Há algo místerioso no ar. Ainda chove e embora onde eu esteja sentada respingue um pouco de água, não é algo que tenha muita relevância. Na verdade, nenhuma. A chuva está um pouco mais forte, todavia, ela ainda não impede que a música cesse e nem que os buburinhos diminuam.
Ninguém parece dar importancia a nesse fato.Quero permanecer aqui para sempre. Sei que quero. E as minhas outras versões concordam comigo.
— O que quer que eu toque? — William pergunta, fixando seus olhos castanhos sobre mim em espera.
Ah... Seus olhos! E em todas as vezes que ele me olhou e em todas as vezes que ainda vai me olhar, nada muda ou mudará. O formigamento em meu ventre e o acelerar do meu coração continuam os mesmos.
— Eu não sei... — solto, pensand
— Eu estou com a chave, vou abrir q porta. — Hector diz, seu tom não está mais nublado. Na verdade, há excitação e alegria nele.— Ah, dêem um oi para o meu amor. Eu consegui, quero que nos abençoem. — escutamos o som de um molho de chaves. —Quer dizer, vocês são espíritos bons, não é?William e eu ainda nos olhamos. Nossa respiração está pesada. Não há nada mais no mundo, e a voz de Hector parece reverberar em outra dimensão, se transformando apenas em um ruído fraco, como a voz de algum fantasma. Sei o quero, e não é sair agora desse banheiro. Não sei quando aconteceu, mas agora percebo que a chuva está ainda mais forte.Quero que ele toque para mim. Quero ouvi-lo e ve-lo dedilhar sua guitarra. Ele a d
00h00♤Posso estar neste momento no auge da fantasia, mas quando a porta é aberta, faz eu me sentir como se eu tivesse sendo sugada de volta para a minha realidade verdadeira. Ao mesmo tempo, o ar parece entrar de uma só vez. O banheiro realmente é muito abafado. Sinto um ar um pouco mais agradável adentrando vagarosamente e subindo pelas minhas pernas e entre as minhas coxas. A sensação é boa. Trás até mim um alívio gostoso. A frente de mim duas figuras tomam forma. Detrás deles, o corredor vazio se estende, fazendo eu me perguntar o quão ingênua fui para acreditar em Thalia e ser arrastada até esse banheiro
Quando a chuva para decair... — O que fazemos agora? — ele fala. Eu prendo o ar. — O que acontece agora?A chuva ainda cai, mas é apenas uma garoa. Estamos nos encarando. O asfalto molhado abaixo de nossos pés parece brilhar, e, embora a chuva tenha cessado, o céu ainda permanece completamente nublado e bastante escuro.Quando deixamos o banheiro, vimos claramente a placa avisando que o banheiro não estava bom para uso. Tinham realmente armado para nós dois, por que antes de entrar ali dentro eu não a tinha visualizado em nenhum lugar. Nós voltamos para a sala. Apenas um casal se b
♤ <William> Quando a chuva para Ela é tão pequena. Não sou extremamente alto, mas diante de mim ela é tão pequena e… Seu sorriso, acanhado, acaba trazendo aos meus lábios um sorriso próprio meu. Não sei exatamente que horas são. Posso agora facilmente desviar os olhos dela e espiar em meu celular, mas por qual motivo faria isso? Não. Não quando estamos tão próximos outra vez. Não quando quase posso sentir o seu toque sobre a minha pele, quente. Não quando, se espirrar mais profundamente, seu cheiro, que parece ser alguma mistura de rosas e algo a mais, chega até mim, embriagando-me com muito mais facilidade do que qualquer bebida existen
𝑬𝒑𝒊𝒍𝒐𝒈𝒐O sol, outrora quente, começa a se esconder entre nuvens cor de chumbo que se formam no céu, engolindo-o. Não chove desde o dia em que William e eu ficamos presos dentro daquele banheiro. Parece que a natureza gosta de nos brindar com um temporal sempre que nos encontramos. Já faz mais de um mês que não nos vemos oficialmente.William se manteve ocupado ajudando Lídia como pôde. Eu mal o vi entre os corredores da Universidade, e quando o mesmo ocorria, estávamos ocupados demais para realmente pararmos e termos uma conversa boa. Na maioria das vezes, nós só nos encaravamos, sorriamos um para o outro e seguiamos os nossos próprios caminhos, individualmente. Nossos horários são mesmo muito incompatíveis.Contudo, hoje será diferente. Depois
Sabe como é sentir que o seu coração está desmanchando? Sabe como é descobrir que seu amor — aquele doce, avassalador, delicioso amor —, pode estar amando outro? Não você. Outro. Outra pessoa.Seu coração insiste em bater forte demais. E dessa vez, não é decorrente a adrenalina que estar perto do ser amado causa. Tem haver com dor. Dor dançando em todos os quartos da sua mente. Invadindo cada parte de si. E o que causa, é avassalador.Primeiramente, seu peito aperta. Existe a sensação de que o mundo está desmoronando. Há uma avalanche de sentimentos pipocando em você, mas a dor os comanda. A tristeza seguindo logo atrás, junto a desilusão. Elas ensaiam uma coreografia. As lembranças servindo como plano de fundEra assim que Hector se encontrava quando seus olhos pousaram na ruiva que fazia morada fixa em seu peito.Hector nunca achou que aquilo aconteceria. Ou só não desejasse que de fato acontecesse. Seu coração sempre lhe entregava quando se tratava de Suza
Ok, Thalia pensou consigo mesma, talvez seja uma ideia ruim. Colocar sua amiga junto com o cara por quem ela tinha uma quedinha no colegial juntos em um local tão apertado? Parecia loucura! Até demais. Até para si.Mas então porque, mesmo assim, a ideia lhe parecia tão boa e instigante? Desde que ambas tinham fícado a noite — praticamente —, inteira fazendo um trabalho enorme juntas e que, depois, meio bebadas, conversaram sobre muitas coisas e Angelina confessou meio sonolenta sobre a sua queda do tamanho de um precipício por William, Thalia vinha pensando sozinha.Coincidência ou não, meio que ela estava tendo um casinho com um dos amigos de William. Não foi difícil convencer os amigos dele, uma vez que, levando-a a ficar boquiaberta, o amigo de William confessou a ela, do nada, que William tinha uma quedinha enorme por sua Anjinho.Ela se manteve em um grande dilema. E acabou tomando tal decisão absurda. Drixaria a Thalia do futuro se acertar com a sua anj
William estava ansioso. O que estava acontecendo com ele? Nuquinha, nunca mesmo, achou que agiria dessa forma. Mas estava contando com a ajuda de seu amigo. Sabendo o quão ele era próximo de Angelina, era a sua melhor oportunidade.Foda-se, pensou. Teria que ter coragem, ou viveria sempre com a incerteza do que poderiam ter sido. E se, de alguma forma, viriam a ser algo um para o outro. Ele olhou no relógio; quase o horário marcado com seu amigo.Quando adentrou o salão, pode vê-la; linda, como sempre. Mas ela era sempre linda, não era? Com aquele sorriso fofo no rosto que poderia curar todas as suas dores — físicas ou mentais. Ela era como um anjo.Naquela fantasia de bruxinha, se mostrava a criatura mais linda. Will não possuía olhos para nenhum outro ser humano naquele ambiente.com a qual o cabelo dela balançava e roçava suas costas. O sorriso dela, aparentando ainda mais lindo, poderi