" Ruan Luiz Garbonera "
Há, como fui tolo.
Durante trinta anos fui enganado por todos, envolvido em tantas mentiras que nem ao menos pude ver a verdade diante do meu próprio nariz. Os traidores sempre foram aqueles que estavam mais perto de mim mas nem ao menos pude notar isso.
Ainda posso me considerar o líder de uma das maiores gangues de Cuba? Acho que não.
Depois de achar tanta sujeira dentro da minha família e gangue não acho que tenha outro jeito de fazer isso, não queria ser o cruel da história mas acabou que no fim serei o ceifador que levará essas almas ao inferno.
-Pai, está tudo pronto para a faxina. -depois de descobrir as várias tramas não consigo mais confiar em ninguém dentro da Calle del Cuba, então apenas deixei que meus dois filhos mais velhos e alguns outros me ajudassem a lidar com a sujeira.
-Então vamos começar isso logo, temos que voltar no fim de semana para o aniversário do meu neto. -falo sério e saio do escritório, vejo
" Maick Burcht "Faz cinco anos, nem parece que todos esses anos se passaram. Meu filho faz quinze anos em alguns meses, meus sobrinhos também estão quase todos crescidos e a família cresceu muito nos últimos anos.Não que eu ache isso ruim, ter mais filhos era nosso sonho mesmo que eles não fossem do nosso sangue, apenas queríamos ter a casa cheia e foi isso que fizemos.-Maick, está na hora de levar as crianças para a escola, prepara o ônibus. -diz Maila da porta, sorrio olhando para ela que segura o pequeno bebê em seus braços.Não pensei que ela iria querer fazer algo assim mas acabou que aconteceu, somos pais adotivos de pelo menos dez crianças e também acolhemos crianças que estão passando um tempo no orfanato por algum motivo.-Certo, irei sair agora. Tenha um bom dia querida. -dou um beijo em sua testa e saio pela porta do quarto. Apesar de ternos vários filhos a grande maioria deles tem entre catorze e dezoito anos, nos os damos casa, mesada e
"Cinco anos antes do livro dois""Maila"Olho pela janela da sala de aula, esse colégio é enorme e minhas amigas são incríveis, mas a coisa que mais gosto é a hora de ir pra casa, porque é quando vejo ele.Não sei quando esse sentimento começou, só sei que está aqui, bem guardado no fundo do meu coração, pode ser um sentimento bobo de adolescente mais quero que nunca passe.Amo conversar com todos, mas hoje tomei a pior e fiquei no castigo por causa disso, mas estava tão animada por saber que hoje o Maick vai vir me buscar sozinho.Sempre que saio do colégio tem duas ou três pessoas me esperando com em um carro, são raras as vezes que Maick vem me buscar sozinho, mas quando ele vem fico ansiosa esperando o momento chegar.-Senhorita Wolker? -olho para frente vendo a professora Brigite me encarando, essa mulher não gosta de mim, por isso vive n
"Maila"Já é quase meia noite e estou treinando na academia da famiglia. Isso mesmo treinando. Acho que faço isso quase todas as noites por falta de sono desde meus quinze anos quando tudo aquilo aconteceu na minha vida me levando a ter essa vida de coruja.Pego a toalha que está em cima do braço da cadeira de descanso e seco o suor que escorre pelo meu rosto depois de tantos chutes e socos no saco de areia.Nao adianta, por mais que tente sorrir e parecer normal na frente das pessoas que amo, nunca mais fui normal depois daqueles dias infernais.Esses pesadelos me assombram todas as noites, mesmo com os remédios pra dormir ou o cansaço acumulado, quase nunca tenho uma boa noite de sono, equando tenho é porque estou muito bêbada ou quando estou com ele.Subo as escadas para dar uma corrida nas esteiras antes de encerrar a noite. Olho as outras pessoas na academia e sorrio quando me cumpri
"Maila"Olho a claridade entrando pela janela, passo o braço pela cama e sinto o vazio, ele já foi embora. Me sento na cama passando a mão nos cabelos frustrada, sempre assim, sempre vai embora sem se despedir, me deixando um vazio no peito e na alma.Me levanto indo até a janela, o movimento lá embaixo já é frenético, viro a cabeça para olhar a hora, dez em ponto, vou ao banheiro para escovar os dente e dar um jeito em meu cabelo rebelde, nem quero arrumar, não estou no clima pra nada.Me olho no espelho vendo as olheiras em baixo dos olhos, as vezes eu acho que estou cada vez mais fundo dentro de mim, nem mesmo me reconheço mais, de uma menina cheia de vida e saúde, pra isso.Parando pra pensar, já fui muito mais feminina, mas agora, cada vez que me visto de forma feminina e atraente, vejo aqueles olhares me olhando, me sinto como um pedaço de carne ambulante.Não sei se isso começou na primeira vez que fui sequestrada ou se foi na segunda, mas desde
"Maick"Sempre que a vejo forçando um sorriso me quebro por dentro. Aquela menina feliz e brincalhona já não existe mais, tudo que vejo é uma casca vazia que anda por aí sem rumo ou direção.Ela dorme em meus braços, seu rosto parece tão magro, sem sinais de que tem se cuidado direito, mais uma vez ela está se afastando de todos e se afundando em si própria.Quando isso vai parar? Já faz cinco anos, talvez até mais. Quando você vai voltar a ser minha menina travessa, aquela que nunca deixa ninguém em paz ou que some e aparece cheia de presentes.Porque aquilo tinha que acontecer? Porque não consegui protege-la?Respiro fundo e tiro ela dos meus braços lentamente, seu corpo magro e cheio de cicatrizes, seu rosto pálido de feição abatida, talvez eu nunca mais verei um sorriso verdadeiro nele.Me levanto indo para o armário e pegando uma camisa, olho mais uma vez para a cama vestindo uma camisa, parece que dessa vez ela conseguirá dormir até umas onz
"Maick"Assim que Maila acordou sai do hospital, não quis ficar para olhar ela sorrir falsamente para todos e fingir que tudo está bem, ou só inventar alguma desculpa de que não comeu porque saiu cedo e esqueceu.Sempre que algo assim acontece ela coloca um sorriso falso no rosto e tenta se fazer de forte para todos, mas isso não cola comigo, nunca colou e nem nunca vai colar.Eu sempre sei qual é seu sorriso verdadeiro e qual é falso, sempre sei qual olhar é real e qual é só uma imitação do que um dia foi real, ela está tão quebrada emocionalmente que nem mesmo eu sei o que fazer a respeito.Ou melhor dizendo eu finjo não saber o que fazer, quando na verdade só estou sendo egoísta e tentando tê-la só pra mim e sempre mentindo sobre tudo, somente porque sou egoísta mas isso está fazendo ela se matar aos poucos.-Eai cara, vai pra onde? -a voz me tira de meus pensamentos bagunçados, levanto o olhar.-Não sei, só não consigo mais olhar pra ela
"Maick"Sentado de frente com a senhora Sara penso em tudo que tenho que dizer e travo no lugar. Como explicar pra ela que sua filha está doente e precisa de ajuda urgente.Como dizer para minha futura sogra ou não, que Maila tem reprimido um segredo que é quase uma mentira e que a culpa dessa mentira que ela acha que é verdade é toda minha.-Bom, por onde devo começar? -pergunto mais para mim mesmo do que para ela.-Vai devagar e com calma, temos tempo. -diz com sua calmaria de sempre.Desde que conheço a senhora Sara, ela nunca mudou sempre tem um rosto calmo e uma voz que nos deixa calmos, acho que por que ela ja foi enfermeira ela tem as manhas. Sempre resolve os conflitos quando o clima fica tenso, ou coloca ordem na bagunça quando os outros não conseguem.-Vou começar por cinco anos atrás então. -penso bem em como colocar em palavras, todos os sentimentos, as angústias, os medos e inseguranças. Sinto sua mão em meu ombro e vejo ela sentada e
"Maick" 〰〰〰〰 Lembranças contadas 〰〰〰〰Sinto alguém me chacoalhar e intininstintivamente pego minha faca levantando no ar, abro os olhos vendo Ruan sorrindo de forma zombeteira olhando pra mim.-Se fosse alguem te atacando você já estaria morto garoto. -diz rindo. -O jantar está pronto, não quis te chamar durante o dia porque você parecia muito cansado, e também o melhor horário pra gente trabalhar é a noite.-Obrigada por me deixar dormir, acho que vai fazer um tempo que não relaxo assim e durmo. -digo me espreguiçando.-Você me lembra seu pai quando era jovem, pegou essa mania dele, de dormir com uma faca na mão. -diz indo em direção a cozinha, escuto as risadas e brincadeiras.-Você conhece meu pai? -pergunto o seguido de perto.-Claro, antes de sair eu era muito amigo do seu pai, crescemos juntos mas aquela vida nunca foi pra mim. -diz já na cozinha, os meninos ficam quietos escutando a conversa.-Você sabe que não sou filho