A clareira estava calma naquela manhã, o sol ainda mal despontando no horizonte, tingindo o céu com tons dourados e alaranjados. O ar estava fresco, com uma leve brisa que fazia as folhas das árvores dançarem suavemente. Lis estava em pé perto da fogueira central, os olhos fixos no fogo, mas sua mente distante. O artefato continuava a pulsar em sua mente, suas energias vibrando cada vez mais forte, mais intensamente, como se estivesse chamando-a. A sensação de estar sendo puxada para algo que ela não entendia, mas que não podia mais ignorar, tomava conta dela.Foi então que ela ouviu os rumores.Os murmúrios começaram a surgir entre os membros mais velhos da matilha, aqueles que, de algum modo, pareciam saber mais sobre o passado. Conversas discretas, olhares furtivos, palavras em sussurros, tudo indicava que algo grande estava se desenrolando fora da clareira. Algo que Lis não podia mais deixar de lado.— Lis, você já ouviu? — perguntou Kael, se aproximando dela enquanto ela ainda es
O sol ainda não havia surgido completamente, mas Lis e Matthew já estavam prontos para a jornada que os aguardava. Na clareira, a vida continuava normalmente, mas havia algo diferente no ar – um peso, uma sensação de que aquele seria o começo de uma nova fase. Eles haviam se despedido com breves palavras, mas os olhares entre eles diziam tudo o que precisavam saber: o leste os chamava, e juntos, partiram para esse destino incerto.Com o coração batendo forte, Lis sentiu a energia pulsando dentro de si. O artefato, ainda guardado sob suas roupas, parecia vibrar, como se o chamasse para o desconhecido. Ela sabia que, por mais difícil que fosse a jornada, o que a esperava no leste mudaria tudo. Ao seu lado, Matthew, como sempre, estava determinado a acompanhá-la, e agora, mais do que nunca, ele sabia que a proteção e confiança que trocavam entre si eram essenciais.As árvores ao redor da clareira começaram a diminuir à medida que avançavam para o leste, e o terreno começou a se tornar ma
A luz do entardecer mal conseguia penetrar pela densa copa das árvores. O ar estava úmido e carregado com o cheiro da terra, musgo e folhas secas. Lis caminhava atrás de Matthew em sua forma humana, seus passos arrastados enquanto a exaustão tomava conta de cada fibra de seu corpo. O cansaço da longa viagem e os constantes perigos que enfrentavam tornavam cada passo mais difícil. Eles precisavam de abrigo, e rápido.— Vamos parar logo, prometo. Só mais um pouco. — disse Matthew, sua voz grave, mas carregada de preocupação. Ele olhou por cima do ombro, observando a expressão abatida de Lis. — Acha que consegue?— Consigo. — respondeu Lis, respirando fundo. Embora estivesse exausta, não queria que ele carregasse mais esse peso. — Mas talvez minhas pernas discordem de mim.Matthew sorriu de canto, mas o olhar em seus olhos era de pura determinação. Ele sabia que Lis precisava descansar, e, mais do que isso, precisava de comida e calor. O frio da floresta ao anoitecer era cruel, mesmo par
A escuridão na floresta era espessa, quase tangível. O silêncio só era interrompido pelo ocasional som de folhas ao vento ou pelo sussurro de criaturas noturnas. No entanto, no pequeno abrigo onde Lis e Matthew estavam aninhados, outro tipo de vigília acontecia.Lis e Matthew, exaustos pela longa viagem e pelas tensões do dia, finalmente haviam cedido ao cansaço. Seus corpos repousavam, mas suas mentes, conectadas profundamente com seus lobos internos, ainda estavam longe de relaxar completamente.Rose e Shadow, as presenças lupinas que habitavam Lis e Matthew, emergiram como guardiões silenciosos. Eles não podiam assumir formas físicas separadas, mas em momentos de extremo cansaço ou necessidade, suas essências se manifestavam, tomando o controle e mantendo vigilância absoluta.Rose, a loba interna de Lis, era uma figura imponente e graciosa. Sua pelagem cinzenta, brilhava sob a luz fraca da lua que mal conseguia atravessar as copas das árvores. Seus olhos eram penetrantes, de um
A luz da manhã filtrava-se pelas árvores altas, lançando sombras dançantes no chão da floresta. O ar era fresco e carregava o aroma da terra úmida e do orvalho. Lis acordou primeiro, seus olhos se ajustando à claridade suave. Matthew ainda estava deitado ao lado dela, respirando profundamente, seu rosto relaxado em um raro momento de tranquilidade.Ela observou-o por alguns instantes, um pequeno sorriso surgindo em seus lábios. Era raro vê-lo assim, sem o peso das responsabilidades sobre os ombros. Mas o momento durou pouco; o estômago de Lis roncou audivelmente, lembrando-a de que precisavam comer antes de seguir viagem.— Acorde, lobo preguiçoso, ou vou comer sua parte. — brincou Lis, cutucando Matthew no ombro.Ele resmungou algo incompreensível antes de abrir os olhos dourados, que a encararam com uma mistura de irritação fingida e carinho.— Bom dia para você também.— Bom dia, meu Alfa Depois de um breve aquecimento, eles reuniram o restante do cervo que Matthew havia caç
A floresta parecia conspirar contra Lis e Matthew. Cada folha que balançava no alto das árvores parecia sussurrar segredos, e o som de passos apressados fazia os dois viajantes apertarem o passo. O ar carregava um cheiro estranho, uma mistura de madeira queimada e ervas trituradas. Lis franziu o cenho, reconhecendo o odor familiar.— É magia — ela murmurou, a voz baixa, mas carregada de urgência. — E não do tipo amigável.Matthew olhou para ela rapidamente. Seus olhos dourados cintilavam à luz filtrada da lua, traindo a tensão que sentia. Mesmo em sua forma humana, ele exalava uma aura de prontidão selvagem.— Prepare-se. Isso não será um encontro casual — ele disse, a voz grave e firme.Lis assentiu, os dedos se fechando em torno do punho de sua adaga. O metal frio contra sua pele oferecia uma sensação de controle, ainda que mínima. Mas antes que pudesse responder, o farfalhar de galhos foi seguido pela aparição de uma figura encapuzada. De entre as árvores, emergiram mais quatro. Os
O ar da floresta estava mais frio na manhã seguinte, carregado de uma densidade que parecia pesar nos ombros de Lis e Matthew enquanto caminhavam. A cada passo, os acontecimentos do dia anterior se repetiam em suas mentes como um pesadelo vívido. O confronto na clareira havia sido brutal, mas as palavras do líder dos magos eram o que realmente ecoavam nos pensamentos de Lis."Você não sabe o que está despertando, garota."— Está pensando nisso de novo, não está? — Matthew quebrou o silêncio. Sua voz era baixa, quase um murmúrio, mas carregada de preocupação. Ele observava Lis de soslaio, os olhos dourados brilhando com uma mistura de vigilância e empatia.— Como não pensar? — Lis respondeu, o tom mais duro do que pretendia. — Ele sabia algo sobre mim, Matthew. Algo que eu mesma desconheço.— Talvez essa bruxa que estamos procurando tenha as respostas — sugeriu Matthew, tentando trazer algum alívio à inquietação dela.Lis assentiu, mas o aperto no peito não afrouxava. Ela sabia que hav
A floresta ao redor parecia respirar. Cada folha, cada ramo, cada sombra dançante trazia consigo um sussurro de mistério e alerta. Lis caminhava na frente, os olhos fixos no horizonte, enquanto Matthew a seguia de perto, sua expressão uma máscara de cautela. O som melódico que haviam ouvido na noite anterior agora era mais claro, mais penetrante. Uma melodia etérea que parecia vibrar no próprio ar, como se fosse parte da floresta.Lis segurou o pingente do artefato em sua mão, sentindo o calor pulsante que emanava dele. Era quase como se o objeto estivesse vivo, respondendo ao cântico que ecoava ao redor.— Você está ouvindo isso, não está? — perguntou ela, a voz baixa, mas tensa.Matthew assentiu, os olhos dourados atentos a cada movimento na mata.— Parece... um chamado — ele respondeu. — Como se estivesse nos guiando.Lis estreitou os olhos, tentando discernir a origem do som.— Ou nos atraindo para uma armadilha — acrescentou, sua cautela misturada à determinação.— Talvez. Mas nã