Capítulo 04.

Seu tom de voz é calmo e não abre espaço para discussões. Ele não está pedindo, apesar de seu tom calmo, ele não demonstra raiva, e muito menos irritação. Mas, há algo nele que grita perigo, então eu simplesmente fiz imediatamente o que ele mandou.

Não esperava que o mesmo homem que cheguei minutos atrás, fosse estar na minha frente neste momento. Pouco consigo ver de seu rosto devido o capuz que ele usa. Apenas consigo ver o tom de sua pele, seus olhos, lábios, e algumas mechas castanhas que escapam do capuz.

-- Se não querem me fazer mal, então saiam deste lugar. É minha casa, e não quero aqui.

-- Tudo bem. Simba, vamos voltar. -- ele me deu as costas e saiu.

Simba, me lançou um olhar ameaçador antes de se retirar. Respirei aliviada, mas não pude deixar de me sentir intimidada pela calmaria daquele homem. Não pensei que ele fosse aceitar sair sem mais nem menos, sem querer nada em troca, ou alguma explicação.

Droga, está tudo queimado graças ao imecil do Simba.

Sempre que tenho tempo venho para e venho tentar reparar o dano que foi feito ao meu lar.

Droga.

Fiquei algum tempo tentando recuperar as trepadeiras queimadas. Olhei para o lago, e fiquei triste. Meus poderes não são fortes o suficiente para o limpar.

-- Estava em Sem?—Nia me pergunta. Assim que me vejo chegar aos aposentos para me preparar para nossa atuação.

-- Isso ainda é pergunta?—Shena.

-- Devia parar de ir para lá, e superar.—Nubia.

-- É perigoso, você sabe, e já não há nada para nós naquele lugar.—Mandisa.

Elas são fofas tal como eu, e juntas somos apenas um terço das cortesãs que trabalham aqui, foram compradas pelo antigo proprietário quando ainda éramos novas, o proprietário, não era uma pessoa agradável, nos pune por pequenos erros, e nos ameaçava de morte. A esposa dele. A senhora China, que também é uma elfa é que nos ajudou a encontrar nossos talentos, apesar de ser uma mulher gananciosa, e rude, nos trata como filhas. E não deixa que nos envolvamos intimamente com alguém contra nossa vontade. Segundo ela, temos mais valor virgens do que corrompidas.

Eu em particular não me envolvo intimamente com ninguém, devido às minhas crises de raiva, China tem medo que eu mate algum cliente importante.

O marido dela  , morreu a três anos atrás, e ela é quem vem controlando tudo.

Ela nos dá folga. Alimentação, vestuário, e liberdade de nos locomovermos. Mas, não temos nossa liberdade, aliás, nenhum elfo tem. Se sairmos daqui, seremos tomados por qualquer um e usados como escravas, sabe-se lá em que.

Estamos presos dentro dessa gaiola.

- Seu corpo tem se desenvolvido bem, ein!!—Shena é a mais pervetida do grupo. Toca os meus seios medios descaradamente.

-- Me solta. -- me esquivo, pegando um vestido.

-- Quero muito que passe a dançar no meu grupo. -- Nubia.

- Não curto muito as danças sensuais, e aqueles bêbados me dão raiva.

Mandisa me abraça de lado e me dá um beijo na testa.

-- Niara ainda é um ovo,  a dias fez dezanove anos. Ainda é cedo para ela se arriscar tanto.—Mandisa, é a mais sensata do grupo, ela entretém os clientes com jogos de tabuleiro e cartas.

--- Nosso tempo de atuação também é curto aqui. Quanto mais velhas ficamos mais, desnecessárias nos tornamos, iremos para cozinha, e Chinara vai achar outras elfas para atuarem em nosso lugar.—Shena.

Eu sou a mais nova do grupo, quando viemos para cá, eu tinha apenas treze anos,e elas já tinham quinze, eu tive mais tempo para aprender enquanto elas só tinham um ano. Somos ensinadas desde novas, como deve agir uma cortesã, em contrapartida, começamos a atuar com dezasseis anos, e aos vinte dos é o nosso auge. É quando o nosso valor começa a desaparecer.

-- Shena, se controla. Niara, é só um bebe, não a sobrecarregue.—Shena eleva as mãos ao alto, e se vira para retocar a maquiagem.

Chinara aparece, parando na entrada e batendo no pulso. A garota que faz prosas se levanta e saem juntas. Respiro fundo porque já é a minha vez.

Assim que subo no palco, a melodia começa, olho para os clientes, que estão ansiosos, para receber o êxtase que a melodia de um elfo produz. Entre a clientela, meus olhos acabam se focando em homens de capuzes castanhos que olham para mim. Imediatamente, fico desconfiada deles, porque eles sempre aparecem onde eu estou. Isso é coincidência, ou é propositado.

-- Hum

Oh, Oh

O cheiro de seu perfume

Eu pensei ser imune

Olhando ao redor desse quarto

Não posso deixar de ver seus traços

Esse momento é surreal

Não consigo expressar em palavras como me sinto

Assim que eu começo a cantar, ele volta sua atenção, a sua conversa, à medida que comem. Eu sei que ele não está olhando para mim. Mas é estranho o tanto de vezes que nos cruzamos, ou será que ele sempre esteve aqui, e eu não o tinha visto. Ele não está olhando para mim, mais ainda assim como se fosse o centro de sua atenção.

Ninguém me conhece como você

Ninguém vai me amar como você

Não posso negar, toda a vez que eu tento

Uma olhada nos meus e você sabe que estou mentindo

Corpo a corpo, pele a pele

Eu nunca vou amar assim de novo

Você foi feito para mim

Disse você foi feito para mim

Acho que você foi feito para mim

Você foi feito para mim

Aquela não foi a última vez que o vi, e acabei  concluindo que ele está hospedado aqui. As cortesãs estão numa área diferente dos clientes, para evitar perturbação, ou algum tipo de atentado. Minha única chance de o ver, é durante a noite, e nós as artistas somos proibidas de aparecer na área dos clientes para criar um certo mistério. E também não é como se eu estivesse interessada nele. Contando que ele não me dê problemas, para mim está tudo

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