Capítulo quatro

JOHN COOPER

Dias atuais…

Decidido a sair da agonia em que minha mente se encontra, e esquecer aquelas lembranças infelizes, coloco-me de pé. Apanho o celular e ligo a tela para conferir as horas, são exatamente 4 horas da manhã. Boa hora, para uma corrida, John!

— Aonde vai, amor? — Camilla pergunta, se espreguiçando ainda com os olhos fechados.

— Vou sair um pouco, volte a dormir! — Respondo e ela faz o que digo.

Visto-me com uma calça e um casaco, ambos pretos e de moletom. Apanho meus tênis de corrida na mala, e após colocá-los, abandono o quarto.

Meus fones de ouvido, tocam “Bad Liar” do Imagine Dragons. Cubro a cabeça com o capuz do casaco e caminho por um tempo, até que encontro um parque próximo ao hotel. Após fazer meus alongamentos, aproveito a pista vazia e corro muito, na tentativa de ficar exausto e conseguir dormir um pouco.

Subitamente, esbarro com força em alguém, que cai de imediato no chão. Ainda está escuro, portanto não consigo vê-la com nitidez.

— Meu Deus, me perdoe, está escuro, eu não te vi. — Peço levantando-a do chão, com o máximo de delicadeza que consigo.

A garota está assustada e não diz nada, o que me deixa aflito. Percebo seu estado e meu coração se aperta. Está descalça, usando um longo vestido azul—claro. O cabelo solto e um pouco desgrenhado, a maquiagem dos olhos borrada por lágrimas, que ainda escorrem pelo seu rosto. E posso jurar, que mesmo no ambiente escuro, vi sangue e hematomas em seu corpo. Ela está ofegante, suada e parece desesperada, como se estivesse fugindo de algo, ou de alguém. Santo Deus, o que houve com essa garota?

— Está tudo bem, moça? O que aconteceu com você, te assaltaram? — Questiono com preocupação, mas ela me ignora. Apenas volta a andar.

Tento tocá-la, mas ela se afasta rapidamente.

— N... não foi nada, me desculpe! Com licença! — Finalmente fala, e sinto a tristeza em sua voz. Aquilo parece rasgar meu peito. Preciso fazer algo.

— Espere, eu posso te ajudar! — Grito, mas ela nem olha para trás.

Corro ao seu encontro e seguro em seu braço, a fazendo parar.

— Espere, não posso te deixar nesse estado sozinha! Precisa ir a um hospital, a polícia, vamos, eu te levo. — Sugiro, mas ela puxa o braço com força e nega.

— Polícia? Não, eu não… — Pausa, parecendo pensar no que vai dizer — Olha, agradeço, mas não preciso da sua ajuda.

— Mas… — Tento argumentar, porém, ela me interrompe.

— Não preciso ser ajudada por nenhum homem! Me deixe em paz, por favor!— Pede aos prantos e decido não insistir.

Apenas assisto, enquanto ela corre para longe de mim. Céus, pobre garota! Por que ela está com tanto medo, será que foi abusada?

Sem ter outra opção, mesmo sentindo meu coração angustiado, volto a correr em direção ao hotel. Dentro do quarto, passo direto para o banheiro, me livro das roupas e entro debaixo do chuveiro. A água quente, cai limpando meu corpo suado, mas infelizmente, não é capaz de limpar a minha mente. Os olhos grandes e assustados dessa garota, não saem nem por um minuto da minha cabeça.

"Polícia? Não, eu não…" Me lembro da sua expressão de pânico, quando mencionei ir à polícia. Por que ela se assustou? Será que cometeu algum crime?

Me espanto comigo mesmo, por ficar tão mexido com a situação daquela menina. Não sou de acreditar fácil em ninguém, depois do que passei, me tornei um homem frio. Todavia, a situação daquela garota, a forma com que ela reagiu, me deixou completamente intrigado. Ela deve ter passado por algo muito terrível, para ter sido tão relutante em confiar e aceitar a minha ajuda.

E eu a entendo completamente, O que Sarah me fez, partiu meu coração, partiu em incontáveis pedaços. Mudei completamente o homem que eu era. Nunca mais consegui reparar os danos que aquilo me causou.

~~~

BIANCA OLSEN

Sei que aquele homem, poderia ter boas intenções. Mas, se ele me levasse ao hospital, ou a polícia, eu seria certamente presa ou pior, voltaria para as garras de James e isso, não irei suportar.

Já amanheceu e continuo caminhando sem rumo pela estrada. Caminho por horas, meus pés estão machucados, sinto dores e muita fome. Todavia, preciso ir para o mais longe possível de James. Não posso parar, não posso!

Inesperadamente, uma chuva forte se inicia. Não tenho muitas formas de me proteger, então, me molho inteira. Mas nem isso me faz desistir. Corro tanto, que já nem sei mais onde estou. Tremo de frio e sinto minhas pernas começarem a falhar. Mesmo que eu force, meu corpo fraco, para de responder e desabo no chão.

De repente, percebo dois faróis altos vindo em minha direção, porém, não tenho mais forças para manter meus olhos abertos.

— Meu Deus, Arthur! Vamos ajudá—la, filho! — Ouço uma voz feminina, mas antes que eu possa ver a quem ela pertence, minhas pálpebras se fecham e tudo fica preto.

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