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CAPÍTULO II – Encontro inesperado 2

Três dias depois

Visão de Júlia

Uma garotinha corre pela casa chamando pela mãe. – Mamãe, mamãe. – A mãe dela foi embora e a deixou sozinha. A mulher má vai em sua direção e a puxa pelos braços dizendo para ela calar a boca. A garota chora desesperada, pois está bastante escuro no quarto. Fecha os olhos e de repente umas mãos enormes começa a subir pelo seu corpo e ela grita: Não! Não! ... A garotinha sou eu.

Levanto-me sobressaltada e me sento na cama. Meu corpo está molhado de suor. O sol adentra a janela do quarto. Olho para o relógio, 7:30 da manhã. Não ouvi o despertador tocar.

- Droga! - Levanto-me e corro para o banheiro. - Vou chegar atrasada para meu primeiro dia de trabalho.

Me visto rapidamente, escovo os dentes, os cabelos e passo somente um batom rosa e um pouco de rímel. Não tenho tempo para uma maquiagem decente. Desço as escadas correndo. Logo hoje o elevador se encontra quebrado, na verdade, na maioria do tempo ele fica mais quebrado do que funcionando. Chego na calçada e logo vejo um taxi.

Entro e falo ao motorista o endereço. Respiro fundo encostando minha cabeça no encosto do banco traseiro. Nem acredito que depois de um mês morando em Seattle, nessa incrível cidade, eu consegui arrumar um emprego em uma das empresas mais conceituadas no mercado, no ramo da construção e transportes. Que sorte a minha, primeiro emprego e ainda como assistente de um dos diretores executivos da empresa, na verdade, do COO.

Será que meus pais ficariam orgulhosos? Sim, ficariam. Eles morreram tão cedo, eu tinha apenas seis anos de idade. Eles me amavam, eu sei que sim, apesar de uma certa pessoa sempre ter me falado o contrário.

Observo o trânsito lento passar pela janela e meus pensamentos me levam para o passado, um passado que quero esquecer. Depois que meus pais morreram em um acidente de carro eu vi minha vida se transformar. Não tínhamos parentes muito próximos. Eu e meu irmão mais velho, Andrew com 10 anos, mudamos para a casa de uma tia da minha mãe, a tia Grace. Fomos recebidos muito bem. Tia Grace ainda era uma mulher jovem, com seus 40 e poucos anos de idade, bonita e sempre com um sorriso no rosto. Seu marido, o tio Tony, aparentemente também era uma pessoa boa. Os seus dois filhos, Kevin com 16 anos e Tyler com 9, também eram legais. A convivência entre nós era tranquila, apesar das muitas brigas entre mim e Tyler, nós nos dávamos muito bem.

Quando atingi meus 10 ou 12 anos, essa boa convivência mudou. Passei a ter medo e repulsa do meu tio, ele começou a agir diferente comigo. Me tornei uma criança tímida e contida. O clima em casa ficava cada vez mais tenso, minha tia vivia chorando pelos cantos, e nas raras vezes que meu tio aparecia em casa, acabava em brigas. Eles se separaram e minha tia passou a descontar sua raiva em mim. Suas palavras, em todo esse tempo, não saem da minha cabeça.

- A culpa é sua garota insuportável... ninguém gosta de você, nem mesmo seus pais, ainda bem que não estão mais aqui para ver o que a filhinha deles se tornou... uma decepção!

Muitas vezes partia para agressão física, e eu ficava cheia de hematomas, isso era demais para mim. Não entendia o motivo de tanta agressão, não tinha feito nada de errado.

Eu chorava sozinha no escuro do quarto até adormecer. Sentia tanta saudade dos meus pais, as lembranças deles quase já não existiam na minha memória. Só tempos depois, quando fiquei maior, comecei a entender o que realmente aconteceu e o porquê de minha tia passar a me tratar de forma tão agressiva. Mas a culpa não era minha... não era minha!

O táxi estaciona em frente ao edifício onde se localiza o escritório das empresas Prattes Empreendimentos Inc. Afasto meus pensamentos e foco no presente. Desço do carro e paro em frente à porta giratória do prédio, meu coração começa a bater mais forte e eu me sinto um pouco insegura, porém, feliz. Pego o elevador e sigo para o 19º andar. Não preciso passar no departamento pessoal, pois minha contratação já estar toda acertada. Passei aqui na sexta-feira e recebi todas as instruções necessárias.

As portas se abrem e eu quase tropeço em alguém. Meu olhar se dirige para a pessoa a minha frente. É o olhar mais lindo que já vi. Os olhos azuis. Os lábios prontos para serem beijado, boca perfeita. O cabelo castanho claro, reparando bem, chega a ser louro escuro, dependendo da localização dos reflexos de luz. Abaixo meu olhar para seu corpo e..

- Srtª. Smith? - A voz forte me desperta. Nem tinha percebido que tinha ficado parada na porta sem reação.

- Sim! ... Júlia Smith. Minha voz sai um pouco alta.

- A Srtª está atrasada.

- Desculpa, o trânsito....

- Na minha sala agora, preciso te passar algumas informações importante antes da reunião das nove horas.

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