— Está tudo bem, Mikaela. Não é necessário cobrir as horas, você estava de atestado médico. — Ah, é mesmo. Eu tinha me esquecido que as leis trabalhistas aqui no Brasil é diferente — forcei um sorriso. — Por que eu estou aqui então? — Nós vamos combinar um novo horário para você; agora irá trabalhar meio período. — Por quê? — Minha pergunta soou desconfiada. — Porque não queremos outra internação hospitalar no seu currículo. Eu também quero ressaltar que, na próxima vez que você esconder que está passando mal, vai levar uma advertência. — Agradeço por tudo, e sinto muito pelo transtorno. Ele só balançou a cabeça e me mandou sair. Quando passei pela porta, a Aruna estava chegando. — Olha só quem resolveu aparecer, a noiva cadáver — falou, com puro deboche. — É, eu estou de volta. Você sentiu minha falta Aruna? — perguntei, com meu melhor sorriso. — Eu? Se enxerga, "fia", para mim você nem deveria ter voltado. Nem você, nem a sonsa da sua amiguinha... Ela para de falar quando
BRUNO Eu não sei o que a Mikaela tem, mas essa história de "nada demais" não me convenceu nada. Ela tem uma palidez que não passa e todas as vezes que tem hemorragia nasal tem que ser hospitalizada. As coisas aqui em Vale Verde estão muito corridas; o festival anual desse ano será maior que os anos anteriores, já que o Afonso fez parceria com produtores de Municípios vizinhos. — Esse ano nosso festival vai bombar! — Afonso falou, animado, enquanto mostrava a quantidade de produtores que fecharam contrato. — Assim espero, nossa cidade merece esse reconhecimento. A propósito, esse ano a empresa vai patrocinar os cantores assim como nos anos anteriores — informei e ele vibrou. — Isso é ótimo. Sua empresa sempre nos presenteia com ótimos cantores. A população fica eufórica todas as vezes. — Mas você também ajuda bastante, a cada ano o festival está mais conhecido. Agora os cantores ficam até animados em vir fazer shows aqui. — Ele riu do meu comentário. Antes os cantores olhavam o n
MIKAELA Eu saí de perto do grupo, mas não resisti, fiquei olhando-os de longe. O Bruno é muito popular, na verdade, ele sempre foi, só que agora, além de popular, ele também é um empresário importante; tanto que os fazendeiros cheios da grana aproximam-se dele o tempo todo para cumprimentar. A Nora fica cheia de sorrisos, também que mulher não estaria radiante ao lado de um homem como o Bruno. Ele busca bebidas para ela, prende seu sapato, arruma seu cabelo atrás da orelha. Pensar que antes todas essas ações eram para mim me faz sentir muito ódio. Eu tenho ódio de tudo que eu fiz, a decisão errada que eu tomei, fez minha vida ser completamente diferente do que eu sonhei. — "Eu prometo que vou realizar todos os seus desejos ok." — Essa foi a última frase que o Bruno falou para mim antes de eu ir embora. Se eu não tivesse aceitado aquele convite, hoje ele estaria cumprindo a promessa que me fez. Meu coração dói tanto quando vejo os dois se beijando, enquanto dançam ao som de uma músic
— Você acha que engana quem, Mikaela? Eu conheço você, sei muito bem o que você pretende com sua conversinha mole para cima do Afonso. Agora sou eu quem ri. Não é possível que a vingança desse homem seja tão doente a ponto de tirar uma conclusão tão absurda de uma conversa amigável. — Bruno, eu apenas conversei com o prefeito, não fiz nada disso que você está falando. Cara, tudo bem que você me detesta, mas daí inventar um absurdo desse só para brigar comigo é demais! — Não seja cínica, Mikaela! Nada que você faz é sem algum motivo oculto. Você foi à festa vestida assim — encara minhas roupas, e a raiva em seus olhos é muito nítida — justamente para chamar ainda mais a atenção dele! — Bruno, você acha mesmo que eu sou esse tipo de pessoa? Cara, eu simplesmente conversei com uma pessoa que puxou assunto comigo, eu não ia adivinhar que o seu prefeito iria chegar enquanto eu elogiava o trabalho dele. E eu me vesti como sempre me visto, não foi com segundas intenções — soltei um l
Sua mão que segura meu braço aperta mais forte. Ele não correspondeu ao meu beijo no início, mas quando eu puxei levemente seu lábio inferior com os dentes, ele passou o outro braço em volta da minha cintura colando meu corpo ao seu. Eu fiquei feliz em saber que ele continua gostando das mesmas coisas que gostava antes. No passado, ele ficava louco quando eu prendia seu lábio inferior entre os dentes e depois aprofundava nosso beijo. Ele me apertou forte contra seu corpo, devorando minha boca com possessividade, urgência, raiva… era um misto de sensações provando que, apesar da raiva, seu desejo é tão grande quanto o meu. Quando ele soltou meu braço, eu envolvi seu pescoço com os dois braços, entregando-me completamente à esse momento. É tão bom sentir seu beijo, seu abraço, sua pegada; eu senti tanta falta disso. Sinto meu corpo inteiro arrepiar quando ele segura firme meus cabelos da nuca, agora é ele quem controla o beijo à sua maneira. É incrível como ele está ainda mais gost
Ele falou entredentes. Não gostou nada da minha ação. Eu balancei minha cabeça, negando, mesmo que não foi uma pergunta. Ele arqueou a sobrancelha e me olhou fixamente nos olhos. — Eu não quero… ahhh… eu juro… — falei com dificuldade, ele não parou seus movimentos. Ele aproximou sua boca do meu pescoço e deu um chupão forte, quase uma mordida. — Ai! — reclamei, e ele riu. — Eu posso marcar você, você não pode me marcar, não pode fazer nada. — Afirmou, enquanto continuava deixando chupão no meu pescoço. Mesmo sentindo uma leve dor, não consegui reclamar porque estava gostoso demais. Ele me levou para a cama e, depois de ficar completamente nu, deitou sobre mim. Prendeu minhas mãos a maior parte do tempo, com medo que eu deixasse marcas nas suas costas. ***Quando acordei o sol já estava alto no céu. Levantei-me e senti minha cabeça girando, meu corpo também estava bem dolorido, mas era uma dor tão boa. Após tentar me espreguiçar algumas vezes, olhei o quarto, é tudo muito bonito.
— Eu não consegui dormir, então resolvi vir olhar algumas coisas aqui. Você está melhor? — perguntei, abraçando-a. Eu sinto um peso enorme na consciência, eu falei tanto da Mikaela pelas traições dela, mas fiz exatamente a mesma coisa, eu acabei traindo a Nora. — Eu estou bem — massageia as têmporas. — Só minha cabeça que está estourando. Acho que exagerei nos drinks ontem. — faz uma careta divertida. — É, você exagerou bastante. Estava até divertido ver minha esposa toda soltinha dançando. — Ela estreita os olhos. — Eu paguei muito mico ontem? — neguei com a cabeça — Bruno, você está mentindo pra mim, pela sua cara eu paguei mico sim. — Não. Você não pagou mico, só se divertiu, ok. — Você não está falando a verdade. Ai que vergonha eu passei.— Você não passou vergonha, só se divertiu. A minha mãe adorou quando você decidiu ensiná-la a fazer a dancinha do tik tok. — contei, rindo. — Bruno, eu não fiz isso — negou quase chorando, e eu dei risada — Você está rindo! Bruno, você
MIKAELA Eu olhei a cara do Bruno procurando algum resquício de dúvida na sua decisão de me mandar embora, mas não tinha nada. Ele parecia até se divertir com a minha situação, ou melhor, parece não, ele está se divertindo com o meu desespero. — Você está me mandando embora por causa do que aconteceu entre nós aquele dia? — perguntei, ele suspirou, impaciente. — Você ainda tem dúvidas, Mikaela? Você achou que uma noite de sexo iria me fazer mudar a decisão, que eu iria parar com minha vingança? Você está muito enganada. — Sua risada desdenhosa soa alta. — Eu não pensei nada, Bruno. Eu sei que você nunca vai desistir da sua vingança e me perdoar. Eu conheço você o suficiente para saber que se tivesse alguma chance de perdão, você jamais me colocaria em um trabalho desse. — Ele estreita os olhos quando eu termino minhas palavras. Olho em seus olhos. — Você não precisa me mandar para o Rio de Janeiro, eu não vou provocar você ou criar situações. Eu não quero complicar sua vida — Sua