Visão de Júlia
No dia seguinte, chego ao trabalho antes do horário previsto, não quero ser repreendida novamente. Conforme a agenda do meu chefe, não há nenhuma reunião agendada para hoje e nenhum trabalho externo, portanto, ele vai ficar o dia todo no escritório. Ao chegar, Erick me cumprimenta com um sorriso. - Bom dia Srtª Smith. Também o cumprimento e ele segue para sua sala. Seu humor hoje está bem melhor do que ontem. Talvez ele não seja um mal chefe. Erick é um homem lindo. Alto. Mesmo atrás de terno e gravata, percebe-se que seu corpo possui músculos bem distribuídos, de quem malha ou pratica algum esporte. Seu sorriso é lindo, seus olhos, seus cabelos... Fecho os olhos e novamente fico imaginando seu corpo colado ao meu, sua boca deslizando pelo meu pescoço e sussurrando no meu ouvido.... Por que esses pensamentos agora? Solto a respiração devagar e olho em direção a outra sala, Erick está me observando através do vidro. Meu coração dá um salto e imediatamente abaixo a cabeça tentando disfarçar, mexendo no computador à minha frente. O telefone começa a tocar, é da sala dele. Respiro fundo. – Sim Sr. Prattes. - Poderia vir aqui na minha sala? – Agora mesmo senhor. – Ah! Providencia o café... para nós dois. Café para nós dois? Penso. Minutos depois entro na sala com o café, somente para ele e coloco sobre a mesa ao seu lado. – Senta-se Srta. Smith. E o seu? – Ele pergunta já pegando sua xícara e levando aos lábios. - Não tomo café Senhor. – Ele me analisa olhando bem em meus olhos. - Certo. Te chamei aqui porque quero pedir desculpas por ontem, pela forma grosseira que tratei você. Espero não ter te assustado tanto... – Deu uma pausa. - Você parecia uma coelhinha assustada. - Acrescenta isso com um sorriso, fazendo a cor dos seus olhos mudarem para um brilho diferente. Sinto meu rosto corar. - Ele prossegue. - Estou passando por alguns problemas pessoais... enfim, isso não é motivo para ser rude com as pessoas. Me conta um pouco sobre você, de onde você veio e como soube da vaga de emprego, alguma indicação? Nossa! Estou passando por uma entrevista novamente? ... Será que ele não viu o meu currículo ou o RH não passou nenhuma informação sobre mim? Puxo a respiração, não tinha percebido que tinha segurado até então. - Não tenho muito o que dizer, além do que já tem na minha ficha contratual senhor. - Dou uma pausa e ele espera que eu continue. – Eu nasci aqui em Seattle, mas passei a morar em São Francisco desde os meus seis anos de idade. Me formei na universidade de Washington, em Economia e estou aqui em Seattle a mais ou menos um mês. Distribui meus currículos em algumas empresas e aqui estou. Sorrio largamente, porém, abaixo meu olhar diante do seu, que permanece sério. – Quantos anos você tem? – Pergunta. - 22 Senhor! – Ele balança a cabeça para cima e para baixo e ri. – E o Senhor, quantos anos tem? Imediatamente me arrependo de fazer essa pergunta, as vezes eu falo sem ao menos filtrar meus pensamentos. Não quero que ele pense que estou sendo invasiva. Ele sorri mais ainda e responde. - 28 Anos Srtª Smith. Não demonstro nenhuma surpresa, já esperava. Pela sua aparência, deduzi que sua idade não seria mais que essa. Continuamos nossa conversa por mais um tempo. Falo um pouco da minha família, claro, omito boa parte dela, principalmente a parte conturbada da minha infância e adolescência. Falo dos meus poucos amigos e de como eu estava feliz morando em Seattle. Meu chefe apenas assente para tudo que eu falo. – E o namorado? - Ele me pergunta de repente olhando firme em meus olhos, encarando minha íris. Demoro uns segundos para responder. Por que ele quer saber? Penso em mentir, mas acabo falando a verdade. – Não tenho namorado Sr. Prattes. Me sentindo bastante tímida, levanto e tentando soar o mais calma possível, falo. - Bem, acho que já nos falamos o suficiente... com licença Senhor, vou voltar ao meu trabalho. Ele nada fala. Saio da sala me sentindo uma idiota. Como ele mesmo havia falado antes, parecendo uma coelhinha assustada. Sempre fico assim constrangida quando falam de namorados. Só tive um namorado em toda minha vida e não gosto de lembrar muito disso. Minha vida amorosa é um desastre total, é melhor você não saber de nada, sr. Prattes. Passo o restante do dia conferindo relatórios, imprimindo alguns contratos que meu chefe solicitou. Entro em sua sala várias vezes durante o dia e ele só levanta a cabeça para receber as pastas que eu levava para ele, não voltamos mais a nos falar. Nos dias seguintes nossa conversa ficou somente no profissional, Erick não voltou a me abordar com assuntos pessoais. Porém, seu sorriso de canto de boca e os olhares em minha direção não passaram despercebido por mim.Visão de Erick Minha saída para beber ontem à noite me fez bem. Não bebi muito, claro. Por ser segunda-feira não encontrei nenhum dos meus amigos, mas em compensação, fiquei com uma mulher que não parava de me olhar e lançar sorrisos em minha direção. Eu estava no bar observando o movimento quando me deparei com o seu olhar. Ela estava na companhia de um casal. O homem se dividia entre as duas mulheres, ora beijando os lábios de uma, ora da outra. As duas se esfregava nele sem nenhum pudor. A mão do homem estava no meio de suas pernas e ela rebolava nos seus dedos. Seu olhar parecia estar me convidando para me juntar a eles. Eu já participei muitas vezes desse tipo de brincadeira. Aqui no meu clube rola de tudo. Fiz menção para ela vir até mim. A danada nem se despediu dos seus acompanhantes e veio em minha direção. Segurei em sua cintura a puxando de encontro a mim, esfregando minha ereção em sua virilha. Ela gemeu já toda entregue. Segurei em sua mão a levando para o andar de
Visão de Júlia Duas semanas se passaram. Eu estou adorando o meu trabalho. Passei a me envolver mais nas atividades da empresa. Na minha segunda semana, já participei de uma reunião com os gerentes executivos da empresa, pois a assistente do Sr. Patrick Prattes precisou se ausentar por motivos de doença, por isso, fui requisitada para tomar nota de tudo que acontecia. Acostumei-me com o humor do meu chefe que variava a cada dia. Um dia estava tranquilo, sorridente e atencioso, em outro, parecia nervoso, triste e preocupado. Erick é um homem muito legal, eu gosto de vê-lo e de conversar com ele. Até sinto a sua falta quando não está no escritório. Seu jeito de falar, seu sorriso, seus olhares em mim, que me deixa envergonhada. Será que estou fantasiando coisas? Nunca me senti amada por ninguém. Nunca estive realmente apaixonada. Na faculdade tinha uns carinhas que queriam ficar comigo, mas nada sério. E teve Tyler, meu primo. Meu primeiro beijo e minha primeira paixonite de
Visão de Júlia No final do expediente, saio do escritório e vou ao supermercado, preciso fazer umas compras para casa. Ao chegar no meu apartamento, ouço o toque do meu celular. Procuro-o na bolsa e atendo imediatamente, imaginando que seria minha amiga Maya. A última vez que nos falamos foi há uma semana. Atendo no maior entusiasmo. – Hei, olá! - Se soubesse que a minha ligação a deixaria tão feliz, tinha ligado antes. – A voz do outro lado não é de Maya. Meu coração acelera, eu conheço essa voz... Tentando fazer meu coração desacelerar um pouco, finjo não reconhecer a sua voz. – Quem é? Seu sorriso largo surgi no meu ouvido e ele fala em um sussurro. – Júlia... Você sabe quem é. Ouvir meu nome em sua voz, conciliada com sua respiração suave ao telefone, fez um frio seguir do meu estomago até minha virilha. Minha tentativa de acalmar foi por água abaixo. Senti minhas pernas fraquejarem e me apoiei no balcão da cozinha para não cair. - Sr. Prattes, posso te ajudar em a
Visão de Erick Meus finais de semana costumavam ser bem agitados. Festa, balada, bebidas e mulheres. Mesmo namorando a Kate, não deixava de aproveitar com meus amigos. Na maioria das vezes ela estava presente, mas sempre demonstrava insatisfação. Depois do seu acidente, minhas saídas nos finais de semana diminuíram. Fiquei ao seu lado, cuidando e lhe dando atenção. Não só por ela, mas porque esse acidente trouxe mais complicações em minha vida que agora estou pagando caro. Deixei de lado meus amigos e algumas mulheres que insistiam em sair comigo. Fiquei com algumas, claro, pois a necessidade de sexo estava me deixando estressado. Pensei em ir a boate novamente, beber e apreciar um bom sexo. Mas não, hoje quero fazer algo diferente, mas tranquilo. A imagem de Júlia vem em minha mente. Decido convidá-la para sair, será que ela vai aceitar? Pego o telefone e ligo para ela. Não preciso esperar muito, ela atende no segundo toque. A sua voz risonha e meiga preenche os meus ouvidos
ErickFico em frente ao prédio de Júlia ainda por alguns minutos reorganizando os pensamentos. Meu celular começa a tocar, é Kate. Deixo de lado, deixando a ligação cair. Ele toca novamente. Atendo sem a menor vontade de falar com ela. - O que foi Kate? – Minha voz sai alterada. - Oi Erick é Elizabeth. Porra! Por que a mãe de Kate está me ligando? E a essa hora? Sua voz parece um tanto chorosa. Fico apreensivo pelo que ela tem a me dizer. - Preciso da sua ajuda, minha filha... a Kate... ela.... Ah! Erick vem logo para cá. – Começa a chorar. Ligo o carro e saio o mais rápido que posso. Ainda com Elizabeth no telefone tento saber o que realmente aconteceu. - Calma Lisa, o que houve? O que aconteceu com a Kate? - Erick, ela está no hospital nesse momento. Minha filhinha... não sei o que fazer Erick. Não sei por que ela fez isso, parecia que estava bem nesses últimos dias. Elizabeth recomeça a chorar, dá para ouvir seus soluços ao telefone. – Estou indo, fique calma. Não sei e
Visão de Júlia Já é sexta-feira novamente. Já em casa e pronta para dormir, ouço meu telefone tocar. Meu coração se agita na esperança de ser Erick. Vejo o número de Maya piscando na tela. Adoro conversar com minha amiga e atendo a ligação toda animada, tentando deixar o vazio em meu peito para lá. - Alô! - Oi amiga! – Ela grita em meu ouvido, fazendo com que eu afaste um pouco o telefone do ouvido. - Acordei você? - Não... na verdade estava pronta para ir para cama. - Sorrio do seu entusiasmo. - Estou feliz porque amanhã mesmo vou te ver! - O que? Como assim, amanhã? - Estou chegando aí amanhã, por volta das 14 horas. Já comprei a passagem... só de ida. Eu pediria para você me pegar no aeroporto, mas como a mocinha não tem carro, eu pego um táxi. Acho que não tem erro, tenho seu endereço anotado. - Espera aí, May, fala devagar. Por que está vindo para cá? E o seu trabalho? - Você não quer que eu vá? Suspiro. Minha amiga às vezes age como se fosse criança. Imagino ela do
Três dias antes Visão de Erick Acabo de sair de uma reunião que durou mais de três horas. Minha cabeça parece que vai explodir de tanta dor. Tive uma semana horrível e estressante. Minha ex-noiva, Kate, saiu do coma há alguns dias e parte da sua memória foi perdida. Ela não se lembra dos últimos acontecimentos da sua vida, ou seja, não lembra do término do nosso relacionamento e nem os motivos pelo qual nós terminamos. Entro no elevador junto com Patrick, meu irmão, e mais dois executivos da empresa. Vamos almoçar e depois visitar uma das nossas construtoras. Descemos somente três andares e o elevador para no 17º andar. Estou impaciente, minha vontade é de ir para algum lugar onde posso esfriar a mente e esquecer de tudo. Talvez eu vá nesse final de semana para minha casa de praia na Califórnia. A porta do elevador se abre e uma mulher entra, mas primeiro ela hesita um pouco ao entrar quando se depara com quatro homens ali dentro. - Não vai entrar senhorita? – Patrick pergu
Três dias depois Visão de Júlia Uma garotinha corre pela casa chamando pela mãe. – Mamãe, mamãe. – A mãe dela foi embora e a deixou sozinha. A mulher má vai em sua direção e a puxa pelos braços dizendo para ela calar a boca. A garota chora desesperada, pois está bastante escuro no quarto. Fecha os olhos e de repente umas mãos enormes começa a subir pelo seu corpo e ela grita: Não! Não! ... A garotinha sou eu. Levanto-me sobressaltada e me sento na cama. Meu corpo está molhado de suor. O sol adentra a janela do quarto. Olho para o relógio, 7:30 da manhã. Não ouvi o despertador tocar. - Droga! - Levanto-me e corro para o banheiro. - Vou chegar atrasada para meu primeiro dia de trabalho. Me visto rapidamente, escovo os dentes, os cabelos e passo somente um batom rosa e um pouco de rímel. Não tenho tempo para uma maquiagem decente. Desço as escadas correndo. Logo hoje o elevador se encontra quebrado, na verdade, na maioria do tempo ele fica mais quebrado do que funcionando. Che