JOHN COOPER
Dias atuais…Decidido a sair da agonia em que minha mente se encontra, e esquecer aquelas lembranças infelizes, coloco-me de pé. Apanho o celular e ligo a tela para conferir as horas, são exatamente 4 horas da manhã. Boa hora, para uma corrida, John!— Aonde vai, amor? — Camilla pergunta, se espreguiçando ainda com os olhos fechados.— Vou sair um pouco, volte a dormir! — Respondo e ela faz o que digo. Visto-me com uma calça e um casaco, ambos pretos e de moletom. Apanho meus tênis de corrida na mala, e após colocá-los, abandono o quarto.Meus fones de ouvido, tocam “Bad Liar” do Imagine Dragons. Cubro a cabeça com o capuz do casaco e caminho por um tempo, até que encontro um parque próximo ao hotel. Após fazer meus alongamentos, aproveito a pista vazia e corro muito, na tentativa de ficar exausto e conseguir dormir um pouco.Subitamente, esbarro com força em alguém, que cai de imediato no chão. Ainda está escuro, portanto não consigo vê-la com nitidez.— Meu Deus, me perdoe, está escuro, eu não te vi. — Peço levantando-a do chão, com o máximo de delicadeza que consigo.A garota está assustada e não diz nada, o que me deixa aflito. Percebo seu estado e meu coração se aperta. Está descalça, usando um longo vestido azul—claro. O cabelo solto e um pouco desgrenhado, a maquiagem dos olhos borrada por lágrimas, que ainda escorrem pelo seu rosto. E posso jurar, que mesmo no ambiente escuro, vi sangue e hematomas em seu corpo. Ela está ofegante, suada e parece desesperada, como se estivesse fugindo de algo, ou de alguém. Santo Deus, o que houve com essa garota?— Está tudo bem, moça? O que aconteceu com você, te assaltaram? — Questiono com preocupação, mas ela me ignora. Apenas volta a andar.Tento tocá-la, mas ela se afasta rapidamente.— N... não foi nada, me desculpe! Com licença! — Finalmente fala, e sinto a tristeza em sua voz. Aquilo parece rasgar meu peito. Preciso fazer algo.— Espere, eu posso te ajudar! — Grito, mas ela nem olha para trás.Corro ao seu encontro e seguro em seu braço, a fazendo parar.— Espere, não posso te deixar nesse estado sozinha! Precisa ir a um hospital, a polícia, vamos, eu te levo. — Sugiro, mas ela puxa o braço com força e nega.— Polícia? Não, eu não… — Pausa, parecendo pensar no que vai dizer — Olha, agradeço, mas não preciso da sua ajuda.— Mas… — Tento argumentar, porém, ela me interrompe.— Não preciso ser ajudada por nenhum homem! Me deixe em paz, por favor!— Pede aos prantos e decido não insistir.Apenas assisto, enquanto ela corre para longe de mim. Céus, pobre garota! Por que ela está com tanto medo, será que foi abusada?Sem ter outra opção, mesmo sentindo meu coração angustiado, volto a correr em direção ao hotel. Dentro do quarto, passo direto para o banheiro, me livro das roupas e entro debaixo do chuveiro. A água quente, cai limpando meu corpo suado, mas infelizmente, não é capaz de limpar a minha mente. Os olhos grandes e assustados dessa garota, não saem nem por um minuto da minha cabeça. "Polícia? Não, eu não…" Me lembro da sua expressão de pânico, quando mencionei ir à polícia. Por que ela se assustou? Será que cometeu algum crime?Me espanto comigo mesmo, por ficar tão mexido com a situação daquela menina. Não sou de acreditar fácil em ninguém, depois do que passei, me tornei um homem frio. Todavia, a situação daquela garota, a forma com que ela reagiu, me deixou completamente intrigado. Ela deve ter passado por algo muito terrível, para ter sido tão relutante em confiar e aceitar a minha ajuda.E eu a entendo completamente, O que Sarah me fez, partiu meu coração, partiu em incontáveis pedaços. Mudei completamente o homem que eu era. Nunca mais consegui reparar os danos que aquilo me causou.~~~BIANCA OLSENSei que aquele homem, poderia ter boas intenções. Mas, se ele me levasse ao hospital, ou a polícia, eu seria certamente presa ou pior, voltaria para as garras de James e isso, não irei suportar.Já amanheceu e continuo caminhando sem rumo pela estrada. Caminho por horas, meus pés estão machucados, sinto dores e muita fome. Todavia, preciso ir para o mais longe possível de James. Não posso parar, não posso!Inesperadamente, uma chuva forte se inicia. Não tenho muitas formas de me proteger, então, me molho inteira. Mas nem isso me faz desistir. Corro tanto, que já nem sei mais onde estou. Tremo de frio e sinto minhas pernas começarem a falhar. Mesmo que eu force, meu corpo fraco, para de responder e desabo no chão.De repente, percebo dois faróis altos vindo em minha direção, porém, não tenho mais forças para manter meus olhos abertos.— Meu Deus, Arthur! Vamos ajudá—la, filho! — Ouço uma voz feminina, mas antes que eu possa ver a quem ela pertence, minhas pálpebras se fecham e tudo fica preto.BIANCA OLSENAcordo em um ambiente escuro e desconhecido. Minha cabeça dói muito, ao tocar em minha testa, percebo um curativo. Devo ter machucado quando desmaiei, quem será que me resgatou? Pisco diversas vezes, até que a minha visão esteja nítida. Percebo que estou deitada, na parte de baixo de um beliche feito de madeira. A brisa da noite bate, entrando pela janela meio aberta e fazendo as cortinas voarem. Santo Deus, onde estou? Quanto tempo eu dormi? O cômodo é bem pequeno e simples, além do beliche, o quarto possui um guarda roupas, uma poltrona de couro preta e uma mesa de cabeceira com um abajur em cima. Ainda um pouco atordoada, ergo meu corpo com dificuldade e me sento na cama. Ligo o abajur e no mesmo momento, a porta do quarto se abre.— Oh! Graça a Deus, acordou! — Diz a senhora, que deve ter por volta de uns quarenta anos, branca, esguia e com cabelos escuros, que estão enrolados em um coque baixo. — Como se sente, querida? — Ela pergunta, colocando uma tigela sobre a
BIANCA OLSEN — Bia, está pronta? — Scarlett questiona, ao entrar na cozinha, acompanhada de um rapaz tão jovem quanto ela.— Sim! — Respondo, me levantando da mesa.— Esse é Arthur, meu marido! Era com ele que mamãe estava, quando te acharam na estrada. — Informa, e o rapaz negro, alto, com cabelos e olhos castanhos, me cumprimenta.— Muito prazer! Como se sente? — Me estende a mão e a pego.— Muito prazer, Arthur! Estou melhor e muito obrigada por ter me resgatado. — Agradeço e ele sorri.— Imagine, não tem de quê!♡♡♡Na porta de saída, me despeço de Dona Magá.— Não tenho palavras para agradecê—la, Dona Magá. Terei uma dívida eterna com a senhora. — Aperto suas mãos e ela sorri.— Não existe nenhuma dívida, meu amor! O que fiz, foi de coração. Sei que você é uma moça de boa família, mas não me importo com isso. Você tem uma alma linda, filha! Não merecia tanto sofrimento, mas a sua vitória está próxima, tenha fé.— Eu terei, sempre que algo me afligir, me lembrarei das suas palav
BIANCA OLSEN — O quê? — Pergunta espantada, com os olhos castanhos arregalados. — Ele… ele me bate, Júlia. Me espanca há dois anos. Eu precisei… Precisei atirar, ou ele me mataria. — Explico.— Santo Deus, mas que desgraçado, maldito! — Vocifera, revoltada. — Vem comigo!— Para onde? — Questiono, assustada. — Lá em cima, teremos mais privacidade. Vamos! — Justifica, me conduzindo para o andar de cima. Qualquer outra pessoa entraria em pânico, mas Júlia não. Além de ser uma mulher deslumbrante, negra, alta, com um corpo escultural e longos cabelos cacheados. Júlia é inteligente, brilhante, eu diria, e tem sangue frio para lidar com qualquer situação. Não é à toa, que ela é uma excelente advogada. No quarto dela, sentamo-nos na cama, uma de frente para a outra. Minha amiga, segura minhas mãos e diz:— Amiga, me conta tudo em detalhes, como foi isso?— Nem sei por onde começar. Me desculpe por chegar assim, mas eu não sabia o que fazer. — Confesso, aflita. — Eu estou aqui, para
JOHN COOPERÉ uma bela merda, ter que fazer isso. Não deveria ter deixado a situação chegar a esse ponto, errei e agora se tornou insustentável. Camilla, está cada vez mais envolvida, com a ilusão de que um dia mudarei de ideia sobre nos casarmos. Todavia, isso não irá acontecer, principalmente com ela. Já que não sinto absolutamente nada. Nunca dei esperanças a ela, mas mesmo assim, me sinto responsável por isso. Geralmente, eu sumiria, e deixaria que o bom senso dela, falasse por si só. Entretanto, Camilla é uma boa pessoa e passamos bons momentos juntos. Apesar de não existir nenhuma conexão profunda entre nós, além de sexo. Não me sinto confortável em simplesmente desaparecer da vida dela. — Querido? — Camilla chama, me fazendo voltar a atenção para ela. Sentado na mesa do meu escritório, a encaro. — Está estranho, o que houve? — Pergunta, dando a volta na mesa e vindo em minha direção. — Precisa relaxar? Hum?Antes que ela suba em meu colo, seguro em seus ombros e a impeço. —
BIANCA OLSENJúlia tirou uma folga do trabalho, e passou o restante da semana comigo, tentando me fazer relaxar. Embora eu estivesse com medo de sair na rua, ela me convenceu que ali eu estava segura. Nós passeamos por Sydney, fazendo programas turísticos e hoje decidimos fazer compras.— Vamos lá amiga, se anima! Precisamos de um look bem lindo, para a sua entrevista, amanhã. — Afirma, me empurrando para dentro de uma loja de grife.— Amiga, você sabe que não trouxe muito dinheiro. — Sussurro e ela sorri. — Ju, estou falando sério, não posso pagar por nada nessa loja. — Acrescento.— Não se preocupe com isso, eu pago. — Informa.— Mas, nem pensar! Não precisa gastar o seu dinheiro comigo!— Bia! — Me repreende.— Não amiga, você já fez demais, por mim. — Insisto.— Bem, faremos o seguinte, se te fizer feliz, trate como um empréstimo, quando recuperar a sua bela fortuna, você me devolve. Tudo bem? — Argumenta, sorrindo.— Se for assim, tudo bem! — Concordo e ela sorri, me puxando en
BIANCA OLSEN Tentando esconder o caos dentro de mim, aperto sua mão e o cumprimento.— S-sim, muito prazer Sr. Cooper!John aperta minha mão e sinto um choque, quando minha pele encontra a dele. Inexplicavelmente, borboletas se agitam em meu estômago, tudo dentro de mim começa a queimar. E ainda com as íris cinzentas cravadas nas minhas, o homem segura minha mão por mais tempo do que deveria. O perfume dele, é deliciosamente inebriante, uma mistura de madeira, couro e algo cítrico. É único, másculo e refrescante. Como se ele tivesse acabado de sair do banho. Minha boca se enche de água, ao senti— lo, invadindo as minhas narinas. Disfarço o máximo que consigo, mas o rubor em minhas bochechas, é impossível de conter. O vejo engolir em seco e instintivamente, faço o mesmo.— Entre e sente— se por favor! — Pede, apontando para as poltronas pretas, posicionadas de frente para sua imensa mesa de vidro.— Obrigada! — Entro na sala e faço como ele disse.— Edna, nos traga dois cafés, por f
JOHN COOPER: Quando vi Bianca na porta do meu escritório, a reconheci imediatamente. Aqueles olhos grandes e assustados ficaram gravados em minha memória. Fiquei completamente atordoado, tanto pela lembrança dela fugindo desesperada naquele parque, quanto pela sua beleza surreal. Ao me aproximar, agora podendo enxergá- la com clareza, observo cada detalhe dela. Seus cabelos castanhos, são longos e levemente ondulados. Mesmo usando saltos altos, continua pequenina, sua cabeça, fica na altura dos meus ombros. Ela usa um terninho elegante, porém, justo e consigo perceber o quanto seu corpo é perfeito, quadris ligeiramente largos e cintura fina. Seu rosto tem traços delicados e algumas sardas completam a pele clara, tornando-a incrivelmente meiga e sexy simultaneamente. Por um momento, me perco na mistura perfeita de verde-claro com azul, de seus olhos brilhantes. É como, olhar para o mar. Me sinto completamente encantado, David disse que ela era bonita, mas se esqueceu de mencionar,
BIANCA OLSEN. Saio da sala de John, o mais rápido que consigo. Do lado de fora, solto todo o ar, que estava preso em meus pulmões. Relaxo os ombros e tento controlar meus batimentos irregulares. Céus, mas o que foi isso? Tive que mentir para ele, e disser que Júlia já estava à minha espera. Se dentro daquela sala enorme ele já me tirou o fôlego e me deixou atordoada, imagine a tortura que teria sido, passar tanto tempo com ele no carro? — Bianca? — Edna me chama e toca em meu ombro, me tirando do transe. — Está tudo bem? — Sim, é… estou bem, obrigada! — Certo, então venha comigo, tenho algumas informações para te passar. — Solicita e faço o que ela pede. Após conversar com Edna, ligo para Júlia avisando que a entrevista acabou, e pouco tempo depois ela chega para me buscar. — Conte-me tudo, não me esconda nada! — Exige, assim que entro em seu carro. — Contratada! — Exclamo, sorrindo. — Ah! Eu sabia! Que maravilha, amiga! — Nos abraçamos e depois ela me questiona, enquanto da