A escuridão na floresta era espessa, quase tangível. O silêncio só era interrompido pelo ocasional som de folhas ao vento ou pelo sussurro de criaturas noturnas. No entanto, no pequeno abrigo onde Lis e Matthew estavam aninhados, outro tipo de vigília acontecia.Lis e Matthew, exaustos pela longa viagem e pelas tensões do dia, finalmente haviam cedido ao cansaço. Seus corpos repousavam, mas suas mentes, conectadas profundamente com seus lobos internos, ainda estavam longe de relaxar completamente.Rose e Shadow, as presenças lupinas que habitavam Lis e Matthew, emergiram como guardiões silenciosos. Eles não podiam assumir formas físicas separadas, mas em momentos de extremo cansaço ou necessidade, suas essências se manifestavam, tomando o controle e mantendo vigilância absoluta.Rose, a loba interna de Lis, era uma figura imponente e graciosa. Sua pelagem cinzenta, brilhava sob a luz fraca da lua que mal conseguia atravessar as copas das árvores. Seus olhos eram penetrantes, de um
A luz da manhã filtrava-se pelas árvores altas, lançando sombras dançantes no chão da floresta. O ar era fresco e carregava o aroma da terra úmida e do orvalho. Lis acordou primeiro, seus olhos se ajustando à claridade suave. Matthew ainda estava deitado ao lado dela, respirando profundamente, seu rosto relaxado em um raro momento de tranquilidade.Ela observou-o por alguns instantes, um pequeno sorriso surgindo em seus lábios. Era raro vê-lo assim, sem o peso das responsabilidades sobre os ombros. Mas o momento durou pouco; o estômago de Lis roncou audivelmente, lembrando-a de que precisavam comer antes de seguir viagem.— Acorde, lobo preguiçoso, ou vou comer sua parte. — brincou Lis, cutucando Matthew no ombro.Ele resmungou algo incompreensível antes de abrir os olhos dourados, que a encararam com uma mistura de irritação fingida e carinho.— Bom dia para você também.— Bom dia, meu Alfa Depois de um breve aquecimento, eles reuniram o restante do cervo que Matthew havia caç
A floresta parecia conspirar contra Lis e Matthew. Cada folha que balançava no alto das árvores parecia sussurrar segredos, e o som de passos apressados fazia os dois viajantes apertarem o passo. O ar carregava um cheiro estranho, uma mistura de madeira queimada e ervas trituradas. Lis franziu o cenho, reconhecendo o odor familiar.— É magia — ela murmurou, a voz baixa, mas carregada de urgência. — E não do tipo amigável.Matthew olhou para ela rapidamente. Seus olhos dourados cintilavam à luz filtrada da lua, traindo a tensão que sentia. Mesmo em sua forma humana, ele exalava uma aura de prontidão selvagem.— Prepare-se. Isso não será um encontro casual — ele disse, a voz grave e firme.Lis assentiu, os dedos se fechando em torno do punho de sua adaga. O metal frio contra sua pele oferecia uma sensação de controle, ainda que mínima. Mas antes que pudesse responder, o farfalhar de galhos foi seguido pela aparição de uma figura encapuzada. De entre as árvores, emergiram mais quatro. Os
O ar da floresta estava mais frio na manhã seguinte, carregado de uma densidade que parecia pesar nos ombros de Lis e Matthew enquanto caminhavam. A cada passo, os acontecimentos do dia anterior se repetiam em suas mentes como um pesadelo vívido. O confronto na clareira havia sido brutal, mas as palavras do líder dos magos eram o que realmente ecoavam nos pensamentos de Lis."Você não sabe o que está despertando, garota."— Está pensando nisso de novo, não está? — Matthew quebrou o silêncio. Sua voz era baixa, quase um murmúrio, mas carregada de preocupação. Ele observava Lis de soslaio, os olhos dourados brilhando com uma mistura de vigilância e empatia.— Como não pensar? — Lis respondeu, o tom mais duro do que pretendia. — Ele sabia algo sobre mim, Matthew. Algo que eu mesma desconheço.— Talvez essa bruxa que estamos procurando tenha as respostas — sugeriu Matthew, tentando trazer algum alívio à inquietação dela.Lis assentiu, mas o aperto no peito não afrouxava. Ela sabia que hav
A floresta ao redor parecia respirar. Cada folha, cada ramo, cada sombra dançante trazia consigo um sussurro de mistério e alerta. Lis caminhava na frente, os olhos fixos no horizonte, enquanto Matthew a seguia de perto, sua expressão uma máscara de cautela. O som melódico que haviam ouvido na noite anterior agora era mais claro, mais penetrante. Uma melodia etérea que parecia vibrar no próprio ar, como se fosse parte da floresta.Lis segurou o pingente do artefato em sua mão, sentindo o calor pulsante que emanava dele. Era quase como se o objeto estivesse vivo, respondendo ao cântico que ecoava ao redor.— Você está ouvindo isso, não está? — perguntou ela, a voz baixa, mas tensa.Matthew assentiu, os olhos dourados atentos a cada movimento na mata.— Parece... um chamado — ele respondeu. — Como se estivesse nos guiando.Lis estreitou os olhos, tentando discernir a origem do som.— Ou nos atraindo para uma armadilha — acrescentou, sua cautela misturada à determinação.— Talvez. Mas nã
Lis e Matthew caminharam em silêncio por horas, seus corpos cansados, mas suas mentes imersas nas revelações que acabaram de descobrir. A visão da fonte e as palavras da Guardiã ecoavam em suas cabeças, cada frase carregada de peso e responsabilidade. O que antes parecia uma simples busca, agora se tornava uma missão que envolvia não apenas suas vidas, mas o futuro de tudo o que conheciam.— Eu não sei o que pensar sobre isso — disse Lis, quebrando o silêncio que os envolvia. Sua voz estava suave, quase distante. — Essa profecia... o que significa para nós? Para mim?Matthew a olhou, a expressão séria. Ele sabia que as palavras da Guardiã a haviam abalado profundamente, mas também sabia que Lis não era uma mulher que recuaria diante do desconhecido.— Significa que temos um caminho a seguir — respondeu ele, sua voz firme. — Não importa como seja, vamos enfrentá-lo juntos, Lis. E vamos descobrir o que realmente significa para você.Ela olhou para ele, sentindo a força em suas palavras.
Lis sentiu um arrepio correr pela espinha assim que a sombra diante deles se solidificou. A figura alta, encoberta pela escuridão da sala, parecia feita da própria noite. Seus olhos dourados brilhavam como brasas incandescentes, iluminando parcialmente o rosto pálido e etéreo. A presença era opressiva, como se o próprio ar tivesse se tornado mais denso, mais pesado, e cada respiração que ela tomava se tornava um esforço.Matthew se colocou entre Lis e a sombra, seus músculos tensos, os instintos de lobo prontos para reagir, enquanto ele tentava analisar a figura que surgira do nada. As palavras da Guardiã, os mistérios do artefato, tudo parecia ter convergido para esse momento.— Quem é você? — Lis perguntou, a voz firme, mas com uma ponta de hesitação. Ela sentiu a energia do artefato pulsando contra seu peito, como se quisesse se conectar com a presença misteriosa à sua frente. Algo dizia a ela que aquela entidade era mais antiga do que qualquer coisa que ela já tivesse encontrado.
Lis não conseguiu dormir durante a noite. O som da sua respiração, acelerada pela ansiedade, era o único barulho que quebrava o silêncio pesado que pairava sobre a floresta ao redor. As palavras da sombra ainda reverberavam em sua mente, ecoando como um trovão distante que parecia ficar mais forte a cada momento. Ela se sentia perdida, sem saber o que fazer com o que acabara de aprender sobre seu passado, sobre o poder que corria em suas veias, e sobre as escolhas que teria que enfrentar. O peso de tudo isso a sufocava.Matthew havia tentado tranquilizá-la, mas ele também estava visivelmente perturbado. Embora quisesse ser forte para Lis, havia algo nas palavras daquela entidade que havia tocado algo dentro dele, algo que ele não conseguia identificar, mas que o deixava inquieto. Ele se afastou por um momento, talvez para caçar algo ou simplesmente dar a Lis um pouco de espaço, mas ela sabia que ele estava tão preocupado quanto ela. Ele estava ali para protegê-la, mas agora parecia qu