_________________________________________________RICK Ela assentiu e suspirou. Eu queria me levantar da cama e ir embora. Queria retirar o que disse. Queria recuar. Porque eu nunca havia sentido o que estava sentindo naquele momento e eu não queria de forma nenhuma machucá-la. Ela já havia sido machucada demais! Mas não consegui. Observei-a tão perto e antes que eu me desse conta, minha mão já estava em seu rosto. Acariciei sua bochecha, seus lábios, retirei as mexas de sua face enquanto ela suspirava com meu toque. Seus olhos se fecharam e ela engoliu em seco. Quando voltou a abri-los eu quase perdi o ar, ela encarou diretamente meus lábios. Precisei contar milhões de vezes mentalmente o motivo para não beijá-la, um deles é que eu não conseguiria me contentar só em beijá-la, e eu era um cafajeste com as mulheres que passavam pela minha cama. Tive que me esforçar bastante para me lembrar disso quando a ponta de seus dedos tocaram meu rosto, desenharam o contorno de minha face e passar
_________________________________________________RICK — O café está pronto há um século. — A Van disse sentada no sofá quando entramos. — Vou tomar um banho em seu banheiro. — Jilean disse passando por ela com um sorrisinho. — Vem filha, vamos tomar banho. — Ah não, mamá! — Agnes fez careta se jogando no colo da Van — Ven pronto tu cerdito. — Jilean falou fazendo eu e a Van rir com a cena. A menina levantou e foi correndo atrás da mãe. Van foi até a cozinha colocar o nosso café e eu me apoiei no balcão. — Então... — A Senhora falou colocando meu copo de café no balcão. — Aquela menina mulher lá dentro é muito forte, e desconhece a força que tem. Vou ser brega o suficiente e pedir que você não a magoe. — Ela disse com seu copo de café. — Não é a minha intenção. — Falei olhando nos olhos da mulher. — Qualquer pessoa do outro lado do mundo veria isso. — Van disse sorrindo. — Independente da sua reputação, você me parece uma boa pessoa. Eu não costumo fazer pré-julgamentos, prefir
_________________________________________________RICK — Porque eu gostava de como minha vida estava antes dela chegar. — Desabafei. — E então ela chegou e bagunçou tudo. Eu sinto que não estou no controle quando estou perto dela. E puta que pariu. Toda essa coisa parece muito complicada. Não sei lidar com isso. Ela não é o tipo de mulher que eu durmo. Ela é diferente. Não posso levá-la pra cama, e quero muito fazer isso. Inferno. — Resmunguei. — Então é real? — Jack falou animado. — Minha nossa! — Por que eu sinto que você está se divertindo com meu sofrimento? — O encarei com uma careta. — Porque achei que isso nunca aconteceria. — Jack deu de ombros. — Não me leve a mal. Eu não sabia se você era capaz de se apaixonar um dia. — Se serve de consolo. Nem eu. — Resmunguei com um sorriso de canto. Jack gargalhou me fazendo gargalhar junto. — Ela é incrível. — Jack sussurrou deixando o corpo cair ao meu lado. — Ela é... — Suspirei. — Então ainda não rolou nada? — Jack perguntou.
_______________________________________________JILEAN Eu estava parada ao lado do Ron, encarando o Rick e a Van como velhos amigos. Ele estava empolgado respondendo o turbilhão de perguntas da Agnes. Meu coração estava acelerado, talvez porque agora eu o estava enxergando de uma maneira completamente diferente do que enxergava antes. — Eu continuo sem entender... — Ron deu de ombros o encarando. — O quê? — Perguntei o encarando. — Como de repente você tornou o meu amigo um homem de família. — Ron falou com uma careta. — Eu? O que te faz achar que fui eu? — Perguntei arqueando uma das sobrancelhas. — Não sei. Talvez porque a forma que os olhos dele te mapeiam de segundo em segundo enquanto carrega a sua filha e anda de braços dados com a sua amiga de forma completamente empolgada e inocente, diga algo. Ou não, talvez seja só um devaneio louco da minha cabeça. — Ron falou balançando negativamente a cabeça. Eu gargalhei. — Eu acho... — Sussurrei estreitando os olhos para ele. — Q
_______________________________________________JILEAN Ana chamou o garçom que juntou mais uma mesa a dela no canto e nos sentamos todos. O Rick sentou-se ao lado da mãe que por sua vez se despediu da amiga e disse que ficaria mais um pouco. Agnes sentou-se ao lado de Rick pela simples vontade de não desgrudar dele. Eu sentei-me em frente a Rick enquanto Van sentou-se no canto em frente à Ana. O garçom veio até nós e fizemos nossos pedidos. — O que você irá querer, querida? — Rick falou mostrando as fotos de comida do cardápio para Agnes. — O mesmo que o seu. — A menina respondeu. — Vejamos então... — Rick sorriu encarando o cardápio. — Que tal este? — Parece bom. — A menina assentiu sorrindo. — Pegaremos este então. — Ele assentiu fechando o cardápio e colocando sobre a mesa. — Mamãe, a senhora já almoçou? — Ele perguntou agora encarando Ana. — Ainda não, meu bem. Mas já fiz meu pedido. A Lena já havia almoçado quando cheguei e estava um pouco atrasada para uma reunião, eu almoç
_______________________________________________JILEAN Entrei numa das cabines vazias e sentei em cima do vaso sanitário tentando colocar meus pensamentos em ordem, respirei pelo menos três vezes antes de sentir as lagrimas descerem pelo meu rosto. Isso não podia estar acontecendo, eu não imaginei que ficaria sem a Van porque em minha mente eu daria um jeito, mesmo sabendo lá no fundo, que não tinha jeito a dar. Que eu realmente não dava conta! Me senti impotente diante disso, a Van sempre falava com a irmã caçula dela, e inclusive ela já havia vindo nos visitar pelo menos duas vezes. Mas era em outro país e por isso eu sabia que não daria para vê-la sempre que eu quisesse. Eu estava sozinha novamente. Somente eu e a Agnes. Mesmo que o obstáculo fosse apenas a distância, não estava sendo menos duro. A Agnes a venerava, ela sentiria isso, e eu sentiria mais ainda, pela minha menina e por mim. Depois de cinco minutos eu limpei as lagrimas e saí da cabine, estava lavando meu rosto na pia
_________________________________________________RICK Van pegou os copos e nos serviu, nos sentamos os três e iniciamos uma conversa legal sobre a vida dela e da família dela. — Minha nossa. Infelizmente eu preciso ir. — Falei encarando o relógio em meu pulso. — Você não vai dirigir desse jeito rapaz, fica aí. Este sofá tem o maravilhoso poder de se tornar uma cama. — Ela falou batendo no sofá. — Não, não quero incomodar. E estou quase sóbrio. — Suspirei. — Van está certa. Não é uma boa ideia você dirigir depois de duas garrafas de uísque e vinho. — Estou acostumado a tomar bebidas piores. — Dei de ombros. — Não temos seguro. — Van brincou. — Está decidido. Amanhã pela manhã, quando estiver um pouco mais sóbrio e descansado, você vai. — Tudo bem então. — Cedi. Eu sabia que elas não me deixariam ir nem que eu implorasse. E no fundo, eu queria ficar. Conversamos um pouco mais e armamos o sofá cama no meio da sala. — Vocês dois vão ficar bem aí? — A Van perguntou nos encarando.
_______________________________________________JILEAN Quando abri os olhos ele ainda dormia, de olhos fechados e inconsciente parecia um anjo, mas ao me lembrar dos seus dedos dentro de mim durante a madrugada, a aureola imaginaria sumiu. Ele não era nada celestial! Suspirei, fechei os olhos quando a lembrança do prazer me atingiu em cheio me fazendo ficar excitada as 06h00min da manhã. Me sentei na cama improvisada e passei a mão nos cabelos depois de uma bela espreguiçada, a Van iria embora ás 08h00min e ainda não havia levantado. Me levantei e fui preparar um café para que ela ao menos pudesse comer algo antes de sair para tão longe. Sei que meu café não chegava perto do dela, mas eu queria muito que ela levasse algo de mim, porque eu sinceramente não sabia como seria viver sem ela. Lembrar disso fez o meu coração doer, afastei o pensamento triste e continuei lavando a louça enquanto a água do café fervia. Notei que estava sendo observada e me virei no reflexo. Ele estava parado n