______________________________________________JILEAN Quando eu virei o corredor e vi minha menina nos braços dele, meu corpo gelou, eu estremeci. Andei o mais rápido que pude enquanto minhas pernas pareciam querer falhar. Rick e Jack conversavam alguma coisa aleatória quando me encararam espantados. — Ravi? — Falei a cinco passos de distância dele, engolindo em seco para não vomitar. — Me dá. — Falei apontando para a Agnes segurando a mão dele. — Vem filha. Vem aqui. — Chamei. — Mira mamá, es papá. — Agnes falou. — Olá Lucy. — Ele sorriu me encarando. — Não me chame assim. — Falei desviando o olhar. Eu ainda conseguia me sentir a pessoa mais suja do mundo sob o olhar dele, ainda me sentia uma mulher fraca e vulnerável. — se lo devuelve! — Eu me aproximei a uma distância segura em que eu pudesse pegar a mão da Agnes e me afastei novamente, mantendo os cinco passos. — Eu achei que você... — Estivesse morto? — Ele sorriu. — Bem vivo. Então você também soube do acidente. — Ele assent
________________________________________________RICK Vê-la destroçada daquele jeito estava me dando náuseas, a forma como ele a subjugou apenas com sua presença, como ela tremera diante dele e como o pânico tomou conta de seus olhos ao ver sua filha no colo daquele homem me deixou com uma fúria desconhecida. Eu queria colocá-lo para fora dali a ponta pés, mas se ele era o pai eu não podia fazer nada a não ser conduzir a situação de forma que pudesse protegê-la. Quando eu a vi desabar na cobertura do hospital, acuada num canto solitário, orgulhosa o suficiente para não dividir a sua dor conosco, reprimindo o choro para não assustar a sua filha, aquilo me destruiu e ao mesmo tempo desabrochou em mim um instinto protetor que eu nunca sentira por ninguém em minha vida. Depois de uma hora ela se levantou do chão com uma expressão fechada no rosto, foi até nós com sua menina adormecida nos braços e apenas assentiu com um gesto quase imperceptível. Nada falou. Descemos todos silenciosos, re
_______________________________________________JILEAN — O que está acontecendo? — Van falou me acordando... A encarei ainda confusa sobre minha realidade e percebi que estava abraçada ao Rick enquanto a Agnes se aninhava ao meu corpo. A Agnes acordou quando tentei retirá-la com cuidado e os dois rapazes também. Num pulo minha garotinha se levantou indo correndo até a cama da Van, mesmo ela não alcançando. —Titia. — Agnes falou a encarando sorridente enquanto subia as duas escadinhas da maca e segurava sua mão. — Oi pequenina. — Van sorriu com sua expressão cansada. — Tenho seguranças? — Van falou me encarando ainda sorrindo. — Desculpe! — Dei de ombros indo até ela. Me joguei em seu corpo rechonchudo, me deitando ao seu lado na cama. — Este é o Jack... — Apontei para o Jack. — Este é o Rick! — Apontei para o Rick. — É um prazer conhecê-la. — Jack assentiu com um sorriso. — Olá. — Rick sorriu. Ela encarou este último de cima a baixo. — Então este é o CEO? — Ela perguntou, o f
_______________________________________________JILEAN Eu gargalhei com aquele comentário e de repente o quarto se tornou uma festa de lambança e gargalhadas. Logo o Jack e a Van já estavam conversando como se fossem melhores amigos. — Como vocês se conhecem? — Rick perguntou acomodado num lado do sofá e eu do outro lado. — Moramos no mesmo prédio. Eu estava lá no dia em que essa jovem linda chegou de mudança e ela me lembra muito a minha filha que perdi há alguns anos. Foi um laço á primeira vista. Eu a ajudei a subir as coisas, ela me convidou para tomar um café e no outro dia ela tomou café no meu apartamento. E assim permanecemos até hoje! — Van sorriu pra mim. — E hoje é só no apartamento dela, porque o café da Van é incrível. — Falei animada. — Eu não sei o que é, o cheiro, o gosto. Tudo, nunca tomei igual. — Eu acho que eu estou na família certa. — Jack brincou. — Ela é um pouco exagerada, mas será um prazer fazer meu café para vocês dois. Principalmente porque cuidaram mu
_________________________________________________RICK O apartamento de Van era pequeno, acredito que minha sala chegava a ser maior, e eu me vi percebendo o quanto a Realidade delas era completamente diferente da minha... Eu estava acostumado a estar em mansões, até mesmo meu apartamento tinha três quartos e uma vista incrível, a acordar todos os dias e ter o meu carro até para ir numa padaria. Eu imaginei a Jilean tendo que acordar todo dia com a Agnes e descer todas as escadas correndo para pegar o metrô e chegar ao set. Aquilo me fez admirá-la ainda mais! — Vou fazer um café para nós. — Van falou já indo para a cozinha. — Não quer que eu faça? — Jilean perguntou. — Ah não, você não vai me tirar isso também. — Van falou com uma careta. — Você está certa, porque estou morta de vontade de tomar seu café. — Jilean sorriu. Agnes se jogou no sofá e ligou a TV. — Vou até lá em cima pegar roupa pra mim e para a Agnes. — Jilean deu de ombros. — Ah sim. — Van falou enquanto colocava a
_________________________________________________RICK Ela assentiu e suspirou. Eu queria me levantar da cama e ir embora. Queria retirar o que disse. Queria recuar. Porque eu nunca havia sentido o que estava sentindo naquele momento e eu não queria de forma nenhuma machucá-la. Ela já havia sido machucada demais! Mas não consegui. Observei-a tão perto e antes que eu me desse conta, minha mão já estava em seu rosto. Acariciei sua bochecha, seus lábios, retirei as mexas de sua face enquanto ela suspirava com meu toque. Seus olhos se fecharam e ela engoliu em seco. Quando voltou a abri-los eu quase perdi o ar, ela encarou diretamente meus lábios. Precisei contar milhões de vezes mentalmente o motivo para não beijá-la, um deles é que eu não conseguiria me contentar só em beijá-la, e eu era um cafajeste com as mulheres que passavam pela minha cama. Tive que me esforçar bastante para me lembrar disso quando a ponta de seus dedos tocaram meu rosto, desenharam o contorno de minha face e passar
_________________________________________________RICK — O café está pronto há um século. — A Van disse sentada no sofá quando entramos. — Vou tomar um banho em seu banheiro. — Jilean disse passando por ela com um sorrisinho. — Vem filha, vamos tomar banho. — Ah não, mamá! — Agnes fez careta se jogando no colo da Van — Ven pronto tu cerdito. — Jilean falou fazendo eu e a Van rir com a cena. A menina levantou e foi correndo atrás da mãe. Van foi até a cozinha colocar o nosso café e eu me apoiei no balcão. — Então... — A Senhora falou colocando meu copo de café no balcão. — Aquela menina mulher lá dentro é muito forte, e desconhece a força que tem. Vou ser brega o suficiente e pedir que você não a magoe. — Ela disse com seu copo de café. — Não é a minha intenção. — Falei olhando nos olhos da mulher. — Qualquer pessoa do outro lado do mundo veria isso. — Van disse sorrindo. — Independente da sua reputação, você me parece uma boa pessoa. Eu não costumo fazer pré-julgamentos, prefir
_________________________________________________RICK — Porque eu gostava de como minha vida estava antes dela chegar. — Desabafei. — E então ela chegou e bagunçou tudo. Eu sinto que não estou no controle quando estou perto dela. E puta que pariu. Toda essa coisa parece muito complicada. Não sei lidar com isso. Ela não é o tipo de mulher que eu durmo. Ela é diferente. Não posso levá-la pra cama, e quero muito fazer isso. Inferno. — Resmunguei. — Então é real? — Jack falou animado. — Minha nossa! — Por que eu sinto que você está se divertindo com meu sofrimento? — O encarei com uma careta. — Porque achei que isso nunca aconteceria. — Jack deu de ombros. — Não me leve a mal. Eu não sabia se você era capaz de se apaixonar um dia. — Se serve de consolo. Nem eu. — Resmunguei com um sorriso de canto. Jack gargalhou me fazendo gargalhar junto. — Ela é incrível. — Jack sussurrou deixando o corpo cair ao meu lado. — Ela é... — Suspirei. — Então ainda não rolou nada? — Jack perguntou.