A manhã nascia sobre a clareira com um céu claro e sereno, mas dentro de Lis, as sombras da noite anterior ainda pairavam. As palavras de Kael estavam gravadas em sua mente, ressoando com um peso crescente. O artefato, a conexão com o sangue das bruxas, a magia que começava a despertar dentro de si — tudo isso parecia ser mais do que ela estava preparada para enfrentar. Ela ainda tentava entender o que aquilo significava para ela e para sua vida na matilha.Lis caminhava pelo campo de treino, onde a matilha realizava seus exercícios diários. O som de passos rápidos, o estalar das folhas secas e o farfalhar das árvores faziam parte da rotina que sempre a acalmava. Mas hoje, nada parecia aliviar a pressão crescente que sentia. O artefato, guardado em sua tenda, parecia chamá-la constantemente, a cada passo, a cada respiração."Você tem esse poder dentro de você, Lis. O sangue das bruxas corre em suas veias." As palavras de Kael se repetiam em sua cabeça como um eco distante, mas inescap
A tarde começava a cair sobre a clareira, e a tranquilidade que se instalava no campo era apenas uma ilusão diante do turbilhão de pensamentos que martelavam na mente de Lis. Desde a conversa com Matthew, ela não conseguia parar de pensar nas palavras de Kael e na revelação sobre sua linhagem. O artefato que ela havia encontrado na floresta não era apenas um objeto qualquer; ele estava conectado a algo muito maior, algo ancestral. Algo que ela mal começava a entender. E essa conexão com o artefato parecia estar moldando sua vida de maneira que ela não podia mais ignorar.Ela estava deitada em sua cama improvisada, na tenda que agora dividia com Matthew. O silêncio da clareira à noite era reconfortante, mas havia uma sensação de tensão no ar. A magia despertada dentro dela não era algo que pudesse controlar com facilidade. Toda vez que ela tocava o artefato, uma força poderosa se acendia dentro de seu corpo, uma energia que não podia ignorar.Lis levantou-se e caminhou até a pequena me
A clareira estava calma naquela manhã, o sol ainda mal despontando no horizonte, tingindo o céu com tons dourados e alaranjados. O ar estava fresco, com uma leve brisa que fazia as folhas das árvores dançarem suavemente. Lis estava em pé perto da fogueira central, os olhos fixos no fogo, mas sua mente distante. O artefato continuava a pulsar em sua mente, suas energias vibrando cada vez mais forte, mais intensamente, como se estivesse chamando-a. A sensação de estar sendo puxada para algo que ela não entendia, mas que não podia mais ignorar, tomava conta dela.Foi então que ela ouviu os rumores.Os murmúrios começaram a surgir entre os membros mais velhos da matilha, aqueles que, de algum modo, pareciam saber mais sobre o passado. Conversas discretas, olhares furtivos, palavras em sussurros, tudo indicava que algo grande estava se desenrolando fora da clareira. Algo que Lis não podia mais deixar de lado.— Lis, você já ouviu? — perguntou Kael, se aproximando dela enquanto ela ainda es
O sol ainda não havia surgido completamente, mas Lis e Matthew já estavam prontos para a jornada que os aguardava. Na clareira, a vida continuava normalmente, mas havia algo diferente no ar – um peso, uma sensação de que aquele seria o começo de uma nova fase. Eles haviam se despedido com breves palavras, mas os olhares entre eles diziam tudo o que precisavam saber: o leste os chamava, e juntos, partiram para esse destino incerto.Com o coração batendo forte, Lis sentiu a energia pulsando dentro de si. O artefato, ainda guardado sob suas roupas, parecia vibrar, como se o chamasse para o desconhecido. Ela sabia que, por mais difícil que fosse a jornada, o que a esperava no leste mudaria tudo. Ao seu lado, Matthew, como sempre, estava determinado a acompanhá-la, e agora, mais do que nunca, ele sabia que a proteção e confiança que trocavam entre si eram essenciais.As árvores ao redor da clareira começaram a diminuir à medida que avançavam para o leste, e o terreno começou a se tornar ma
A luz do entardecer mal conseguia penetrar pela densa copa das árvores. O ar estava úmido e carregado com o cheiro da terra, musgo e folhas secas. Lis caminhava atrás de Matthew em sua forma humana, seus passos arrastados enquanto a exaustão tomava conta de cada fibra de seu corpo. O cansaço da longa viagem e os constantes perigos que enfrentavam tornavam cada passo mais difícil. Eles precisavam de abrigo, e rápido.— Vamos parar logo, prometo. Só mais um pouco. — disse Matthew, sua voz grave, mas carregada de preocupação. Ele olhou por cima do ombro, observando a expressão abatida de Lis. — Acha que consegue?— Consigo. — respondeu Lis, respirando fundo. Embora estivesse exausta, não queria que ele carregasse mais esse peso. — Mas talvez minhas pernas discordem de mim.Matthew sorriu de canto, mas o olhar em seus olhos era de pura determinação. Ele sabia que Lis precisava descansar, e, mais do que isso, precisava de comida e calor. O frio da floresta ao anoitecer era cruel, mesmo par
A escuridão na floresta era espessa, quase tangível. O silêncio só era interrompido pelo ocasional som de folhas ao vento ou pelo sussurro de criaturas noturnas. No entanto, no pequeno abrigo onde Lis e Matthew estavam aninhados, outro tipo de vigília acontecia.Lis e Matthew, exaustos pela longa viagem e pelas tensões do dia, finalmente haviam cedido ao cansaço. Seus corpos repousavam, mas suas mentes, conectadas profundamente com seus lobos internos, ainda estavam longe de relaxar completamente.Rose e Shadow, as presenças lupinas que habitavam Lis e Matthew, emergiram como guardiões silenciosos. Eles não podiam assumir formas físicas separadas, mas em momentos de extremo cansaço ou necessidade, suas essências se manifestavam, tomando o controle e mantendo vigilância absoluta.Rose, a loba interna de Lis, era uma figura imponente e graciosa. Sua pelagem cinzenta, brilhava sob a luz fraca da lua que mal conseguia atravessar as copas das árvores. Seus olhos eram penetrantes, de um
A luz da manhã filtrava-se pelas árvores altas, lançando sombras dançantes no chão da floresta. O ar era fresco e carregava o aroma da terra úmida e do orvalho. Lis acordou primeiro, seus olhos se ajustando à claridade suave. Matthew ainda estava deitado ao lado dela, respirando profundamente, seu rosto relaxado em um raro momento de tranquilidade.Ela observou-o por alguns instantes, um pequeno sorriso surgindo em seus lábios. Era raro vê-lo assim, sem o peso das responsabilidades sobre os ombros. Mas o momento durou pouco; o estômago de Lis roncou audivelmente, lembrando-a de que precisavam comer antes de seguir viagem.— Acorde, lobo preguiçoso, ou vou comer sua parte. — brincou Lis, cutucando Matthew no ombro.Ele resmungou algo incompreensível antes de abrir os olhos dourados, que a encararam com uma mistura de irritação fingida e carinho.— Bom dia para você também.— Bom dia, meu Alfa Depois de um breve aquecimento, eles reuniram o restante do cervo que Matthew havia caç
A floresta parecia conspirar contra Lis e Matthew. Cada folha que balançava no alto das árvores parecia sussurrar segredos, e o som de passos apressados fazia os dois viajantes apertarem o passo. O ar carregava um cheiro estranho, uma mistura de madeira queimada e ervas trituradas. Lis franziu o cenho, reconhecendo o odor familiar.— É magia — ela murmurou, a voz baixa, mas carregada de urgência. — E não do tipo amigável.Matthew olhou para ela rapidamente. Seus olhos dourados cintilavam à luz filtrada da lua, traindo a tensão que sentia. Mesmo em sua forma humana, ele exalava uma aura de prontidão selvagem.— Prepare-se. Isso não será um encontro casual — ele disse, a voz grave e firme.Lis assentiu, os dedos se fechando em torno do punho de sua adaga. O metal frio contra sua pele oferecia uma sensação de controle, ainda que mínima. Mas antes que pudesse responder, o farfalhar de galhos foi seguido pela aparição de uma figura encapuzada. De entre as árvores, emergiram mais quatro. Os