Três semanas se passaram. Joshua e Emanuele não tocaram mais em nenhum assunto delicado. A ruiva resolveu procurar com mais afinco lugares onde pudesse trabalhar presencialmente, embora não achasse. Thabata também havia sumido do mapa, apesar das ameaças de destruir a vida social tanto de Emanuele quanto de Joshua. Johnny respeitava o espaço de sua musa inspiradora, e apesar de todos acharem que estavam em uma espécie de relacionamento, ele deixava bem claro a todos que não havia pressão alguma para que assumissem algo publicamente. Uma rotina estava fixada: Joshua saía para trabalhar em alguns dias da semana, Emanuele saía para procurar um novo emprego e/ou sair com Johnny, os dois conviviam em paz e não havia mais constrangimento algum entre eles. Embora Emanuele às vezes pensasse que seu colega de quarto esboçasse algum ciúme, ela não conseguia parar de pensar que o mesmo já havia dito de forma clara que eles jamais dariam certo. E também, como se relacionar com alguém tão comp
Johnny respira fundo. Nunca foi fácil lembrar dessa pessoa, muito menos falar dela. Ele levou três meses até conseguir sair do quarto e comer e falar como um ser humano. Os pais já haviam tentado de tudo até então: consulta psicológica, livros de autoajuda e até ajuda espiritual com o pastor de uma igreja próxima.Mas o que realmente impeliu Johnny a tentar recuperar a chama da sua vida não foi nenhuma dessas coisas.Sentados no parque, o rapaz não tentou disfarçar as lágrimas nem a fisionomia de choro e dor que sentia ao se lembrar daquela pessoa tão especial. Olhando para cima, ele começou a falar."Ela era minha melhor amiga."Emanuele quase tem um salto. Sim, ele tinha uma melhor amiga, e a amizade dos dois foi abalada por causa da manipulação de Thabata! Ele havia contado aquilo na reunião de algumas semanas atrás.Ele continuou:"Nós nos conhecemos quando eu tinha dez anos e ela onze. No começo, tanto os meus pais quanto os pais dela acharam que teríamos alguma espécie de romanc
Ao ouvir a resposta de Johnny, a menina simplesmente para de respirar. Seus olhos se arregalaram.As pessoas lá fora, passando para lá e para cá, parecem estar completamente distantes. O som dos carros, dos pássaros, das crianças brincando nos balanços e gangorras... Tudo aquilo se torna irrelevante. O rapaz funga mais uma vez enquanto explica, num misto de desespero com assombro:"Naquele dia em que nos encontramos, quando Joshua e você estavam voltando para o prédio... Eu simplesmente pus os olhos em você e... Senti algo extraordinário. Uma espécie de chamado, de conexão. Eu não quero que você pense que estou dando uma desculpa para isso o que temos, seja lá o que for. Mas eu simplesmente sabia que precisava ficar ao seu lado. De qualquer maneira."Johnny toma fôlego e continua:"Quando eu soube seu nome, então, senti tudo ao meu redor girar como se estivesse em um carrossel. Foi como se... Foi como se o universo estivesse me dizendo..."As lágrimas dele não param de escorrer. Eman
Emanuele estava na sala de estar da casa de Johnny. Era a primeira vez que ia para lá. A menina estava se sentindo estranha, mas não sabia exatamente dizer o porquê. Talvez fosse porque jamais fora bem recebida em lugar algum, sempre tendo que lidar com insultos e comentários desagradáveis dos outros. No fundo, talvez ela estivesse esperando por mais ataques.Depois de ouvir a história da amiga de Johnny, Emanuele não poderia simplesmente negar aquele pedido, o de conhecer os pais dele. Era óbvio que a ruiva tinha um significado muito grande pra ele. Era tão estranha aquela sensação. Geralmente ela precisava se esforçar para parecer útil ou ter sua opinião validada, mas ele a escutava e respeitava incondicionalmente.A moça ouviu o barulho de passos. Era a irmã de Johnny, a adolescente do cabelo azul. Ela sorriu pra Emanuele:"Oi!""Oi", Emanuele sorriu de volta."Que bom que você tá aqui. Meu irmão não para um minuto de falar de você, eu já estava começando a duvidar que você era r
Joshua nem mesmo piscou ao ouvir as palavras simples, porém praticamente mortais aos ouvidos dele.Emanuele continuou, ainda sem coragem de encará-lo imediatamente."Ela não entrou em detalhes. Não me contou que doença era, nem o porquê dessa tal recuperação milagrosa ser possível. Mas... Mas é isso, ela quer ficar ao lado desse homem e-"Joshua levanta-se rapidamente. A moça percebe que ele está com o celular em mãos, discando provavelmente o número de Alexandra.Emanuele sente que deve parar de falar, mas simplesmente não consegue."Você acha que... Que isso é possível? Digo, que alguém praticamente moribundo pode ter uma chance de continuar vivendo?"O homem olha para ela. Há ódio brilhando em seus olhos."Talvez. Mas eu não vou permitir que isso aconteça."Ele põe o celular na orelha e fica em silêncio por alguns segundos. Então praticamente urra de frustração e joga o aparelho no sofá."Eu não consigo acreditar nisso. Simplesmente não consigo!", ele grita, revoltado.A garota não
O toque inebriante e sensacional de Joshua era exatamente como ela se lembrava.Ele era forte, dominador e muito seguro de si. Sabia exatamente o que estava fazendo, as sensações que estava provocando, e parecia perito nisso. Emanuele mal conseguia ouvir a voz da própria consciência em meio aquela bagunça de sensações maravilhosas, que a fazia murmurar e gemer.Uma das mãos dele pousou em sua coxa. Ela nunca, jamais havia sido tocada daquele jeito. Geralmente explodia em risinhos de nervoso e ficava sem jeito na mesma hora. Mas ali, naquele momento, ela estava completamente entregue.Joshua pegou Emanuele no colo, ainda beijando-a.Ela não sabia para onde estavam indo, embora pelo palpite e pelo cheiro de madeira e canela, estivessem no quarto dele. A moça de cabelos tingidos, ou quase, já que a tinta estava ligeiramente desbotada, sentiu seu corpo apoiado num colchão macio. Ela ainda não teve coragem de falar qualquer coisa, e seu pescoço estava sendo mordiscado por Joshua, que tamb
Ao ouvir a pergunta de Joshua, Emanuele sente o corpo se inclinar para a frente, quase como se o "sim" já estivesse implícito. Mas sua mente divaga muito antes de ela finalmente conseguir responder:"C-como você vai fazer isso?"Um sorriso ligeiramente arrogante se desenha nos lábios grossos dele."Não subestime meus talentos."Meu Deus.A moça olha por segundos para a boca dele, tão perto que poderiam se beijar a qualquer segundo.Como seria sentir prazer sem perder a virgindade? Havia um jeito de se fazer isso?Ela engole a vergonha e pergunta mais uma vez:"Mas... É sério. Como você vai fazer isso?"Joshua ergue uma das sobrancelhas."Ninguém nunca tocou você? Você... Nunca se tocou?""Não."Eles ficam em silêncio por alguns segundos. Joshua acha aquilo engraçado, mas não ri. Até porque isso poderia passar uma mensagem completamente errada para ela.O homem desliza as mãos até a cintura dela, segurando-a com firmeza. Então a encara e diz bem devagar:"Eu vou estimular você, todo o
Quando Emanuele acordou, Joshua já não estava mais na cama. Assustada, a menina olhou para o relógio na parede, se perguntando por quanto tempo apagou. Então constatou que estava ali há vinte minutos.Lentamente, a ruiva ergueu o tronco, sentando-se. Ela ainda estava só de calcinha.Parte do seu cérebro ainda não conseguia discernir o que era verdade e o que não era. Será que ela havia imaginado aquilo tudo? Os tremores sutis que ainda tomavam conta de seus dedos e das mãos dos pés, bem como o pequeno indício de arrepio em suas costas, eram a prova de que sim, havia sido real.Emanuele ficou de pé, testando a firmeza das próprias pernas e se vestiu. Porque Joshua tinha saído do quarto? Parecia um tanto rude. Ou será que geralmente era assim que as coisas aconteciam, e ela não estava habituada?Quando estava prestes a sair do quarto, o homem abriu a porta. Ele trazia duas canecas, uma em cada mão."Ei, Bela Adormecida."A moça corou de vergonha."Ah, oi.""Oi. Toma. Achei que você es