O silêncio ao redor da aldeia era quase palpável enquanto Lis e Matthew seguiam o homem de cabelos grisalhos para um local mais isolado. Seus passos ecoavam no chão de terra batida, misturados ao som leve do vento que balançava as árvores ao redor. O líder da aldeia, que ainda não havia revelado seu nome, parecia tão tenso quanto eles.Lis sentia o peso do artefato pulsando em sua bolsa. Era como se estivesse vivo, vibrando em sintonia com as emoções que borbulhavam dentro dela. Sua loba, Rose, estava inquieta, algo que Lis nunca havia experimentado antes.— Matthew, você sente isso? — perguntou Lis mentalmente, conectando-se com seu companheiro por meio do vínculo que compartilhavam.Matthew assentiu quase imperceptivelmente.— A energia aqui é pesada. Seja o que for que esse homem vai nos mostrar, precisamos estar prontos.Finalmente, chegaram a uma cabana situada na beira de um pequeno lago. A construção simples parecia velha, com tábuas desgastadas e uma chaminé que soltava uma fu
A luz dourada do amanhecer começava a romper o dossel das árvores, banhando a floresta em tons suaves. Lis despertou lentamente, sentindo o calor reconfortante do corpo de Matthew ao seu lado. A cabana que Elias havia lhes cedido como abrigo temporário era modesta, mas havia sido um porto seguro após a batalha intensa do dia anterior. Lis ainda podia ouvir o eco dos uivos distantes que haviam interrompido sua noite. Eles carregavam uma urgência que ela não podia ignorar.Matthew abriu os olhos, como se tivesse sentido sua inquietação. Ele virou-se para ela, o rosto relaxado mas os olhos ainda atentos.— Você está pensando no uivo de ontem à noite, não está? — ele perguntou, a voz grave preenchendo o silêncio.Lis assentiu.— Não era um uivo comum, Matthew. Era um chamado. Eu senti isso profundamente... quase como se fosse direcionado a mim.Ele se sentou, esfregando a nuca enquanto ponderava. Matthew era cauteloso por natureza, mas também sabia quando confiar nos instintos de Lis.— S
Aelira tinha razão: o pulsar do artefato dentro da bolsa de Lis era inconfundível, um convite, um alerta e um desafio entrelaçados em uma única vibração. Lis segurou a pedra esculpida entre as mãos, sentindo o calor se espalhar pela pele. Era como se o artefato estivesse falando com ela em uma linguagem que sua mente ainda não conseguia traduzir, mas que seu coração compreendia.Matthew a observava de perto, os olhos sombrios ainda fixos na clareira devastada pela batalha. Shadow estava alerta dentro dele, sempre à espreita, e ele lutava para equilibrar seu instinto de proteção com a necessidade de deixar Lis liderar aquele momento.— Você está ouvindo isso também? — ela perguntou em voz baixa, os olhos encontrando os dele.Matthew assentiu, aproximando-se dela. Ele passou os braços ao redor dela, como se pudesse protegê-la do que estava por vir.— Não é algo que eu possa ignorar, Lis, mas também não posso deixar você enfrentar isso sozinha.Aelira, que havia estado quieta desde
O Vale Sombrio estava em silêncio absoluto, o tipo de quietude que faz os ouvidos zumbirem e os corações baterem mais forte. Lis e Matthew se aproximavam do altar com cautela, cada passo parecendo mais pesado que o anterior. O artefato em sua posse pulsava ritmicamente, como um coração sintonizado com algo antigo e poderoso. A atmosfera ao redor parecia carregada de energia, quase elétrica, e cada respiração parecia difícil.Matthew olhou para Lis, seus olhos fixos nela como uma âncora em meio ao caos. Ele sabia que o que estavam prestes a enfrentar era algo além de sua compreensão. Shadow, sua forma lupina, estava inquieto, mas vigilante. Ele também sentia que o vale estava vivo, observando-os, julgando-os.— Ainda está comigo? — Lis perguntou, apertando levemente a mão dele.Matthew sorriu de canto, um gesto breve, mas cheio de determinação.— Sempre.Quando finalmente chegaram ao altar, Lis parou, deixando seus olhos examinarem a estrutura. Era maior do que parecia à distância, com
A floresta ao norte era densa e úmida, cada passo parecendo uma luta contra as raízes emaranhadas que se erguiam como mãos tentando impedi-los de avançar. Lis e Matthew, já acostumados aos desafios da natureza, moviam-se com determinação, seus sentidos aguçados como se cada folha pudesse esconder um inimigo. O artefato continuava a pulsar na mão de Lis, seu brilho sutil guiando-os por uma trilha invisível.— Estamos nos afastando de qualquer civilização, — comentou Matthew, observando o terreno cada vez mais selvagem à sua volta. — Se algo der errado aqui, estaremos por nossa conta.Lis olhou para ele com um sorriso cansado, mas confiante.— Quando não estivemos?Matthew riu baixinho, embora a tensão em seus ombros não diminuísse. Shadow, seu lobo interior, permanecia em alerta máximo, e ele sabia que Rose, a loba de Lis, também estava inquieta. Ambos sentiam a energia estranha que permeava o ambiente. A floresta parecia viva, não apenas no sentido natural, mas quase como se fosse con
A jornada os levou a um território onde o ar parecia diferente — mais denso, como se carregasse séculos de segredos e poder. Lis e Matthew caminhavam lado a lado, agora em silêncio, ambos imersos em seus próprios pensamentos. O artefato pulsava no pescoço de Lis, como um coração que seguia um ritmo estranho, diferente do dela.O vale que se abria diante deles era cercado por montanhas de pedra negra, com florestas tão densas que o sol mal conseguia atravessar as copas das árvores. Um rio sinuoso cortava o local, refletindo um brilho prateado que parecia artificial. Lis sentia que estavam se aproximando do destino, mas, com cada passo, a sensação de perigo crescia.— Você sente isso? — Lis perguntou, olhando para Matthew.— Sim. É como se o próprio ar estivesse vivo. Algo está nos observando.Shadow e Rose, os lobos internos do casal, estavam inquietos. Eles não se comunicavam em palavras, mas seus instintos eram claros: a floresta não era segura.Depois de horas caminhando, os dois fi
Os passos de Lis e Matthew ecoavam pelo chão coberto de folhas secas, o som abafado por uma sensação de urgência que se intensificava com cada passo. Após deixarem o vale, o artefato parecia mais pesado em seu pescoço, como se agora carregasse não apenas poder, mas também responsabilidade.A floresta ao redor parecia diferente. As árvores, antes imponentes e acolhedoras, agora projetavam sombras longas e distorcidas, e o som dos pássaros parecia mais distante, quase inexistente. Era como se o próprio mundo estivesse reagindo ao despertar do artefato.— Você está bem? — Matthew perguntou, quebrando o silêncio, seus olhos avaliando cada detalhe de Lis.— Estou… confusa, — ela admitiu. — Tudo isso. O artefato, as bruxas, o sangue. Parece que quanto mais respostas encontramos, mais perguntas aparecem.— Isso não muda quem você é, — disse Matthew, parando para segurá-la pelos ombros. — Você é a minha companheira, a minha Luna. Não importa o que descobrirmos sobre o seu passado, o que impor
A viagem de Lis e Matthew tornava-se mais desafiadora a cada dia. Após o ataque das criaturas na floresta, ambos estavam em alerta constante. O artefato parecia brilhar mais frequentemente, um lembrete silencioso de que sua presença estava atraindo forças que eles ainda não compreendiam completamente.A tensão entre eles não era de desconfiança, mas de uma compreensão tácita de que o perigo os cercava. Mesmo nas noites em que conseguiam parar para descansar, o sono vinha com dificuldade, seus sentidos aguçados para o menor sinal de ameaça.— Precisamos encontrar uma vila ou algum refúgio, — Matthew disse enquanto caminhavam em sua forma humana, a espada improvisada em sua cintura reluzindo sob a luz da manhã. — Não podemos continuar assim, sem respostas ou aliados.— Concordo, mas precisamos ser cuidadosos. O último ataque mostrou que nossos inimigos não são apenas bruxas ou lobos. Eles são algo mais... algo que nunca vimos antes, — respondeu Lis, sua voz baixa e cautelosa.O caminho