Helena Hernandes
Havia se passado algumas semanas desde aquele episódio constrangedor com o general. Não cruzei mais com ele, o Tenente Klaus nos informou que nos orientaria enquanto o general se ocupava com outros assuntos pendentes junto ao Coronel Matias.
Pelo menos nessa semana estava respirando aliviada, só pelo fato de não encontrá-lo. Á noite eu tinha cada sonho mais erótico que outro, sonhei até que ele me possuía em cima de sua mesa e só de lembrar, sentia minha virilha latejar.
Eu realmente precisava dar um jeito naquela seca que me encontrava há três anos e meio sem transar. Se duvidar, eu estava virgem de novo.
Naquele final de semana, Luísa e eu ficamos de procurar um apartamento para alugar quando não estivermos no quartel. Eu estava escovando um cavalo branco quando notei que Felipe estava ali me olhando e sorrindo.
— Helena, acho tão bonito a maneira que cuida dos animais. - comentou
Levei o cavalo para o seu lugar e respondi enquanto trancava a porteira:
— Quê isso?! Só faço meu trabalho. E você já terminou de limpar as áreas que foi selecionado?
— Ah, sim. Tivemos muito trabalho, mas conseguimos resolver tudo em três dias!
Segui guardando o material de limpeza e organizando, quando ele comentou me olhando timidamente:
— Posso perguntar algo você?
— Sim, claro. Pode perguntar!
Ele sorriu pegando na minha mão e se pronunciou enquanto eu sentia meu rosto corar:
— Você quer sair comigo assim que tivermos uma folga, tipo um encontro? Queria te conhecer melhor, acho você tão bonita.
Felipe me olhou de maneira carinhosa esperando minha resposta.
Não podia negar que ele era um cara muito fofo, além de bonito. No entanto, quando estava prestes a responder, ouvi a voz do general que parecia possesso e bravo.
— Mas o que é isso aqui? Vocês por acaso são pagos para ficarem de papo?
Suspirei pesadamente. Aquele homem só chegava na hora que não deveria.
Retomei minha compostura, junto com meu parceiro de equipe também e respondi:
— Desculpe, senhor. Só estávamos descansando um pouco. Já irei retornar às outras tarefas, terminei com os cavalos.
— Eu também já terminei meu serviço naquela área, senhor. Apenas parei para descansar um pouco!
Ele nos observou seriamente e disse autoritário:
— Não interessa se já terminaram as primeiras atividades, o trabalho só termina quando o dia acaba.
— Me desculpe dizer, senhor, mas isso aqui não é uma senzala e muito menos somos escravos para não ter o direito de ter pelo menos dez minutos de descanso. Eu não sou nem um burro ou jumento de carga!
Felipe me olhou, incrédulo pela minha resposta enquanto o General trincava os dentes me olhando sério e disse com um sorriso maléfico:
— Já está abrindo as asinhas, soldada Hernandes. Não se esqueça de que aqui dentro, sou seu superior e não seu colega de farda! Quem manda aqui sou eu e se eu digo que você trabalhe, terá que cumprir o que ordeno.
— Eu não sou paga para servir ao senhor, General Cortez. Quem paga meu salário é o exército, não você. Não trabalharei além da minha carga de trabalho estabelecida nesta pasta. — o encarei seriamente.
Se ele pensava que iria me intimidar por ser meu superior, estava enganado. Então, o general ordenou, me olhando diabolicamente:
— Pelo seu abuso, você vai ficar presa aqui até o final do mês para aprender a respeitar seu superior. E também amanhã irei te dar uma nova função, quero ver se é dura na queda como é com essa língua afiada.
— Isso não é justo. O senhor não pode fazer isso, eu tinha o direito às minhas folgas!
Ele sorriu maliciosamente e disse ajeitando seu chapéu:
— Disse bem, tinha! Você deveria ter pensado antes de me desafiar, soldadinha insignificante. Agora volte os dois às suas funções, se não o próximo a pegar punições será você soldado, Felipe.
Ele se virou e saiu se retirando.
Que raiva desse general filha da puta! Minha vontade era arremessar o balde com água no meio das costas dele. Agora percebia o porquê o resto do quartel tinha medo dele e o odiava. Sem dúvidas, um cara como aquele não tinha amigos pela maneira arrogante e ignorante.
Felipe me olhou, perplexo e falou, com um sorriso triste:
— Já vi que nosso encontro terá que esperar.
Passei a mão na minha testa para limpar o suor e comentei:
— Sim, me desculpe. Fica para uma próxima. Agora preciso retomar as minhas atividades, antes que aquele animal arrogante volte com o chicote para bater na escrava aqui.
— Tudo bem! Também tenho que voltar para ajudar Carlos a lavar os veículos. Até mais tarde, Helena.
Felipe se retirou me dando as costas, enquanto eu terminava de guardar os materiais de limpeza.
Não sabia o que havia me dado na cabeça para falar naquele tom com o General Cortez, mas não consegui segurar minha língua. Odiava pessoas que se sentia no prazer de humilhar outras por ter um cargo superior. Uma coisa era certa; minha afronta iria me custar caro mais tarde, percebi no olhar que ele me deu antes de sair.
No final do dia, finalmente terminei minhas tarefas. Realizei minha refeição e depois segui para o alojamento.
Peguei minha roupa e fui para o banheiro. Ao entrar, percebi que eu era o centro das fofocas entre as meninas, e quando me viram, elas disfarçaram.
Menos a nojenta da Miriam que comentou com ironia:
— Vejam só, se não é a soldada que desafiou o general. Olha, garota, eu não dava nada para você, mas percebo que me enganei!
Ela me lançou um sorriso malicioso enquanto as outras davam risadas.
— Para você ver que de lerda, eu só tenho a cara mesmo. Mas antes que eu esqueça, o que você tem a ver com isso? Por que não cuida da sua vida, sua salsicha comprida?
Ela me olhou com a cara fechada enquanto as outras garotas continuavam dando risadas e Miriam comentou, maliciosamente:
— Ah, então você ouviu que era uma lerda. Não posso fazer nada, querida, mas pensa bem no que me fala, posso deixar esse seu rostinho roxo!
Então, respondi com sarcasmo olhando para aquela loira oxigenada:
— Não pense que vou me intimidar por você ser mais alta, sua salsicha. Se quiser partir para cima e só vir. Mas te garanto que quem sairá com a cara roxa, será você. E antes que eu esqueça, posso muito bem falar para o general sobre suas técnicas de sedução e que estava falando dele, nesse banheiro, dizendo que faria ele ficar aos seus pés.
Miriam me encarou sem jeito na frente das outras garotas enquanto eu mantinha a postura séria e me segurei para não apertar o pescoço daquela girafa oxigenada!
E então ela disse, sarcasticamente:
— Você pensa que pode me enfrentar? Toma cuidado, Helena, posso transformar sua vida em um em inferno aqui dentro!
Lhe lancei um sorriso malicioso e comentei enquanto andava até o banheiro:
— Se tem uma coisa que eu não tenho medo, é de você, sua girafa oxigenada! Precisará mais do que isso para me assustar ou me intimidar. Agora preste muita atenção em tudo que você aprontar ou fazer contra mim, mandarei de volta para você dez vezes pior. E acredite, você desejará nunca ter mexido comigo!
— Estou morrendo de medo de uma merda insignificante como você. — ela me encarou de braços cruzados.
— Não me subestime pelo meu tamanho, pois se você julga ser o próprio diabo, te garanto que sou o próprio demônio em figura de gente. E esse meu lado negro você não vai querer conhecer. Sou boa, mas para ser pior, consigo ser a melhor. E se você se meter no meu caminho, faço você se arrepender amargamente!
A observei me olhando incrédula, assim como as outras.
Entrei no banheiro, fechando a porta enquanto se fazia um enorme silêncio no banheiro. Creio que todas resolveram ir embora depois da minha conversa com Miriam. Se aquela garota pensava que iria me fazer algo, eu esperaria sentada só para provar que quem iria se ferrar seria ela.
Tomei meu banho, esquecendo essa aquela idiota. Tinha outras coisas para me preocupar além de ficar perdendo meu tempo com aquela água de salsicha.
Quando terminei meu banho, voltei ao meu quarto e comentei sobre ocorrido com Luísa que me escutava perplexa e depois fez uma careta de raiva e confessou:
— Essa oxigenada se acha mesmo, se eu estivesse lá, teria sentado à mão na cara dela, já não a suporto e isso seria só um motivo.
Soltei uma risada e disse enquanto penteava meus cabelos:
— Não vale a pena, Luísa! Nós duas acabaríamos pegando uma punição por agredir aquela vaca filha da puta. Mas é bom que fiquemos de olho nela, para não sermos vítimas de alguma trapaça.
— Ela que nem tente, pois juro que arrebento a cara dela sem pensar duas vezes. Sem motivos já ando a fim de esfregar o rosto dela naquela grama, imagina ela me causando raiva e me prejudicando.
Me deitei na cama e avisei, puxando meu lençol pra cima de mim:
— É melhor irmos dormir. Porque com a punição que aquele maldito me deu, coisa boa eu sei que não vem por aí.
— Poxa, amiga, é uma pena ele ter dado a você uma detenção até o final do mês. Isso não é justo!
Suspirei pesadamente e comentei desanimada:
— Nem me fale! Esse homem é um desgraçado. Mas é melhor deixar para lá, uma hora sairei mesmo.
— Bom, eu procurarei alguns apartamentos para agilizar as coisas mais rápido! – ela disse e eu concordei, desligando meu abajur.
— Tudo bem. Tira umas fotos para eu ver depois.
— Pode deixar, farei isso. Agora vamos dormir, porque eu estou cansada!
— Está bem! Boa noite!
Apenas bocejei antes de fechar os olhos e dormir. O dia havia sido muito exaustivo e uma boa noite de sono me ajudaria a enfrentar o dia ruim que tive.
Senti um impacto gelado de água sobre meu corpo e levantei, percebendo que estava completamente encharcada de água, e a cama toda molhada. Olhei para cima, constatando o General Cortez com sua roupa de treinamento e um balde nas mãos, me olhando com um sorriso diabólico nos lábios e disse:
— Bom dia! Hora de levantar, seu treinamento começa cedo hoje. Levante-se e se arrume, tem cinco minutos.
Passei a mão no meu rosto para tirar a água enquanto olhava para ele, e me virei para conferir o relógio que marcava 04h00min da manhã!
Suspirei fundo, ainda olhando para aquele desgraçado que resolveu começar meu inferno mais cedo. Porém, se ele pensava que iria me fazer de fraca, jamais o daria esse gostinho. Se ele acreditava que eu iria dar pra trás, se enganou.
Se quer jogar, que os jogos comecem.
Fernando Cortez Os dias passaram rapidamente e retornei ao quartel na última semana. Foquei nas minhas atividades administrativas e em meus treinos. Mal encontrava meu grupo, pois eles sempre estavam muito ocupados com suas tarefas após seus treinos diários. Não voltei a encontrar a senhorita Hernandes depois daquele episódio embaraçoso no corredor, poderia apostar que ela estava me evitando após ter dito aquelas palavras. Sabia o impacto que causava nas subordinadas daquele quartel, sempre pegava as próprias suspirando e com a soldada Hernandes, não seria diferente. Acredito que todas às vezes que chegava perto, ela se desestabiliza, ou pelo menos jurava que ela começava a imaginar coisas indecentes. Até tentava disfarçar, contudo, seu rosto lhe entregava e às vezes tinha vontade de rir do seu jeito. Mas eu não era um homem que procurava relacionamentos ou mulheres para me envolver, não após ter passado por uma grande desilusão amorosa. Para mim, nenhuma mulher prestava. Elas só sa
Helena Hernandes Há quase duas semanas, eu estava vivendo um inferno nas mãos do general Cortez. Realmente o que me disseram sobre ele era totalmente verdade; era cruel quando resolvia aplicar seus castigos em quem ousava o desafiar. Não foi diferente comigo. Diariamente ele surgia na porta do meu alojamento às 04h00min da manhã para começar os exercícios diários e depois escolhia os piores trabalhos para me colocar. Contudo, não me fiz de mole, uma vez que meu treinamento havia sido esse na escola militar, não era desistir. Fui uma das melhores da minha sala e não seria aquele infeliz que iria me dizer o contrário. Me sentei um pouco para descansar após terminar de limpar as sujeiras dos estábulos e Luísa me olhou preocupada e disse: — Amiga, estou preocupada com você, seu rosto demonstra o quanto está cansada. Esse homem está sendo cruel demais aplicando essa punição. Isso para mim, é abuso de poder. Respirei pesadamente e disse, passando a mão em meu rosto: — Não posso fazer
Fernando Cortez Eu estava terminando de assinar os últimos relatórios para mandar ao Coronel Matias, quando escutei os gritos do Tenente Klaus que chamava pelo nome de Helena. Sem entender o que estava acontecendo, me levantei para ir ver do que se tratava, ao sair da minha sala constatei vários soldados olhando para o andar de baixo. Me aproximei para olhar o que os outros subordinados estavam vendo. Senti um frio na espinha ao ver Klaus desesperado segurando a cabeça de Helena que parecia estar sangrando pela queda, pelo o que percebi ela havia rolado escada abaixo, além disso, o balde estava de um lado e a pequena escada do outro. Saí do meu transe quando ouvi Klaus dizendo: — Helena, abra os olhos. Por favor, acorde! Vocês saiam de cima, abram espaço para ela respirar melhor. A amiga de quarto ao perceber que se tratava de sua companheira, correu desesperada, se ajoelhando do lado de Klaus. — Meu Deus, o que aconteceu com ela? Como foi que ela caiu? — Avisei para ela descan
Helena Hernandes Ver o general Cortez com aquele buquê nas mãos foi muito estranho e a maneira que tentou se desculpar foi mais bizarro ainda. Notei o quanto era desconfortável para o próprio pedir perdão, por isso não aceitei nada e muito menos aquelas flores coloridas e cafonas. Aquilo para mim, foi como uma afronta, não estava morta para receber flores. Suspirei pesadamente. Sentia que aquele homem ainda me daria uma grande dor de cabeça. Tentaria me manter sempre ocupada e se fosse possível, o mais longe dele. Cortez não era um cara fácil de lidar, o jeito que o rejeitei e não aceitei as suas desculpas, eu tive certeza que o deixou abalado, contudo, eu não me importava. Ele merecia carregar aquela culpa, uma vez que me mandou trabalhar como um animal sem descanso. As minhas mãos ainda estavam com calos pelo serviço pesado que fui obrigada a realizar nas hortas. Às vezes questionava-me o quão azarada eu era para ainda senti-me atraída por um babaca como ele. Saí dos meus dev
Fernando Cortez Duas semanas depois Havia se passado algumas semanas desde o acidente de Helena. Os olhares julgadores sobre mim no quartel pareciam ter acabado e tudo voltara ao normal novamente. Soube por Klaus que a soldada teve alta uma semana depois e estava se recuperando em seu novo apartamento que alugou com a colega de quarto, Luísa. Luísa continuava sempre a me olhar com ódio, mas disfarçava por temer a punição. Pelo menos ela sabia guardar o ódio para si, diferente de Hernandes que adorava me alfinetar. Após o beijo que dei em supetão no hospital, não voltei a procurar por Helena. Nem eu mesmo acreditava que havia feito tal coisa. Fazia muito tempo que não beijava os lábios de uma mulher, contudo, a bebida havia me dado uma certa coragem para realizar algo que desejava, mas negava a mim mesmo. Helena mexia comigo e, com toda certeza, tinha medo do que isso me causaria no futuro. Sempre me pegava pensando nela, lembrando-me de seus olhos castanhos me olhando timidamente
Helena Hernandes Cortez me beijava com tanta intensidade e desejo que não conseguia resistir e retribui, aceitando sua boca deliciosa sobre a minha. Deveria ser mais relutante e difícil, entretanto, não conseguia. Era como se o general tivesse um poder sobre mim que eu não conseguia ouvir a razão, como um feitiço que me prendia ao seu olhar sedutor. Céus, por que tinha que ser tão fraca diante daquele homem? Afinal, qual era a dele? Uma hora me desejava, na outra me odiava. Ás vezes eu tinha medo no que daria aquela atração toda. Ele me puxou para si, me carregando em seu colo. E continuava devorando meus lábios de maneira bruta. Tentei me afastar, contudo, ele não deixava. O beijo estava gostoso, mas o desconforto em minha perna não. Então virei meu rosto, o afastando, enquanto Cortez me olhava sério por eu ter parado o beijo e confessei com uma expressão de dor: — Olha, sei que o beijo está gostoso, eu não nego. Mas nessa posição, infelizmente não dá. Minha perna está doendo.
Fernando Cortez Enquanto caminhava em direção ao meu escritório, não deixava de pensar na noite anterior em que estive na casa de Helena, e de como conseguimos conversar de maneira serena e pacífica. Se bem que não sabia se podíamos chamar de conversa aquilo que estávamos fazendo. O problema era que eu não conseguia me concentrar em conversar com ela sobre qualquer coisa, com aquele mini pijama que Helena estava vestindo. Dava para ver seus seios perfeitamente, pois a parte do pijama era quase transparente e marcava seu corpo. Era muito tentador conversar e olha-la, e quando ela mordia aqueles lábios me deixava ainda mais louco. A imaginava me chupando com aquela boca deliciosa que a possuía. Então chegou uma hora em que não controlei meus instintos e a beijei. As trocas de carícias ficaram tão quentes que sentia a necessidade de me enfiar nela e saciar minha vontade. Mas minha felicidade durou pouco quando Helena afirmou que daquela maneira não queria, pois sua perna causaria muito
Helena Hernandes Desde que Cortez entrou em meu apartamento, não me largou. Eu mal tinha tempo de respirar e ele me beija novamente. Segurei seu rosto com minhas duas mãos e o afastei para olha-lo. Ele me encarava com uma expressão confusa e perguntou: — O que foi? Estou te machucando ou te causando alguma dor? Fiz um carinho em sua barba e respondi, ainda sorrindo: — Não é isso. É que preciso tomar um ar, recuperar o fôlego. — Está bem, te darei uns minutos de descanso. Ele sorriu, levantou-se e se sentou no sofá enquanto eu fazia o mesmo. Ajeitei meu cabelo que devia está parecendo com o de uma bruxa e comentei: — Obrigada, general. Preciso de fôlego. Ele me olhou sério e pegou algo em cima da minha escrivaninha que eu nem havia percebido estar ali, e me entregou. — Comprei para você, espero que goste. Foram os mais caros. Cortez sorriu enquanto eu abria a embalagem de decoração sem saber o que era. Olhei, surpresa. Nossa, chocolates do Cacau Show. Sorri e comentei ent