[ Visão de Iuri Stevens]
Ao entrar em casa, vejo meus pais abraçados em pé no meio da sala.
— Finalmente, meu garoto está de volta! — meu pai me abraça forte e eu retribuo da mesma forma.
Sete anos longe daqui, dos meus pais. Durante as férias de um semestre para o outro, me dediquei na academia e no aprendizado de artes marciais. Me esforcei muito para melhorar fisicamente, e estou feliz com o resultado. Hoje me olho no espelho e me sinto bonito, mesmo ainda sendo atormentado pelas palavras de Aya que insistem em martelar na minha cabeça dia após dia.
— Você se tornou um homem muito lindo, meu filho — minha mãe também me abraça, eu a levanto do chão pela cintura e dou um giro com ela em meus braços. Como eu senti a falta dela.
— A senhora está ainda mais linda, mãe — falo e a solto.
— Os anos nos favoreceram, querido — ela sorri abertamente — Vá tomar um banho!
Dou um beijo na testa de dona Carmem e sigo para o meu antigo quarto. Olho em volta, nada mudou, os meus posters de anime continuam aqui no mesmo lugar. Suspiro, eu ainda sou muito fã de anime, mas agora não tenho mais tanto tempo como tinha antes, só assistio quando termino minhas responsabilidades.
Meu pai fez o nome Stevens Construções crescer muito no ramo das construtoras nacional e internacional, já tenho projetos de como fazer esse nome ter ainda mais destaques.
Vago por alguns instante olhando para a parede, há sete anos, Aya estava dormindo logo ali, bem no quarto ao lado... Não! Não pense nela!
Sigo para o banheiro, tomo um banho rápido, visto o terno feito pelo meu alfaiate, com o pente arrumo meus cabelos para trás. Me olho no espelho, deixei minha barba crescer porque li em uma revista, uma pesquisa perguntando às mulheres se elas gostam mais de homem com ou sem barba, com barba ganhou e desde então mantenho minha barba, sempre bem feita.
— Vamos? — pergunto ao chegar na sala, caminho junto a meus pais para o carro que nos espera na porta.
Não leva mais que vinte minutos até o carro ser estacionado, respiro fundo, a partir de hoje estarei na frente de tudo isso. Caminho na frente de meus pais, as portas de vidro fumê não me deixam ver nada do lado dentro, no entanto, me viram chegando e abriram a porta para mim.
— Seja bem vindo, senhores Stevens — Juliana, a mãe de Aya, fala suavemente, mas me irrita só ouvir a voz dela.
Entro sem responder, ela engole em seco, todos os líderes de cada setor estão presentes, mas não tenho tempo de reparar no rosto de nenhum.
— Vamos para a sala presidencial — meu pai dá a ordem.
Eu e meus pais vamos ao elevador privativo. As portas se abrem e seguimos para a sala da presidencia, que a partir de hoje pertencerá a mim. Todos vão entrando e se acomodando.
— Bem, A parti de hoje, será o meu filho o CEO da empresa Stevens, ele ficou fora por longos sete anos, estudando para poder ocupar o cargo e eu e minha esposa finalmente podermos descansar e aproveitar nossa aposentadoria, foram longos trinta e cinco anos aqui, trabalhar com cada um de vocês foi muito bom — ele vira para mim — Filho, nesses anos que ficou longe, novos funcionários entraram na gestão da empresa, irei apresentá-los, deem um passo à frente, Marcos Decapri, diretor do RH e Leandro Silva, diretor do setor de desenvolvimento econômico.
Só pode ser brincadeira, não acredito que o cara que passou a infância fazendo bullying comigo agora é um dos diretores na empresa. Como ele conseguiu entrar aqui? Ele era muito burro na escola!
— Prazer em conhecê-lo, senhor Stevens — Marcos estende a mão e eu aperto.
Noto a hesitação do Leandro de se aproximar, deve pensar que irei demiti-lo como uma forma de me vingar de tudo o que fez comigo.
— Senhor...
Sua voz é cortada com as portas sendo abertas simultaneamente, uma mulher de estatura baixa entra de olhando para baixo, quem é ela? Será que é alguém da gestão que se atrasou? Já começou com o pé esquerdo comigo, odeio atrasos... O que ela está fazendo!? Ela se ajoelha e cola a testa no chão, eu já vi essa posição antes, contudo, apenas em animes. Quem é essa mulher? Só pode ser uma louca desvairada.
Sinto meu sangue gelar em minhas veias, isso não pode ser coincidência, o mundo só pode está de brincadeira com a minha cara! Não pode ser a mesma Aya por quem fui apaixonado. Ela devagar ergue a cabeça, seus grandes olhos redondos de cor violeta não me deixam nenhuma dúvida, é ela. Trabalhei tanto tempo para tirá-la de meus pensamentos, e agora ela está bem aqui, na minha frente! De joelhos e chorando. Seus olhos me olham assustada, com certeza ela não esperava me ver aqui. Negando com a cabeça e com os olhos chorosos ela se levanta e sai correndo da sala, Leandro corre atrás dela.
— Só pode ter ouvido que o herdeiro é solteiro, caçadora de homens — Marcos murmura, mas consigo ouvi-lo bem.
— Bem, podem voltar para seus setores, quero que apenas o senhor Marcos permaneça — falo me dando por vencido, preciso de informações.
— Seja sábio em suas decisões — minha mãe me abraça, e eu a abraço de volta.
— Pode deixar mãe.
— Sucesso, meu filho — meu pai também me abraça, depois abraça minha mãe pelos ombros e saem juntos fechando as portas.
Ajeito meu paletó e caminho para minha poltrona atrás da mesa, Marcos permanece em pé, faço sinal com a mão para que ele também se sente, assim ele faz.
— No que posso ajudar, senhor Stevens?
Respiro fundo, sei que não queria ter nenhuma informação sobre ela, mas agora ela trabalha aqui, talvez eu tenha que vê-la todos os dias. Terei que ter informações sobre ela, todos esses anos que sufoquei essa vontade, foram por água abaixo assim que seus olhos pousaram sobre mim.
— O que sabe sobre a senhorita Aya? — indago de forma direta.
— Bem... Há mais de um ano ela vem saindo com mais de duzentos homens, um diferente a cada noite ou a cada semana. — diz com desgosto.
— Você foi um deles?
— Sim, Leandro nos apresentou mês passado — ele dá uma pausa e coça a cabeça — Ela queria que eu me casasse com ela em menos de um mês.
— O que ela faz aqui na empresa? — pergunto escondendo o quão incomodado eu fiquei com tais informações.
— Ela trabalha no setor de desenvolvimento econômico, como secretária do Leandro há dois anos.
Eu realmente vivi para vê-los trabalhando juntos, o que aconteceu nesses anos que fiquei fora?
— Não duvido nada, que como ela não conseguiu pegar o senhor Gustam, veio atrás do filho dele...
— Pode ir embora — o corto grosseiramente, e calado ele sai da minha sala.
Giro na poltrona e fico olhando os carros passando apressados pela rua, eu só queria distância dela, pensei que nunca mais a veria novamente e para aumentar ainda mais a minha surpresa, além de vê-la, ainda revejo Leandro e pela cena, os dois agora são amigos.
Ela está ainda mais linda que antes, seu corpo está com muitas curvas, seus seios antes escondidos pela blusa larga do uniforme da escola, agora estão quase saltando pelos pequenos botões da blusa branca, seus cabelos estão ainda maiores, mas seus olhos... Apesar de me encararem de forma assustada, ainda pareciam ser inocentes, mas sei que não são, ela é uma caçadora de homem, ela agora é uma oferecida. Suspiro, eu realmente não queria saber dessas coisas. Não queria ficar incomodado dessa forma, a vida e o corpo são dela, ela quem decide o que fazer.
"— Do que está falando!? — questiono confuso — Nossos pais são amigos — tento me justificar — Eles sempre jantaram lá em casa, e para mim também foi uma surpresa quando você apareceu...
— Você é um mentiroso! — revira os olhos — Aquele jantar… — as lágrimas voltam a cair de seus olhos, isso deixa meu coração tão apertado, ainda mais por eu não entender o real motivo — Minha mãe me obrigou a ir, apenas porque o filhinho mimado de seus chefes estava apaixonadinho por mim. Com certeza você só queria me usar como o Leandro fez, vocês devem ser iguais, dois canalhas sem escrúpulos que pensam que podem fazer o que bem entender sem...
— Não me compare com ele! — a corto, não vou permetir ser comparado com esse lixo — Eu nunca mentir pra você, nunca sequer pensei em te usar, porque eu não...
— Por que EU nunca te dei bola — grita histerica — Nunca sequer reparei em você na sala, um espinhudo feio que se acha só porque tem dinheiro e aí quer manipular a todos ao seu redor! Tudo o que você vai conseguir na vida são mulheres que vão te querer apenas por dinheiro, porque você não tem nada além disso para oferecer! N-A-D-A!
— Eu nunca me achei melhor que ninguém — falo cansado — Nem nunca te forcei a nada, sei que não sou o mais bonito, mas...
— Vá para o inferno seu invisível de merda! — me interrompe, a olho triste — Quero que se foda você e todo mundo!
—Aya... "— chacoalho minha cabeça, isso não é hora de ficar lembrando dessas coisas.
Aya, Aya, o que eu farei com você?
[ Visão de Aya Millenis] — Espera Aya — ouço a voz de Leandro me chamando, mas antes que as portas do elevador se fechassem ele consegue entrar — O que deu em você para fazer aquele cena, Aya? — E-eu não sabia que ele tinha voltado... Por que não me disse!? Vocês sabe o quanto eu queria falar com ele... — Me desculpe Aya, e-eu... Fiquei me corroendo, também fiz e disse muitas coisas com o Iuri que me arrependo, cheguei até pensar que ele me demitiria por vingança... Eu.. Me desculpa. — Agora já está feito... Passei vergonha na frente de toda a gestão da empresa e pior... Na frente de meus pais... Eu...— as lágrimas caem como cascata sem que eu consiga controlá-las — Por que eu tenho que ser tão idiota...Eu... Leandro me abraça, as portas do elevador se abrem novamente, parado agora no quarto andar, onde fica o nosso setor, caminhamos até a minha mesa que fica em frente a sala dele, ele desfaz o abraço e enxuga minha lágrimas.<
[ Visão de Carmem Stevens] — No que está pensando? — meu marido questiona. — Será que foi realmente uma boa ideia colocá-la lá? — perscruto, mas a pergunta é mais para mim do que para ele. — Vamos deixar o tempo dizer, querida — segura minha mão, até hoje, sempre que sinto o seu contato, quente, me sinto a pessoa mais feliz do mundo, o melhor homem do mundo é meu. Foi minha ideia colocá-la na empresa, eu queria que Juliana a visse conquistando as coisas, superando o abandono que sofreu, no entanto, depois de um ano e meio sendo uma funcionária exemplar, ela começou a sair com praticamente todos os homens da empresa, chegando a sair até com sócios. Eu nunca a questionei do porquê ela ter começado a agir dessa forma porque a vida é dela, no entanto, Iuri foi embora pedindo pa
[ Visão de Aya Millenis] — Toma — minha irmã me entrega uma caneca com chocolate quente. — Obrigada — pego a caneca. Já tem duas horas que voltei do trabalho e me sinto abatida, a primeira coisa que fiz quando cheguei foi ligar para minha irmã, ela veio imediatamente e a primeira coisa que ela fez... Isso mesmo, me obrigou a tomar banho, banho gelado... Até que ajudou, mas ainda me sinto mau. — Vamos, conta logo o que aconteceu — se senta ao meu lado, também bebendo chocolate quente. Suspiro e aliso a borda da caneca, Iuri vem em meus pensamentos... Ele me deu uma ordem, apenas mandou eu encontrá-lo amanhã para conversamos, o que será que vai acontecer? Lembrar de como ele foi grosso comigo me machuca, mas não posso sentir raiva, eu o tratei muito pior no passado, agora eu sei como ele se sentiu quando eu falei e fiz aquelas coisas com ele sem se quer me importa de como ele estaria se sentindo. — O Iuri... Ele voltou..
[ Visão de Aya Millenis] Grosso, grosso, grossoooo! Que raiva! Respiro fundo, meu dia ontem foi ruim, hoje pelo jeito vai ser ainda pior. Saio do elevado e caminho até minha antiga mesa, Leandro já deve está em sua sala, com certeza ele estranhou o fato de eu não está o esperando na porta com a agenda pronta, sempre chego dez minutos antes dele. Meu cérebro tenta a todo custo encontrar uma lógica para o que aconteceu, por que ele me escolheu como sua secretaria? Apesar de já exercer como secretaria, não tenho o melhor histórico com ele. Calma Aya, pelo menos já sabe que desempregada não irá ficar. Sei que se eu fosse demitida, não seria problema encontrar outro emprego, porém, sempre me dediquei em meu cargo como forma de gratidão por tudo que fizeram por mim. — Aya? — a voz de Leandro me tira do transe. — O-oi — pisco varias vezes, me afundei tanto em pensamentos que nem notei que havia entrando na sala dele sem nem a
[ Visão de Aya Millenis] Faltam apenas cinco minutos para o expediente acabar, passei o dia todo com o pé de minha barriga congelando. O dia todo no misto de tristeza e ansiedade. A imagem de minha pequena ainda me deixa muito triste, e o que no momento esta me distraindo dessa tristeza é a apreensão sobre como vai ser daqui pra frente com o Iuri. Nem dá para acreditar, depois de todos esses anos, longos setes anos, finalmente terei uma conversa com ele, irei pedir perdão por tudo o que fiz e irei tentar explicar o porquê de eu ter agido daquela forma, tenta explicar que agora eu sou uma pessoa totalmente diferente. Com todos esses anos, depois de ter sido salva por Leandr
[Visão de Iuri Stevens] As vezes eu me pergunto, por que as pessoas mudam tanto? E ao invés de mudar para melhor, a mudança é algo que nos decepciona. Eu tinha algumas expectativas para esse jantar com Aya, queria começar a colocar em prática meu plano para levá-la ao
[ Visão de Aya Millenis] “O que ele quis dizer com: ou levará punição?" — Como ele poderia me punir? — coloco minhas mãos sobre minha boca, acabei falando em voz alta a última parte do meu pensamento. Sinto calafrios na minha espinha, respiro fundo, ele deve ter falado apenas para me assustar, como uma brincadeira. Fecho as pastas no computador e pego na mesa o cartão de crédito pessoal que ele deixou aqui ontem, não imaginei que ele havia deixado apenas para eu ir comprar o almoço dele. Na empresa tem refeitório, mas pelo jeito ele não curte a comida aqui. Coloco o cartão no bolso do meu blazer e sigo para o elevador, o restaurante fica a cinco minutos daqui. ***Dezenove minutos depois*** Resta apenas um minuto do tempo que o Iuri me deu para buscar seu almoço, fico batendo meu pé freneticamente no chão
[Visão de Iuri Stevens] Droga! Diaba violeta do rosto mais sexy que já vi! Como pude ter sido tão fraco!? O plano era tão simples! Eu não queria tê-la beijado, queria apenas tê-la provocado, deixando-a com vontade de me beijar e não ao contrário, queria que ela fechasse os olhos e avançasse em mim, para eu me afastar e sorrir de forma sedutora para ela, mas ao invés disso, ela tentou me afastar com o rosto tão corado que quem avançou nela foi eu. Que grande droga! Isso acabou sendo como uma adaga de dois gumes, e eu me cortei feio. Não consegui resistir aquela boca que sempre esteve tão fora do meu alcance, mas que agora há pouco estava apenas alguns milésimos de distancia, aquela pele bronz