Luciana
O meu silêncio o fez esfregar discretamente o pulso em um dos seus olhos. Christofer estava à flor da pele. Eu somente falar com Otávio era o fim do mundo para ele, era algo que o deixava com vontade de morrer. Ou matar alguém.
Ao perceber a seriedade da situação, senti que deveria dizer algo importante.
— Christofer, eu estou com você. — Falei, cortando qualquer rodeio na conversa. — Eu sou sua namorada.
— Mas, queria estar com ele. — Ele disse. Sei que seu peito sangrava ao dizer isso.
LucianaChristofer entrou no apartamento e eu me levantei para ir tomar uma água e tentar disfarçar minha voz embargada pela conversa de 1 minuto atrás.Christofer provavelmente já sabia que algo assim aconteceria por não ter comparecido ao aniversário de sua avó, por isso me deu aquele aviso. Dona Akiko se levantou e foi até o neto mais novo, que polidamente a abraçou, dando a ela algumas felicitações em palavras que eu desconhecia.Voltei com o copo de água na mão e, quando ia me sentar, Christofer me puxou pela cintura e me manteve bem perto.— Está tudo bem por aqui? — Ele me perguntou, com um olhar cauteloso.Assenti, evitando falar. Em seguida, Christofer apertou minha cintura com muita força, quase ao ponto de deixar uma marca. Ele olhou para o irmão e disse:— Vá embor
LucianaChristofer ouviu com toda atenção do mundo cada palavra. Era como se assimilasse tudo o que falei várias vezes até não restar sombra de dúvida. Cada sílaba, cada suspiro e cada piscada minhas eram importantes para ele. Com certeza se lembrava desses momentos depois, então eu tinha que ser o mais dedicada e carinhosa que conseguisse. Eu tinha que me esforçar para demonstrar o quanto gosto dele. Preciso fazê-lo feliz.Vi o momento que ele se aproximou de mim e fechou os olhos. Ele me beijou. Ele me tocou com sua língua e não quis mais ouvir uma palavra sequer. Não precisava. Se é que eu tinha algo mais a dizer. Ele aprofundou o beijo, me puxando com muita vontade, inclinando a cabeça e me invadindo com a língua.Senti que ele estava desesperado, angustiado, e levantou minha perna esquerda, encostando-me à pare
LucianaMinha suposta irmã estava ali, na frente do meu prédio.Minha mãe mandou eu fugir dela, mas... a curiosidade era maior. Apenas um fio de cabelo resolveria minhas indagações.Parei perto dela e lhe disse com toda a sinceridade, me aproximando da loira:— Por que está me seguindo?Lucrécia tinha alguns traços europeus, de fato, algo em seu rosto lembrava o meu pai.— Tem razão, me desculpe. — Lucrécia aparentava ter menos de 20 anos... minha idade, talvez. — Eu queria muito conhecer... meu único parente vivo por parte de pai.— Por que acha que somos irmãs? — Indaguei friamente, direto ao assunto. Na verdade, ela se parecia muito mais com meu pai do que eu. O queixo forte, os olhos claros. O cabelo ralo.— Porque eu me lembro do nosso pai. Mas, diferente de você
LucianaEu ia esperar ele me responder para poder explicar tudo. Mas, enquanto ele não o fazia, foi dolorosa a espera.Eu dormi tão mal. Para começo de conversa, fui dormir tarde, esperando que minha mensagem chegasse até ele. Acho que ele estava tendo mais sucesso em me esquecer do que vice-versa.Sem ele comigo, eu acordava tarde. Eu não tinha energia suficiente para fazer o café e começar o dia, eu precisava dele. Sonhei com ele. A companhia dos meus móveis, definitivamente, não era algo que me bastava.Não sei se ia aguentar esperar uma resposta de Christofer, meu corpo começava a chamar por ele sem meu consentimento.Enquanto eu tomava o café solúvel com gosto de terra de cemitério, me lembrei do dia anterior. Lembrei-me de Christofer, dos seus toques, dos seus beijos, dele dentro de mim.Não, eu n&atil
NarradorAlessandra e Luana vestiram suas roupas apressadamente, mortas de vergonha pelo flagra, mas os meninos já tinham fechado a porta que tinham acabado de arrombar.Eles tinham medo que algo tivesse acontecido com as meninas, agora estavam se sentindo dois trouxas por se preocuparem em vão.— Luana, eu fiquei preocupado! — Gritou Lucas, do lado de fora, justificando a invasão. — Você sumiu sem falar nada.— Saia daqui, idiota! — Luana reclamou, praticamente cuspindo tais palavras enquanto vestia suas roupas. O ódio se misturou à vergonha e ela queria matar seu irmão por lhe proporcionar isso.Renan deu um tapa na própria testa.— Era por isso que a Luciana estava fugindo de nos contar a verdade. A Alessandra é lésbica!Lucas não conseguia esconder o desagrado por ainda ter que lidar com um
NarradorRenan se assustou com a truculência de Luciana, mas entendeu rapidamente do que se tratava.— Calma lá! Eu vi a situação, mas eu não espalhei nada! — Ele levantou as mãos como se tivesse sido enquadrado pela polícia.— Ah, não? Então quem foi? — Luciana segurou as cadeiras, debochada.— Eu não sei, está bem?— Você não vai ferrar a vida da Alessandra, seu otário! — Luciana meteu o dedo no peito dele com tanta força que ele deu um passo para trás. As pessoas ao redor começaram a parar para olhar.— Eu não fiz nada! — Renan insistiu.— Está querendo me dizer que foi o Lucas quem espalhou? Sobre a própria irmã? Ele nem estuda aqui!— Eu não sei quem foi, está bem?! Mas,
NarradorEra mais uma daquelas chopadas nas quais todo mundo bebe descontroladamente porque é open bar. Renan chamou Christofer para o evento, mas o loiro não estava bem naquela festa porque teve que brigar com Helena para ir até lá. Como bom amigo que era, Renan se irritou por Christofer estar semelhante a um protozoário: triste, culpado e inútil pelos cantos; e o levou ao centro acadêmico do seu curso. Renan tinha acabado de entrar na faculdade, mas já era amigo de Christofer e Lucas há anos por causa do Taekwondo.
NarradorLucas chegou na rua da sua casa exausto depois de tanta confusão.Christofer quebrou garrafa, Renan o atiçou falou umas coisas pesadas.E, bem, Lucas também precisava sofrer suas próprias dores.Seu estômago roncou.Nem conseguiu comer suas coxinhas de frango, porque Christofer jogou Renan em cima delas no meio da briga. Além de faminto, Lucas estava nervoso, envergonhado e cansado.Surpreendentemente, uma das dores que ele tinha decidido começado a superar se materializou na frente dele.Lucas encontrou Alessandra ali na porta de sua casa.— Você aqui? — Ele indagou.— Não é a primeira vez que venho. — Confessou Alessandra, acabando por humilhar o garoto sem querer.— A minha irmã não está em casa? — Ele perguntou, um pouco preocupado por saber que el