Lis e Matthew caminharam em silêncio por horas, seus corpos cansados, mas suas mentes imersas nas revelações que acabaram de descobrir. A visão da fonte e as palavras da Guardiã ecoavam em suas cabeças, cada frase carregada de peso e responsabilidade. O que antes parecia uma simples busca, agora se tornava uma missão que envolvia não apenas suas vidas, mas o futuro de tudo o que conheciam.— Eu não sei o que pensar sobre isso — disse Lis, quebrando o silêncio que os envolvia. Sua voz estava suave, quase distante. — Essa profecia... o que significa para nós? Para mim?Matthew a olhou, a expressão séria. Ele sabia que as palavras da Guardiã a haviam abalado profundamente, mas também sabia que Lis não era uma mulher que recuaria diante do desconhecido.— Significa que temos um caminho a seguir — respondeu ele, sua voz firme. — Não importa como seja, vamos enfrentá-lo juntos, Lis. E vamos descobrir o que realmente significa para você.Ela olhou para ele, sentindo a força em suas palavras.
Lis sentiu um arrepio correr pela espinha assim que a sombra diante deles se solidificou. A figura alta, encoberta pela escuridão da sala, parecia feita da própria noite. Seus olhos dourados brilhavam como brasas incandescentes, iluminando parcialmente o rosto pálido e etéreo. A presença era opressiva, como se o próprio ar tivesse se tornado mais denso, mais pesado, e cada respiração que ela tomava se tornava um esforço.Matthew se colocou entre Lis e a sombra, seus músculos tensos, os instintos de lobo prontos para reagir, enquanto ele tentava analisar a figura que surgira do nada. As palavras da Guardiã, os mistérios do artefato, tudo parecia ter convergido para esse momento.— Quem é você? — Lis perguntou, a voz firme, mas com uma ponta de hesitação. Ela sentiu a energia do artefato pulsando contra seu peito, como se quisesse se conectar com a presença misteriosa à sua frente. Algo dizia a ela que aquela entidade era mais antiga do que qualquer coisa que ela já tivesse encontrado.
Lis não conseguiu dormir durante a noite. O som da sua respiração, acelerada pela ansiedade, era o único barulho que quebrava o silêncio pesado que pairava sobre a floresta ao redor. As palavras da sombra ainda reverberavam em sua mente, ecoando como um trovão distante que parecia ficar mais forte a cada momento. Ela se sentia perdida, sem saber o que fazer com o que acabara de aprender sobre seu passado, sobre o poder que corria em suas veias, e sobre as escolhas que teria que enfrentar. O peso de tudo isso a sufocava.Matthew havia tentado tranquilizá-la, mas ele também estava visivelmente perturbado. Embora quisesse ser forte para Lis, havia algo nas palavras daquela entidade que havia tocado algo dentro dele, algo que ele não conseguia identificar, mas que o deixava inquieto. Ele se afastou por um momento, talvez para caçar algo ou simplesmente dar a Lis um pouco de espaço, mas ela sabia que ele estava tão preocupado quanto ela. Ele estava ali para protegê-la, mas agora parecia qu
O vento que cortava as árvores naquela manhã parecia carregar consigo um presságio. Lis sentiu-o com uma intensidade desconcertante, uma sensação de inquietude que não a abandonava desde o encontro com a sombra. O céu estava nublado, e a brisa fria fazia com que o ambiente ao redor da floresta parecesse mais sombrio do que realmente era. Ela se sentia como se estivesse à beira de algo grande, algo que, embora não pudesse ver, estava bem diante dela.Matthew estava ao seu lado, atento e firme, como sempre. Ele sabia que algo estava acontecendo com ela, algo que nem mesmo ela parecia compreender completamente. Ele olhou para ela, notando a expressão distante em seu rosto. Algo havia mudado nela, desde a noite passada, desde a conversa com a sombra. Ele queria perguntar, queria saber o que se passava em sua mente, mas sabia que ela não estava pronta para falar sobre isso ainda. Em vez disso, ele apenas permaneceu em silêncio, oferecendo-lhe a única coisa que podia naquele momento: sua pre
O silêncio ao redor da aldeia era quase palpável enquanto Lis e Matthew seguiam o homem de cabelos grisalhos para um local mais isolado. Seus passos ecoavam no chão de terra batida, misturados ao som leve do vento que balançava as árvores ao redor. O líder da aldeia, que ainda não havia revelado seu nome, parecia tão tenso quanto eles.Lis sentia o peso do artefato pulsando em sua bolsa. Era como se estivesse vivo, vibrando em sintonia com as emoções que borbulhavam dentro dela. Sua loba, Rose, estava inquieta, algo que Lis nunca havia experimentado antes.— Matthew, você sente isso? — perguntou Lis mentalmente, conectando-se com seu companheiro por meio do vínculo que compartilhavam.Matthew assentiu quase imperceptivelmente.— A energia aqui é pesada. Seja o que for que esse homem vai nos mostrar, precisamos estar prontos.Finalmente, chegaram a uma cabana situada na beira de um pequeno lago. A construção simples parecia velha, com tábuas desgastadas e uma chaminé que soltava uma fu
A luz dourada do amanhecer começava a romper o dossel das árvores, banhando a floresta em tons suaves. Lis despertou lentamente, sentindo o calor reconfortante do corpo de Matthew ao seu lado. A cabana que Elias havia lhes cedido como abrigo temporário era modesta, mas havia sido um porto seguro após a batalha intensa do dia anterior. Lis ainda podia ouvir o eco dos uivos distantes que haviam interrompido sua noite. Eles carregavam uma urgência que ela não podia ignorar.Matthew abriu os olhos, como se tivesse sentido sua inquietação. Ele virou-se para ela, o rosto relaxado mas os olhos ainda atentos.— Você está pensando no uivo de ontem à noite, não está? — ele perguntou, a voz grave preenchendo o silêncio.Lis assentiu.— Não era um uivo comum, Matthew. Era um chamado. Eu senti isso profundamente... quase como se fosse direcionado a mim.Ele se sentou, esfregando a nuca enquanto ponderava. Matthew era cauteloso por natureza, mas também sabia quando confiar nos instintos de Lis.— S
Aelira tinha razão: o pulsar do artefato dentro da bolsa de Lis era inconfundível, um convite, um alerta e um desafio entrelaçados em uma única vibração. Lis segurou a pedra esculpida entre as mãos, sentindo o calor se espalhar pela pele. Era como se o artefato estivesse falando com ela em uma linguagem que sua mente ainda não conseguia traduzir, mas que seu coração compreendia.Matthew a observava de perto, os olhos sombrios ainda fixos na clareira devastada pela batalha. Shadow estava alerta dentro dele, sempre à espreita, e ele lutava para equilibrar seu instinto de proteção com a necessidade de deixar Lis liderar aquele momento.— Você está ouvindo isso também? — ela perguntou em voz baixa, os olhos encontrando os dele.Matthew assentiu, aproximando-se dela. Ele passou os braços ao redor dela, como se pudesse protegê-la do que estava por vir.— Não é algo que eu possa ignorar, Lis, mas também não posso deixar você enfrentar isso sozinha.Aelira, que havia estado quieta desde
O Vale Sombrio estava em silêncio absoluto, o tipo de quietude que faz os ouvidos zumbirem e os corações baterem mais forte. Lis e Matthew se aproximavam do altar com cautela, cada passo parecendo mais pesado que o anterior. O artefato em sua posse pulsava ritmicamente, como um coração sintonizado com algo antigo e poderoso. A atmosfera ao redor parecia carregada de energia, quase elétrica, e cada respiração parecia difícil.Matthew olhou para Lis, seus olhos fixos nela como uma âncora em meio ao caos. Ele sabia que o que estavam prestes a enfrentar era algo além de sua compreensão. Shadow, sua forma lupina, estava inquieto, mas vigilante. Ele também sentia que o vale estava vivo, observando-os, julgando-os.— Ainda está comigo? — Lis perguntou, apertando levemente a mão dele.Matthew sorriu de canto, um gesto breve, mas cheio de determinação.— Sempre.Quando finalmente chegaram ao altar, Lis parou, deixando seus olhos examinarem a estrutura. Era maior do que parecia à distância, com