Narrador
2 minutos antes
— Já chega, Luciana, vamos embora! — Diego esbravejava — Já nos expusemos demais aqui!
— Eu não consegui vê-lo! — Luciana reivindicou, já que ela não conseguia lidar com aquele amontoado de pessoas estando naquelas condições: totalmente ferida e cheia de hematomas. Seu corpo fraco não lhe permitiria mais que isso, estava perdendo a batalha para manter-se de pé.
Eles tiveram que se afastar do palco, mas perceberam que algo anormal havia acontecido no show. Christofer tinha parado de cantar e Luciana não gostou nada da sensação que isso lhe trouxe ao peito.
— Temos que ir embora antes que Maurício volte! — Diego insistia.
O telefone dele tocou insistentemente e, mesmo ocupado puxando
LucianaAcordei.De novo eu estava acordando em um hospital. Eu não aguentava mais aquela agonia.Eu nem tinha mais forças para chorar.Maurício estava em um sofá ali perto, cochilando sentado. O que aconteceu?Minha mente demorou a se concentrar para descobrir como cheguei a esta situação.Sangue.Sangue por todo lado.Sangue em minhas mãos, sangue obstruindo meus olhos. Sangue por todo lado.Um odor de ferro enchendo minhas narinas e bombeando oxigênio por todo o meu corpo.Sangue melando cabelos loiros.Meu Deus do céu.Christofer! Onde está Christofer?! Ele está vivo?Minha voz não saía, mas os meus batimentos acelerados iam chamar alguém para me ajudar.Maurício acordou, e eu respirava pesadamente, levando todos os aparelhos ao extremo de seu funcio
LucianaDiego desmaiou, mas fui eu quem ficou congelada.Éramos irmãos?Amélia não era minha mãe?Tudo era culpa do meu tio?Minha verdadeira mãe morreu anos atrás?Lutero ajudou Diego a se levantar, e ficou dando pequenos tapinhas em seu rosto. Na confusão, as muletas de Diego caíram sobre eles. O rosto do meu primo... do meu irmão ficou completamente pálido, como se o sangue tivesse desaparecido dali. Seus lábios pareciam os de um morto.Eu o olhei sem inclinar meu rosto para baixo. Eu não conseguia assimilar tudo o que Lutero me disse, e acho que precisava de um bom tempo refletindo.Depois de colocar Diego sobre o sofá, Lutero chamou uma enfermeira, que verificou os sinais vitais do meu prim... irmão e o encaminhou de volta ao seu leito.Quando eles saíram e Maurício ve
Luciana— Patético. — Eu virei o rosto e não pude conter uma risadinha. — Eu já vivi isso, Maurício.— Como assim? — Ele arqueou as sobrancelhas, sem retroceder.— Eu sei no que quer que isso termine. Quer que eu me apaixone pelos seus beijos e seus cuidados. Não vai acontecer. — Avisei, fria.— Se tem tanta segurança disso, então um beijo não vai te custar muito. — Ele declarou e eu fiquei mais nervosa.Empurrei os ombros dele para que ele se afastasse de mim.— Quando quiser seu celular, me avise. — Ele foi para seu quarto, obstinado a arrancar de mim qualquer sentimento, ainda que fosse raiva.Eu revirei os olhos.— Eu co
LucianaEu o afastei somente um pouco, e fiquei olhando em seus olhos.Maurício deve ter achado que eu ia gritar, estalar a mão em seu rosto ou amaldiçoa-lo eternamente. No entanto, eu não fiz isso. Eu entendi que eu tinha poder sobre ele, e que deveria usá-lo em meu benefício. Afinal, ele pode ser um psicopata, mas continua sendo um homem, com anseios e angústias.— Se eu o beijar, você permite que eu veja o Christofer? — Suscitei.Maurício se afastou dessa vez, mantendo contato visual.— Por que me faz uma pergunta assim tão difícil? — Ele disse, e me olhou como se eu o tivesse colocado contra a cruz e a espada. — Sim, é verdade que sinto muita vontade de beijá-la, mas não quero que o veja.— Então é melhor que se decida. — Joguei a bomba para que ele digeris
NarradorQuando Christofer acordou, sua mãe já estava trazendo o café da manhã. Ele sentia muita fome. A recuperação estava sendo mais rápida que o esperado e sua pele, outrora pálida, estava recuperando a tonalidade vívida aos poucos.Contudo, a fisioterapia era bem incômoda, e não ter o pleno controle de seu corpo estava o deixando angustiado. Com certeza ele já viveu momentos melhores na vida.— Eu preciso do meu celular. — Christofer disse, vendo a bandeja que sua mãe colocou diante de si. Frutas, pães, e suco de laranja. Além de uma xícara de café fumegante.— Não pode. Vai ser um bombardeio de informações, não é bom para sua saúde no momento. — Yoko respondeu, bem objetiva, quase mecanicamente.— Um bombardeio de informa&cced
LucianaEu me virei de costas, rápida como uma gata arisca, e o vi ali.Christofer.Ele tinha um olhar indagativo e, talvez, até curioso.Dei um passo para trás instintivamente, e pisei numa das raízes da árvore. Acabei perdendo o equilíbrio, e torci para não cair de cabeça no chão.No entanto, ele segurou minha mão. Seu toque continuava firme, rígido e, ao mesmo tempo, cuidadoso.— Cuidado. — Christofer disse, me segurando firmemente até que eu me restabelecesse.Fiquei olhando para a mão dele segurando a minha, e ele percebeu e me soltou. Mas, eu não queria que ele soltasse, estava apenas admirando aquele toque que não sentia há tanto tempo.Não conseguiria superar aquele contato por um bom tempo. Eu ia dormir me lembrando daquele toque.Minhas pernas tremeram
LucianaÀ noite, eu já tinha terminado a segunda garrafa de vinho. Eu bebia e chorava, bebia e chorava.O Christofer apaixonado morreu.Agora ele era um safado sem escrúpulos.Comecei a abrir a terceira garrafa. Eu soluçava, minhas pálpebras pesavam. Meu corpo tentava me desmaiar para que eu parasse de beber, mas eu insistia no erro.E, para piorar, eu estava esmagando meu tesão há muito tempo. E ele aflorou naquele dia porque beijei Christofer.Eu estava bêbada, excitada e abandonada.Maurício chegou com a pasta e o paletó na mão e viu aquele ambiente escuro dentro de casa. Ficou preocupado.— O que é isso, um ritual macabro? — Ele indagou.Eu o ignorei, e continuei tentando abrir a garrafa.Ele não sabia o que dizer.Christofer voltou a ser o mesmo de um no atrás. Tal
LucianaChristofer fez uma expressão severa por causa da minha pergunta.— Eu pensei que era óbvio. — Ele disse.Mordi o lábio por um segundo.— Não é. — Falei.— Então, lamento, mas você não me ama. — Ele disse, desconfiado.— É claro que eu amo, mas eu não posso atrapalhar sua vida. — Falei, suplicando que ele entendesse meu lado.Ele levantou uma sobrancelha, contente por eu ter revelado meus sentimentos por ele assim tão abertamente.— Lute por mim, Luciana. Lute. — Ele disse, suspirando. Esperava alguma atitude minha, eu sei, mas era muito difícil para mim. Eu tinha pavor de rejeição, quanto mais vindo de uma pessoa tão importante para mim, e que não tinha motivo algum para gostar de mim naquela circunstância.E