Meu Melhor Desejo (Parte II)
Meu Melhor Desejo (Parte II)
Por: Lyly
Consumido

Mark Fletcher

Passei as últimas duas semanas, tentando provar a mim mesmo, que não estava apaixonado pela Alison. Consegui não procurá-la, mas não pensar nela, foi algo impossível. Achei que se ficasse longe, e evitasse não pensar nela, chegaria a conclusão de que tudo não passava de algo físico, que era apenas uma atração intensa, e que não vê-la, ou pensar nela, isso me daria a resposta. Mas a única reposta que tive, foi a de que preciso mais dela, do que eu imaginava.

A falta que sinto agora, não é do seu corpo nú, totalmente entregue a mim. Sinto falta mesmo, é de pelo menos vê-la, poder tocar seu rosto enquanto dorme, de seu olhar doce e inocente, de como ela sorri, de como seu rosto fica gracioso quando ruboriza, e principalmente, em como me sinto feliz quando estou com ela.

Agora faz todo sentido pra mim, o porquê eu me senti tão agoniado e, de certa forma, triste quando ela partiu da minha casa. Eu tive medo de perdê-la. Mas a conclusão é óbvia, ela nunca fôra realmente minha, e agora sei o quanto eu precisava que fosse, e apenas o temer, já era algo fatídico e lógico, eu apenas não quis admitir para mim mesmo, o sentimento que eu tinha.

Eu perdi qualquer chance, que um dia poderia ter, de estar com ela do jeito certo, apenas por ser tolo. E agora não sei o que fazer, com a sensação esmagadora que sinto no peito.

- Você deveria procurá-la.

- O quê? - sou tirado dos meus devaneios por Daniel. 

- Eu sei que você está pensando nela, e tem pensado constantemente.

- Eu...eu só estava... - encaro minha mão em cima da mesa.

- Você está se martirizando demais. Vocês nem sequer conversam depois daquilo, e você age como se fosse um ponto final para tudo.

- Você não viu como ela me olhou Dan, não tem ideia de o quanto aquele olhar dela deixava claro, que me repudiava.

- Ela pode até ter repudiado a sua atitude, mas não significa que não haja uma maneira de resolver.

- E o que eu deveria fazer, rastejar atrás dela? Implorar que me perdoe?

- Sim! - ele me encara sério - Porquê é isso que seu sentimento quer que você faça. E se você não fizer o mínimo de esforço, nunca saberá se teria uma chance ficar com ela.

- Você só pode estar brincando. Não é? - o olho incrédulo - Eu nunca fiz isso por uma mulher na minha vida...

- Mas também nunca esteve apaixonado... Não é?

Ele está certo nesse ponto, mas correr atrás de alguém, e "implorar" por uma chance, parece coisa de filmes e novelas, coisa pra adolescente. Não me vejo praticando isso na vida.

- O quanto você a quer? O quanto você acha que vale a pena? Se sua resposta para isso, não for, correr até lá, e "rastejar" aos pés dela, seu sentimento por ela, não é algo que deveria fazer você se sentir tão mal. Por que aí sim, você está perdendo seu tempo.

- Eu sinto muito a falta dela, e gostaria de poder tê-la comigo.

- Ótimo! Então você já sabe o que fazer para tentar mudar isso. - ele se levanta e sai, me deixando sozinho.

Novamente, meus pensamentos são tomados pela Alison, e as palavras que Daniel acabou de me dizer. Será que eu deveria mesmo procurá-la e tentar conversar? E o que eu diria a ela? Que sinto a falta dela? Que preciso dela ao meu lado? Expor claramente o que sinto, e correr o risco dela rir da minha cara, me chamar de psicopata tarado, e ainda me pedir para ficar bem longe dela, outra vez? Parece doloroso demais para conseguir suportar.

- O jantar está servido Sr. - Penny me informa.

- Obrigado, Penny!

Eu nunca imaginei, que passaria parte das minhas noites, encarando o fogo na lareira. Há tantas formas de ser consumido, e enquanto o fogo consome a lenha, o medo de uma possível rejeição, consome meu peito, e a Alison, consome meus pensamentos.

Vou para a sala de jantar, e mais uma vez, ela está lá, sentada ao meu lado, usando aquele vestido vermelho, que fez meu corpo ferver intensamente. Mas agora, aquele vestido vermelho, não me traz mais a mesma sensação, a falta agora, é de poder ver seu rosto, e ter sua companhia.

- Ahhh - apoio os cotovelos na mesa, e as duas mãos ao rosto. - Eu vou acabar ficando louco. - concluo solitário.

Depois do jantar, subo as escadas, e sigo pelo corredor, acho que tentar dormir, deve ser melhor do que ficar encarando as paredes e deixando meus pensamentos ainda mais nebulosos com tantas questões. Mas ao passar em frente a porta do quarto em que a Alison ficou, sou tomado por uma vontade imensa de entrar.

Quando abro a porta, o cheiro do perfume dela ainda está lá. Desde que ela foi embora, eu ordenei que esse quarto ficasse fechado, e que não fosse tocado em nada nele, para que permanecesse do jeito que ela deixou.

Sentir o cheiro dela, faz meu coração acelerar, e um sorriso tímido brotar no meu rosto. O pingo de felicidade que sinto ao entrar aqui, é o que tem me feito manter a sanidade nessas últimas semanas.

Caminho até a cama, e passo levemente a mão pelo travesseiro que ela usou, e parece que meu peito se aperta ainda mais. Resolvo sair daquele quarto, e seguir com o planejado: tentar dormir.

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