𝐎𝐢, 𝐪𝐮𝐞𝐫𝐢𝐝𝐚 𝐥𝐞𝐢𝐭𝐨𝐫𝐚 𝐝𝐞𝐢𝐱𝐞 𝐬𝐞𝐮 𝐂𝐎𝐌𝐄𝐍𝐓𝐀́𝐑𝐈𝐎𝐒 𝐞 𝐀𝐕𝐀𝐋𝐈𝐀𝐂̧𝐀̃𝐎. 𝐎𝐛𝐫𝐢𝐠𝐚𝐝𝐚.
TOBIAS BERNSTORFF Do escritório de casa observo o pôr do sol, através das enormes janelas vidradas. Ainda tentando assimilar as informações do documento que acabei de ler “ o senhor está sendo intimado a comparecer ao tribunal judicial na data de vinte e seis de dezembro de dois mil e vinte e um...” Daqui a duas semanas. Eu achei que ela não faria isso, que fosse só os nervos a falar, que quando estivesse calma, pensaria melhor. Me enganei. A Sophie teve alta do hospital faz uma semana, o médico disse que os primeiros dias seriam difíceis para ela, mas a terapia da fala tem dado certo, e minha menina é forte com seus pais.Sento-me novamente e analiso a intimação, respiro profundamente ao ponto de sentir meu peito doendo. Aliso minha barba por fazer a dias e decido liga para advogada. Desligo o telefone passados alguns minutos sentindo-me mais aliviado com a sua palavra otimista. A porta do escritório se abre após duas partidas nela. — Menino Tobias — Nana me olha preocupada. — O
NIHARA KUDIMONA Hoje tive que sair mais cedo da empresa, para me encontrar com o agente imobiliário. As últimas duas casas são bem do meu agrado, mais ficam muito afastada da casa da minha irmã. Um dos requisitos invioláveis é que o lugar onde eu vá morar seja próxima dela e do trabalho. Meu telefone toca na bolsa, paro o carro no acostamento, retiro o aparelho de onde está e atendo logo. — Oi, princesa tudo bem? Aconteceu alguma coisa? Mantivemos o contacto desde que nos conhecemos no hospital, Astrid tem me mantido informada sobre a pequena Sophie e o seu irmão, temos conversado bastante. Ela é uma garota bem inteligente, amável, responsável e divertida. É uma designer de joias em acessão e só tem ainda desaseis anos. — Princesa, claro que eu posso. Mesmo que eu tivesse algum compromisso desmarcaria por você, me envia o convite. Ok, fica bem, beijo. Desligo me sentido lisonjeada por ela ter pensando em mim para algo tão importante da sua vida. Convidada de
TOBIAS BERNSTORFF Assim que ela abre a porta, nos encaramos em silêncio como se as palavras não fossem necessárias para nos comunicarmos agora. Ela desvia o seu olhar para si mesma, pressiona as pálpebras e dá um leve suspiro seguido de uma careta constrangida. Ela está de pijama dourado de borboleta que deixa amostra partes do seu corpo. Agora entendo o seu constrangimento. Dou um meio sorriso e ergo a mão para ela. — Olá, desculpe incomodar a essa hora. — Oi — aperta delicadamente a minha mão. — Por favor, entre vou vestir algo mais apropriado. Fique à vontade. Por favor, não vá. Assinto, vendo ela subir os degraus, sinto a outra mulher se aproximar, mas meus olhos não conseguem desprender da miragem a minha frente, até que ela, desapareci do meu campo de visão. Viro-me em direção a sua irmã que me encara seriamente, com os braços cruzados abaixo dos seios. — Por aqui, por favor — aponta o caminho até a sala. — Desculpe eu… Como você está e o bebé? — p
NIHARA KUDIMONAA empresa está ao rubro com os resultados das duas campanhas lançadas. O perfume, criado para o público pré-adolescente e adolescente, até ao momento está entre os produtos mais vendidos, com apenas uma semana no mercado.Uma festa de comemoração é organizada para logo a empresa está bem agitada hoje. Da minha sala posso ver o vai e vem de gente, umas em reuniões, e outras desempenhando a suas funções habituais. Eu analiso, e revejo alguns documentos antes de apresentar os números reais e alcance dos anúncios na reunião que será realizada daqui a trinta minutos.Minha assistente, acaba de entrar, traz uma tigelinha transparente contendo uvas das duas cores, ela aproxima-se e deixa a mesma de frente para mim olhando pedinte.— Por favor, a senhora, quer dizer, você precisa comer alguma coisa, está muito tempo olhando para esse computador.— Sorrio, ao lembrar de algo parecido ser dito pela minha mãe.— Obrigada, pela atenção querida, vou comer sim. Então como estão os nú
Chegamos a empresa, o lugar está fantástico, tenho de admitir que ela sabe fazer o seu trabalho. Mas ainda tem tempo de sobra para fofocar. James veio connosco, está nesse momento estacionando o carro. Seguimos os três até ao elevador, James entra primeiro e acciona o botão até a cobertura, franzi a testa confusa. Como ele sabe aonde vamos? — Minhas belas senhoras, chegamos. Aqui de cima o lugar se torna ainda mais lindo, tem luzes em lugares de estaques, pequenos sofás nos cantos e mesinhas de centro. A varanda foi enfeitada de flores silvestres aos arredores. O lugar agora está mais cheio, pensei que fosse uma pequena comemoração, não espera tudo isso. Eu deveria ter ficado em casa, é demais para mim tudo isso, traz-me lembranças ruins que quero esquecer. Os olhares incomodam-me, flash de imagens do último jantar em família minha e de Bráulio surge na minha cabeça, tortura, sinto-me torturada por elas. — Preciso de uma bebida — digo, me distanciando dos dois.
TOBIAS BERNSTORFF— Filho está tudo bem? — pergunta o meu pai entrando no meu escritório. Ajeito-me na cadeira e dou um suspiro. — Como eu pude enganar-me tanto com ela, pai? Como eu não enxerguei o tipo e mulher que tinha do meu lado? — reclamo, melancólico, ao vê-lo sentar-se diante de mim — Sabe, meu filho, penso que de certa forma você soubesse quem era a mulher que compartilhava a vida contigo. Mas as vezes preferimos ignorar os fatos a nossa frente para manter a harmonia do relacionamento. Ele fala com uma expressão, de desilusão, como se estivesse a passar por algo semelhante. Mas como? Ele e a minha mãe estão bem. Ou isso também me passou despercebido? — Está tudo bem com vocês? — ele arregala os olhos. — Você e a mãe, está a acontecer alguma coisa que não sabemos? — Não se preocupe, filho, está tudo bem. Então já conversou com a sua irmã? — Sim, falamos, como ela disse “só falo com você porque a Nihara insistiu muito. ” É incrível como em tão pouco tempo ela tornou-se tã
NIHARA KUDIMONA A noite passada foi humilhante para mim, apesar de ter dado uma boa resposta aquela jornalista. Não gosto de saber que os meus esforços e trabalho foram postos em causa, eu jamais aceitaria troca de favores desse tipo. Vou ter que conversa com Amber de novo, desta vez não serei tão simpática. A minha irmã não quis ouvir-me, ela sabe que não sou muito de dar explicações quanto as minhas decisões, então deveria considerar isso e ouvir-me. Mas tudo bem, quando ela quiser falar estarei aqui para explicar-me. Sento-me de frente ao computador ainda no meu quarto e respondo algumas mensagens de trabalho, algumas são de solicitações de personalizados e outras felicitações e convite de parcerias. O meu olhar fixa no correio eletrónico que não pude ler porque Tobias tinha entrado na minha sala como se fosse o dono. Sorrio. Clico no correio eletrónico e passo a ler: 21 de dezembro, 14:15 DE: niltorres@g***l.com PARA: Niharakudimona16@g***l.com ASSUNTO
NIHARA KUDIMONA — Senhor Harrison, o que está a fazer aqui? — questiono assim que abro a porta. Ele está com uma bandeja de comida nas mãos e uma garrafa de vinho branco. — Vim-te dar as boas-vindas — ergue a bandeja diante de mim. Enrugo a testa. — Boas-vindas? Como assim? Não vai dizer-me que você... — Isso mesmo, eu vivo bem aqui atrás — vira ligeiramente a cabeça em direção ao apartamento de frente ao meu. — É brincadeira né? — Não, por que seria? É tão ruim assim ser minha vizinha? — fingi estar ofendido. — Não, não é isso. Só fiquei surpresa — falo em tom desconfiado. Por fim deixo-o entrar. Comemos ravióli, enquanto conversamos sobre assuntos triviais. Ao terminarmos agradeço o almoço, não tinha comido nada fazia tempo. Sigo até a cozinha, e começo a fazer uma sobremesa rápida. Musse de maracujá com pepitas de chocolate, minutos depois, voltamos a nos sentar saboreando o doce. O tempo passa voando, quando me dou conta já está perto da hora do evento.