<William>
Quando a chuva para
Ela é tão pequena. Não sou extremamente alto, mas diante de mim ela é tão pequena e… Seu sorriso, acanhado, acaba trazendo aos meus lábios um sorriso próprio meu. Não sei exatamente que horas são. Posso agora facilmente desviar os olhos dela e espiar em meu celular, mas por qual motivo faria isso? Não. Não quando estamos tão próximos outra vez. Não quando quase posso sentir o seu toque sobre a minha pele, quente. Não quando, se espirrar mais profundamente, seu cheiro, que parece ser alguma mistura de rosas e algo a mais, chega até mim, embriagando-me com muito mais facilidade do que qualquer bebida existen
𝑬𝒑𝒊𝒍𝒐𝒈𝒐O sol, outrora quente, começa a se esconder entre nuvens cor de chumbo que se formam no céu, engolindo-o. Não chove desde o dia em que William e eu ficamos presos dentro daquele banheiro. Parece que a natureza gosta de nos brindar com um temporal sempre que nos encontramos. Já faz mais de um mês que não nos vemos oficialmente.William se manteve ocupado ajudando Lídia como pôde. Eu mal o vi entre os corredores da Universidade, e quando o mesmo ocorria, estávamos ocupados demais para realmente pararmos e termos uma conversa boa. Na maioria das vezes, nós só nos encaravamos, sorriamos um para o outro e seguiamos os nossos próprios caminhos, individualmente. Nossos horários são mesmo muito incompatíveis.Contudo, hoje será diferente. Depois
Sabe como é sentir que o seu coração está desmanchando? Sabe como é descobrir que seu amor — aquele doce, avassalador, delicioso amor —, pode estar amando outro? Não você. Outro. Outra pessoa.Seu coração insiste em bater forte demais. E dessa vez, não é decorrente a adrenalina que estar perto do ser amado causa. Tem haver com dor. Dor dançando em todos os quartos da sua mente. Invadindo cada parte de si. E o que causa, é avassalador.Primeiramente, seu peito aperta. Existe a sensação de que o mundo está desmoronando. Há uma avalanche de sentimentos pipocando em você, mas a dor os comanda. A tristeza seguindo logo atrás, junto a desilusão. Elas ensaiam uma coreografia. As lembranças servindo como plano de fundEra assim que Hector se encontrava quando seus olhos pousaram na ruiva que fazia morada fixa em seu peito.Hector nunca achou que aquilo aconteceria. Ou só não desejasse que de fato acontecesse. Seu coração sempre lhe entregava quando se tratava de Suza
Ok, Thalia pensou consigo mesma, talvez seja uma ideia ruim. Colocar sua amiga junto com o cara por quem ela tinha uma quedinha no colegial juntos em um local tão apertado? Parecia loucura! Até demais. Até para si.Mas então porque, mesmo assim, a ideia lhe parecia tão boa e instigante? Desde que ambas tinham fícado a noite — praticamente —, inteira fazendo um trabalho enorme juntas e que, depois, meio bebadas, conversaram sobre muitas coisas e Angelina confessou meio sonolenta sobre a sua queda do tamanho de um precipício por William, Thalia vinha pensando sozinha.Coincidência ou não, meio que ela estava tendo um casinho com um dos amigos de William. Não foi difícil convencer os amigos dele, uma vez que, levando-a a ficar boquiaberta, o amigo de William confessou a ela, do nada, que William tinha uma quedinha enorme por sua Anjinho.Ela se manteve em um grande dilema. E acabou tomando tal decisão absurda. Drixaria a Thalia do futuro se acertar com a sua anj
William estava ansioso. O que estava acontecendo com ele? Nuquinha, nunca mesmo, achou que agiria dessa forma. Mas estava contando com a ajuda de seu amigo. Sabendo o quão ele era próximo de Angelina, era a sua melhor oportunidade.Foda-se, pensou. Teria que ter coragem, ou viveria sempre com a incerteza do que poderiam ter sido. E se, de alguma forma, viriam a ser algo um para o outro. Ele olhou no relógio; quase o horário marcado com seu amigo.Quando adentrou o salão, pode vê-la; linda, como sempre. Mas ela era sempre linda, não era? Com aquele sorriso fofo no rosto que poderia curar todas as suas dores — físicas ou mentais. Ela era como um anjo.Naquela fantasia de bruxinha, se mostrava a criatura mais linda. Will não possuía olhos para nenhum outro ser humano naquele ambiente.com a qual o cabelo dela balançava e roçava suas costas. O sorriso dela, aparentando ainda mais lindo, poderi
O som do lado de fora é alto o suficiente para que eu me sinta perturbada. William está apoiando-se do outro lado do banheiro no vaso, sentado em cima dele. Talvez já sinta o cansaço de ficar de pé torrando os seus músculos. Eu continuo imóvel, sem saber se falo algo ou não, presa em pensamentos que não se importam em açoitar-me com força e intensidade. Estamos presos nesse banheiro há alguns minutos e nenhum dos dois parece empenhado em ser o primeiro a falar qualquer coisa. Por fora, eu tento manter a compostura, contudo, por dentro, estou um caos.Faz alguns anos desde a escola, mas o seu rosto ainda enfeita os meus pensamentos, como quando uma música p
Talvez eu tenha feito algo de muito ruim para que o Universo esteja brincando comigo dessa forma. Eu olho para ele, vez ou outra, e não consigo distinguir o que se passa na sua mente. Gostaria de saber.William está na mesma posição: cabeça baixa e olhos perdidos. O que está acontecendo? Não posso deixar de notar que há algo aqui, mesmo que eu não saiba o quê. Minha mente é curiosa e fértil, e ela começa a jogar em mim várias possíveis respostas para isso.Ele percebe que eu o encaro, pois me pega no flagra. Quero arranjar um jeito de tentar fingir que não estava encarando ele, mas agora já fui pega. Fingir não ajudará em nada, de qualquer forma.— É muito estranho que tenham nos prendido aqui e ainda levado nossos celulares. Estou pensando em quem pode ter sido. — ele diz, olhando para mim, como se tentasse responder o meu po
Estamos calados novamente, mas o barulho aqui dentro, ainda assim, continua ensurdecedor.Quando ele decide falar alguma coisa, contudo, um barulho do outro lado da porta, por fora, nos deixa em alerta. Será alguém para finalmente nós tirar daqui? Eu me pergunto isso, enquanto sinto uma mistura de sensações estranhas e emboladas com essa possibilidade. Não sei o porquê me sinto assim. Gostaria de saber.Porém, nossas esperanças são lançadas ao vento quando, depois de alguns segundos, ninguém se pronuncia do outro lado.— Você acha que ainda tem alguém? — interpelo, pensando na possibilidade de alguém estar encostado perto do banheiro. Talvez gritar seja uma idéia interessante.— Não sei. Mas pode ser. É uma possibilidade. — William fala, pronto para bater na po
— Então... No que posso te ajudar?Enquanto eu tento ser útil para o moço do outro lado da porta, para que ele se sinta rapidamente satisfeito e nos tire daqui, William apenas sorri ao meu lado. Eu olho para ele, tentando fazê-lo parar quando fecho a cara em sua direção.Conquanto, não surte efeito algum. Estando tão próximos como estamos, consigo visualizá-lo bem melhor, embora o banheiro possua uma atmosfera mais escura devido à luz amarelada e velha que parece não ter sido trocada há muito tempo.Seu sorriso é mais bonito do que eu me lembrava, e seus olhos são... É difícil explicar, mas, de uma forma totalmente misteriosa e desconhecida por mim, eles parecem quase como um chamado intenso.Desperta garota! Eu me viro novamente para a porta quando o moço se pronuncia, de forma grogue, falando desengoncadamente:— Você sabe, espírito. Eu não acho que precise te contar. Você não é um daqueles e