Ele falou entredentes. Não gostou nada da minha ação. Eu balancei minha cabeça, negando, mesmo que não foi uma pergunta. Ele arqueou a sobrancelha e me olhou fixamente nos olhos. — Eu não quero… ahhh… eu juro… — falei com dificuldade, ele não parou seus movimentos. Ele aproximou sua boca do meu pescoço e deu um chupão forte, quase uma mordida. — Ai! — reclamei, e ele riu. — Eu posso marcar você, você não pode me marcar, não pode fazer nada. — Afirmou, enquanto continuava deixando chupão no meu pescoço. Mesmo sentindo uma leve dor, não consegui reclamar porque estava gostoso demais. Ele me levou para a cama e, depois de ficar completamente nu, deitou sobre mim. Prendeu minhas mãos a maior parte do tempo, com medo que eu deixasse marcas nas suas costas. ***Quando acordei o sol já estava alto no céu. Levantei-me e senti minha cabeça girando, meu corpo também estava bem dolorido, mas era uma dor tão boa. Após tentar me espreguiçar algumas vezes, olhei o quarto, é tudo muito bonito.
— Eu não consegui dormir, então resolvi vir olhar algumas coisas aqui. Você está melhor? — perguntei, abraçando-a. Eu sinto um peso enorme na consciência, eu falei tanto da Mikaela pelas traições dela, mas fiz exatamente a mesma coisa, eu acabei traindo a Nora. — Eu estou bem — massageia as têmporas. — Só minha cabeça que está estourando. Acho que exagerei nos drinks ontem. — faz uma careta divertida. — É, você exagerou bastante. Estava até divertido ver minha esposa toda soltinha dançando. — Ela estreita os olhos. — Eu paguei muito mico ontem? — neguei com a cabeça — Bruno, você está mentindo pra mim, pela sua cara eu paguei mico sim. — Não. Você não pagou mico, só se divertiu, ok. — Você não está falando a verdade. Ai que vergonha eu passei.— Você não passou vergonha, só se divertiu. A minha mãe adorou quando você decidiu ensiná-la a fazer a dancinha do tik tok. — contei, rindo. — Bruno, eu não fiz isso — negou quase chorando, e eu dei risada — Você está rindo! Bruno, você
MIKAELA Eu olhei a cara do Bruno procurando algum resquício de dúvida na sua decisão de me mandar embora, mas não tinha nada. Ele parecia até se divertir com a minha situação, ou melhor, parece não, ele está se divertindo com o meu desespero. — Você está me mandando embora por causa do que aconteceu entre nós aquele dia? — perguntei, ele suspirou, impaciente. — Você ainda tem dúvidas, Mikaela? Você achou que uma noite de sexo iria me fazer mudar a decisão, que eu iria parar com minha vingança? Você está muito enganada. — Sua risada desdenhosa soa alta. — Eu não pensei nada, Bruno. Eu sei que você nunca vai desistir da sua vingança e me perdoar. Eu conheço você o suficiente para saber que se tivesse alguma chance de perdão, você jamais me colocaria em um trabalho desse. — Ele estreita os olhos quando eu termino minhas palavras. Olho em seus olhos. — Você não precisa me mandar para o Rio de Janeiro, eu não vou provocar você ou criar situações. Eu não quero complicar sua vida — Sua
Eu não tenho muitas amigas aqui, aliás, não tinha nenhuma, até a nova contratada chegar, a Mikaela. Nos damos bem assim que nos conhecemos, ela é um amor, mas parece muito mal, tadinha, a gente ver nos olhos dela que a vida dela não é nada fácil. Eu faço o possível para ajudar, quase morro de dor no corpo, meus músculos ficam moídos, mas eu dou conta de todo o trabalho sozinha quando ela não está bem.Eu já percebi que entre ela e o chefe tem algum problema, não deve ser nada simples, porque o chefe fez ela se desculpar com um cliente escroto; isso nunca aconteceu, no máximo era uma advertência e pronto. Hoje o chefe veio e a Mika conversou com ele no escritório por alguns minutos, ela saiu de lá péssima. Depois de terminar as tarefas que o Marcelo designou para mim, eu resolvi ir até o quarto dela, meu coração doeu quando ouvi o choro, ela ainda mentiu dizendo que estava tudo bem. Eu resolvi não insistir, ela pode querer ficar sozinha, mas quando estava saindo ouvi um barulho alto.
MARCELO Ontem a noite a Mikaela passou mal outra vez, ela desmaiou no quarto e acabou machucando a cabeça quando caiu. A sorte dela é que a Brenda estava lá e ouviu, ou as consequências poderiam ser bem ruins. Eu sei que o objetivo do Bruno é se vingar pelo que a Mikaela aprontou com ele no passado, mas sinceramente, eu não concordo com nada disso. É visível que a Mikaela não está nada bem, há dias que ela mal consegue parar em pé, mas o Bruno insiste nessa vingança idiota. Ele ainda tem sentimentos por ela, isso ficou bem claro ontem, dava para ver o pânico explícito no seu rosto quando a Brenda disse que a Mikaela estava mal, esse pânico só piorou quando ele viu o estado dela, mas a raiva o cega. Eu até tentei falar com ele, mas o cara é orgulhoso demais parar aceitar conselhos. — Bruno, viu agora, olha só como ela está. Não tem condições de fazer ela continuar trabalhando, ela precisa de acompanhamento médico! — falei, depois que a Mikaela entrou para sala de emergência. O Brun
BRUNO Eu não deveria me sentir assim por causa de uma mulher que me enganou e humilhou, mas eu estou muito preocupado. Ver a Mikaela caída com aquele sangue ao redor da sua cabeça e o quarto completamente bagunçado, me deixou muito perturbado. Eu não fico tão ansioso assim desde que a Amanda caiu da árvore e quebrou o braço. Eu entrei na enfermaria para vê-la e foi mais um baque que tive, a Mikaela está com um monte de tubos espalhados pelo corpo e agulhas nos braços, isso está longe de ser algo simples. — É o senhor que está acompanhando a paciente? — Uma enfermeira perguntaou, aproximando-se de mim.— Sim. — Acompanhe-me , por favor. O doutor quer falar com o senhor. Só pela sua fisionomia séria, eu já imagino que isso não vai ser nada bom. — Bom dia, doutor. — cumprimentei, assim que entrei no consultório. — Bom dia. Pode se sentar, por favor. — aponta a cadeira. — Então, senhor...— Bruno. — Então, senhor Bruno. O caso da sua amiga é muito complicado. — Senti um nó se form
— Eu não diria que eu desisti, só que eu aceitei que não vou conseguir dessa vez. — Ela fala calmamente e essa sua reação me incomoda muito. — Você fala isso assim? Você realmente não tem medo da morte, Mikaela? — Ela negou, sorrindo. Seu objetivo é me irritar. Minha gargalhada soa alta, nervosa. Minha vontade é sacudir essa mulher com força; ela não pode estar falando sério. Eu respiro fundo, tentando me acalmar, depois puxo uma cadeira e me sento ao lado da cama. — Quando você ficou doente a primeira vez? — Ela estreita os olhos quando ouve minha pergunta; morde o lábio inferior; parece se em dúvida se me conta ou não. — Você não quer resolver as coisas, Mikaela? Eu estou te oferecendo uma chance de falar. Aproveite, seja sincera comigo ao menos uma vez. — Bruno, eu sempre fui sincera com você. Eu te amo de verdade e sempre te amei. Muito — mais uma vez o som da minha risada ecoa junto ao barulho dos aparelhos médicos. — Amou tanto que me traiu e ainda foi embora com um ve
— Ela ajudou você? — Minha voz sai arranhada, é como se tivesse uma bola de arame na minha garganta. Enquanto estou lutando para digerir, essa história absurda, ela continua:— Ela me salvou. A Danda me achou desacordada na rua e me levou ao hospital; pagou a conta, me comprou comida e depois que eu ganhei alta médica ela me levou para sua casa. Eu moro no quartinho dos fundos da loja de conveniência dela. — Por que você não voltou ao Brasil? — Porque eu não tive condições, e nem coragem. Três meses depois eu comecei a sentir dores na barriga. A menstruação durava o mês inteiro e as cólicas eram terríveis. Eu fiz exames e descobri a doença, um tumor maligno no útero que se estendeu aos ovários; segundo os médicos, a causa foi a falta de cuidados e o excesso de abortos em um curto período de tempo. Eu destruí a minha vida quando entrei naquele carro, Bruno. Eu fui gananciosa e deixei meu interesse pela vida luxuosa falar mais alto que o meu amor por você e me lasquei. — Ela ri novam