A reabertura da Dollar S.I. foi um sucesso, apesar dos esforços de alguns jornalistas para criar uma polêmica e assim ter uma grande notícia.
Desta forma, ao fim do dia, Sezão e Johnny tiveram um pouco de paz para conversar com as crianças e explicar toda aquela situação.
Se reuniram então na casa de Johnny e Alice. Betinho, Willy, Ernesto, Gabriel e Helena estavam sentados no sofá, um bem pertinho do outro, com os olhos arregalados e atentos esperando a explicação dos adultos – Alice, Sézão e Johnny - que estavam em pé, tentando disfarçar o desconforto da conversa. Audinéia estava ao lado das crianças, sentada no braço do sofá, com a cara fechada e os braços cruzados.
Johnny então começou:
- Bem galera, eu sei que o que vocês viram parece meio difí
Alice olhava para as peças de porcelana distribuídas em cima da mesa do jantar. Tentava organizar em sua mente a finalidade de cada peça. Era acostumada a usar pratos comuns e copos de vidro de requeijão, então reconhecia que aquele jogo de jantar não era comum.Entender a porcelana passou a ser brincadeira de criança perto do faqueiro.“Meu Deus, por que tantas peças?”, pensou, “será que é obrigatório usar tudo isso?”- Gostou?Alice se assustou com a aparição repentina de Johnny.- É… eu… nossa, claro… Nunca vi algo tão chique assim. Tenho até medo de usar.Johnny arregalou os olhos.- Não amor, não se preocupe. Foi um gesto de carinho da minha mãe, só isso. Ela está muito feliz de finalmente vir jantar na nossa casa
Cinza.Uma parede… cinza.Linhas amarelas.Dor.Uma luz.“Onde estou?”, pensou Diego, enquanto seus olhos tentavam se acostumar com a claridade.Assim que se deu conta que não reconhecia o lugar, tentou levantar rapidamente, mas acabou sendo puxado e permaneceu sentado. Percebeu então que suas mãos estavam presas com aros e correntes.- Mas que droga é essa?!?Olhou em volta; estava num cômodo pequeno, com no máximo três metros quadrados, paredes cinzas e uma cama de ferro, com um colchãozinho fino, coberto por um lençol branco. E só.Nada de portas. Nada de janelas. Somente uma portinhola no teto.Não achou que gritar seria uma ideia muito eficient
- Eu preciso que vocês saiam. Daqui em diante isso é trabalho da polícia. - disse Allan, em direção a Sezão, Johnny e Ed.- Da mesma polícia que não quis investigar o desaparecimento antes de 72 horas? - respondeu Johnny.Ed, Alice, Sezão e Carlos olhavam atentamente os dois; quase podiam ver as faíscas surgindo entre eles.- Eu não preciso discutir os procedimentos da polícia com você, senhor John Dollar. Você pode até mandar lá na sua empresa, mas aqui você é um cidadão igualzinho qualquer outro.Johnny ficou vermelho de raiva.- Pois esse cidadão aqui, junto com os demais, é que paga seu salário. E sabe do que mais? Diego é praticamente da minha família, e eu quero saber SIM a respeito desse caso.Allan deu um passo em direção a Johnny, e os dois ficaram se encara
Já haviam se passado 6 horas desde que Johnny havia discutido com Allan e nenhuma notícia nova havia surgido.Johnny estava deitado na cama, olhando o teto. Se tinha dormido meia hora durante a noite toda, era muito. Não conseguia ficar parado e muito menos descansando enquanto seu amigo poderia sofrer coisas horríveis.- Nós vamos achá-lo.A voz de Alice o fez despertar de seus pensamentos sombrios; ele se virou para ela e esboçou um pequeno sorriso.- Que bom que você está comigo. Tudo isso é um grande pesadelo e eu não sei o que faria se estivesse aqui sozinho.- Temos que ter fé. Eu sei que aquele detetive é meio difícil…- Meio difícil? Ele é um completo cretino!Alice suspirou. Não queria inflar ainda mais a raiva de Johnny, mas também não poderia discordar dele; o detetive era uma mala sem a
Alice gostaria de ter ido com Johnny para a empresa, mas foi pega de surpresa por uma visita: Catherine, sua sogra, tinha aparecido para combinar uma nova data para o jantar. Além disso, Johnny havia contado à mãe que Alice estava nervosa, e achou que uma boa conversa entre elas iria acalmá-la.As duas conversavam animadamente na sala, sentadas no sofá uma ao lado da outra, enquanto tomavam um suco de laranja.Ernesto, que estava na cozinha comendo um pudim que sobrara do jantar do dia anterior, passou pela sala em direção a porta de saída. A princípio andou pé-ante-pé, evitando incomodar as duas mulheres; porém logo percebeu que elas estavam empolgadas demais para lhe dar qualquer atenção, então continuou andando normalmente.Assim que abriu a porta para sair da casa, deu de cara com Betinho, que estava com a mão erguida, pronto para bater.- U
- O que eu posso te dizer é que eu compreendo que você considere o que eu faço perversão. Dependendo da combinação de fatores que envolvem a nossa vida, acabamos condicionados a olharmos a vida dos outros de forma bem restrita. - começou Diego, calmamente.- Eu não tenho a visão restrita, pelo contrário! Acho que já demonstrei pra você o tanto de conhecimento que tenho!- Sem dúvida, não questiono isso. Já percebi que você estudou muito do assunto. Mas não há nada que nos revele mais sobre a verdade do que a experiência; você passar por uma situação te faz ver tudo com outros olhos.- Concordo que SENTIRMOS algo vivenciado é diferente do que SENTIRMOS algo que conhecemos só em teoria. Mas a questão não é essa. Eu n&ati
- Uma balada? O endereço tá certo?Ed olhou novamente o celular.- Está certo sim Johnny. Esse é o endereço da Alexia. Pelo menos é o endereço que ela forneceu pra empresa, e depois confirmou.- Iiihhh… isso tá me cheirando confusão. - comentou Sezão.- Mas que tipo de gente
- Sua história é comovente; infelizmente não estou aqui para testar emoções, estou para uma discussão racional, e não entendi o que você quis argumentar com tudo isso. Diego percebeu que o sequestrador tinha ficado mexido com a história, mas estava longe de ser convido a libertá-lo. - Quis demonstrar tudo é questão de percepção. Eu sou o mesmo Diego para meu pai, para meus ex-vizinhos, para toda a sociedade, mas cada uma me interpreta de uma forma. Me julga conforme seus próprios critérios. Para alguns sou apenas um cara legal, para outros sou um pervertido, para outros sou exemplo de coragem… para a moça da cafeteria sou apenas o cara que todos os dias senta na mesa ao lado da janela e pede o mesmo tipo de café. Então não sou eu que tenho que ser “trabalhado”, são vocês que tem que entender porque uma escolha MINHA afeta tanto vocês. Diego se levantou, caminhou até o sequestrador e sentou-se ao lado dele, encarando-o. - Eu nunca sequestraria alguém.<