Bruna MariaNão pensei que nossa chegada ao México fosse tão esperada. Todos da família do meu marido se reuniram em nossa casa. Era como se fosse um enterro, porém, de um vivo no caso. Todos queriam falar algo sobre o ocorrido no Brasil. A família estaria toda no tribunal para a sentença de Juliano Gonzalez.— Ele telefonou para nossa casa para pedir que arrumássemos um ótimo advogado para ele. Fiquei incrédula no descaramento dele. Desliguei em sua cara e mandei ele para o inferno. — comentou a esposa de Juliano.— Logo ele conhecerá o inferno, tia. O que ele fez para nossa família não tem perdão. Dessa vez ele não vai se livrar nem usando todo o seu dinheiro para isso. — meu cunhado disse de cabeça erguida. Ele não queria demonstrar toda sua felicidade em respeito à sua tia e primos.— Pobrezinha da Teresa foi mais uma vítima de Juliano. Ela era uma senhora tão alegre e é assim que guardarei na minha memória como ela era. — uma senhora que não lembrara o nome disse com tristeza. El
João GonzalezA audiência do meu tio Juliano foi adiada quatro dias, todavia, saiu. Nossa família foi protegida dos repórteres pelos nossos seguranças. Dentro do tribunal de justiça ficamos todos ansiosos. Esperávamos de tudo naquele julgamento. Bruna Maria, sentou-se na primeira fileira de cadeiras ao lado de sua avó.Meu irmão e eu fomos intimados para testemunhar contra nosso tio. Na sala de espera para sermos testemunhas, Samuel suava bastante e retirou a gravata, pois disse que estava o sufocando.— Que hora vão nos chamar? O Julgamento começou! — resmungou, caminhando de um lado para o outro.— Tenta se acalmar ou vai acabar desmaiando! — comentei, preocupado que ele tivesse um troço.Não demorou nem mesmo dois minutos para chamarem meu irmão para depor. Ouvi seu depoimento e logo em seguida foi minha vez. Entrei na sala de audiência sentindo ódio. Vi meu tio Juliano com um sorriso cretino nos lábios. Respondi às perguntas do juiz e falei tudo que sabia.— O acusado Juliano Gonz
Bruna MariaDois meses após a prisão do tio do meu marido, estávamos prontos para retornar para o Brasil. Meu cunhado foi embora dois dias depois do julgamento de Juliano. João e eu decidimos ficar um pouco mais no México e vovó Olivia permaneceu do nosso lado.Tudo estava maravilhoso sem aquele medo que nos cercava constantemente. Era hora de voltar para o Brasil porque não queria que meu filho nascesse no México, portanto, tínhamos que viajar quanto antes. A chegada de Miguel estava cada vez mais próxima e poderia acontecer a qualquer momento.Ajeitei meu cabelo um pouco mais na frente do espelho, antes de sair do quarto. Uma festa de despedida me aguardava. A família estava toda reunida. Eles amavam uma festa e com muita comida. Era ótimo estar do lado de uma família animada.— Você está muito linda! — meu marido disse, aproximando-se e beijando minha bochecha esquerda. — Todos estão ansiosos para ver você.Eles queriam mesmo me ver, afinal de contas, era a única grávida na família
João GonzalezDois dias após o nosso retorno ao Brasil, minha esposa entrou em trabalho de parto. Não sei quem estava mais nervoso se era eu ou ela quando fomos para o hospital, por um momento quase desmaiei porque não sabia se aguentaria de fato ver ela sofrendo durante o parto, no entanto, não comentei minha fraqueza com ninguém. Entrei naquela sala de parto firme, menos forte, mas isso ninguém precisava saber.Quanto mais se aproximava do momento do nascimento de Miguel, mas ansioso ficava até mesmo acreditei que pudesse cair na sala de parto e acordar só depois de o meu filho ter nascido. No entanto, ele veio antes que isso pudesse acontecer, com as mãos trêmulas cortei o cordão umbilical do meu menino. Ele reconheceu a mamãe na hora quando ela falou com ele, foi uma cena realmente linda, não vou dizer que foi fácil o parto porque demorou quase quatro horas, contudo, aguentei para chegar naquele momento, embora não tenha gravado o nascimento dele devido todo meu nervosismo.Não sa
Bruna MariaUm almoço em família com as crianças juntas era trabalho em dobro. Não que eu estivesse reclamando, não era isso! Era difícil controlar tanta criança junta, portanto, contratei uma babá para olhá-las e acompanhar seus passos. Onze anos passaram voando e eu estava gestante do meu terceiro filho. Miguel era um garoto inteligente e bem estudioso, mas sua irmã Ana Luísa era o oposto.Ela tinha somente nove anos mais-valia por quatro crianças. Não parava um segundo quieta. Suas birras para não ir à escola eram coisa séria, no entanto, meu marido e eu dávamos um jeitinho de fazê-la participar das aulas sempre.— Ana Luísa, não suje seu vestido! Quer que os seus tios te vejam farrapada? — perguntei seriamente. Minha filha me olhou emburrada. Odiava quando alguém lhe chamava atenção.— Mamãe, por que não chama atenção do Miguel também? — questionou-me, procurando por um motivo apenas de colocar seu irmão em encrenca.— Ele está sentado na poltrona. Por favor, filha, não faça nada
João GonzalezA tragédia...Um filho nunca deveria enterrar os pais. Os meus faleceram diante dos meus olhos. Papai e mamãe morreram ao meu lado.Descemos do jatinho da família em um aeroporto que supostamente era muito seguro, mas, na verdade, não foi. O assassino aguardava pela minha família.O indivíduo de aparência militar sacou duas armas de porte pequeno e saiu atirando na nossa direção. Mamãe e papai entraram na frente para proteger meu irmão e eu dos tiros.Não queria que Samuel visse toda aquela tragédia. Ele era um garoto de dez anos e eu tinha vinte e dois anos.— Calma, vou te proteger! — gritei, abraçando ele com força.Quando os nossos pais caíram no chão e a polícia do aeroporto conseguiu deter a tiros aquele desgraçado, foi o momento que vi a gravidade da situação.Fechei os olhos de Samuel com minhas mãos enquanto observava em pânico meus pais sangrando no chão. Os gemidos de dor seria algo que nunca esqueceria.Meu pai falecera com lágrimas escorrendo pelo seu rosto.
Bruna MariaEra somente por vovó Olivia que ainda aguentava a falta de respeito e tudo mais no hotel em que trabalhava. Por quê? O salário mínimo dela não cobria todos os gastos médicos com remédios.A saúde da minha avó não era das melhores, portanto, arrisquei-me na cidade grande para recompensá-la por tudo que fez sempre por mim. Meus pais eram dois perdidos e não tinha lembranças boas deles.Não sabia onde eles estavam e nem queria saber. Para que mais problemas? Não precisávamos de dois infelizes perturbando nossas vidas.Minha supervisora em mais uma de suas crises de superioridade derramou alvejante no meu uniforme. No banheiro dos empregados me troquei e retornei ao trabalho, no entanto, o cheiro forte do alvejante não saía do meu corpo.— Um dia ela terá o dela, pode ter certeza... — resmunguei, empurrando o carrinho de limpeza pelo corredor dos quartos do quinto andar.Entrei em um dos quartos e vi a bunda de Gabriela. Ela era uma senhora de meia-idade que costumava se embri
João GonzalezApós uma viagem de algumas horas até o Brasil, tudo que queria era descansar. Meus seguranças ainda eram um problema.Por quê? Eles chamavam atenção! Pegamos dois uber para chegarmos no hotel que reservara minha hospedagem.Era a primeira vez naquele hotel bastante conhecido na capital de Fortaleza. Na recepção me receberam com alegria. Os brasileiros costumavam ser bastante alegres.— Não quero ser incomodado por ninguém, entenderam?Avisei aos meus seguranças quando chegamos até o quarto que alugara. Esperei do lado de fora até eles verificarem meu quarto pra só então adentrar.Não queria ser assaltado ou algo assim. Quando finalmente entrei em segurança, coloquei eles para fora. Sempre que viajava levava comigo de dez a oito seguranças, porém, daquela vez levei apenas sete.No dia seguinte acordei ouvindo barulho vindo do toalete. Coloquei o travesseiro no rosto tentando abafar o barulho irritante.A voz desafinada cantava uma canção que nunca ouvira antes. Por que me