Capítulo 4

"Maick"

Assim que Maila acordou sai do hospital, não quis ficar para olhar ela sorrir falsamente para todos e fingir que tudo está bem, ou só inventar alguma desculpa de que não comeu porque saiu cedo e esqueceu.

Sempre que algo assim acontece ela coloca um sorriso falso no rosto e tenta se fazer de forte para todos, mas isso não cola comigo, nunca colou e nem nunca vai colar.

Eu sempre sei qual é seu sorriso verdadeiro e qual é falso, sempre sei qual olhar é real e qual é só uma imitação do que um dia foi real, ela está tão quebrada emocionalmente que nem mesmo eu sei o que fazer a respeito. 

Ou melhor dizendo eu finjo não saber o que fazer, quando na verdade só estou sendo egoísta e tentando tê-la só pra mim e sempre mentindo sobre tudo, somente porque sou egoísta mas isso está fazendo ela se matar aos poucos.

-Eai cara, vai pra onde? -a voz me tira de meus pensamentos bagunçados, levanto o olhar.

-Não sei, só não consigo mais olhar pra ela naquele estado. -paro de falar suspirando e acendendo um cigarro, Maila odeia que eu fume, mas eu também odeio quando ela mente e se isola de todos.

Mas ela faz isso o tempo todo, como se a mentira e a máscara vazia já fossem uma parte real dela que sempre esteve ali. Sei que isso é difícil de superar, mas já são tantos anos, tantas pessoas apoiando ela, mesmo assim ela parece não aceitar o fato de que já passou e nunca mais vai voltar a acontecer.

Mas eu sei o que falta nela, eu sei o que ela precisa e vou precisar trazer de volta o que ela quer, mesmo que isso me doa muito, mesmo que ela queira nunca mais olhar em minha cara.

-Cara um conselho, não espera ela chegar ao ponto de tentar aquilo. -diz colocando a mão em meu ombro, Camilo é sempre assim, joga a bomba e sai fora.

Chega, estou cansado, hoje sem volta irei sair desse sufoco, nem que eu tenha que levá-la amarrada até aquela cidade e fazê-la sofrer ainda mais, mesmo que eu não queira dizer a verdade, só não quero ter uma casca de Maila andando por ai, na verdade preciso fazer algo antes de começar meu plano.

Primeiro preciso falar com a família dela, explicar a situação, jogar todas as cartas na mesa e esperar suas reações. É agora ou nunca. Vou trazer de volta minha Maila e m****r essa mulher mascarada para longe, mesmo que ela não me queira mais depois de descobrir o que fiz.

Mesmo assim quero tentar, aliviar minha mente e alma, saber que ela esta assim não por mim, só espero que ela fique bem depois disso.

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Chego em frente ao grande portão principal do condomínio que os Wolker's compraram para ser um residencial familiar somente deles, isso é que é ter muito dinheiro.

Não que minha família seja pobre, mas também não somos tão rico ao ponto de comprar um residencial inteiro e mobiliado.

Saio do carro depois de estacionar no estacionamento privado, a família proibiu carros de entrar no condômino por motivos de segurança, desde que Jinger e Laura foram atacadas dentro de casa no antigo condomínio.

Aqui é bem grande, tem dez casas na rua principal, mais oito casas em cada rua adjacente, sem contar a quantidade de entradas e saídas desse lugar.

Caminho pela calçada observando as casas, mas a frente vejo as crianças de Laura e Sebastian brincando em um balanço, pelo menos aqui está animado.

-Tio Maick. -o pequeno Lian vem correndo pros meus braços, esse pequeno já esta bem grandinho pra ficar pulando em mim assim.

-Sentiu minha falta campeão? -pergunto e ele faz que sim, ando com ele até onde Charlote e Caleb olham ainda são desconfiados com homens, eu entendo, os dois passaram por muita coisa.

-Eai galerinha. -olho para os dois que permanecem acuados. -Eu tenho aqui uma coisa que é muito doce e gostosa.

Tento me aproximar, mas eles ainda não parecem confortáveis comigo. Pego as balas em meu bolso entregando pra Lian que corre até os outros dois para dividir.

-Sabe onde esta sua vo? -pergunto e eles confirmam.

-Está fazendo o almoço na cozinha. -diz Caleb, pelo menos me respondeu dessa vez.

-Obrigada. -falo e entro na casa deixando os três pra trás, acho que ainda vai demorar pra eles confiarem em homens estranhos.

Escuto o som de risadas e conversas animadas, o cheiro de comida caseira me deixa com fome, nem cheguei a comer hoje, estava tão perdido em pensamentos que esqueci de comer.

-Chegou o mais lindo do mundo e com uma fome enorme. -sorrio vendo minha mãe, a mãe de Maila e suas amigas.

Todas dão risada e vou dar um beijo em minha mãe, vejo Dalla com uma travessa de sobremesa, vou em sua direção para passar o dedo mas levo uma batida na mão pela minha tia.

-Oshe, posso nem experimentar? -faço cara de cachorro sem dono e ela levanta uma sobrancelha.

-Não, isso é para as crianças. -olho pra ela indignado.

-Mas tia! Eu também sou criança. -falo e todas riem de novo.

-Tá, sei. Você já provou de mel que criança não pode provar. -olho para trás espantado.

-Deixa quieto, me rendo. -levanto as mãos e me sento na bancada só olhando elas conversando.

Lembro que quando era mais novo eu sempre estava na cozinha olhando elas fazendo as comidas, claro que só esperando pra ver se eu podia beliscar alguma coisa.

Viajo em minhas lembranças até sentir um toque em meu ombro e ver um pedaço de bolo de chocolate aparecer na minha frente.

Olho pra tras vendo Dalla que só sorri e sai, essa mulher é um anjo. Começo a comer prestando atenção nas conversas doidas delas, sempre falam que homem diz besteiras e xinga muito.

Mas você já parou pra reparar no tipo de conversa que as mulheres tem? Sempre que fico atento a isso me surpreendo, são tantos babados e fofocas que até mesmo esqueci o que vim fazer aqui.

-Tia, posso falar com você? -digo assim que termino o bolo, todas me olham se perguntado que tia.

-Calma, sei que todas me amam muito e querem falar comigo em particular, mas hoje vou conversar sozinho só com minha deusa Sara. -digo fazendo cena.

-Affs, largar de ser puxa saco meu filho. -minha mãe diz e jogo beijo pra ela.

-Mãe, sempre tenho que adular minha sogrinha, vai que ela me da comida com laxante. -faço bico e todas riem.

Olho para a tia Sara que confirma já limpando as mãos em um pano e vindo em minha direção, sorrio faço pose oferecendo o braço para ela que ri.

-Que assuntos você tem comigo? -diz assim que nos afastamos das outras.

-Melhor a gente ir até o escritório, sentar, olhar um nos olhos do outro. -começo falando e ela me belisca pra mim calar a boca e parar de brincar.

-Entendi, tagarela. Vamos ao escritório do Sebastian. -diz já me guiando pela casa, demora um pouco já que a casa é bem grande, entramos no escritório e ela fecha a porta passando a chave.

Ela se senta na poltrona e me jogo no pequeno sofá, não sei como começar, mas sei que preciso dizer tudo que está engasgado em minha garganta já faz anos.

Preciso aliviar minha mente e meu coração para assim poder ajudar aquela que mais precisa de mim. Minha amada, tirar o amor que esteve enterrado em meu peito por tanto tempo e ajudar não somente eu, mas a todos que vem observando Maila durante esses cinco anos.

Preciso aliviar essa tormenta que vem sendo minha vida, tudo por Maila, meu doce primeiro amor e minha vida.

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