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Capítulo 6 - O Guardião do Sacrifício

Mara ainda estava ajoelhada na clareira, seus soluços ecoando na vastidão da floresta que agora parecia adormecer ao redor dela. A sensação de perda era avassaladora, e o vazio deixado pela partida de Susan pesava em seu peito como um ferimento aberto. Por um momento, ela ficou ali, sem saber o que fazer. A clareira antes sombria agora estava iluminada por um brilho pálido e suave, como se a floresta finalmente estivesse em paz, mas o preço era alto demais.

Ela sentiu uma brisa leve passar por seus cabelos, trazendo consigo um sussurro familiar. Era a voz de Susan, suave e distante, como se viesse de um lugar entre os mundos.

— Você precisa continuar, Mara. O reino ainda precisa de você.

Levantando-se com dificuldade, Mara enxugou as lágrimas e olhou para a clareira, onde agora apenas uma marca cintilante na pedra negra lembrava do sacrifício de sua amiga. Ela sabia que a missão ainda não havia acabado. O pacto estava desfeito, mas a maldição não desapareceria tão facilmente. O espírito mencionou que alguém deveria tomar o fardo, e agora ela entendia o que isso significava.

Ela olhou para a espada em sua mão e, com uma determinação renovada, seguiu em frente.

Mara seguiu adiante, a clareira desaparecendo gradualmente atrás dela conforme mergulhava mais fundo na floresta. A névoa que antes dançava ao seu redor agora se dissipava, e o caminho à frente parecia mais claro, mas isso não a reconfortava. Sem Susan ao seu lado, cada passo parecia mais pesado, e a escuridão, apesar de recuar, ainda sussurrava lembranças e dores não resolvidas.

Ela continuou até a borda da floresta, onde os primeiros raios do amanhecer cortavam o horizonte. Por um momento, ela se permitiu parar e observar o nascer do sol, um brilho dourado que contrastava com a escuridão que havia carregado por tanto tempo. O reino estava livre da maldição que por gerações os aprisionara, mas o preço ainda reverberava em seu coração.

Ao se aproximar do vilarejo, os habitantes a olharam com um misto de esperança e apreensão. Eles sabiam que Mara e Susan haviam partido em busca de uma solução, mas o retorno solitário de Mara já dizia o suficiente. Uma anciã aproximou-se, os olhos marcados pela sabedoria e pelas perdas que tantos outros ali também carregavam.

— Você conseguiu? — a mulher perguntou, sua voz embargada pela expectativa e pelo medo.

Mara assentiu lentamente, os olhos marejados, mas firmes. — O pacto foi desfeito. O reino está livre... mas Susan se sacrificou para que isso fosse possível.

Houve um silêncio coletivo, como se todo o vilarejo prendesse a respiração ao mesmo tempo. A anciã colocou a mão no ombro de Mara, num gesto de conforto.

— O preço da liberdade muitas vezes é alto. Susan sabia o que estava em jogo — disse a mulher, com um tom de respeito e tristeza.

Mara sentiu a dor crescer em seu peito, mas ela também sabia que precisava seguir em frente. Havia um reino para reconstruir, pessoas que precisavam de esperança e de uma nova direção. Ela não poderia se perder em seu luto; precisava honrar o sacrifício de Susan, tornando-o o alicerce de um novo começo.

— O espírito disse que aquele que desfez o juramento seria o novo guardião, preso entre os mundos. Susan aceitou o fardo para que todos pudessem viver livres. — Ela fechou os olhos por um momento, sentindo a brisa suave que passava pelo vilarejo. — Não deixaremos que seu sacrifício tenha sido em vão.

Os aldeões começaram a se juntar ao redor dela, formando um círculo de apoio. O luto ainda estava presente, mas uma chama de esperança começava a surgir em seus olhos. Eles sabiam que Mara era agora sua líder, alguém que carregava não apenas a força, mas também a memória de Susan.

— Vamos honrá-la, reconstruindo o que foi perdido — disse Mara, com a voz mais firme do que antes. — O reinado da escuridão acabou. É hora de trazer luz de volta às nossas vidas.

Enquanto os aldeões murmuravam em concordância, Mara sentiu um leve toque em seu ombro, como se uma mão invisível estivesse ali, confortando-a. Ela sabia que Susan, mesmo aprisionada entre os mundos, continuaria presente de alguma forma, guiando-a e oferecendo sua força.

A partir daquele dia, Mara jurou não apenas liderar seu povo, mas também proteger o reino contra as trevas que pudessem ameaçá-los novamente. A floresta, que outrora era um símbolo de medo e desespero, seria lembrada como o lugar onde a coragem de duas amigas libertou a todos.

E assim, a lenda de Susan, a Guardiã do Sacrifício, começou a ser contada.

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