento.Enquanto eu tomava o café solúvel com gosto de terra de cemitério, me lembrei do dia anterior. Lembrei-me de Christofer, dos seus toques, dos seus beijos, dele dentro de mim.Não, eu n&atil
NarradorAlessandra e Luana vestiram suas roupas apressadamente, mortas de vergonha pelo flagra, mas os meninos já tinham fechado a porta que tinham acabado de arrombar.Eles tinham medo que algo tivesse acontecido com as meninas, agora estavam se sentindo dois trouxas por se preocuparem em vão.— Luana, eu fiquei preocupado! — Gritou Lucas, do lado de fora, justificando a invasão. — Você sumiu sem falar nada.— Saia daqui, idiota! — Luana reclamou, praticamente cuspindo tais palavras enquanto vestia suas roupas. O ódio se misturou à vergonha e ela queria matar seu irmão por lhe proporcionar isso.Renan deu um tapa na própria testa.— Era por isso que a Luciana estava fugindo de nos contar a verdade. A Alessandra é lésbica!Lucas não conseguia esconder o desagrado por ainda ter que lidar com um
NarradorRenan se assustou com a truculência de Luciana, mas entendeu rapidamente do que se tratava.— Calma lá! Eu vi a situação, mas eu não espalhei nada! — Ele levantou as mãos como se tivesse sido enquadrado pela polícia.— Ah, não? Então quem foi? — Luciana segurou as cadeiras, debochada.— Eu não sei, está bem?— Você não vai ferrar a vida da Alessandra, seu otário! — Luciana meteu o dedo no peito dele com tanta força que ele deu um passo para trás. As pessoas ao redor começaram a parar para olhar.— Eu não fiz nada! — Renan insistiu.— Está querendo me dizer que foi o Lucas quem espalhou? Sobre a própria irmã? Ele nem estuda aqui!— Eu não sei quem foi, está bem?! Mas,
NarradorEra mais uma daquelas chopadas nas quais todo mundo bebe descontroladamente porque é open bar. Renan chamou Christofer para o evento, mas o loiro não estava bem naquela festa porque teve que brigar com Helena para ir até lá. Como bom amigo que era, Renan se irritou por Christofer estar semelhante a um protozoário: triste, culpado e inútil pelos cantos; e o levou ao centro acadêmico do seu curso. Renan tinha acabado de entrar na faculdade, mas já era amigo de Christofer e Lucas há anos por causa do Taekwondo.
NarradorLucas chegou na rua da sua casa exausto depois de tanta confusão.Christofer quebrou garrafa, Renan o atiçou falou umas coisas pesadas.E, bem, Lucas também precisava sofrer suas próprias dores.Seu estômago roncou.Nem conseguiu comer suas coxinhas de frango, porque Christofer jogou Renan em cima delas no meio da briga. Além de faminto, Lucas estava nervoso, envergonhado e cansado.Surpreendentemente, uma das dores que ele tinha decidido começado a superar se materializou na frente dele.Lucas encontrou Alessandra ali na porta de sua casa.— Você aqui? — Ele indagou.— Não é a primeira vez que venho. — Confessou Alessandra, acabando por humilhar o garoto sem querer.— A minha irmã não está em casa? — Ele perguntou, um pouco preocupado por saber que el
Narrador— Não estamos namorando mais. — Christofer admitiu, friamente. Em algum momento seu irmão ia saber, de qualquer jeito.O olhar de Christofer estava perdido.Aquela revelação explicava por que o mais novo parecia tão derrotado e sem energia. Não era só por causa do ferimento enorme e inflamado em sua perna.Otávio não sentia tanta empolgação em incomodar seu irmão quando o via assim, tão humilhado e diminuído. Otávio olhou para Christofer com certa incredulidade, seus olhos tremeluziram, como se uma esperança tênue estivesse nascendo.— Eu sinto muito. — Otávio disse, parecendo realmente lamentar. — Sei o quanto gostava dela.Como Christofer poderia se sentir sabendo que o motivo de seu término estava ali lamentando algo que ele mesmo causou? E
LucianaSubitamente, senti que aquele era o momento mais importante da minha vida. Eu não saberia explicar.Eu queria tocar a mão dele, mas, diante de seu olhar decepcionado, eu não sabia se poderia. Aquilo me angustiou demais. Ele sempre foi tão doce, tão meu, tão amável.Ele não era mais meu?— Chris… — Eu me aproximei, um pouco incerta se ele queria minha presença ali ou não.— O que você quer? — Ele falou sem vontade. Analisei bem seu rosto, ele me olhou com amargura. Christofer nunca tinha me olhado daquele modo.Ele estava cansado.— Quero saber se está bem. — Falei, analisando-o. Seu rostinho estava lindo como sempre, seus braços pareciam intactos. Acho que o problema foi somente na perna, mesmo. — Você se machucou muito?— Como me achou? &md