Capítulo 41: De Que Mulheres?

Fernanda Mendonça:

A vista da cidade daqui de cima é surreal.

O sol poente pinta a cidade de tons dourados e alaranjados, e eu me perco por um momento admirando o espetáculo através janela do escritório de Pietro. O horizonte parece engolir o céu, as luzes dos prédios começando a acender como pequenas estrelas terrestres. Como se a cidade estivesse respirando, tão viva e brilhante... e completamente alheia ao caos que se esconde nessa sala.

A sala só não está tão silenciosa por conta dos meus pensamentos, o ar aqui dentro está mais denso do que em qualquer outro lugar desse hospital. Talvez porque esteja impregnado por ele — por sua presença constante, seu perfume amadeirado.

Pouso a mão sobre a janela que ocupa toda a parede, os raios de sol deixando o vidro quentinho. A cidade está em movimento, mas olhando para cima, está tudo quieto, distante. O sol já começa a descer no horizonte, tingindo tudo com suas cores quentes, as nuvens têm contornos dourados, e por um segundo, noto que e
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