Narrador
Ela acreditou quando Maurício disse que não estava feliz com aquela situação. Quem ia querer passar por aquilo?
Ele suspirou de decepção todo o caminho.
Será que tinha expectativas em relação ao casamento? Porque ela não tinha nenhuma.
Se ele, realmente, não tinha planejado aquilo, então alguma coisa tinha acontecido a Christofer. Se nem ele e nem Otávio respondiam, o que poderia ter acontecido? Luciana não tinha mais ninguém a contatar para descobrir o que aconteceu.
Cedo ou tarde ela descobriria quem a traiu.
Mas, o fato é que Maurício ter chegado lá durante sua fuga não mudou muita coisa, o que mudou tudo foi o sumiço de Christofer.
Quando chegaram ao apartamento de Maurício, ela sentiu um arrepio de ojeriza. Queria morrer.
Na noite passada
NarradorNada.Maurício ficou preocupado. Ela estava tentando se matar? Poderia ter acontecido alguma desgraça, então ele não viu outra escolha. Com três chutes incisivos, e sob o olhar preocupado das empregadas, conseguiu a brecha que precisava para ter acesso ao quarto.Quando, finalmente, entrou, viu que Luciana estava deitada na cama. Ela estava bem, estava acordada, abraçada ao celular. Contudo, seu aspecto era letárgico.— O que pensa que está fazendo? — Maurício indagou, nervoso.Ainda assim, ela nem olhou para ele.— Você quer se matar, Luciana?! Pretende ficar aqui sem se alimentar, sem existir?Ela olhou para ele, sem vontade de discutir, de conversar ou de justificar. Nada tin
NarradorEu entrei no carro, pensando nas horas que ainda faltavam para eu conseguir me afastar daquele cara e correr para os braços de Christofer. Não importava que eu perdesse meu dinheiro, ou que as pessoas estivessem em polvorosa porque ele ia ser pai. Não importava que Suzana estivesse recebendo um prestígio que deveria ser meu por parte da família dele.Lembrei-me do bebê que perdi, e fiquei tão triste.Christofer e eu tivemos relação sem camisinha depois daquele evento, mas não seria simples assim eu estar grávida de novo.Seria?Aquela bruxa iria pagar pelo que fez a ele. Eu ia esperar essa criança nascer e ia meter essa mulher na cadeia. Uma criminosa.Como ousou machucar meu Christofer?Primeiro de tudo, antes de pensar em fazer justiça ao Chris, eu precisava assinar os papéis do divórcio.
NarradorHoras se passaram. Mauro estranhou a demora e estava inquieto quando viu o filho retornando com as mãos vazias. Ficou preocupado.— Resolveu o que tinha pendente? — Mauro perguntou.— Espero que sim. — Maurício respondeu, inexpressivo. Ele se aproximou e apoiou as costas à parede, junto ao pai. Ele estava cismado.— O que aconteceu com meu celular? — Mauro indagou, também tinha assuntos a resolver.— Eu vou perguntar somente uma vez. — Maurício falou, desconfiado, olhando fixo para o pai. Já sabia a resposta da inquirição que faria. — Teve algo a ver com o acidente da Luciana?Maurício foi objetivo, e saberia identificar a culpa no pai caso ele ficasse inventando rodeios.— Como pode pensar uma coisa dessas? — Mauro ficou nervoso. Tinha intenção de tirar
LucianaSuspirei.— Droga, eu não quero que ele goste de mim. — Murmurei. Isso ia dificultar tudo. Agora ele tinha mais motivos para me afastar de Christofer. Motivos que iam além de proteger sua imagem pública.— A propósito, a minha tia também vai ser presa assim que receber alta do hospital. — Acrescentou Diego.Quase congelei diante daquela informação. Minha mãe seria presa?Era angustiante. Mesmo Amélia tendo me colocado naquela maca, me força
Luciana— Isso é ridículo. A gente nem se beijou, pare de mentiras. — Implorei que ele estivesse mentindo, brincando, zombando de mim.Maurício encolheu os ombros. Acho que não fazia diferença para ele o que eu pensava disso.— Estranho seria se eu não amasse a pessoa com quem me casei. — Ele disse. De novo essa história de levar a sério o casamento.— Eu vou ter que desenhar que foi uma farsa? — Zombei, mas eu estava em pedaços. —Quer que eu escreva na parede?— Você não vai invalidar nosso casamento, Luciana, porque ele será consumado. — Garantiu Maurício.Eu engoli minha saliva dolorosamente. O que esse imbecil quis dizer?— Só se você colocar uma arma na minha cabeça. — Declarei.— Não. Vou conquistá-
Narrador2 minutos antes— Já chega, Luciana, vamos embora! — Diego esbravejava — Já nos expusemos demais aqui!— Eu não consegui vê-lo! — Luciana reivindicou, já que ela não conseguia lidar com aquele amontoado de pessoas estando naquelas condições: totalmente ferida e cheia de hematomas. Seu corpo fraco não lhe permitiria mais que isso, estava perdendo a batalha para manter-se de pé.Eles tiveram que se afastar do palco, mas perceberam que algo anormal havia acontecido no show. Christofer tinha parado de cantar e Luciana não gostou nada da sensação que isso lhe trouxe ao peito.— Temos que ir embora antes que Maurício volte! — Diego insistia. O telefone dele tocou insistentemente e, mesmo ocupado puxando
LucianaAcordei.De novo eu estava acordando em um hospital. Eu não aguentava mais aquela agonia.Eu nem tinha mais forças para chorar.Maurício estava em um sofá ali perto, cochilando sentado. O que aconteceu?Minha mente demorou a se concentrar para descobrir como cheguei a esta situação.Sangue.Sangue por todo lado.Sangue em minhas mãos, sangue obstruindo meus olhos. Sangue por todo lado.Um odor de ferro enchendo minhas narinas e bombeando oxigênio por todo o meu corpo.Sangue melando cabelos loiros.Meu Deus do céu.Christofer! Onde está Christofer?! Ele está vivo?Minha voz não saía, mas os meus batimentos acelerados iam chamar alguém para me ajudar.Maurício acordou, e eu respirava pesadamente, levando todos os aparelhos ao extremo de seu funcio
LucianaDiego desmaiou, mas fui eu quem ficou congelada.Éramos irmãos?Amélia não era minha mãe?Tudo era culpa do meu tio?Minha verdadeira mãe morreu anos atrás?Lutero ajudou Diego a se levantar, e ficou dando pequenos tapinhas em seu rosto. Na confusão, as muletas de Diego caíram sobre eles. O rosto do meu primo... do meu irmão ficou completamente pálido, como se o sangue tivesse desaparecido dali. Seus lábios pareciam os de um morto.Eu o olhei sem inclinar meu rosto para baixo. Eu não conseguia assimilar tudo o que Lutero me disse, e acho que precisava de um bom tempo refletindo.Depois de colocar Diego sobre o sofá, Lutero chamou uma enfermeira, que verificou os sinais vitais do meu prim... irmão e o encaminhou de volta ao seu leito.Quando eles saíram e Maurício ve