Emanuele estava na sala de estar da casa de Johnny. Era a primeira vez que ia para lá. A menina estava se sentindo estranha, mas não sabia exatamente dizer o porquê. Talvez fosse porque jamais fora bem recebida em lugar algum, sempre tendo que lidar com insultos e comentários desagradáveis dos outros. No fundo, talvez ela estivesse esperando por mais ataques.Depois de ouvir a história da amiga de Johnny, Emanuele não poderia simplesmente negar aquele pedido, o de conhecer os pais dele. Era óbvio que a ruiva tinha um significado muito grande pra ele. Era tão estranha aquela sensação. Geralmente ela precisava se esforçar para parecer útil ou ter sua opinião validada, mas ele a escutava e respeitava incondicionalmente.A moça ouviu o barulho de passos. Era a irmã de Johnny, a adolescente do cabelo azul. Ela sorriu pra Emanuele:"Oi!""Oi", Emanuele sorriu de volta."Que bom que você tá aqui. Meu irmão não para um minuto de falar de você, eu já estava começando a duvidar que você era r
Joshua nem mesmo piscou ao ouvir as palavras simples, porém praticamente mortais aos ouvidos dele.Emanuele continuou, ainda sem coragem de encará-lo imediatamente."Ela não entrou em detalhes. Não me contou que doença era, nem o porquê dessa tal recuperação milagrosa ser possível. Mas... Mas é isso, ela quer ficar ao lado desse homem e-"Joshua levanta-se rapidamente. A moça percebe que ele está com o celular em mãos, discando provavelmente o número de Alexandra.Emanuele sente que deve parar de falar, mas simplesmente não consegue."Você acha que... Que isso é possível? Digo, que alguém praticamente moribundo pode ter uma chance de continuar vivendo?"O homem olha para ela. Há ódio brilhando em seus olhos."Talvez. Mas eu não vou permitir que isso aconteça."Ele põe o celular na orelha e fica em silêncio por alguns segundos. Então praticamente urra de frustração e joga o aparelho no sofá."Eu não consigo acreditar nisso. Simplesmente não consigo!", ele grita, revoltado.A garota não
O toque inebriante e sensacional de Joshua era exatamente como ela se lembrava.Ele era forte, dominador e muito seguro de si. Sabia exatamente o que estava fazendo, as sensações que estava provocando, e parecia perito nisso. Emanuele mal conseguia ouvir a voz da própria consciência em meio aquela bagunça de sensações maravilhosas, que a fazia murmurar e gemer.Uma das mãos dele pousou em sua coxa. Ela nunca, jamais havia sido tocada daquele jeito. Geralmente explodia em risinhos de nervoso e ficava sem jeito na mesma hora. Mas ali, naquele momento, ela estava completamente entregue.Joshua pegou Emanuele no colo, ainda beijando-a.Ela não sabia para onde estavam indo, embora pelo palpite e pelo cheiro de madeira e canela, estivessem no quarto dele. A moça de cabelos tingidos, ou quase, já que a tinta estava ligeiramente desbotada, sentiu seu corpo apoiado num colchão macio. Ela ainda não teve coragem de falar qualquer coisa, e seu pescoço estava sendo mordiscado por Joshua, que tamb
Ao ouvir a pergunta de Joshua, Emanuele sente o corpo se inclinar para a frente, quase como se o "sim" já estivesse implícito. Mas sua mente divaga muito antes de ela finalmente conseguir responder:"C-como você vai fazer isso?"Um sorriso ligeiramente arrogante se desenha nos lábios grossos dele."Não subestime meus talentos."Meu Deus.A moça olha por segundos para a boca dele, tão perto que poderiam se beijar a qualquer segundo.Como seria sentir prazer sem perder a virgindade? Havia um jeito de se fazer isso?Ela engole a vergonha e pergunta mais uma vez:"Mas... É sério. Como você vai fazer isso?"Joshua ergue uma das sobrancelhas."Ninguém nunca tocou você? Você... Nunca se tocou?""Não."Eles ficam em silêncio por alguns segundos. Joshua acha aquilo engraçado, mas não ri. Até porque isso poderia passar uma mensagem completamente errada para ela.O homem desliza as mãos até a cintura dela, segurando-a com firmeza. Então a encara e diz bem devagar:"Eu vou estimular você, todo o
Quando Emanuele acordou, Joshua já não estava mais na cama. Assustada, a menina olhou para o relógio na parede, se perguntando por quanto tempo apagou. Então constatou que estava ali há vinte minutos.Lentamente, a ruiva ergueu o tronco, sentando-se. Ela ainda estava só de calcinha.Parte do seu cérebro ainda não conseguia discernir o que era verdade e o que não era. Será que ela havia imaginado aquilo tudo? Os tremores sutis que ainda tomavam conta de seus dedos e das mãos dos pés, bem como o pequeno indício de arrepio em suas costas, eram a prova de que sim, havia sido real.Emanuele ficou de pé, testando a firmeza das próprias pernas e se vestiu. Porque Joshua tinha saído do quarto? Parecia um tanto rude. Ou será que geralmente era assim que as coisas aconteciam, e ela não estava habituada?Quando estava prestes a sair do quarto, o homem abriu a porta. Ele trazia duas canecas, uma em cada mão."Ei, Bela Adormecida."A moça corou de vergonha."Ah, oi.""Oi. Toma. Achei que você es
A ruiva não diz nada, mas sente o coração acelerando. Apesar de não citar nomes, Emanuele sabe que ele está falando do membro da família, do homem que o atormentou tanto que as sequelas ainda estavam presentes mais de quarenta anos depois. E como se isso não bastasse, esse homem demoraria a morrer mais do que o esperado.Não que ela acreditasse que, com a morte do agressor de Joshua, ele fosse ficar melhor ou superar as adversidades internas. Aquela cura era pessoal, e se o mesmo não se esforçasse, seria uma luta vã. Depender de fatores externos pra se livrar daquela dor era inútil e até mesmo perigoso.Joshua está tremendo. Raiva? Medo? Emanuele diz:"Não precisa falar sobre isso se não quiser."Ele a olha com tanta intensidade que quase dói."Eu preciso."O homem simplesmente se levanta e se apoia na cama. Logo em seguida, se deita sob os travesseiros fofos e coloca Emanuele ao seu lado. Os dois estão olhando para o teto e sentindo o cheiro um do outro, o calor da pele. Depois de a
Duas semanas se passaram desde então.Sentada na praça da cidade, Thabata segurava uma garrafa duvidosa de uma bebida igualmente questionável. A garota dá um gole e depois olha para o lado. Joshua realmente a expulsou da vida dele como se ela fosse pouco menos que lixo. E pior ainda, para trocá-la por um lixo de esgoto que era aquela nova inquilina.Ela não conseguia entender como aquela vaca atrevida e ladra de namorados havia conseguido conquistar a amizade tão rápida de todos. Amanda e Amora a expulsaram da festa, simplesmente jogando fora toda e qualquer consideração que poderiam ter pelos últimos anos de amizade. E aquela mosca morta do Johnny foi uma peça fundamental pra tragédia de fato acontecer.Tudo estava dando errado, e a culpa era toda da caipira.Cambaleando, a garota se levantou. Nenhum dos cinco otários quis falar com ela ou sequer ouvir o que tinha a dizer. Apenas disseram que "aquela conduta foi inaceitável", e algumas variantes de "você é uma pessoa ruim." Não, ela
Dois paramédicos olhavam para ela de cima, com seus uniformes brancos e instrumentos medicinais das quais ela não sabia o nome.Franzindo a testa, Emanuele levou um tempo para descobrir onde estava. A primeira coisa que reparou além dos desconhecidos que a examinavam, foi que estava deitada numa maca. A segunda coisa foi que não estava mais na rua, cercada por curiosos, ônibus, árvores e pássaros. A terceira coisa era que o nariz doía como se estivesse quebrado. E provavelmente estava.O resto do corpo também doía. A sensação era de que um caminhão havia a atropelado várias vezes. Seus pulmões ardiam quando ela respirava, e a garganta também não estava muito boa. Meu Deus, ela não tinha nascido mesmo para aquilo.Ainda tentando reorganizar as ideias e se perguntando onde estava, a moça viu que ao seu lado um rapaz bonito e preocupado segurava a sua mão. Ele respondia as perguntas que os médicos faziam, mas ela não as entendia. Talvez precisasse de algum remédio mais forte. Talvez ele